Você compra guarda-chuva em dia de sol ou deixa para o momento de desespero? Investir bem é como se precaver de mudanças bruscas no tempo, sempre de olho na previsão antes de sair de casa ou fazer planos ao ar livre.

Nesse conteúdo, trazemos a meteorologia para as principais classes de investimento disponíveis no mercado e a nossa dose recomendada para todas elas de acordo com o cenário atual. Assim, evitamos que uma “frente fria” pegue a sua carteira desprevenida.

Para começar, a tabela abaixo traz nossa sugestão atualizada de alocação para cada classe de ativos como proporção do total de uma carteira de investimentos, de acordo com cada perfil de investidor. Ou seja, nossa sugestão de como cada tipo de investidor deve diversificar seus investimentos – lembrando que a diversificação é a melhor amiga dos bons retornos no longo prazo.

Ao final, trazemos uma sugestão de produtos sugeridos para cada uma das classes abaixo, para que você possa investir agora mesmo da sua conta da Rico.

Lembre-se: conhecer seu perfil de investidor, seus objetivos e seu horizonte de investimento são atitudes essenciais na hora de escolher onde e como investir.

Entenda nossas políticas de investimento aqui. E baixe o PDF da carteira: Precavida, Cautelosa, Estrategista, Energética, Destemida.

Cenário

Nuvens esparsas

Para a tristeza de muitos (e alegria de alguns), não foi só de festa junina que passou esse mês de junho.

No cenário econômico global, o mês começou com alívio vindo do fim do impasse do teto da dívida nos Estados Unidos, passou por repiques de altas de juros em países desenvolvidos diante da inflação ainda persistente, por sinais mistos sobre a proximidade de uma recessão nas principais economias do mundo, e ainda por dúvidas sobre a real intensidade de retomada da economia chinesa.

Já no Brasil, junho contou com mais avanços para aprovação final do novo arcabouço fiscal no Congresso, passando por um resultado do PIB mais forte do que o esperado e pela valorização da nossa moeda, e no finalzinho do mês trouxe sinalizações mais concretas de que a taxa Selic deve começar a cair em breve – mesmo que gradualmente.

Ou seja, muito aconteceu desde nossa última previsão do tempo para seus investimentos! Vamos então a nossa atualização.

Bolsa Brasileira

Sol entre nuvens

O investimento em bolsa brasileira “deu praia” no mês de junho, atingindo o marco de 120.000 pontos — patamar não visto desde abril de 2022. O principal motivo dessa incidência solar em nossa bolsa foi a perspectiva mais concreta sobre a redução dos juros.

Com o processo de desinflação em andamento e a melhora da percepção de risco fiscal do país com o andamento do novo marco fiscal, o Banco Central sinalizou que o processo de redução “cautelosa” dos juros poderá ocorrer em breve. Raio de sol que foi o suficiente para animar o mercado brasileiro.

Isso porque juros menores ajudam a reduzir o custo de capital para empresas (aumentando o preço justo calculado de ações), elevam os seus lucros por conta da queda nas despesas financeiras, e melhoram a saúde financeira das empresas que têm dívida alta e precisam de novos financiamentos.

Em outras palavras, ciclos de queda de juros tendem a ser positivos para investimentos em bolsa.

O gráfico abaixo ajuda a ilustrar essa dinâmica. Como podemos ver, momentos de redução da taxa Selic foram, em sua média histórica, acompanhados por bons retornos do nosso principal índice acionário, o Ibovespa.

Além disso, países emergentes que estão mais à frente do processo de controle inflacionário (como o Brasil) têm atraído investidores estrangeiros e institucionais, aumentando o fluxo de investimentos por aqui. Afinal, esses dois tipos de investidores representam cerca de 75% do total de investidores na bolsa brasileira.

Por fim, alguns indicadores de valor ainda mostram que nossa bolsa segue “barata” quando comparada ao seu histórico – embora menos descontada após a forte sequência de alta das últimas semanas.

Dito isso, algumas nuvens ainda indicam alguma cautela, mesmo que cada vez mais esparsas. A incerteza sobre uma recessão em economias desenvolvidas e o crescimento chinês trazem algumas nuvens para nosso cenário.

Além disso, a política fiscal segue sendo um risco para o país. Embora o descontrole fiscal pareça improvável, sinalizações do governo apontam para uma estratégia de aumento permanente do gasto público, mesmo diante da aprovação do novo marco fiscal.

Ainda no ambiente político, a reforma tributária também tende a gerar volatilidade em setores específicos com a criação de um novo equilíbrio de tributação entre setores, apesar de ser positiva para a economia no longo prazo – como explicamos detalhadamente nesse texto.

Por isso, é fundamental ser seletivo nas oportunidades, navegando com cautela na bolsa brasileira. Continuamos preferindo empresas sólidas e de alta qualidade (a um preço razoável), já que os juros ainda seguirão altos por algum tempo. Além disso, ainda gostamos de algumas commodities, principalmente do setor de petróleo, pois as empresas devem continuar gerando caixa e pagando bons dividendos.

Por outro lado, evitamos empresas que estejam negociando a preços muito altos, assim como empresas altamente endividadas devido ao impacto dos juros altos a longo prazo no custo da dívida dessas empresas.

Renda Fixa Local

Ensolarado

Como falamos, o mês de junho foi marcado pela continuidade do processo de enfraquecimento da inflação no Brasil, assim como por certa calmaria no “mar” dos riscos fiscais brasileiros.

Esses dois fatores têm contribuído para reduzir a pressão na expectativa futura dos juros, abrindo espaço para possíveis reduções da Selic pelo Banco Central na próxima reunião do Copom em agosto.

Mas a esperada redução da Selic não significa que o tempo fechou para a renda fixa por aqui, ok?. Pelo contrário.

Primeiro, porque uma eventual queda dos juros também é positiva para títulos atrelados à inflação e prefixados, especialmente aqueles com vencimento de prazos mais longos. Isto porque o movimento de queda nas expectativas de juros no futuro valoriza títulos já existentes (o preço sobe), e a queda dos juros no curto prazo deveria aumentar a atratividade dos títulos de longo prazo comparativamente – afinal, quanto mais tempo você empresta, mais retorno exige, certo?

Além disso, ainda não vemos espaço para que a taxa Selic caia para além dois dígitos tão cedo. Esperamos que a Selic alcance 11,00% no primeiro trimestre de 2024, e siga nesse patamar até ao menos o fim do ano.

Nesse contexto, títulos pós fixados continuam apresentando boa atratividade. Isso significa que investimentos como o Tesouro Selic continuarão a oferecer retornos elevados, ao menos nos próximos 12 a 18 meses, mesmo diante da queda esperada para a taxa básica de juros – uma vez que essa deve ser limitada.

É importante lembrar, no entanto, que mesmo em um clima “ensolarado”, é necessário tomar precauções, assim como “passar um bom protetor solar”. No caso dos investimentos, isso significa alinhar o prazo do investimento com o vencimento do título, principalmente ao optar por títulos prefixados ou vinculados à inflação.

Bolsa Internacional

Chuvoso

O tempo segue chuvoso para investimentos em bolsa internacional em julho, com sinais de uma recessão no horizonte americano.

Com a inflação ainda teimosamente alta (especialmente no setor de serviços), o Banco Central americano optou por manter os juros no atual intervalo de 5% a 5,25% ao ano em sua reunião em junho. Porém, diferente do Brasil, a sinalização é que a manutenção pode ser apenas uma pausa no ciclo de alta dos juros.

Com a perspectiva de juros altos por mais tempo e o risco de uma recessão no horizonte, investir no mercado de ações americano continua apresentando riscos elevados, principalmente por haver a previsão de uma forte revisão para baixo dos lucros das empresas a frente.

Entendemos que esse movimento ainda não foi totalmente precificado, e empresas listadas na bolsa americana seguem negociadas a múltiplos acima de sua média histórica. Ou seja, muitas ações ainda estão caras.

Além da terra do Tio Sam,  nuvens de chuva também pairam sobre o horizonte de outros países e regiões. Na Europa e Reino Unido, o tema da inflação e juros altos também segue nos holofotes de investidores, deixando o investimento em renda variável global com baixa visibilidade no curto prazo.

No entanto, reforçamos a importância da diversificação internacional para o investidor brasileiro, especialmente em investimentos de longo prazo. 

Além de ter acesso a outras temáticas e empresas líderes nos mercados globais, a diversificação internacional protege o investidor contra eventos puramente domésticos.

Dessa forma, continuamos recomendando a exposição à renda variável internacional, mesmo que atualmente com baixos percentuais, para os perfis de investidores mais arrojados, com maior diversificação entre países e regiões e, geralmente, em moeda estrangeira.

Renda Fixa Global

Sol entre nuvens

O investimento em renda fixa global continua atrativo no mês de julho, oferecendo bons retornos e diversificação ao investidor, proporcionando um clima de “Sol entre nuvens”.

Entretanto, com cenário ainda aberto para novas altas dos juros no mercado (como explicamos acima), esse tipo de investimento pode se tornar um pouco mais volátil ao longo dos próximos meses.

Isso porque as expectativas em relação à direção dos juros tendem a afetar os prêmios oferecidos em títulos de renda fixa, especialmente os de perfil mais arriscado.

Além disso, o ambiente de juros altos mantém o risco de eventos de crédito como o visto no início do ano, aumentando a importância da diversificação entre diferentes títulos, empresas e geografias.

Sendo assim, recomendamos investimentos em títulos públicos de curto prazo e em títulos privados de menor risco, conhecidos como “high grade” no mercado global.

Ainda, diante do elevado risco dessa classe de ativos, recomendamos esse tipo de investimento para investidores com perfil adequado e bastante cautela, sempre respeitando o percentual recomendado no início deste texto.

É importante lembrar que os ativos de renda fixa global também podem ser impactados pelas variações cambiais.

Hedgeados X Não Hedgeados

Quando investimentos em renda fixa global são realizados via fundos, podem ser feitos na modalidade com ou sem hedge (proteção) da moeda. Isso significa que, caso você escolha investir em renda fixa internacional sem hedge, estará exposto tanto às oscilações dos preços dos ativos de renda fixa internacional quanto à oscilação do dólar em relação ao real.

Te contamos mais sobre o que esperar para o dólar aqui.

Investimentos internacionais, se realizados em moeda estrangeira – como  o dólar, que é considerado um “porto seguro” global –  ajudam a proteger sua carteira em momentos de grande incerteza global.

Leva o casaco”: sugestões de ativos em cada classe

Agora que você já sabe nossa alocação recomendada (o peso de cada classe de ativos ideal para cada perfil investidor nesse momento) e nossa previsão do tempo, separamos algumas sugestões de investimentos recomendados em cada um desses tipos de ativos.

Vale lembrar que as recomendações sinalizadas na tabela não são as únicas possíveis, mas sim alternativas viáveis selecionadas pelos nossos especialistas para você.

Classe Opção de investimento Opção de investimento2 Mínimo da opção mais acessível
Renda fixa pós-fixada Tesouro Selic 2029 Banco BMG 2025 CDI+1,6% R$ 100,00
Inflação Tesouro IPCA+ 2032 IPCA+5,33% CRA Minerva AAA IPCA + 6,35% 07/2029 R$ 31,27
Renda Fixa Prefixada Tesouro Prefixado 2026 10,39% Banco BMG. 2 anos; 12,55% R$ 31,56
Renda Fixa Global Trend High Yield Americano FIM Trend Crédito Global FIM R$ 100,00
Multimercado Selection Multimercado FIC FIM XP Macro FIM R$ 100,00
Renda variável Brasil Carteira Rico11 Selection Ações FIC Ações R$100,00
Renda variável internacional Wellington Us BDR Advisory Dólar FIC Ações BDR Nível 1 M Global BDR Advisory Dólar FIC FIA BDR Nível I R$ 500,00
Renda variável internacional hedgeada Trend Bolsas Globais Trend Bolsas Emergentes R$ 100,00
Alternativos Trend Commodities FIM PVBI11 R$ 100,00

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Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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