09/04/2019 18:23:03 • Atualizado em 10/12/2021 04:14:10
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A importância de NÃO seguir seus instintos na Bolsa
Se você agir na bolsa como agíamos milhões de anos atrás, você não irá sobreviver no longo prazo. Clique para ler o artigo do analista Thiago Salomão.

No meu post do mês passado, expliquei por que os maiores investidores do Brasil estão vendo o mercado de maneira “brutal”.
A postagem foi ao ar dia 15 de março e a data não poderia ter sido mais oportuna: no mesmo dia, o Ibovespa atingiu os 100 mil pontos e a euforia contaminava os investidores em ações.
Mas apenas 12 dias depois, mergulhamos de volta aos 91 mil pontos diante da troca de farpas públicas entre Bolsonaro e Rodrigo Maia. Mais brutal, impossível.
[Antes de mais nada, esse timing preciso não foi mérito meu: o texto já estava pronto dias antes, mas o departamento de marketing só colocou no ar em 15 de março. Então, parabenize Bruna Valada pelo “trade” certeiro].
Agora, falando sério: o que podemos concluir com isso? Muitas, mas muitas coisas.
O mercado nos ensinou coisas valiosíssimas nestes dias de altos e baixos. E a grande beleza do mercado é esta: você pode ter perdido R$ 1 mil, R$ 1 milhão ou zero reais nessa volatilidade toda, a lição foi a mesma para todos os investidores (é claro que o preço da aula foi muito mais cara para quem perdeu milhões).
Por isso eu sempre digo que uma das maiores virtudes de um bom investidor é ser um eterno “ignorante”, que está sempre em busca de novos conhecimentos e aprendendo diariamente.
Falando sério: depois que eu aprendi que é normal dizer “não sei”, minha capacidade de aprendizado melhorou brutalmente (pra usar a palavra da moda).
3 lições que aprendemos na viagem quase sem escalas do Ibovespa de 100 mil para 91 mil pontos
- Essa queda trouxe de volta à realidade o investidor que ‘esqueceu’ (ou nunca soube, dependendo há quanto tempo ele entrou no mercado) que bolsa vive de altos e baixos;
- A queda apresentou para o ‘novo investidor’ o que é volatilidade e por que esse termo, embora seja empregado como um “palavrão” por boa parte da imprensa e até mesmo de outros profissionais de investimentos, pode muito bem significar oportunidade;
- A queda também ajudou a afastar o investidor que não devia estar na bolsa, seja por que não estava psicologicamente preparado ou por que estava com uma posição aplicada maior do que o “estômago” poderia aguentar.
Ganância nos momentos de euforia + medo em momentos de pânico: essa equação pode provocar consequências dolorosas para o investidor.
Geralmente, o tipo de investidor que se empolga em comprar ações quando o Ibovespa bateu 100 mil pontos, é o mesmo investidor que saiu vendendo tudo que comprou quando a bolsa atingiu o ápice do pânico.
Ter coragem nos momentos de euforia e medo em tempos de pânico são reações não apenas normais, mas elas foram responsáveis por garantir a sobrevivência do homem lá no tempo das cavernas.
Mas se você agir na bolsa como agíamos milhões de anos atrás, você não irá sobreviver no longo prazo: precisamos ser contraintuitivos na bolsa de valores, agir contra o que o nosso emocional está gritando dentro de nós.
E esse controle emocional está diretamente ligado ao seu manejo de risco, que é um termo do mercado para definir o quanto você aceita perder em uma ação quando investe nela.
Resumindo uma longa ideia: a alocação de capital acima do seu limite de risco certamente afetará seu emocional e, por vezes, pode te fazer comprar nas máximas da bolsa e vender nas mínimas. Nem preciso dizer que essa fórmula destruirá seu patrimônio gradativamente.
“Mas como saber se a bolsa vai subir ou cair?”
Ninguém nunca saberá (eu, pelo menos, te garanto que jamais saberei). Podemos trabalhar com possibilidades e cenários, mas nunca com certezas. Qualquer certeza no mercado já estará automaticamente incorporada no “preço de tela” da ação.
A conclusão que eu quero chegar: acredito que este é o melhor momento para todo investidor ter ações em carteira (desde que ele possa ter ações, de acordo com seu suitability – palavra chique para “perfil de risco”).
Mas tendo em vista a lição que aprendemos semanas atrás, guarde a ganância para os momentos de queda e seja mais cauteloso nos momentos de alta.
Ao que tudo indica, devemos em breve voltar aos 100 mil pontos tendo em vista as boas notícias tanto internacionais quanto brasileiras.
Mas lembre-se de que a mudança de humor do mercado costuma ser muito mais rápida do que a nossa capacidade de explicá-la. Seguimos Bullish, mas com menos ganância do que tínhamos no final de março.
Pode voltar aos 100k, Ibovespa. Eu estou pronto.
Thiago Salomão
É Analista da Rico, com foco em Análise Fundamentalista, criador da carteira Rico Premium. Possui CNPI Pleno, é formado em Administração de Empresas pelo Mackenzie, com MBA em Mercados Financeiros pela Fipecafi e pela UBS/BM&FBovespa.