- Com a alta dos juros, o mercado de ações tende a sofrer quedas. O consumo discricionário é um dos segmentos que mais sentem esse efeito, de forma geral.
- O que explica, então, o setor de varejo ter liderado as altas das ações do Ibovespa justamente no ápice da Selic neste ciclo?
- Confira os motivos pelos quais o varejo foi destaque na Bolsa, e quais as nossas recomendações para o investimento em renda variável no Brasil.
Recentemente, explicamos como a alta da taxa de juros impacta no preço das ações. Então, o que explica o setor de varejo — geralmente impactado negativamente pelos juros altos — ter subido tanto no último mês, junto ao provável ápice desse ciclo de alta da taxa de juros no Brasil?
Juros impactam negativamente as ações de varejo?
De forma geral, os juros impactam negativamente o preço das ações por 3 motivos: i) Encarecimento do crédito, que leva a um freio na economia; ii) fluxo de capital que sai da renda variável para o retorno previsível e satisfatório da renda fixa, pressionando o preço das ações para baixo; e iii) o impacto negativo no valuation das empresas, devido ao aumento da taxa de desconto utilizada para calcular o preço justo de uma ação.
Falamos mais sobre esses 3 fatores aqui.
Além dos juros altos, outros fatores também têm pesado no resultado das empresas de varejo. Entre eles, podemos citar a inflação em alta no mundo, que corrói o poder de compra dos consumidores, penalizando a compra de itens discricionários (como vestuário e eletroeletrônicos da linha branca, por exemplo), uma vez que o foco se volta a produtos essenciais (alimentos, medicamentos, etc); e o aumento da aversão ao risco dos investidores dado o cenário macroeconômico desafiador e o risco de recessão nos EUA.

E por que o varejo tem subido no último mês?
Em agosto, porém, o movimento foi o contrário, e o varejo teve destaque de alta:

Existem alguns motivos para isso.
Taxa de juros
Isso mesmo! A mesma taxa de juros que tem funcionado como uma força gravitacional, puxando o preço das ações para baixo, tem ajudado na alta recente dessas ações.
Isso porque, com os mercados considerando que o ciclo de altas da Selic tenha chegado ao fim, as expectativas dos juros no futuro aliviaram, projetando queda da taxa à frente.

Segundo a nossa projeção, a partir de abril de 2023 podemos começar a ver a Selic ceder, diminuindo a pressão dos juros nas empresas da bolsa brasileira. Assim, o fim do ciclo da alta da Selic começa a abrir o tempo para ações que mais sofreram com o movimento de alta até agora – como empresas nos setores de varejo e tecnologia.
Afinal, se a alta de juros tende a impactar negativamente ações, o fim desse ciclo pode – no mínimo – afastar esse efeito.
Inflação em queda
Com o início de uma normalização nas cadeias produtivas, os efeitos dos juros mais altos e o impacto da redução de impostos no combustível, começamos a ver os primeiros dados de inflação em queda aqui no Brasil. Com isso, as expectativas em relação ao varejo voltaram a melhorar marginalmente.

Além da inflação alta impactar no poder de compra do consumidor, que passa a postergar as aquisições de maior valor e não essenciais, ela também reduz as margens de lucro das empresas, que muitas vezes não conseguem repassar o aumento de preços ao consumidor final.
Com a alta nos preços perdendo força nos próximos meses e juros voltando a cair, podemos esperar uma redução da pressão desses fatores nos resultados das empresas do varejo. Com isso, temos visto um maior otimismo em relação a essas empresas como reflexo dessa combinação.
Estímulos sociais
Além disso, as vendas do varejo se beneficiam pelas medidas de estímulo aprovadas recentemente, como a PEC dos Benefícios Sociais, que trazem alívio para a renda disponível da população, podendo estimular a compra de produtos de consumo imediato, como alimentos.
Entretanto, a contínua incerteza do cenário macro/político e a escalada da inflação, que ainda segue desafiadora, contribuem para uma dinâmica mais negativa para produtos de ticket médio mais elevado, como bens duráveis, e categorias menos essenciais à frente.
O desconto da bolsa Brasileira
Como já explicamos por aqui, a bolsa brasileira tem sido negociada com desconto em relação ao seu histórico. Parte da alta recente das ações do Ibovespa também pode ser atribuída pela correção deste desconto com uma diminuição da aversão ao risco dos mercados no último mês.

Múltiplos?
Os múltiplos, como os mais famosos EV/EBITDA e Preço/Lucro, funcionam como o preço/m² de um imóvel. Se alguém fala para você “esse apartamento custa 1 milhão de reais”, como você sabe se está barato ou caro? Você olha o preço/m². E compara com o que? Com apartamentos comparáveis, que estão na mesma região, têm a mesma idade, ou até mesmo com o próprio valor do m² histórico daquele imóvel (apesar de ter que tomar cuidado com a conclusão já que, com o passar dos anos, mudanças na região que levem a valorização do imóvel podem alterar o patamar desse múltiplo).
Essa é a mesma lógica com o Preço/Lucro, ou P/L, (que mostra quanto do lucro que a empresa deve gerar no ano em questão está refletido no preço da ação), EV/Ebitda (quanto do resultado operacional que a empresa deve gerar no ano em questão está refletido no valor da empresa) ou Preço/Patrimônio Líquido (quanto do valor contábil da empresa — calculado como valor de ativos menos valor de passivos no balanço — esperado para a empresa no ano está refletido no preço da ação).
Ou seja, quanto menor, melhor: se o múltiplo da empresa está abaixo do múltiplo do setor ou abaixo do seu valor histórico para aquela companhia, a ação está em um valor atrativo. Pela diferença na natureza de negócios de cada setor, indicamos olhar o EV/EBITDA para empresas de commodities ou exportadoras, já que essa métrica incorpora alguns números importantes para esse tipo de atividade, como endividamento e caixa da companhia.
O Micro também importa
Apesar do setor de varejo ser fortemente impactado pelo contexto macroeconômico, fatores micro (desempenho das empresas individualmente), também contribuem para uma melhora na valorização de suas ações.
Algumas empresas do setor varejista têm apresentado resultados trimestrais positivos ou acima do esperado pelo consenso do mercado, impulsionando o valor de suas ações. É o caso das empresas com exposição ao “Atacarejo” — que seguem competitivas diante do cenário inflacionário atual, por atrair consumidores sensíveis a alta de preços — e o mercado de alta renda, em que o consumidor é menos sensível ao aumento dos preços.
Sentimento de alívio
Resumindo, o bom desempenho do setor do varejo ao longo do último mês pode ser explicado pelo alívio em uma série de fatores, que penalizaram o setor ao longo dos últimos anos. Entretanto, ainda é cedo para esperar que esse desempenho atual perdure pelos próximos meses, dado que o cenário macroeconômico segue desafiador e incerto.
Por isso, diante do atual momento de mercado, preferimos estar expostos em empresas resilientes e de alta qualidade. Confira, na nossa carteira de ações Rico11, quais as nossas recomendações para sua carteira de renda variável nesse mês.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 6928
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