O dia era 02 de agosto 2023 e já estávamos quase acendendo as velinhas para a taxa Selic em 13,75%, quando o Comitê de Política Monetária do Banco Central (o Copom) anunciou a redução da nossa taxa básica de juros pela primeira vez após um ano. Naquele dia, então, foi dada a largada para o ciclo de quedas da taxa Selic.
45 dias depois, te contamos aqui como o Copom seguiu o movimento amplamente esperado em sua reunião subsequente, reduzindo mais uma vez a Selic em 0,50pp, para 12,75%. Consolidando as expectativas de um processo de cortes na Selic.
Nesse cenário, segue ganhando força o questionamento entre investidores sobre o futuro da renda fixa; mais precisamente, sobre o papel dessa classe de ativos em suas carteiras de investimento.
Abaixo, te contamos por que não somente a renda fixa não morreu, como também é possível otimizar os retornos esperados por meio da diversificação entre diferentes indexadores da classe.
Mas antes, vale lembrar: ativos de renda fixa pós fixados, como Tesouro Selic, sempre seguirão como o recomendado para sua reserva de emergência – independente do patamar da taxa básica de juros. Afinal, não é na quantia destinada a imprevistos que devemos procurar obter maiores retornos em nossas carteiras de investimento; nela, devemos priorizar a previsibilidade, segurança e a liquidez (possibilidade de resgate a qualquer momento).
Agora, então, mãos à obra!
IPCA +: o vencedor da renda fixa?
Você, investidor cativo da Renda Fixa ou até mesmo você que entende a importância da parcela de renda fixa na sua carteira de forma combinada com outras classes de ativos, sabe qual foi o melhor investimento em renda fixa nos últimos 10 anos?
Não é preciso muito para concluir que o grande vencedor foram os títulos IPCA+. Como podemos ver abaixo, os títulos híbridos – aqueles com parte da taxa prefixada e parte indexada à inflação (conhecidos como IPCA+) – tiveram retorno acumulado superior aos outros tipos de títulos da classe (pós fixados e prefixados) nos últimos dez anos.

Conforme a simulação acima, uma carteira composta de títulos públicos e privados indexados ao IPCA (50% para cada) teria acumulado retorno de 191,6% entre agosto de 2013 e agosto de 2023, o que é bastante superior ao demais indexadores. Para se ter uma ideia, se considerarmos o retorno médio por ano nesses 10 anos, aquele observado para a renda fixa inflação teria sido de 11%, enquanto o da renda fixa prefixada teria sido de 10% e a renda fixa pós-fixada teria tido um retorno anual médio de 9%, aproximadamente.
Com maiores retornos, vem “maiores volatilidades”
Mas será que qualquer investidor estaria disposto a incorrer em mais risco para obter mais retorno com a sua parcela de investimentos em renda fixa?
Como podemos ver abaixo, um dos “preços” que se paga para obtermos uma rentabilidade melhor em renda fixa é tomar mais risco – incorrendo, com frequência, em maior volatilidade. Isso porque, para a surpresa de muitos, a renda fixa também varia!
A esse movimento de sobe e desce nos preços de títulos de renda fixa até a data do vencimento damos o nome de marcação a mercado – explicamos tudo nesse vídeo.

Assim, podemos entender o gráfico acima, que mostra exatamente a diferença de volatilidade entre as modalidades existentes em renda fixa. Como podemos ver, ao trazer o nível de volatilidade como informação adicional ao retorno acumulado em 10 anos, o “vencedor” não é mais tão claro.
Afinal, fica nítido que, para obter uma média de retorno de mais de 2% ao ano acima do retorno médio do pós fixado, a categoria de renda fixa atrelada a inflação trouxe também maior oscilação à carteira – apresentando uma volatilidade de 6,2%, comparada à uma baixíssima volatilidade observada para a renda fixa pós fixada (de 0,5%).
O segredo para o equilíbrio? Diversificação
Diante dos cenários apresentados acima, fica claro que a renda fixa não morreu, tendo trazido retornos bastante atrativos nos últimos 10 anos para uma carteira de investimentos – período que contou com fortes movimentos de altas e baixas da taxa Selic.
Mas também fica claro que uma carteira de renda fixa concentrada em uma modalidade da classe, apenas inflação ou apenas pós fixados por exemplo, não tende a trazer um bom equilíbrio entre risco e retorno para investidores.
Deste modo, podemos concluir que, assim como muitas outras coisas na vida, o segredo está no equilíbrio.
Ou seja, você não precisa estar em nenhum dos extremos – de risco e de retorno esperado – e essa é a beleza da diversificação. Você pode combinar esses 3 indexadores em diferentes proporções, de forma a equilibrar sua carteira de renda fixa de acordo com as suas necessidades e tolerância ao risco.
E dá certo mesmo?
Já demonstramos que um investimento puramente pós fixado obteve 9% de retorno médio anual nos últimos 10 anos, com uma volatilidade de 0,5% a.a.
Entretanto, realizamos também simulações adicionais, com dados históricos reais desses últimos 10 anos, para ver o que acontece quando damos alguns passos rumo à melhor diversificação em renda fixa, incluindo 10% de investimentos em renda fixa inflação e 10% em prefixados.


Conforme podemos ver na tabela acima, na primeira simulação, a volatilidade foi de 0,5% a.a. para 1,0% a.a., mas houve o acréscimo de quase 1% de retorno esperado por ano nessa “Carteira 1”.
A tendência continua sucessivamente: conforme andamos no sentido de aumentar o retorno esperado, a volatilidade também aumenta e, com isso, muda também a composição dos indexadores. A carteira 3 exemplifica esse movimento, mirando uma volatilidade de 4% a.a. (elevada para os padrões da renda fixa), mas buscando, na contrapartida, um retorno esperado de quase 11% ao ano. Esse maior retorno esperado é possível tendo uma exposição muito maior não só em prefixados (25%), mas especialmente em renda fixa inflação (50%).
Em resumo: ainda é possível buscar bons retornos na renda fixa, mesmo diante de um ciclo de queda da taxa Selic. Porém, isso significará ir além de investimentos pós fixados (como o Tesouro Selic ou Fundos DI Simples) ampliando a diversificação entre as modalidades existentes na renda fixa.
Essa diversificação deve incluir, principalmente, títulos IPCA+ (renda fixa inflação) – como, por exemplo, títulos públicos como o Tesouro IPCA+. Além do Tesouro, títulos privados como os CRIs, CRAs e debêntures também indexados à inflação (ou seja, IPCA+) também podem ser ótimas alternativas.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 6928
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