Você compra guarda-chuva em dia de sol ou deixa para o momento de desespero? Investir bem é como se precaver de mudanças bruscas no tempo, sempre de olho na previsão antes de sair de casa ou fazer planos ao ar livre.

Nesse conteúdo, trazemos a “meteorologia” para as principais classes de investimento disponíveis no mercado e a nossa dose recomendada para todas elas de acordo com o cenário atual. Assim, evitamos que uma “frente fria” pegue o seu dinheiro desprevenido.

Para começar, a tabela abaixo traz nossa sugestão atualizada de alocação para cada classe de ativos como proporção do total de uma carteira de investimentos, de acordo com cada perfil de investidor. Ou seja, é nossa sugestão de como cada investidor deve diversificar seus investimentos – lembrando que a diversificação é a melhor amiga dos bons retornos no longo prazo.

Ao final, trazemos uma indicação de produtos sugeridos para cada uma das classes de ativos abaixo, para que você possa investir agora mesmo da sua conta da Rico.

Lembre-se: conhecer seu perfil de investidor, seus objetivos e seu horizonte de investimento são atitudes essenciais na hora de escolher onde e como investir.

Entenda nossas políticas de investimento aqui. E baixe o PDF da carteira: Precavida, Cautelosa, Estrategista, Energética, Destemida.

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Cenário Global

Nublado

O mês de outubro foi mais um mês marcado pelo aumento da aversão ao risco entre investidores. O conflito militar entre Israel e o grupo Hamas adicionou mais riscos ao já incerto palco geopolítico global, além de alimentar receios de novas pressões  inflacionárias no mundo – diante da possibilidade de escalada no conflito e dos possíveis impactos de alta nos preços dos combustíveis.

Enquanto isso, o movimento de elevação das taxas de juros de longo prazo americanas (as famosas Treasuries) ganhou ainda mais força, e a realidade dos juros altos por mais tempo no mundo seguiu como protagonista no mês que se encerra.

Esse protagonista tem ofuscado praticamente todos os outros movimentos de mercado ao redor do mundo, mantendo os sinais de chuva no horizonte global – especialmente nas bolsas.

Porém, isso não significa que não há oportunidades para o investidor que carrega uma boa previsão do tempo – ou seja, está preparado.

Confira nossa visão para cada classe de ativos a seguir.

Renda Fixa Global

Ensolarado

A renda fixa global segue pedindo espaço na carteira dos investidores de todos os perfis –

A razão por trás da do tempo ensolarado para essa classe de ativos está justamente no mesmo movimento que tem trazido nuvens carregadas para o céu da renda variável: o alto nível das taxas de juros, em especial nos Estados Unidos.

Atualmente, a taxa básica de juros na maior economia do mundo encontra-se no intervalo entre 5,25% e 5,5% ao ano – patamar elevado para o histórico recente, explicado em parte pela ainda teimosa inflação no país.

Apesar de muito abaixo das máximas vistas até o início desse ano, a inflação segue acima da meta do Banco Central americano (o Fed) – que ainda não descarta a possibilidade de novos aumentos nas taxas de juros por lá.

Somado aos juros de curto prazo (ou seja, a taxa básica de juros) determinados pelo Fed, os últimos meses foram marcados pelas fortes altas também das taxas de juros de longo prazo – essas determinadas por movimentos de mercado. Como podemos ver no gráfico abaixo, as famosas Treasuries com vencimento de 10, 20 e 30 anos viram suas taxas dispararem nos últimos meses, atingindo patamares não vistos há quase duas décadas.

O movimento é explicado por uma série de fatores, incluindo a resiliência da economia americana e receios de que a inflação não volte à meta do Fed, e mudanças na produção global que tendem a ser mais inflacionárias (ex: regionalização de cadeias de produção).

Mas o aumento do gasto público nos EUA se destaca como principal motor desse movimento – uma vez que aumenta a percepção de risco fiscal da principal economia do mundo, elevando o retorno exigido por investidores para o financiamento da dívida pública.

Nesse cenário, vemos a renda fixa global como uma excelente alternativa para a exposição internacional em todas as políticas de investimento.

Vale lembrar que investimentos internacionais ajudam a diversificar sua carteira principalmente em momentos de incertezas locais, aqui no Brasil, além de oferecer exposição a estratégias, temáticas e ativos de empresas inexistentes no mercado local, se realizados em moeda estrangeira – como o dólar, que segue considerado (apesar de tudo) um “porto seguro” global.

Uma das alternativas mais simples e seguras para investir em renda fixa global é por meio de fundos de investimento, que oferecem diversificação para um mercado que também possui seus riscos.

Hedgeados X Não Hedgeados

Quando investimentos em renda fixa global são realizados via fundos, podem ser feitos na modalidade com ou sem hedge (proteção) da moeda. Isso significa que, caso você escolha investir em renda fixa internacional sem hedge, estará exposto tanto às oscilações dos preços dos ativos de renda fixa internacional quanto à oscilação do dólar em relação ao real.

Te contamos mais sobre o que esperar para o dólar aqui.

Bolsa global


Chuvoso

O tempo chuvoso tem sido uma constante recente para investimentos em renda variável no mundo, especialmente nos Estados Unidos – onde as principais bolsas acumulam perdas de mais de 8% em dólares nos últimos três meses.

Assim, a combinação do impulso nas Treasuries americanas de longo prazo com a elevação da tensão geopolítica no Oriente Médio – e receios de uma extensão do conflito e seus impactos na economia e nos mercados – fechou ainda mais o clima para as bolsas no mundo no mês que passou.

Vale lembrar que quanto mais elevada a taxa de juros para investir em títulos públicos americanos, maior é o desconto aplicado ao valor justo das empresas. Isso porque esses títulos são utilizados como base para precificar todos os outros ativos financeiros – de renda fixa a ações. 

Juros altos também pesam sobre o endividamento de empresas, ao mesmo tempo em que desaceleram a atividade econômica (prejudicando o crescimento em muitos setores).  

Além disso, as principais bolsas americanas seguem caras. Isso porque empresas continuam sendo negociadas a múltiplos consideravelmente altos, mesmo após a recente queda.

Para ilustrar, os principais índices acionários americanos, como a Nasdaq, ainda mantêm alta superior a 30% no ano, com múltiplos de valor, como o Preço em relação ao Lucro, ainda permanecendo acima das médias históricas.

Isso significa que investir no mercado de ações americano continua apresentando riscos elevados, especialmente para quem não tem horizonte de longo prazo para esse tipo de investimento.

Dessa forma, mantemos nossa recomendação de bastante cautela para investimentos em renda variável internacional. Sugerimos alocações leves, inclusive nos perfis mais agressivos, além de buscarmos outros mercados além dos EUA.

Renda Variável Brasil


Sol entre nuvens

Os juros mais altos globalmente seguem nublando o tempo na bolsa brasileira, mas outro fator foi adicionado ao mau tempo: o conflito no Oriente Médio, que aumentou a aversão a risco dos investidores. Nesse clima, o Ibovespa fechou o mês em queda de 2,9% em reais e 3,6% em dólares, em linha com as bolsas internacionais.

A elevação nas taxas de juros de longo prazo americanas tende a reduzir a atratividade de investimentos de maior risco, o que inclui ativos de países emergentes, por desequilibrar a relação de risco-retorno — se um ativo menos arriscado (no caso, as Treasuries) está pagando juros mais altos, fica menos interessante correr um risco adicional para ganhar um pouco a mais.

Enquanto isso, no cenário doméstico, seguem as discussões sobre a reforma tributária, com a mudança da tributação sobre consumo voltando aos holofotes após relatório do projeto ser apresentado no Senado no fim do mês.

Além disso, a temporada de resultados  segue fazendo preço na bolsa à medida que as empresas brasileiras divulgam seus balanços do terceiro trimestre até a metade de novembro. A expectativa é de que seja uma temporada mista, com setores de consumo doméstico ainda pressionados (especialmente por um ambiente de juros ainda altos no Brasil), enquanto bancos e elétricas devem ser destaques positivos.

Dito isso, mantemos uma visão construtiva para as ações brasileiras no longo prazo. Continuamos a ver as ações brasileiras como baratas, com o indicador de preço em relação ao lucro por ação (P/L) ainda abaixo da média histórica, e seguimos atentos a movimentações de preços ao longo da temporada de resultados. Paralelamente, apesar dos recentes cortes na taxa Selic terem sido ofuscados pela alta das taxas de longo prazo globalmente, ainda vemos o ciclo de queda de juros por aqui como positivo para os preços das ações.

Assim, enquanto seguimos monitorando o cenário macroeconômico global e a evolução fiscal por aqui, recomendamos cautela no aumento da exposição a risco para ações da bolsa brasileira. Veja nossas recomendações para o mês em três estratégias diferentes aqui.

Renda Fixa Brasil

Ensolarado

Na renda fixa local, o tempo segue ensolarado, com poucas nuvens.

Conforme falamos aqui em mais detalhes, a perda de força da inflação nos últimos meses (conforme o esperado) tem permitido que o Banco Central siga no ciclo de quedas da nossa taxa básica de juros, a Selic.

Dito isso, não enxergamos a necessidade de reduzir excessivamente a alocação em renda fixa por conta da queda da Selic, especialmente nas carteiras conservadoras e moderadas.

Pelo contrário, vemos essa situação como uma oportunidade de diversificação dentro da classe.

Os títulos pós-fixados atrelados ao CDI ou a Selic devem continuar apresentando retornos elevados, com a Selic acima dos níveis de inflação no curto prazo. Isso porque não vemos uma queda muito substancial dos juros adiante. O cenário de incerteza global e desafios fiscais ainda latentes no Brasil deve impedir que o Banco Central reduza a taxa Selic além de 10,0% ao ano até, no mínimo, o fim do ano que vem.

Lembrando que investimentos pós-fixados são o ideal para sua reserva de emergência — independente do patamar da taxa Selic.

Além disso, títulos de renda fixa atrelados a índices de preço seguem uma excelente proteção para seus investimentos – permitindo vencimentos mais longos, acima de 2030.

Mas atenção: o cenário fica um pouco mais incerto quando falamos de títulos pré-fixados. Primeiro, porque parte da queda esperada no início do ano sobre as expectativas de juros no futuro – movimento que valoriza esses títulos – já se concretizou. Segundo, porque a incerteza sobre os rumos da inflação no mundo e do cenário fiscal doméstico voltaram a impactar as expectativas sobre os juros de longo prazo, desvalorizando títulos existentes e adicionando risco adiante.

Por isso, mantemos nossa recomendação para pré-fixados reduzida e cautelosa, priorizando vencimentos de curto prazo e oportunidades pontuais em títulos privados.  

Leva o casaco”: sugestões de ativos em cada classe

Agora que você já sabe nossa alocação recomendada (o peso de cada classe de ativos ideal para cada perfil investidor nesse momento) e nossa previsão do tempo, separamos algumas sugestões de investimentos recomendados em cada um desses tipos de ativos.

Vale lembrar que as recomendações sinalizadas na tabela não são as únicas possíveis, mas sim alternativas viáveis selecionadas pelos nossos especialistas para você.

ClasseOpção de investimentoOpção de investimento2Mínimo da opção mais acessível
Renda fixa pós-fixadaTesouro Selic 2029XP TOP FI Renda Fixa Crédito Privado LPR$ 100,00
InflaçãoTesouro IPCA+ 2032 com juros semestraisCRA Marfrig 08/29 IPCA+6,25%R$ 50,00
Renda Fixa PrefixadaTesouro Prefixado 2026LTN 01/26, 10,75%R$ 100,00
Renda Fixa GlobalTrend High Yield Americano FIMTrend Crédito Global FIMR$ 100,00
MultimercadoSelection Multimercado FIC FIMXP Macro FIMR$ 100,00
Renda variável BrasilCarteira Rico11Selection Ações FIC AçõesR$ 100,00
Renda variável internacionalWellington Us BDR Advisory Dólar FIC Ações BDR Nível 1M Global BDR Advisory Dólar FIC FIA BDR Nível IR$ 500,00
Renda variável internacional hedgeadaTrend Bolsas GlobaisTrend Bolsas EmergentesR$ 100,00
AlternativosTrend Ouro Dólar FIMPVBI11R$ 100,00

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Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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