• O mês de maio acabou, e chegou a hora de revisitar sua carteira de investimentos.
  • Enquanto os juros seguem subindo ao redor do mundo para combater a preocupante inflação, as bolsas têm se comportado de forma bastante diferente.
  • Veja nesse texto nossa sugestão de alocação para sua carteira no mês de junho e os principais pontos para ficar de olho nos seus investimentos.
  • Começamos com a nossa tradicional previsão do tempo para cada classe de ativos, e depois trazemos um panorama completo para você investir com embasamento.

Você compra guarda-chuva em dia de sol ou deixa para o momento de desespero? Quando vai à praia, passa filtro solar antes ou depois de sentir o ombro ardido?

Investir bem é como se precaver de mudanças bruscas no tempo, sempre de olho na previsão antes de sair de casa ou fazer planos ao ar livre. Nesse conteúdo, trazemos a meteorologia para as principais classes de investimento disponíveis no mercado e a nossa dose recomendada para todas elas para o próximo mês. Assim, evitamos que uma frente fria pegue a sua carteira desprevenida ou que você não planeje um dia de praia para aproveitar a próxima massa de ar quente.

☀️ Renda Fixa, Tesouro e seus amigos: sol a pino

Para os investimentos em renda fixa, o clima segue tropical, com o cenário que ainda é de taxa de juros em alta. Os juros mais altos imediatamente levam os títulos de renda fixa a apresentarem melhores retornos, principalmente dos pós fixados, aumentando a atratividade dessa classe de ativos. Mas lembre-se de coordenar o prazo do seu investimento com o vencimento do título, se for optar por títulos prefixados ou atrelados à inflação (os famosos IPCA +), uma vez que o preço desses títulos irá variar conforme movimentos de mercado. Explicamos essa dinâmica nesse vídeo.

Com tudo isso, nesse mês aumentamos a sugestão de percentual de renda fixa atrelada à inflação (IPCA) para 5 das nossas 7 carteiras (confira abaixo).

Bolsa brasileira: sol entre algumas nuvens

Com manutenção dos elevados preços de commodities, o Brasil e suas empresas ligadas ao setor seguem atrativos para investidores. Além disso, nossas ações seguem relativamente baratas, especialmente quando comparado as ações de empresas de outros emergentes ou mesmo ao nosso histórico. Mas esse raio de sol ainda se esgueira entre algumas nuvens, na forma de: aumento de aversão ao risco global; alta de juros nos Estados Unidos; aproximação das eleições por aqui; inflação pressionada; entre outras.

Como nossas recomendações levam em conta o cenário futuro, e não apenas o presente, seguimos não pisando no acelerador com esse investimento em bolsa brasileira este mês.

🌦️ Bolsa estrangeira: Tempo nublado

Sabemos que a elevação de juros, normalmente, leva a duas coisas: i) freio na atividade econômica; e ii) redução do preço considerado justo para ações, especialmente de empresas com muito do seu crescimento esperado no futuro. Esse movimento trouxe uma frente fria para as bolsas estrangeiras. Porém, ter parte de seu patrimônio em investimentos internacionais (e ou em dólar) ajuda a: proteger sua carteira em momentos de incerteza elevada; investir em setores que muitas vezes não existem no Brasil; além de proteger seus investimentos contra eventos puramente domésticos, como eleições.

🌤️ Renda fixa internacional : Sol entre nuvens

O processo de alta de juros no mundo (de novo ele!) aumenta o espaço da sua carteira para a renda fixa internacional. Lembrando que, da mesma forma que a renda fixa no Brasil acompanha a elevação da taxa básica de juros no Brasil, no mundo a renda fixa global acompanha a taxa básica global. Assim, diante de movimentos de mercado favoráveis, estamos em um bom momento para adicionar esse investimento em sua carteira ( com cautela, dado o cenário ainda turbulento) – lembrando sempre de respeitar o percentual indicado para seu perfil de investidor, e o horizonte de investimento mais longos.

Aplicando a previsão do tempo: o que indicamos para cada perfil

Abaixo, contamos os detalhes desse balanço climático e da previsão do tempo para cada tipo de investimento. Mas antes, vale conferir quais investimentos indicamos para a sua carteira, e em qual proporção, para enfrentar esse clima incerto.

Vale lembrar que a escolha de onde alocar seus investimentos (ou seja, colocar seu dinheiro) de acordo com seu perfil de investidor, seus objetivos e seu horizonte de investimento, é essencial na busca de bons retornos no longo prazo.

Por isso, cada parcela da tabela de alocação acima indica uma sugestão de investimento em determinada classe de ativos, para melhor encaixar seus objetivos com o contexto atual. E abaixo, explicamos o porquê dessas escolhas!

Elaboração: Rico

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Você sabe o que rolou em Maio? 

Não se assuste se parecer que você já leu esse texto antes. Muitos dos motivos que têm impactado o mercado nos últimos meses são os mesmos que seguem no radar dos investidores para os próximos:

Inflação: a tempestade dos mercados

Com a inflação batendo máximas de 4 décadas e recordes históricos em regiões como Estados Unidos e Europa, a rápida elevação dos preços se tornou o principal ponto de preocupação de investidores e analistas ao redor do mundo. Afinal, ela corrói o poder de compra das famílias, deprecia moedas, e inibe investimentos – afetando a economia e os mercados como um todo e criando um medo de recessão.

Como tudo em economia, o porquê da inflação alta é encontrado em um conjunto de fatores – que, desta vez, parecem ter vindo quase todos ao mesmo tempo:

i) Os estímulos fiscais e monetários implementados para enfrentar a pandemia da covid-19 (como juros baixos e  auxílio para famílias), que impulsionaram muito a demanda, especialmente por bens;

ii) a normalização da atividade econômica após a vacinação contra a covid-19, com serviços voltando com força e retomando margens perdidas enquanto fechados;

iii) a guerra entre Rússia e Ucrânia, que ajudou a impulsionar o preço de bens básicos (as famosas commodities) por envolver dois dos maiores produtores globais de bens como petróleo (alô, alta da gasolina?), trigo e alumínio; e

iv) a política de covid-zero implementada na China, que paralisou portos, estradas e fábricas no país, prejudicando o escoamento de todo tipo de produto, e elevando os preços e oferta de insumos industriais ao redor do mundo.

Ou seja, o clima perfeito para os preços subirem!

E os Bancos Centrais sobem o juros

Com inflação persistentemente alta e juros seguindo à galope para controlar os preços, a situação econômica atual também se depara com outro desafio: o de um período de inflação alta e crescimento econômico baixo (ou até recessão).

Além do freio na economia, juros mais altos também significam:

i) maiores taxas de retorno em investimentos de renda fixa, aumentando sua atratividade em relação à renda variável; e

ii) maior taxa de desconto utilizada para calcular o preço considerado justo de ações – reduzindo seu preço. Resultado? Bolsas caindo no mundo, especialmente em setores mais dependentes de lucros futuros, como tecnologia. 

Bolsa americana: O clima segue agitado

O resultado disso foi volatilidade das bolsas americanas em maio, pela rotação de investidores saindo especialmente do setor de tecnologia, e buscando empresas mais ligadas a setores menos sensíveis a alta de juros, como o financeiro e o de commodities (materiais básicos).

Assim, o índice Nasdaq caiu mais de 2,1% em maio, acumulando uma perda de -22,8% no ano de 2022, enquanto o S&P500 acumulou uma queda de -12,8% no ano.

Dito isso, ainda mantemos uma posição estrutural nos perfis mais arrojados, apesar do tempo fechado no curto prazo para o investimento no mercado americano. Manter sua carteira diversificada ainda é uma das melhores formas de se proteger e aumentar a rentabilidade de sua carteira de investimentos no longo prazo.

No gráfico acima, simulamos diferentes carteiras de investimento com o mesmo nível de risco. O resultado foi o que já esperávamos: uma carteira com maior nível de diversificação, entre renda fixa, renda variável e investimentos internacionais geraram uma maior rentabilidade no longo prazo. Em outras palavras, mantenha seu bolso diversificado!

Bolsa brasileira: Deu praia!

Esse movimento de troca acabou sendo positivo para nossa bolsa brasileira, que fechou o mês com alta de +4,1%.

Apesar da alta, a bolsa brasileira segue descontada quando analisamos o preço da empresa em relação a suas expectativas de geração de receita (múltiplo P/E). Por isso, mantemos uma posição relevante de bolsa brasileira em nossas sugestões de alocação para investidores mais arrojados ou com maior horizonte de investimento.

fonte: Economática; Elaboração: Rico

No gráfico acima, percebemos que a bolsa brasileira segue sendo negociada abaixo de seu múltiplo histórico. Enquanto sua média histórica de “preço sobre lucro” é de 11,3x, atualmente está sendo negociada a 6,8x, ou seja, 37% de desconto em relação ao seu histórico.

Com o atual ambiente de altos níveis de inflação por conta de choques de oferta e incertezas políticas, buscamos ações mais resiliente a esse cenário. Assim, preferindo empresas de alta qualidade, evitando ações mais sensíveis as taxas de juros mais altas.

Ano de eleição, política no Radar

A política entra no mês de junho com uma preocupação: o impacto da inflação na corrida eleitoral. Segundo pesquisa eleitoral conduzida pelo Ipespe referente a maio, 27% dos brasileiros apontam a alta de preços como o principal problema a ser enfrentado pelo próximo presidente. Como comparação, há quatro anos, essa era a principal preocupação de apenas 2% dos eleitores.

Nesse cenário, a alta mais persistente dos preços se tornou é tema central de discussões em Brasília, e diferentes iniciativas apresentadas nos últimos meses para combatê-la vêm provocando incertezas no mercado – a exemplo de projetos para reduzir impostos cobrados em combustíveis e energia elétrica.

Como uma das iniciativas para reduzir os preços nessa frente está a aprovação do PLP 18/2022, já votada pelos deputados, que inclui combustíveis, energia, gás natural, transporte coletivo e telecomunicações na relação de bens e serviços essenciais, limitando a alíquota de ICMS que pode incidir sobre eles à alíquota geral dos estados, como forma de diminuir a pressão de alta de preço nesses setores.

Desta forma, além das iniciativas que já conhecemos, novas poderão surgir nesse mês e impactar o mercado a depender da forma e conteúdo que for apresentado, com potencial para gerar volatilidade no mercado interno.

Baixe nosso guia anti-volatilidade para te ajudar a proteger sua carteira em momentos de incertezas.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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