- O Copom elevou a taxa Selic para 12,75% ao ano, conforme esperado.
- A surpresa veio da sinalização de que devemos esperar mais altas nos próximos meses.
- Nossa projeção é que a Selic atinja 13,75% ao ano, trazendo oportunidades em renda fixa e também outros ativos.
- Confira aqui o que a alta da Selic significa para a economia, para a inflação, e pros seus investimentos.
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (o Copom) elevou mais uma vez a nossa taxa básica de juros (a taxa Selic), para 12,75% ao ano. Na última reunião, em março, a taxa havia sido elevada para 11,75% ao ano.
A taxa está em processo de elevação desde março do ano passado, quando subiu de 2,00% para 2,75% ao ano, após o início da pandemia da Covid-19 – período no qual o Banco Central reduziu os juros para estimular a economia, com o objetivo de minimizar os impactos da pandemia sobre a economia do país.
Quer entender mais sobre como os juros impactam a inflação? Te contamos aqui!
O que disse o Copom?
Após cada reunião, o Copom divulga um comunicado detalhando sua decisão, e sinalizando ao mercado os próximos passos que devem ser tomados em relação à taxa Selic.
No comunicado de hoje, o comitê destacou a piora do cenário externo para a inflação, com pressões se intensificando por conta da continuação da guerra na Ucrânia e pela nova onda de lockdowns na China.
Vale lembrar que a guerra no leste europeu envolve dois grandes produtores de alimentos, petróleo e metais, e o conflito reduz a oferta desses no mundo, puxando os preços pra cima. Enquanto isso, boa parte dos produtos consumidos no mundo passam em algum momento durante sua fabricação pela China – onde a paralização parcial das atividades significa redução de oferta e aumento do tempo de trânsito, o que pressiona (também) os preços para cima.
Nesse contexto, os diretores chamaram atenção para a inflação aqui no Brasil, que segue muito forte, tanto em consequência desses movimentos globais, quanto da retomada da economia – que impacta a inflação em outros setores, como serviços, por exemplo.
Assim, o Copom trouxe um recado mais rígido de combate à inflação – postura conhecida pelo nome de “hawkish“, na linguagem de mercado – também destacando a importância de ancorar as expectativas sobre a inflação no futuro para a meta. Em bom português: convencer a todos de que será possível trazer a inflação para 3,25% ao fim do ano que vem.
Expectativas de inflação: o que são?
As expectativas dos agentes sobre os preços futuros são um dos principais fatores por trás da disseminação da alta de preços de um bem ou de um serviço pontual, para todos os outros na economia.
De maneira simplificada, isso ocorre quando aqueles que determinam os preços finais para o consumidor (seja um pequeno prestador de serviços de casa ou o dono de uma rede de restaurantes ou fábricas) acreditam que os preços seguirão em elevação rápida, eles não “esperam para ver”, e já reajustam seus preços.
Caso contrário, se acreditarem que a política do Banco Central será suficiente para reverter a pressão sobre os preços, eles não elevarão seus preços em antecipação, por receio de perderem demanda.
Assim, essa verdadeira profecia autorrealizável é um dos principais fatores determinantes da inflação e da política monetária, especialmente no Brasil – um país com histórico inflacionário.
O que isso significa e o que esperar para frente?
Para o dia a dia do brasileiro, a alta da Selic e a consequente queda da inflação serão sentidas aos poucos. Ou seja, seguiremos sentindo o crédito ficando mais caro ao longo dos próximos meses. Da mesma forma, a alta de preços só deve começar a perder força na segunda metade do ano, e mesmo assim, seguirá bastante alta.
Esperamos que a inflação (medida pelo IPCA, nosso principal indicador de inflação do país) termine 2022 em 7,4% ao ano. Um nível mais baixo do que os 11,3% atuais, mas ainda assim bastante alto. Vale lembrar que inflação caindo significa que os preços passam a subir mais devagar, e não necessariamente que passam a cair.
Olhando para frente, esperamos que o Copom ainda eleve a taxa Selic em, no mínimo, mais uma reunião. Porém, o comitê deixou as portas abertas para seus próximos passos. Assim, mantemos nossa projeção de que a taxa atingirá 13,75% ao ano.
Para o mercado, especialmente no cenário de renda fixa, a decisão de hoje deve trazer pequenos ajustes. Não por conta da alta em si, mas devido a sinalização de que o atual ciclo de elevação da Selic ainda não acabou. Por isso, devemos ver títulos com vencimento de curto prazo em leve alta (lembrando que isso significa que investimentos prefixados já existentes perdem valor nesse movimento).
Após o fim do ciclo de altas, a Selic deve seguir nesse patamar elevado até meados do ano que vem, quando o Banco Central deve começar a reduzi-la bastante gradualmente.
Como investir com a Selic em 12,75%?
Independente de acertarmos “em cheio” o patamar da Selic ou o ritmo de altas definido pelo Copom, o principal a saber disso tudo é que taxa deve seguir alta por um bom tempo. Em um patamar que chamamos de “contracionista” – aquele em que os juros desaquecem a economia para conter a alta de preços.
Mas além de crédito mais caro, juros mais altos também significam oportunidades de investimento. Ou seja, mais uma chance para largar de vez a “boa e velha” poupança.
Os juros altos aumenta a relevância e atratividade da Renda Fixa. Títulos pós fixados, como o Tesouro Selic, passarão a oferecer maiores retornos (de 12,75% ao ano), por seguirem a rentabilidade da taxa Selic.
Já títulos de renda fixa indexados à inflação ajudarão a proteger o patrimônio da incerteza da elevação dos preços, assim como fundos de investimento de renda fixa. Contamos mais sobre oportunidades na renda fixa nesse conteúdo, e destacamos duas em especial: aqui e aqui (lembre-se de incluir seu login da conta Rico para poder acessá-las).
Mas, se era verdade que a Renda Fixa não tinha morrido no período de juros baixos (sempre sendo importante para investimentos como reserva de emergência), também é verdade que outros investimentos seguem trazendo oportunidades nesse período de juros em elevação e inflação pressionada.
Ativos reais
Vale destacar aqui a classe de ativos reais, que tem se beneficiado muito do cenário atual. São ativos que tem um valor intrínseco (ou seja, não podem ser emitidos por Bancos Centrais, por exemplo), e costumam ter baixa correlação com ciclos econômicos, altas de juros e inflação.
Exemplos de ativos reais são commodities minerais e agrícolas, metais preciosos e criptoativos. Uma alternativa simples para acessar esses investimentos é por meio do eTrend Ativos reais.
Bolsa e fundos imobiliários
Já na bolsa, destacamos a RICO11, a nova carteira recomendada da Rico. Ela é composta por BDRs (ações de empresas estrangeiras no Brasil) e ações listados na bolsa brasileira, a partir da análise do cenário econômico, reunindo as principais estratégias de ações publicadas pelo time de análise da Rico — todas quantitativas, ou seja, baseadas em dados e modelos estatísticos e com processo de decisão automatizado.
Finalmente, também indicamos nossa carteira recomendada de fundos imobiliários, gratuita para assinantes Riconnect.
Confira todas as nossas recomendações, de acordo com cada perfil de investir, no Onde Investir deste mês.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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