- A inflação atingiu 11,30% em março, puxada especialmente por alimentos e gasolina.
- A redução da conta de luz deve trazer alívio, mas a alta da taxa Selic será a principal ferramenta de controle dos preços.
- Esperamos que a inflação perca força, mas encerre o ano em 7%.
- Por isso, torna-se ainda mais importante proteger seus investimentos. Confira aqui como!
A inflação medida pelo IPCA, nosso principal indicador de preços ao consumidor, registrou alta de 1,62% em março. Esse foi o maior resultado para o mês em 28 anos, e levou o índice para 11,30% no acumulado em doze meses – a máxima em 19 anos.
Desde janeiro, o indicador já atingiu 3,20%, se aproximando da meta do Banco Central para o ano todo – de 3,50%.
Principais vilões de março: alimentos e gasolina
O resultado veio acima das expectativas da maior parte dos analistas de mercado, puxado especialmente por alimentos consumidos dentro de casa (com destaque para leite, pães e óleos e gorduras) e por combustíveis.
Vale destacar que, como esperávamos, aquela alta nos preços da gasolina que pode ter surpreendido a muitos por não ter sido vista no IPCA do mês passado, chegou agora no indicador de março. A alta da gasolina também acabou impactando alguns serviços, como transporte por aplicativo.
Em resumo, a alta de preços segue em ritmo forte, na mesma tendência que observamos ao redor do mundo – impulsionada ainda mais pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que amplia os desequilíbrios nas cadeias de produção e pressionam os preços de commodities como petróleo, trigo e alumínio. Para se ter uma ideia, a inflação ao consumidor nos Estados Unidos atingiu 7,9% em doze meses em fevereiro, o maior nível desde a década de 1980.
Para o dia a dia do brasileiro, o resultado reforça a sensação dos últimos meses. Em geral, os preços seguem subindo de maneira acelerada, corroendo o poder de compra das famílias e aumentando a incerteza na economia como um todo – de consumidores, à investidores e empresários.
Reflexo disso é o índice de difusão da inflação, que atingiu 0,76% no mês. Ou seja, a inflação está bastante disseminada entre bens e serviços na economia, não se restringindo a poucos itens (como gasolina).
A inflação vai cair?
Do lado da economia global, o principal risco de normalização dos preços tornou-se a guerra na Ucrânia, que segue pressionando preços de alimentos e insumos industriais no mundo – como te contamos aqui em mais detalhes.
Por outro lado, Bancos Centrais ao redor do mundo já se mostraram prontos para responder ao desafio da inflação alta, subindo os juros e reduzindo estímulos implementados para combater os efeitos a pandemia. Nos Estados Unidos, os juros já começaram a subir, e devem acelerar nos próximos meses.
De maneira simplificada, “menos dinheiro no mundo = menor pressão sobre os preços”.
Aqui no Brasil, a mudança na bandeira tarifária da conta de luz trará certo alívio para a inflação e para as famílias. Ao mesmo tempo, os juros em alta seguirão encarecendo o crédito gradualmente – ajudando a conter a alta de preços. Vale lembrar que esperamos que taxa Selic atinja 12,75% ao ano em maio, como detalhamos aqui.
Por que os juros sobem?
A elevação da nossa taxa básica de juros, a Selic, por parte do Banco Central tem como objetivo controlar a subida dos preços, sendo a base para todas as taxas de juros na economia.
Juros altos encarecem o crédito, ajudam a valorizar a nossa moeda (com maiores juros aqui, atraímos mais de capital estrangeiro), e impactam as expectativas sobre onde estarão os preços no futuro.
Além disso, juros altos também contribuem para a atração de capital estrangeiro ao país. Com mais moeda estrangeira entrando, nossa moeda valoriza – ajudando, assim, na alta de preços internamente.
Te contamos tudo isso em mais detalhes aqui.
Dito isso, projetamos que a inflação encerre esse ano em 7,00% – uma queda do patamar atual, mas acima da meta do Banco Central (de 3,50%).
Mas lembre-se! Não espere sentado a queda dos preços, porque com algumas exceções (como energia elétrica), os preços apenas passarão a subir mais lentamente, e não efetivamente cair.
Como proteger seus investimentos da alta de preços?
Nesse cenário de inflação alta, proteger os investimentos torna-se mais essencial do que nunca. Títulos indexados à inflação, como Tesouro IPCA + 2026, debêntures de empresas sólidas com vencimento médio, e fundos de inflação (fundos de investimento que investem em ativos indexados à inflação) são ótimas alternativas. Falamos mais das melhores oportunidades de renda fixa aqui.
Os ativos reais também ficam especialmente interessantes nesse momento. Esses ativos costumam ter baixa correlação com ciclos econômicos e inflação, como commodities minerais e agrícolas, metais preciosos e criptoativos. Uma alternativa simples para acessar esses investimentos é por meio do eTrend Ativos reais.
Confira todas as nossas recomendações de investimento de acordo com o perfil de investidor no “Onde Investir em abril”.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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