Você compra guarda-chuva em dia de sol ou deixa para o momento de desespero? Investir bem é como se precaver de mudanças bruscas no tempo, sempre de olho na previsão antes de sair de casa ou fazer planos ao ar livre.

Nesse conteúdo, trazemos a “meteorologia” para as principais classes de investimento disponíveis no mercado e a nossa dose recomendada para todas elas de acordo com o cenário atual. Assim, evitamos que uma “frente fria” pegue o seu dinheiro desprevenido.

Para começar, a tabela abaixo traz nossa sugestão atualizada de alocação para cada classe de ativos como proporção do total de uma carteira de investimentos, de acordo com cada perfil de investidor. Ou seja, é nossa sugestão de como cada perfil de investidor deve diversificar seus investimentos – lembrando que a diversificação é a melhor amiga dos bons retornos no longo prazo.

Ao final, trazemos uma sugestão de produtos sugeridos para cada uma das classes abaixo, para que você possa investir agora mesmo da sua conta da Rico.

Lembre-se: conhecer seu perfil de investidor, seus objetivos e seu horizonte de investimento são atitudes essenciais na hora de escolher onde e como investir.

Entenda nossas políticas de investimento aqui. E baixe o PDF da carteira: Precavida, Cautelosa, Estrategista, Energética, Destemida.

Cenário Global

Nublado, com aberturas de Sol esparsas

A velha piada “setembro chove” parece ter sido especialmente adequada para as bolsas globais no mês que passou.

Lá fora, as principais bolsas seguiram em queda, diante de expectativas de que os juros altos vieram para ficar na economia americana – e no mundo.

A soma de uma economia resiliente, preços de petróleo voltando a subir, e questionamentos sobre a gestão das contas públicas nos Estados Unidos praticamente “catapultou” as taxas de juros de títulos soberanos de longo prazo no país – as famosas Treasuries.

O recado duro do Banco Central do país (o Fed) em sua reunião de setembro fortaleceu o tom de aperto.  

Em bom português: está ficando cada vez mais caro para o governo americano se financiar emitindo títulos, e cada vez mais vantajoso para investidores adquirirem esses papéis. E esse movimento impacta os preços dos ativos financeiros no mundo todo, especialmente aqueles considerados mais arriscados.

Enquanto isso, no Brasil, a continuidade um novo corte na Selic não foi o suficiente para sustentar as altas na bolsa. Apesar da redução da taxa Selic para 12,75% pelo Banco Central em setembro, investidores voltaram a precificar juros altos no longo prazo, diante do cenário externo e de desafios fiscais domésticos.

Nesse contexto, os sinais de chuva seguiram em nosso horizonte no mês que passou. Isso não significa, porém, que não há oportunidades para o investidor preparado.

Confira nossa visão para cada classe a seguir.

Renda Fixa Global

Predominantemente ensolarado

Como os juros americanos seguem como protagonistas no mundo, eles seguem garantindo espaço para a renda fixa global na carteira do investidor.

Como falamos, o Banco Central americano (Fed) manteve as taxas de juros nos EUA entre 5,25% e 5,5% em setembro, mas não sem descartar uma postura rígida contra a inflação, nem a possibilidade de mais um aumento adiante.

Além disso, o aumento do preço do petróleo nos mercados globais acendeu um alerta, ameaçando ser mais uma “nuvem de chuva” no processo de desinflação das economias.

Nesse contexto, as taxas de juros de 30 anos nos Estados Unidos (as famosas Treasuries) continuaram a bater recordes, atingindo os níveis mais altos desde 2007, refletindo a percepção de que juros altos podem ser a nova realidade na economia americana e global.

Assim, vemos a renda fixa global como uma excelente alternativa para a exposição internacional em todas as políticas de investimento, oferecendo uma dinâmica de risco-retorno relativamente alta em relação ao seu histórico e até mesmo em relação a renda variável global, no curto e médio prazo.

Além disso, investimentos internacionais ajudam a proteger sua carteira em momentos de incerteza global e a dar exposição a temáticas e empresas inexistentes no mercado local, se realizados em moeda estrangeira – como o dólar, que é considerado um “porto seguro” global 

Vale destacar que uma das alternativas mais simples e seguras para investir em renda fixa global é por meio de fundos de investimento, que oferecem diversificação para um mercado que também possui seus riscos.

Hedgeados X Não Hedgeados

Quando investimentos em renda fixa global são realizados via fundos, podem ser feitos na modalidade com ou sem hedge (proteção) da moeda. Isso significa que, caso você escolha investir em renda fixa internacional sem hedge, estará exposto tanto às oscilações dos preços dos ativos de renda fixa internacional quanto à oscilação do dólar em relação ao real.

Te contamos mais sobre o que esperar para o dólar aqui.

Bolsa global


Chuvoso

Nas bolsas globais, o tempo segue chuvoso, especialmente nos Estados Unidos.

Como até aqui você deve ter percebido, o culpado segue sendo ele: os juros. Isso porque elas impactam não só a renda fixa, mas também grande parte dos investimentos – uma vez que é utilizada para a avaliação e precificação de ativos de risco ao redor do mundo (como ações, moedas e até títulos de governos).

Vimos os reflexos desse movimento na bolsa brasileira, como falamos.

Mas ocorre que, mesmo diante dessa alta de juros de curto e longo prazos, a bolsa americana vinha em forte alta – com os preços das ações praticamente ignorando o efeito desse cenário desafiador .

Porém, em setembro, a maré parece ter virado. A bolsa americana encerrou o mês em queda, registrando seu pior desempenho mensal em 2023.

Mas ainda é cedo para afirmar se essa queda chegou ao fim.

Isso porque os indicadores de valor da bolsa americana seguem elevados em relação ao seu histórico. Quando comparamos esses indicadores com as taxas de juros de longo prazo, percebemos que ainda há espaço para mais correções na bolsa americana.

Isso significa que investir no mercado de ações americano continua apresentando riscos elevados.

Dessa forma, mantemos nossa recomendação de bastante cautela em renda variável internacional, com alocações leves, inclusive nos perfis mais agressivos, além de buscarmos outros mercados além dos EUA.

Ao final, trazemos uma sugestão de produtos sugeridos para cada uma das classes abaixo, para que você possa investir agora mesmo da sua conta da Rico.

Lembre-se: conhecer seu perfil de investidor, seus objetivos e seu horizonte de investimento são atitudes essenciais na hora de escolher onde e como investir.

Entenda nossas políticas de investimento aqui. E baixe o PDF da carteira: Precavida, Cautelosa, Estrategista, Energética, Destemida.

Bolsa Brasil

Sol entre nuvens

A estação mudou, mas na bolsa brasileira o Sol segue entre nuvens. Com a sinalização de que os juros vão seguir mais altos por mais tempo no mundo desenvolvido, ativos de risco seguiram pressionados globalmente, e o Brasil não foi exceção. O Ibovespa teve um mês ligeiramente positivo, subindo 0,7% em setembro, mas encerrou o trimestre em queda de 1,5%.

Além do que rola lá fora, também pesou o cenário doméstico, com o debate sobre o risco fiscal retomando força. De um lado, as perspectivas de que o governo dificilmente alcançará sua ambiciosa meta de fechar as contas no azul em 2024 pressionam as taxas de longo prazo para cima — o que tende a ser negativo para a Bolsa.

Do outro, surgem riscos de mudanças na tributação sobre empresas (incluindo o mecanismo de Juros sobre Capital Próprio e tributos sobre consumo), que poderiam afetar seus lucros.

Nesse cenário mais desafiador, atualizamos nosso valor justo para o Ibovespa no final de 2023 de 133 para 128 mil pontos — o que considera uma valorização de cerca de 10% em relação ao nível atual.

Dito isso, ainda vemos o céu azul por trás das nuvens e mantemos nossa visão positiva pra ações brasileiras, especialmente pelos motivos indicados abaixo:

  1. Início do ciclo de cortes na taxa Selic: apesar da redução da Selic no mês ter sido ofuscada pela alta das taxas globalmente, ainda vemos o ciclo de queda de juros por aqui como positivo para as ações;
  2. Investimentos começam a voltar, mas ainda podem ganhar força: o fluxo de investimentos estrangeiros ainda continua positivo no ano, enquanto o doméstico começou a ganhar alguma força — mas ainda há espaço para pessoas físicas, fundos de pensão, gestoras de fundos e outros investidores locais voltarem com mais ímpeto para bolsa;
  3. Nossa bolsa segue “barata”: o indicador de preço em relação ao lucro por ação (o famoso P/L) do Ibovespa segue ao redor de 8x, comparado a uma média histórica de 11x.

Assim, enquanto seguimos monitorando o cenário macroeconômico global e a evolução fiscal por aqui, recomendamos reajustar a exposição ao risco em suas escolhas para a bolsa. Veja nossas recomendações para o mês em três estratégias diferentes aqui.

Renda Fixa Brasil

Na renda fixa local, o tempo segue ensolarado, com poucas nuvens.

Como detalhamos aqui, o Banco Central do Brasil decidiu reduzir a nossa taxa básica de juros para o patamar de 12,75% ao ano dando sequência ao ciclo de queda dos juros no Brasil. Em nossa projeção, acreditamos que ciclo de queda gradual termine no primeiro semestre de 2024 a Selic no patamar de 10% ao ano, ainda em campo contracionista mantendo alta a remuneração em nossa renda fixa. Além da reunião de decisão dos juros, setembro foi marcado pelo retorno do risco fiscal aos holofotes conforme crescem preocupações sobre a capacidade do governo em alcançar as metas fiscais, com déficit zero já em 2024 – em linha com o novo arcabouço fiscal.

Somado a isso, o cenário global de juros mais altos também tende impactar a magnitude queda de juros por aqui. Afinal, com retornos mais altos em países menos arriscados, investidores tendem a “exigir” maiores retornos em países considerados de maior risco – ou seja, maiores juros.

Com isso, os prêmios dos investimentos em renda fixa de prazos mais longos  voltaram a subir no final do mês, refletindo as pressões altistas nos juros.

Dito isso, não vemos a queda de juros como motivo para reduzir demasiadamente a alocação em renda fixa, ainda mais nas carteiras conservadoras e moderadas. E sim, como uma oportunidade de diversificação dentro da classe.

Com os juros em patamares ainda elevados e a Selic acima dos níveis de inflação no curto prazo, investimentos pós-fixados atrelados ao CDI ou Selic devem continuar apresentando retornos elevados. Lembrando que investimentos pós-fixados são o ideal para sua reserva de emergência – independente do patamar da taxa Selic.

Já do lado da inflação, diante de um cenário em que a alta de preços segue um importante risco tanto no Brasil quanto no mundo, títulos de renda fixa atrelados a índices de preço são uma excelente proteção para seus investimentos – permitindo vencimentos mais longos, acima de 2030.

Mas atenção: o cenário fica um pouco mais incerto quando falamos de títulos pré-fixados. Primeiro, porque parte da queda esperada no início do ano sobre as expectativas de juros no futuro – movimento que valoriza esses títulos – já se concretizou. Segundo, porque a incerteza sobre os rumos da inflação no mundo e do cenário fiscal doméstico voltaram a impactar as expectativas sobre os juros de longo prazo, desvalorizando títulos existentes e adicionando risco adiante.

Por isso, mantemos nossa recomendação para pré-fixados reduzida e cautelosa, priorizando vencimentos de curto prazo e oportunidades pontuais em títulos privados.  

Leva o casaco”: sugestões de ativos em cada classe

Agora que você já sabe nossa alocação recomendada (o peso de cada classe de ativos ideal para cada perfil investidor nesse momento) e nossa previsão do tempo, separamos algumas sugestões de investimentos recomendados em cada um desses tipos de ativos.

Vale lembrar que as recomendações sinalizadas na tabela não são as únicas possíveis, mas sim alternativas viáveis selecionadas pelos nossos especialistas para você.

ClasseOpção de investimentoOpção de investimento2Mínimo da opção mais acessível
Renda fixa pós-fixadaTesouro Selic 2029CDB Facta Financeira Set/2025 117% do CDIR$ 140,00
InflaçãoTesouro IPCA+ 2032 com juros semestraisJGP Debêntures Incentivadas Juros Reais FIC FIM CPR$ 43,86
Renda Fixa PrefixadaCRI Assai Jul2027 10,95% *isentoCDB Facta Set/2026 13,0%R$ 1.000,00
Renda Fixa GlobalTrend High Yield Americano FIMTrend Crédito Global FIMR$ 100,00
MultimercadoSelection Multimercado FIC FIMXP Macro FIMR$ 100,00
Renda variável BrasilCarteira Rico11Selection Ações FIC AçõesR$ 100,00
Renda variável internacionalWellington Us BDR Advisory Dólar FIC Ações BDR Nível 1M Global BDR Advisory Dólar FIC FIA BDR Nível IR$ 500,00
Renda variável internacional hedgeadaTrend Bolsas GlobaisTrend Bolsas EmergentesR$ 100,00
AlternativosTrend Ouro Dólar FIMPVBI11R$ 100,00

Acesse ou abra sua conta na Rico.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

1) Este relatório de análise foi elaborado pela Rico Investimentos, que é uma marca da XP Investimentos CCTVM S.A. (“Rico”) de acordo com todas as exigências previstas na Resolução CVM nº 20/2021, tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar sua própria decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta ou solicitação de compra e/ou venda de qualquer produto. As informações contidas neste relatório são consideradas válidas na data de sua divulgação e foram obtidas de fontes públicas. A Rico não se responsabiliza por qualquer decisão tomada pelo cliente com base no presente relatório.

2) Este relatório foi elaborado considerando a classificação de risco dos produtos de modo a gerar resultados de alocação para cada perfil de investidor.

3) O(s) signatário(s) deste relatório declara(m) que as recomendações refletem única e exclusivamente suas análises e opiniões pessoais, que foram produzidas de forma independente, inclusive em relação à Rico e que estão sujeitas a modificações sem aviso prévio em decorrência de alterações nas condições de mercado, e que sua(s) remuneração(es) é(são) indiretamente influenciada por receitas provenientes dos negócios e operações financeiras realizadas pela Rico.

4) O analista responsável pelo conteúdo deste relatório e pelo cumprimento da Resolução CVM nº 20/2021 está indicado acima, sendo que, caso constem a indicação de mais um analista no relatório, o responsável será o primeiro analista credenciado a ser mencionado no relatório.

5) Os analistas da Rico estão obrigados ao cumprimento de todas as regras previstas no Código de Conduta da APIMEC para o Analista de Valores Mobiliários e na Política de Conduta dos Analistas de Valores Mobiliários do Grupo XP.

6) Os produtos apresentados neste relatório podem não ser adequados para todos os tipos de cliente. Antes de qualquer decisão, os clientes deverão realizar o processo de suitability e confirmar se os produtos apresentados são indicados para o seu perfil de investidor. Este material não sugere qualquer alteração de carteira, mas somente orientação sobre produtos adequados a determinado perfil de investidor.

7) A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço ou valor pode aumentar ou diminuir num curto espaço de tempo. Os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos. As informações presentes neste material são baseadas em simulações e os resultados reais poderão ser significativamente diferentes.

8) Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da Rico. Fica proibida sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da Rico.

9) SAC. 0800 774 0402. A Ouvidoria da Rico tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800-722-3730.

10) O custo da operação e a política de cobrança estão definidos nas tabelas de custos operacionais disponibilizadas no site da Rico: https://www.rico.com.vc/custos. 11) A Rico se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste relatório ou seu conteúdo. 

12) A Avaliação Técnica e a Avaliação de Fundamentos seguem diferentes metodologias de análise. A Análise Técnica é executada seguindo conceitos como tendência, suporte, resistência, candles, volumes, médias móveis entre outros. Já a Análise Fundamentalista utiliza como informação os resultados divulgados pelas companhias emissoras e suas projeções. Desta forma, as opiniões dos Analistas Fundamentalistas, que buscam os melhores retornos dadas as condições de mercado, o cenário macroeconômico e os eventos específicos da empresa e do setor, podem divergir das opiniões dos Analistas Técnicos, que visam identificar os movimentos mais prováveis dos preços dos ativos, com utilização de “stops” para limitar as possíveis perdas. 

13) Antes de qualquer decisão, os clientes deverão realizar o processo de suitability e confirmar se os produtos apresentados são indicados para o seu perfil de investidor.