- O Comitê de Política Monetária do Banco Central (o Copom) elevou mais uma vez a nossa taxa básica de juros (a taxa Selic), para 11,75% ao ano.
- Para o dia a dia do brasileiro, a alta da Selic e a consequente queda da inflação serão sentidas aos poucos. Assim, esperamos que a inflação termine 2022 em 6,2%.
- Mas além de crédito mais caro, juros mais altos também significam oportunidades de investimento. Ou seja, mais uma chance para largar de vez a “boa e velha” poupança.
- Veja nesse texto nossa recomendação de investimento com a Selic nesse novo patamar.
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (o Copom) elevou mais uma vez a nossa taxa básica de juros (a taxa Selic), para 11,75% ao ano. Na última reunião, em fevereiro, a taxa havia sido elevada para 10,75% ao ano.
A taxa está em processo de elevação desde março do ano passado, quando subiu de 2,00% para 2,75% ao ano, após o auge da pandemia da Covid-19 – período no qual o Banco Central reduziu os juros para estimular a economia, minimizando os impactos da pandemia sobre a economia do país.
Quer entender mais sobre como os juros impactam a inflação? Te contamos aqui!
O que disse o Copom?
Após cada reunião, o Copom divulga um comunicado detalhando sua decisão, e sinalizando ao mercado os próximos passos que devem ser tomados em relação à taxa Selic.
No comunicado de hoje, o Comitê deu grande destaque aos impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia, e os impactos do conflito no nível na inflação global – que já vinha bastante pressionada nos últimos meses.
Como te contamos aqui, um dos principais impactos do conflito no leste europeu é no preço de commodities, tanto agrícolas como minerais (como trigo, milho, petróleo e alumínio). Isso acontece porque os dois países envolvidos são grandes produtores globais desses insumos – e a guerra e as sanções econômicas contra a Rússia prejudicam sua produção e comercialização, reduzindo a oferta no mundo.
Assim, o Comitê decidiu seguir elevando a taxa Selic nesse momento, com o objetivo de trazer a inflação de volta para a meta no horizonte relevante de política monetária. Ou seja, olhando especialmente para o ano que vem – quando a meta de inflação é de 3,25%.
Horizonte Relevante de Política Monetária
Você já ouviu falar do tal do “horizonte relevante de política monetária? Esse conceito se refere ao período entre o aumento/queda na taxa de juros determinado pelo Banco Central, e o efeito disso na economia real – por meio do crédito, do câmbio e das expectativas.
Esse período pode variar entre 6-9 meses, a depender do país, e da metodologia usada.
Mas o importante a destacar é que, conforme nos aproximamos do final do ano, os esforços do Copom se dirigem ao ano seguinte, dado que a elevação de juros hoje não impacta a inflação sentida hoje.
O que isso significa e o que esperar para frente?
Para o dia a dia do brasileiro, a alta da Selic e a consequente queda da inflação serão sentidas aos poucos. Ou seja, devemos ver o crédito ficando mais caro gradualmente ao longo dos próximos meses.Da mesma forma,a alta de preços só deve começar a perder força na segunda metade do ano – caso o conflito no leste europeu não se prolongue por muito tempo.
Assim, esperamos que a inflação termine 2022 em 6,2%. Um nível mais baixo do que os 10,54% atuais, mas ainda assim bastante alto. Vale lembrar que inflação caindo significa que os preços passam a subir mais devagar, e não necessariamente que passam a cair.
Para o mercado, a alta de hoje não deve ter grandes impactos. Mesmo assim, podemos ver algum movimento em títulos de renda fixa pré-fixados de vencimento mais curto (valorizando), já que parte do mercado esperava um recado mais forte contra a inflação, e talvez até uma elevação maior da Selic hoje. Já nos títulos de longo prazo, a decisão não deve trazer grandes impactos.
Olhando para frente, esperamos que o Copom eleve a taxa Selic mais uma vez na próxima reunião, em abril – atingindo 12,75%.
Além de abril, vamos aguardar maiores sinalizações do Comitê para determinar o que vemos de próximos passos. Vale destacar que o desfecho da guerra russa será um dos principais fatores influenciando a decisão do Banco Central daqui pra frente. Se o conflito se prolongar, podemos ver a Selic subir ainda mais; caso contrário, um alívio no preço das commodities pode reduzir as pressões para uma Selic acima de 12,75%.
Como investir com a Selic em dois dígitos?
Independente de acertarmos “em cheio” o patamar da Selic ou o ritmo de altas definido pelo Copom, o principal a saber disso tudo é que taxa deve seguir alta por um bom tempo. Em um patamar que chamamos de “contracionista”, aquele em que os juros desestimulam a economia para conter a alta de preços.
Mas além de crédito mais caro, juros mais altos também significam oportunidades de investimento. Ou seja, mais uma chance para largar de vez a “boa e velha” poupança.
Um cenário de juros em elevação eleva a relevância e atratividade da Renda Fixa. Títulos pós fixados, como o Tesouro Selic, passarão a oferecer maiores retornos (de 11,75% ao ano), por seguirem a taxa Selic.
Já títulos de renda fixa indexados à inflação ajudarão a proteger o patrimônio da ainda presente incerteza de preços, assim como fundos de investimento de renda fixa. Contamos mias sobre oportunidades na renda fixa aqui.
Mas, se era verdade que a Renda Fixa não tinha morrido no período de juros baixos (sempre sendo importante para investimentos como reserva de emergência), também é verdade que outros investimentos seguem trazendo oportunidades nesse período de juros em elevação e inflação pressionada.
Ativos reais
Vale destacar aqui a classe de ativos reais, que tem se beneficiado muito do cenário atual. São ativos que tem um valor intrínseco (ou seja, não podem ser emitidos por Bancos Centrais, por exemplo), e costumam ter baixa correlação com ciclos econômicos e inflação.
Exemplos de ativos reais são commodities minerais e agrícolas, metais preciosos e criptoativos. Uma alternativa simples para acessar esses investimentos é por meio do eTrend Ativos reais.
Bolsa e fundos imobiliários
Já na bolsa, selecionamos ações de empresas vistas como de alta qualidade, com margem superior aos seus pares, endividamento baixo, crescimento de lucro e a preços atrativos.
Finalmente, também indicamos nossa carteira recomendada de fundos imobiliários, gratuita para assinantes Riconnect.
Confira todas as nossas recomendações, de acordo com cada perfil de investir, no Onde Investir deste mês – que você confere aqui em relatório, e aqui em vídeo.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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