Você compra guarda-chuva em dia de sol ou deixa para o momento de desespero? Investir bem é como se precaver de mudanças bruscas no tempo, sempre de olho na previsão antes de sair de casa ou fazer planos ao ar livre.
Nesse conteúdo, trazemos a “meteorologia” para as principais classes de investimento disponíveis no mercado e a nossa dose recomendada para todas elas de acordo com o cenário atual. Assim, evitamos que uma “frente fria” pegue o seu dinheiro desprevenido.
Para começar, a tabela abaixo traz nossa sugestão atualizada de alocação para cada classe de ativos como proporção do total de uma carteira de investimentos, de acordo com cada perfil de investidor. Ou seja, é nossa sugestão de como cada investidor deve diversificar seus investimentos – lembrando que a diversificação é a melhor amiga dos bons retornos no longo prazo.
Ao final, trazemos uma indicação de produtos sugeridos para cada uma das classes de ativos abaixo, para que você possa investir agora mesmo da sua conta da Rico.
Lembre-se: conhecer seu perfil de investidor, seus objetivos e seu horizonte de investimento são atitudes essenciais na hora de escolher onde e como investir.
Entenda nossas políticas de investimento aqui. E baixe o PDF da carteira: Precavida, Cautelosa, Estrategista, Energética, Destemida.
Cenário Global
Nublado
O início de 2023 foi marcado por muitas incertezas. Globalmente, a inflação continuava alta, bancos centrais subiam juros, o fantasma de uma recessão assombrava investidores e expectativas para os resultados das empresas já tinham visto dias melhores.
No Brasil, as incertezas sobre como o novo governo conduziria a política econômica em meio ao cenário global desafiador se misturavam ao caldeirão de dúvidas.
Ao longo do ano, a novela do mundo incerto ganhou ainda mais capítulos, com a quebra do banco SVB nos Estados Unidos e o medo de uma crise bancária sistêmica, a continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia e a escalada do conflito militar no Oriente Médio, além da disparada dos juros de longo prazo nos Estados Unidos.
Enquanto isso, enfrentamos por aqui o episódio da varejista Americanas, além da aprovação do novo arcabouço fiscal, da reforma tributária sobre o consumo, o início do processo de queda da taxa Selic – e outros tantos eventos e fatores que balançaram os mercados em 2023.
Entrando em 2024, a trama “juros X inflação” que assistimos em 2023 deve continuar em destaque, mas alguns novos personagens devem mexer com os investimentos ao redor do mundo.
Nesse contexto, a grande pergunta que ronda investidores nesse prospectivo ano de 2024 é: será que os juros altos são agora o “novo normal” – ou, talvez, velho normal (voltando ao cenário pré-crise financeira de 2008)? Ou esse será apenas um movimento transitório? Além de, é claro, o que esperar para os investimentos nesse cenário?
Confira a seguir nossa visão para cada classe de investimento nesse ano de 2024.
Renda Fixa Global
Ensolarado
O motivo para o “tempo aberto” nessa classe de ativo é o mesmo que tem “fechado o tempo” para os ativos de risco no mundo: os juros altos nas principais economias do mundo.
Em 2023, a alta dos juros americanos foi o principal movimento que impactou os mercados, dado sua importância para precificar o valor justo para praticamente todos os ativos.
Vale destacar que estamos falando tanto dos juros de curto prazo (determinado pelo Banco Central, com o objetivo de controlar a inflação), quanto dos juros de longo prazo – que são determinados por investidores perante a avaliação de risco/retorno de títulos soberanos emitidos pelo governo americano.
A partir da segunda metade do ano, o movimento nos juros de longo prazo ganhou maior protagonismo, como podemos ver no gráfico abaixo e detalhamos aqui.
Dito isso, esperamos que os juros de longo prazo apresentem certa estabilização nos próximos meses. Na mesma linha, não vemos os Bancos Centrais de países desenvolvidos reduzindo os juros em ritmo acelerado ou forte magnitude ao longo do ano. Ou seja, apesar de mais baixos, os juros no mundo devem seguir contracionistas (patamar que tem o objetivo de desaquecer a economia). Afinal, não podemos esquecer que as altas e baixas na taxa de juros são sentidas aos poucos na economia real; no caso, no dia a dia das empresas e pessoas.
Afinal, os efeitos dos juros altos demora a ser sentidos na economia efetivamente, e a inflação ainda não retornou à meta do Fed. Assim, em 2024, a pergunta em relação aos juros deve mudar de “quão alto será” para “alto por quanto tempo?”.
E o que isso significa para a renda fixa global?
Os “juros altos” permitem ao investidor aplicar seu patrimônio em um investimento de retorno elevado com risco relativo bastante baixo – atrelado à principal economia do mundo.
Além disso, vale lembrar que a maior parte dos ativos de renda fixa global são prefixados, tornando essa uma janela interessante para o investidor, além da possibilidade de dolarização de parte do seu patrimônio em um momento mais estável de nossa moeda.
Uma das alternativas mais simples e seguras para investir em renda fixa global é por meio de fundos de investimento, que oferecem diversificação para um mercado que também possui seus riscos.
Hedgeados X Não Hedgeados
Quando investimentos em renda fixa global são realizados via fundos, podem ser feitos na modalidade com ou sem hedge (proteção) da moeda. Isso significa que, caso você escolha investir em renda fixa internacional sem hedge, estará exposto tanto às oscilações dos preços dos ativos de renda fixa internacional quanto à oscilação do dólar em relação ao real.
Bolsa global
Chuvoso
O tempo deve seguir fechado para a bolsa global no início de 2024, com juros ainda elevados no mundo, incertezas quanto aos resultados das empresas e um cenário econômico ainda desafiador.
Olhando para os Estados Unidos, apesar da forte alta vista em 2023 nas principais bolsas, acreditamos que a economia já mostra sinais de enfraquecimento, especialmente à medida que empresas começam a sentir o efeito das taxas de juros altas por um período mais longo.
Além do fantasma de uma potencial recessão seguir no horizonte das empresas, a inflação também poderá ser impactada com a corrida eleitoral em 2024.
Independentemente do resultado, o ano eleitoral tende aumentar o gasto público, aumentando a percepção de risco fiscal na principal economia do mundo. Diante do maior risco, investidores passam a exigir maiores retornos para financiar o governo americano – elevando, assim, as taxas de juros dos títulos públicos, e retroalimentando a dinâmica que detalhamos acima.
Juros altos, por sua vez, tendem a penalizar os ativos de risco, como as ações, além de “sugar” a liquidez dos mercados transferindo investimentos para ativos de renda fixa.
Em resumo: investir no mercado de ações americano continua apresentando riscos elevados, especialmente para quem não tem horizonte de longo prazo para esse tipo de investimento.
Dessa forma, mantemos nossa recomendação de bastante cautela para investimentos em renda variável internacional. Sugerimos alocações leves, inclusive nos perfis mais agressivos, além de buscarmos outros mercados além dos EUA.
Renda Variável Brasil
Sol entre nuvens
Ao longo de 2023, o Ibovespa refletiu preocupações tanto domésticas quanto globais – chegando a alcançar 97 mil pontos em março.
Mas como nem tudo são nuvens, o Ibovespa deve terminar o ano com um dos melhores desempenhos dentre as bolsas globais, superando tanto emergentes quanto desenvolvidos.
A melhora vista no segundo semestre refletiu, principalmente, expectativas sobre a redução de juros de curto e longo prazos, além da relativa estabilização do cenário macroeconômico por aqui e lá fora.
Para 2024, alguns riscos globais ficaram para trás, enquanto outros permanecem. Por um lado,a visão para os resultados das empresas ficou mais positiva e o ciclo de alta dos juros americanos parece ter chegado ao fim. Por outro, juros altos por mais tempo e medo de uma recessão ainda seguem no radar.
Já no Brasil, saímos na dianteira do corte de juros, mas tampouco sem riscos adiante. Questões como a piora do risco fiscal (essencialmente, se o governo vai conseguir ou não arrecadar mais do que gasta) e desdobramentos da reforma tributária nas empresas continuam pressionado os ativos locais.
Ainda assim, vemos o investimento em bolsa brasileira de maneira construtiva, por três principais motivos:
- Entrada de dinheiro dos investidores institucionais deve ter impulso positivo
Com expectativa de que tanto os EUA quanto outros países desenvolvidos comecem a cortar juros em 2024, o impulso recente que vimos na entrada de dinheiro de investidores institucionais na bolsa deve manter a força.
- 2. Entrada de capital estrangeiro
Ao mesmo tempo, com a taxa Selic caindo por aqui (e mais cortes por vir), nossa bolsa assume posição de destaque, e deve se tornar o emergente mais bem posicionado para atrair capital estrangeiro à medida que atratividade de ativos de risco começa a aumentar. Esse movimento é reforçado por riscos geopolíticos latentes em diversas regiões do mundo emergente, além de desafios encontrados no mercado chinês – que já afastaram investidores do mercado asiático em 2023.
Com dinheiro novo entrando na nossa Bolsa, a tendência é que os preços dos ativos também sejam impulsionados.
- 3. As ações seguem baratas
Apesar de uma valorização relevante no fim de 2023, nossa bolsa segue barata. O indicador de preço em relação ao lucro por ação (P/L) segue 37% abaixo da média histórica, ao mesmo tempo que a rentabilidade das empresas (o quanto elas conseguem gerar de lucro a partir do dinheiro dos investidores) está no meio patamar dos últimos 15 anos.
Ou seja, empresas brasileiras têm gerado mais valor, mas isso ainda não está refletido no preço das ações. Esse desconto ainda existe mesmo quando comparamos as ações brasileiras com as estrangeiras.
Pesando essas expectativas e riscos, nosso valor justo calculado para o Ibovespa ao final de 2024 é de 142 mil pontos — uma valorização potencial de cerca de 12% em relação ao nível no final de novembro/23.
Com algumas incertezas no cenário econômico à frente, juros caindo e valuation barato, nossa visão é de que não é necessário correr riscos adicionais na hora de buscar um bom desempenho. Por isso, entendemos que ainda existem oportunidades em empresas consolidadas e de qualidade na Bolsa, que mantêm preço atrativo. Veja nossas recomendações para o mês em três estratégias diferentes.
Renda Fixa Brasil
Ensolarado
Em 2024 o tempo deve seguir ensolarado para o investidor diversificado na renda fixa doméstica.
A economia brasileira teve desempenho relativamente bom em 2023. O PIB está prestes a crescer mais do que apontavam as expectativas do início do ano, a inflação caiu mais do que o esperado, o real se fortaleceu e nossas contas externas atingem níveis recordes.
Conforme falamos aqui em mais detalhes, esse cenário de inflação em desaceleração tem permitido que o Banco Central siga no ciclo de reduções da nossa taxa básica de juros, a Selic.
Entretanto, diante de um cenário ainda marcado por incertezas globais e domésticas (especialmente no âmbito fiscal por aqui), não vemos espaço para que o Banco Central corte a Selic muito além de 10,00% – a menos no curto prazo.
Assim, não vemos a necessidade de reduzir excessivamente a alocação em renda fixa em 2024 – especialmente nas carteiras conservadoras e moderadas. Pelo contrário, vemos essa situação como uma oportunidade de diversificação dentro da classe.
Os títulos pós-fixados atrelados ao CDI ou a Selic devem continuar apresentando retornos elevados, com a Selic acima dos níveis de inflação no curto prazo.
Lembrando que investimentos pós-fixados são o ideal para sua reserva de emergência — independente do patamar da taxa Selic.
Além disso, títulos de renda fixa atrelados a índices de preço seguem uma excelente proteção para seus investimentos – permitindo vencimentos mais longos, acima de 2030.
Mas atenção: o cenário fica um pouco mais incerto quando falamos de títulos pré-fixados. Primeiro, porque não esperamos grandes movimentos de queda sobre as expectativas de juros no futuro no futuro próximo (dinâmica que valoriza esses títulos, vista em parte de 2023). Segundo, porque a incerteza sobre os rumos da inflação no mundo e do cenário fiscal doméstico voltaram a impactar as expectativas sobre os juros de longo prazo, desvalorizando títulos existentes e adicionando risco adiante.
Por isso, mantemos nossa recomendação para pré-fixados reduzida e cautelosa, priorizando vencimentos de curto prazo e oportunidades pontuais em títulos privados.
“Leva o casaco”: sugestões de ativos em cada classe
Agora que você já sabe nossa alocação recomendada (o peso de cada classe de ativos ideal para cada perfil investidor nesse momento) e nossa previsão do tempo, separamos algumas sugestões de investimentos recomendados em cada um desses tipos de ativos.
Vale lembrar que as recomendações sinalizadas na tabela não são as únicas possíveis, mas sim alternativas viáveis selecionadas pelos nossos especialistas para você.
Classe | Opção de investimento | Opção de investimento2 | Mínimo da opção mais acessível |
Renda fixa pós-fixada | Tesouro Selic 2029 | XP TOP FI Renda Fixa Crédito Privado LP | R$ 100,00 |
Inflação | Tesouro IPCA+ 5,18% mai/2029 | CRA Marfrig IPCA+6,35% Jan/32 | R$ 50,00 |
Renda Fixa Prefixada | Tesouro Prefixado 2026 | CRA Vamos nov/30 11,00% | R$ 100,00 |
Renda Fixa Global | Trend High Yield Americano FIM | Trend Crédito Global FIM | R$ 100,00 |
Multimercado | Selection Multimercado FIC FIM | XP Macro FIM | R$ 100,00 |
Renda variável Brasil | Carteira Rico11 | Selection Ações FIC Ações | R$ 100,00 |
Renda variável internacional | Wellington Us BDR Advisory Dólar FIC Ações BDR Nível 1 | M Global BDR Advisory Dólar FIC FIA BDR Nível I | R$ 500,00 |
Renda variável internacional hedgeada | Trend Bolsas Globais | Trend Bolsas Emergentes | R$ 100,00 |
Alternativos | LVBI11 | PVBI11 *restrito | R$ 100,00 |
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Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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