- O Copom elevou a taxa Selic para 13,25% ao ano e sinalizou mais uma alta em agosto.
- O objetivo da elevação da taxa básica de juros é o controle da inflação, que segue alta e disseminada na economia.
- O que esperar daqui pra frente e o que isso significa para seus investimentos? Confira no conteúdo completo abaixo!
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (o Copom) elevou mais uma vez a nossa taxa básica de juros (a taxa Selic), para 13,25% ao ano. Na última reunião, em maio, a taxa havia sido elevada para 12,75% ao ano.
A taxa está em processo de elevação desde março do ano passado, quando subiu de 2,00% para 2,75% ao ano, primeira alta após o início da pandemia da Covid-19 – período no qual o Banco Central reduziu os juros para estimular a economia, com o objetivo de minimizar os impactos da pandemia sobre a economia do país.
Quer entender mais sobre como os juros impactam a inflação? Te contamos aqui!
O que disse o Copom?
Após cada reunião, o Copom divulga um comunicado detalhando sua decisão, e sinalizando ao mercado os próximos passos que devem ser tomados em relação à taxa Selic.
No comunicado de hoje, o comitê destacou a piora do cenário global, com inflação persistente e juros em alta para controlas os preços – um movimento que prejudica especialmente países emergentes, por reduzir a liquidez nos mercados. Em outras palavras: um mundo com inflação alta, baixo crescimento, e maior aversão ao risco por parte de investidores.
Nesse contexto, os diretores chamaram atenção para a inflação aqui no Brasil, que segue muito forte e disseminada na economia. Isso porque, além de questões globais e praticamente fora do controle do Banco Central, como a alta do preço de commodities (como petróleo e alimentos) e problemas nas cadeias de produção vindos da China, os preços estão subindo rapidamente também em setores que não tem relação com esses desequilíbrios – refletindo uma economia que segue se recuperando e aquecendo a demanda por bens e serviços.
Ou seja, a inflação está hoje espalhada na economia brasileira.
Mas o destaque da decisão ficou para os desdobramentos do cenário político nos rumos da política monetária.
Como antecipamos no “Esquenta pro Copom”, propostas para reduzir os preços de combustíveis e energia por meio da redução de impostos devem ser aprovadas em breve no Congresso.
Porém, se por um lado essas mudanças reduzem a inflação este ano (com preços menores para gasolina e outros combustíveis), por outro lado elas aumentam a inflação do ano que vem, além de piorar o risco fiscal. Afinal, a zeragem de impostos é proposta como temporária, e reduções permanentes de impostos precisarão ser compensadas no futuro de alguma forma – ou com mais dívida, ou com aumento de outros impostos.
Diante de tudo isso, o Copom optou por elevar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, de modo a desaquecer a economia e reduzir a pressão sobre os preços.
O que isso significa e o que esperar para frente?
Para o dia a dia do brasileiro, a alta da Selic e a consequente queda da inflação serão sentidas aos poucos. Ou seja, seguiremos sentindo o crédito ficando mais caro ao longo dos próximos meses. Da mesma forma, a alta de preços só deve começar a perder força na segunda metade do ano, e mesmo assim, seguirá bastante alta.
Esperamos que a inflação (medida pelo IPCA, nosso principal indicador de inflação do país) termine 2022 em 9,2% ao ano – ou um pouco abaixo disso, se as medidas de redução de impostos forem aprovadas.
Vale lembrar que inflação caindo significa que os preços passam a subir mais devagar, e não necessariamente que passam a cair.
Olhando para frente, o Banco Central está se aproximando do fim do ciclo de elevações da Selic. Afinal, uma Selic acima de 13,25% ao ano já exercerá um efeito contracionista forte sobre a economia.
Mas, como a incerteza segue alta, especialmente no cenário fiscal doméstico (além do já conturbado cenário global de inflação alta), o Copom optou por sinalizar mais uma alta na próxima reunião, em agosto.
Em resumo: projetamos que a Selic atinja 13,75% ao ano, e siga nesse nível até o início do ano que vem.
Para o mercado, especialmente no cenário de renda fixa, a decisão de hoje deve trazer pequenos ajustes. Isso porque parte dos investidores acreditava que a alta poderia ser maior, nessa decisão e nas próximas. Por isso, devemos ver taxas de títulos com vencimento de curto prazo em leve baixa – lembrando que isso significa que investimentos prefixados já existentes valorizam nesse movimento.
Após o fim do ciclo de altas, a Selic deve seguir nesse patamar elevado até meados do ano que vem, quando o Banco Central deve começar a reduzi-la bastante gradualmente.
Como investir com a Selic em 13,25%?
Independente de acertarmos “em cheio” o patamar da Selic ou o ritmo de altas definido pelo Copom, o principal a saber disso tudo é que taxa deve seguir alta por um bom tempo. Em um patamar que chamamos de “contracionista” – aquele em que os juros desaquecem a economia para conter a alta de preços.
Mas além de crédito mais caro, juros mais altos também significam oportunidades de investimento. Ou seja, mais uma chance para largar de vez a “boa e velha” poupança.
Os juros altos aumenta a relevância e atratividade da Renda Fixa. Títulos pós fixados, como o Tesouro Selic, passarão a oferecer maiores retornos (de 13,25% ao ano), por seguirem a rentabilidade da taxa Selic.
Já títulos de renda fixa indexados à inflação ajudarão a proteger o patrimônio da incerteza da elevação dos preços, assim como fundos de investimento de renda fixa. Contamos mais sobre oportunidades na renda fixa nesse conteúdo (lembre-se de incluir seu login da conta Rico para poder acessá-las).
Mas, se era verdade que a Renda Fixa não tinha morrido no período de juros baixos (sempre sendo importante para investimentos como reserva de emergência), também é verdade que outros investimentos seguem trazendo oportunidades nesse período de juros em elevação e inflação pressionada.
Ativos reais
Vale destacar aqui a classe de ativos reais, que tem se beneficiado muito do cenário atual. São ativos que tem um valor intrínseco (ou seja, não podem ser emitidos por Bancos Centrais, por exemplo), e costumam ter baixa correlação com ciclos econômicos, altas de juros e inflação.
Exemplos de ativos reais são commodities minerais e agrícolas, metais preciosos e criptoativos. Uma alternativa simples para acessar esses investimentos é por meio do eTrend Ativos reais.
Bolsa e fundos imobiliários
Já na bolsa, destacamos a RICO11, a nova carteira recomendada da Rico. Ela é composta por BDRs (ações de empresas estrangeiras no Brasil) e ações listados na bolsa brasileira, a partir da análise do cenário econômico, reunindo as principais estratégias de ações publicadas pelo time de análise da Rico — todas quantitativas, ou seja, baseadas em dados e modelos estatísticos e com processo de decisão automatizado.
Finalmente, também indicamos nossa carteira recomendada de fundos imobiliários, gratuita para assinantes Riconnect.
Confira todas as nossas recomendações, de acordo com cada perfil de investir, no Onde Investir deste mês.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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