- Você deve ter ouvido falar das sanções econômicas aplicadas contra a Rússia nos últimos dias.
- O objetivo é claro: acabar com a guerra contra a Ucrânia.
- Mas você sabe como países pretendem acabar com uma guerra usando a economia?
- Além disso, qual o impacto dessas sanções nos mercados e nos seus investimentos?
- Confira tudo isso nesse conteúdo que preparamos para você.
Como você pode ter acompanhado, nos últimos dias, diversos países anunciaram sanções econômicas contra a Rússia. Estados Unidos, membros da União Europeia e até a historicamente neutra Suíça.
O objetivo final dessas medidas tem sido claro e transparente por aqueles que as implementam: acabar com o ataque russo contra a Ucrânia, que já provocou centenas de mortes e milhares de refugiados.
Mas como se busca o fim de um conflito militar por meio de ferramentas econômicas, e qual o impacto disso nos investimentos?
O que são sanções econômicas?
No direito, sanções são medidas coercitivas aplicadas pelo estado contra uma parte por uma conduta ilícita, com uma finalidade específica. Em bom português: são medidas usadas para que uma pessoa ou uma empresa atue de determinada forma, a não ser que queira perder seus direitos. Uma condenação judicial aplicando uma multa para que uma empresa siga atuando em determinado mercado por não ter agido conforme a lei é uma sanção, por exemplo.
Já no mundo da política internacional, uma sanção aplicada contra determinado país tem o mesmo objetivo de privar alguém – no caso, governos – de alguma coisa. Como, por exemplo, o acesso a um território, ou a questões mais amplas e “amorfas”, como o comércio e o sistema financeiro global.
Assim, as sanções econômicas vistas durantes guerras são medidas aplicadas por países não necessariamente envolvidos no conflito, com o objetivo de enfraquecer um dos lados economicamente.
No caso atual, o país alvo dessas sanções é a Rússia, e o objetivo é enfraquecer o governo de Putin – tornando eventualmente insustentável continuar com a guerra contra a Ucrânia.
Sanções aplicadas contra a Rússia
Foi com esse objetivo que diversas sanções econômicas foram aplicadas contra a Rússia nos últimos dias. No mundo da economia e dos investimentos, as principais sanções implementadas foram: a exclusão de algumas instituições russas do Swift a e proibição de transações com o Banco Central russo.
Swift: o que é?
Não, não estou falando da loja de carnes do grupo JBS, nem da cantora country que abandonou sua turnê no Brasil prometida e vendida há dois anos (ainda sigo chateada, Taylor). Estamos falando do principal sistema de pagamentos e transferência de recursos entre países e empresas de diferentes países no mundo – no caso, também chamado de Swift.
De maneira simplificada, é por meio do Swift que passam as principais transações entre empresas, investidores e governos do mundo, permitindo boa parte daquilo que chamamos de sistema comercial e financeiro global.
Por isso, excluir instituições financeiras de um país do Swift é considerado uma medida bastante forte. Para se ter uma ideia, quando o Irã foi excluído temporariamente do sistema, as exportações de petróleo do país caíram aproximadamente 30% nos meses que seguiram a exclusão.
Mas aqui, vale destacar que nem todos os bancos russos foram banidos do sistema, justamente diante do receio que isso poderia causar um verdadeiro colapso no fornecimento de energia, especialmente para a Europa – já que a Rússia é o maior fornecedor de gás natural da região.
Congelamento das reservas russas
O efetivo congelamento das reservas internacionais russas se trata, na realidade, do principal impacto da proibição de transações com o Banco Central russo. Isso porque, ao não permitir que nenhuma instituição financeira compre (ou venda) recursos do Banco Central russo, governos estrangeiros impossibilitam o governo russo de vender parte de suas reservas em moeda estrangeira.
Assim, praticamente metade dos cerca de 630 bilhões de dólares de reservas internacionais do governo russo não pode ser vendida. Ou seja, recursos do governo russo ficam efetivamente congelados, não podendo ser utilizados para nada – nem para financiar a guerra, nem para tentar segurar a desvalorização da moeda russa por meio da venda de dólares, por exemplo.
Por que metade das reservas? Pois é o que, aproximadamente, corresponde a parte das reservas internacionais russas mantidas em dólares, euros e outras moedas de países que aplicaram essa sanção. Já a parte das reservas mantidas em moedas de países que não aplicaram a sanção (como a China), ou mesmo metais preciosos (como ouro), ainda pode ser vendida e utilizada.
Coca Cola e Apple saindo da Rússia?
Outras sanções econômicas que também estão em curso incluem a proibição do acesso de cidadãos russos a suas contas bancárias e investimentos fora do país, como nos EUA e em países europeus. Nesse caso, o objetivo é enfraquecer o apoio de grandes empresários e multimilionários russos ao governo Putin, e efetivamente à guerra contra a Ucrânia.
Mas, além disso, temos também as sanções aplicadas pelo setor privado. Pois é! Empresas que decidiram, voluntariamente, reduzir ou até mesmo encerrar suas operações no país, por receios de danos à reputação da marca e até compromissos ESG.
Foi esse o caso de gigantes como Apple, Mercedes e Coca-Cola – que anunciaram a saída completa da Rússia nos últimos dias.
Riscos e impactos nos mercados
Dito tudo isso, sabemos que toda medida dessa magnitude, certamente, carrega também riscos.
Como te contamos aqui em mais detalhes, um dos principais impactos da guerra russo-ucraniana é o desequilíbrio no mercado de commodities.
Por envolver dois dos principais produtores de diversos insumos energéticos, agrícolas e minerais do mundo (como petróleo, grãos e alumínio), o conflito já levou o petróleo a níveis não vistos há décadas, além de ter o potencial de encarecer boa parte dos alimentos e bens industriais no mundo – a depender de sua duração e intensidade.
Indo além dos mercados, sanções econômicas como essas não afetam somente o governo, mas também a população do país como um todo. Assim, além da tragédia da guerra, a população russa sentirá também os efeitos da moeda despencando, da inflação e dos juros mais altos.
Da mesma maneira, por ser uma das maiores economias globais, o enfraquecimento do crescimento russo também deve impactar o crescimento da economia global, passando por regiões como EUA, União Europeia e – também – nós aqui no Brasil.
O que fazer com seus investimentos?
Cautela e diversificação
Como te contamos aqui nos primeiros dias da eclosão desse conflito, momentos de incerteza como o atual destacam ainda mais a importância da diversificação nos seus investimentos. Tanto em termos de ativos (como títulos de renda fixa, ações e fundos imobiliários), quanto em termos de geografias – lembrando que o dólar e títulos do governo americano ainda seguem considerados os principais portos seguros no mercado.
Além disso, vale destacar a importância de manter a calma, e não tomar decisões precipitadas para modificar sua carteira em função de eventos como esse. Não somente porque a história nos indica que eventos geopolíticos tendem a dissipar seus impactos no médio prazo, mas também por termos ainda muita incerteza sobre o desenrolar do conflito.
Commodities e ativos reais
Mas isso não significa que não surjam boas oportunidades de investimento, e de proteção para o seu dinheiro como consequência dos movimentos causados por esse conflito nos mercados internacionais.
Para se beneficiar desse momento de alta das commodities, você pode conferir nossas recomendações de ações descontadas nesses setores. Ela mostra companhias que estão “baratas” neste momento e que podem ser boas adições à sua carteira.
Outra forma de diversificar seus investimentos e proteger seu patrimônio ganhando com a alta das commodities, mas sem precisar selecionar ativos específicos, é por meio do fundo eTrend Ativos Reais. Nele você terá seu investimento dividido em 4 tipos de investimentos: metais preciosos; imóveis; empresas de commodities; e criptoativos.
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