Após um período desafiador para a bolsa brasileira em 2024, é natural que muitos investidores se perguntem se 2025 trará mais oportunidades no mercado de ações doméstico.

Para responder a essa questão, realizamos uma análise detalhada da balança de riscos atual e apresentamos nossas percepções sobre as oportunidades e desafios que o mercado acionário deve enfrentar neste novo ano. Confira a seguir para entender melhor o cenário e as perspectivas para o Ibovespa nos próximos meses.

O cenário atual

No Brasil, estamos passando por um cenário de atividade econômica aquecida, mas com a inflação sob pressão. Exemplos disso incluem o crescimento do PIB no último ano e o resultado do IPCA, nosso principal índice de inflação, que encerrou 2024 em 4,8%, superando o limite da meta estabelecida pelo Banco Central, que é de 4,5%.

Na prática, esses dados reforçam a tese de que o Banco Central brasileiro deve seguir elevando a taxa básica de juros (Selic) nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Com o aumento da Selic, é comum acontecerem revisões para baixo nas estimativas de lucros das empresas. Além disso, historicamente, períodos de elevação de juros tendem a impactar negativamente o mercado acionário, conforme explicamos em detalhes aqui.

Somando-se aos desafios relacionados a pressão inflacionária e alta de juros, ao analisarmos o cenário doméstico, a deterioração da percepção de risco fiscal também traz cautela aos investidores, o que tem pressionado os preços das ações.

O que é risco fiscal?

De maneira geral, o risco fiscal refere-se ao risco associado ao empréstimo de investidores ao governo. Em outras palavras, ele avalia se os agentes de mercado acreditam que o governo brasileiro é um bom pagador. Se a percepção for positiva, o risco é considerado menor; caso contrário, o risco aumenta.

Assim, fatores como os gastos previstos para o próximo ano, as regras fiscais que podem ser criadas ou alteradas e a evolução do nível de endividamento do país têm um impacto significativo nos mercados. Essa dinâmica pode ser observada em indicadores como a cotação do dólar, a famosa curva de juros (que reflete os preços dos ativos de renda fixa) e a movimentação do Ibovespa. Veja aqui mais detalhes sobre o que é risco fiscal e como ele impacta seus investimentos.

Por fim, o cenário externo também segue mais desafiador para os mercados emergentes, incluindo o Brasil, devido ao novo governo Trump nos Estados Unidos. Isso por conta das promessas de campanha do republicano de aumento de tarifas e cortes de impostos. Com isso, as perspectivas são de uma inflação americana mais alta, juros altos por mais tempo e um dólar mais forte, que podem deteriorar a taxa de câmbio e gerar pressões inflacionárias domesticamente.

Adicionando a esses fatores, os últimos dados do mercado de trabalho norte-americano mostraram que a economia dos EUA continua aquecida, o que pode limitar os cortes de juros pelo Banco Central dos EUA (Fed). E se os juros da maior economia do mundo devem ficar altos por mais tempo, isso impacta não apenas o mercado acionário americano, mas do mundo todo, inclusive do Brasil.

Veja aqui os impactos dos dados econômicos dos Estados Unidos na bolsa brasileira

Diante desse cenário, o que esperar para o Ibovespa?

À medida que avançamos para 2025, é fundamental reconhecer que as questões mencionadas devem continuar gerando incertezas e adicionando cautela na alocação em renda variável brasileira. No entanto, isso não significa que não existam oportunidades. Para investidores com um perfil de risco mais elevado e que buscam objetivos de longo prazo, podemos encontrar opções interessantes, com ações de boas empresas sendo negociadas a preços atrativos, ou seja, ‘baratas’, no bom português.

Prova disso são alguns indicadores financeiros, como o ‘preço sobre lucro’ (P/L) de várias empresas e do próprio Ibovespa, que estão abaixo da média histórica. Isso reforça que muitos ativos estão sendo negociados a preços atrativos.

Ademais, vale destacar o ambiente ‘micro’ das empresas, que pode ser visto como um fator positivo. Isso se refere a aspectos mais diretamente ligados aos fundamentos das companhias. Por exemplo, em 2024, observamos altos rendimentos de dividendos e diversas recompras de ações, que são sinais de saúde financeira e potencial de valorização das empresas.

Considerando toda essa balança de riscos, recomendamos uma abordagem mais defensiva e cautelosa para a alocação na bolsa brasileira. Isso significa que devemos priorizar investimentos em empresas que apresentem características sólidas, como balanços financeiros saudáveis, alta qualidade em seus negócios, menores níveis de endividamento, momento de lucro positivo e uma comprovada capacidade de se adaptar e prosperar em um cenário macroeconômico desafiador.

Entre os setores que sugerimos para essa estratégia, destacamos as empresas de energia elétrica e saneamento, telecomunicações e setor financeiro. Também podemos encontrar oportunidades mais pontuais em empresas do segmento de óleo e gás, bens industriais e construtoras que atendem à baixa renda. Esses setores tendem a oferecer maior estabilidade e resiliência.

Além disso, é importante lembrar que essa abordagem cautelosa também se aplica à seleção de empresas dentro de um mesmo setor, o que chamamos de escolha ‘intrasetorial’. Isso significa que, mesmo dentro de um setor específico, devemos buscar aquelas empresas que demonstram características de maior resiliência e solidez.

Dessa forma, a alocação na bolsa permanece uma alternativa interessante para a composição do portfólio, especialmente para investidores com perfil de risco e objetivos de longo prazo. É fundamental, no entanto, que a estratégia esteja alinhada com o cenário atual e faça sentido dentro do contexto financeiro, perfil de risco e objetivos de cada investidor.

Análise de preços do Ibovespa

Em termos de preços, o Ibovespa está se aproximando de um nível de suporte importante, em torno de 118.500 pontos. Regiões relevantes de suporte, tendem a ‘segurar’ os preços, ao menos pontualmente.

No entanto, no momento, a tendência principal ainda é de queda, o que reforça a adoção de uma postura mais seletiva e cautelosa para a escolha das ações. Para que haja uma reversão dessa tendência do Ibovespa, ou seja, uma recuperação mais significativa, o índice precisaria ultrapassar os 125.000 e 130.000 pontos, patamares ainda um pouco distantes.

Do ponto de vista do cenário macroeconômico, uma ‘descompressão’ dos riscos mencionados acima seria importante para que essa reversão ocorra. Isso significa que seriam necessários sinais mais concretos da adoção de uma política fiscal doméstica mais saudável, melhorias nas expectativas inflacionárias tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, e/ou surpresas positivas relacionadas à política econômica do novo governo Trump.

No mais, é importante ficar atento a oportunidades específicas em ações que apresentem as características mencionadas anteriormente e sinais de reversão no próprio índice. É fundamental acompanhar a tendência do Ibovespa, pois ele serve como uma referência importante para entender o momento do mercado acionário brasileiro.

Diante desse cenário, como montar uma carteira completa?

O cenário mais desafiador para a bolsa brasileira reforça a importância de todo investidor obter uma carteira de investimentos equilibrada. Para te ajudar na escolha dos melhores investimentos para o próximo ano, preparamos um relatório completo sobre “Onde Investir em 2025”, confira aqui.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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