15/12/2020 21:11:21 • Atualizado em 09/12/2021 21:22:33
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Rating de crédito: entenda TUDO sobre essa classificação de risco
Rating de crédito é a avaliação feita pelo mercado do risco de crédito de um indivíduo, empresa ou país em relação a capacidade de honrar com compromissos.
Encontrou o termo rating no noticiário econômico, mas não entende bem o que significa? Essa é uma classificação de risco de crédito importante para empresas e investidores.
Quando buscamos em um dicionário a tradução para rating, encontramos uma pista: lá está algo parecido com classificação ou avaliação.
Assim, no mundo dos investimentos, o termo é utilizado para descrever a classificação de uma instituição (ou mesmo de um país) conforme o risco que ela representa para o mercado quanto a sua capacidade de honrar as dívidas assumidas por ela.
Ou seja, o rating indica o seu nível de risco – uma informação importante para todas as partes nela interessadas (seus stakeholders).
Essa avaliação é complexa e leva em consideração diversas variáveis para determinar uma nota.
É justamente sobre isso que vamos falar neste conteúdo. Se você quer entender tudo sobre o rating de crédito, é só continuar lendo os tópicos abaixo:
- O que é um rating de crédito?
- Como funciona o rating de crédito?
- Agências de classificação de risco de crédito
- Os tipos de rating de crédito
- Entenda como funciona a classificação do rating de crédito
- O que é levado em conta para calcular o rating de crédito?
- Como o rating de crédito é determinado na prática?
- Entendendo a importância do rating de crédito para empresas e investidores
- Afinal, o rating de crédito é confiável?
- Perguntas frequentes sobre rating de crédito.
Boa leitura!
O que é um rating de crédito?
Rating de crédito é a avaliação feita pelo mercado do risco de crédito de um indivíduo, empresa ou país em relação a sua capacidade de honrar com compromissos assumidos por ele junto a outras instituições. Quanto melhor o rating, mais bem avaliado o devedor quanto a sua capacidade de pagamento da dívida, e menor a chance de ele se tornar inadimplente.
Por vezes chamada nota de crédito ou classificação de crédito, o rating tem como objetivo demonstrar a credores e devedores como está a solidez e a saúde financeira da entidade em questão.
De tempos em tempos, a análise de crédito e a atribuição de rating precisam ser refeitas para que a classificação do devedor reflita a situação tanto dele mesmo quanto do mercado, que podem oscilar.
Então, sempre que a situação do agente econômico muda, um novo processo de avaliação precisa ser feito e a nota é atualizada. Ainda que não existam alterações relevantes em indicadores do tomador, a análise de crédito é feita periodicamente porque as condições externas a ele podem ter se alterado.
Como funciona o rating de crédito?
A atribuição de rating leva em conta uma série de variáveis para definir o nível de risco de inadimplência do agente financeiro.
São estudados aspectos sociais, econômicos e políticos para estabelecer a classificação de risco daquela empresa, banco ou país, assim como características da própria instituição.
Para garantir a lisura das avaliações, o rating não pode ser feito por qualquer um.
Na verdade, existem agências de classificação de risco tradicionais no mercado, que atuam no sentido de avaliar o risco das instituições e títulos.
Cada uma delas trabalha para definir uma nota a partir de uma ampla análise, que considera fatores quantitativos e qualitativos para classificar o agente econômico.
Afinal, o rating de crédito é confiável?
Hoje em dia, o mercado conta com diversas agências que se propõem a avaliar o risco de empresas e países.
Mas, como era de se esperar, algumas dessas avaliadoras tem mais credibilidade do que outras.
É por isso que, de maneira geral, especialistas do mundo dos investimentos contam com a opinião das três maiores empresas do segmento: S&P, Moody’s e Fitch.
Agências de classificação de risco de crédito
Apesar de haver diversas empresas que organizam esse tipo de avaliação, três nomes se são os mais tradicionais e ficaram conhecidos como big three: Standard & Poor’s (S&P), Moody’s e Fitch.
Standard & Poor’s
A S&P Global – previamente denominada Standard & Poor’s – é uma agência de risco que atua como uma divisão do grupo McGraw-Hill.
Fundada em 1860, a empresa americana passou a adotar sua atual estrutura administrativa em 1941.
Atualmente, o rating da S&P vai de AAA (mais alto) até D (mais baixo), existindo ainda a nota NR para classificar as empresas não avaliadas – em inglês, Not Rated.
Moody’s
Moody’s Investors Service é o nome completo da agência americana de classificação de risco que costuma ser chamada apenas de Moody’s.
A companhia foi fundada em 1909 e, hoje, tem a Moody’s Corporation como sua empresa-mãe.
As notas atribuídas pelo seu rating de longo prazo vão de Aaa (mais alta) até C (mais baixa).
Para classificações de curto prazo, existe uma escala própria, que começa em Prime-1 (maior) e vai até Not Prime (menor).
Fitch
Fechando as principais agências, temos a Fitch Ratings, conhecida popularmente apenas como Fitch.
A agência é americana e foi fundada no ano de 1914 na cidade de Nova Iorque.
As notas da Fitch variam entre AAA (mais alta) até D (mais baixa), havendo ainda a classificação NR para aquelas empresas não avaliadas pela companhia.
Os tipos de rating
Agora que você já conhece as principais agências de classificação do mercado, vale entender os dois tipos de rating utilizados nas avaliações.
Cada um deles tem uma definição clara que o investidor precisa dominar para interpretar os relatórios de análise.
Rating por grau
O rating por grau é uma classificação binária utilizada para organizar a escala de notas, de modo a orientar o investidor em suas decisões.
As notas são divididas, então, entre grau especulativo e grau de investimento.
No primeiro grupo, podemos encontrar aqueles agentes econômicos que representam maior risco de crédito para o portfólio. Já no segundo, estão as entidades de menor risco, portanto mais recomendadas.
Rating por nota
O rating por nota é outra forma de classificação das entidades que usa uma pluralidade de scores para definir o nível de risco daquela empresa, banco ou país.
A escala também tem uma correspondência para o grau especulativo e o grau de investimento, dando mais detalhes sobre a situação daquele agente econômico.
Assim, o investidor conta com mais dados para realizar uma análise mais profunda da instituição e ajudar a decidir qual investimento vale mais a pena. Importante lembrar que esse é apenas um dos pontos de análise.
Entenda como funciona a classificação do rating de crédito
Como já adiantamos, ao definir a classificação de uma empresa ou país, as agências consideram uma série de questões.
O rating avalia pontos como a solidez do balanço patrimonial daquela instituição, o fluxo de caixa e as taxas de juros de seus empréstimos.
Para a análise qualitativa, a avaliação considera o contexto político e econômico no qual aquela entidade está inserida, mensurando os riscos externos para estabelecer uma nota e grau de risco.
O que é levado em conta para calcular o rating de crédito?
O rating promove uma avaliação ampla de uma empresa, que leva em consideração diferentes questões que influenciam no risco do crédito.
Conheça abaixo os principais aspectos observados.
Taxa de juros
Durante o processo de classificação do risco, as agências do big three olham com atenção para a taxa de juros oferecida por aquele banco ou país.
Segundo informativo da S&P, a avaliação precisa ainda levar em conta a inflação para entender como a taxa vai afetar o risco.
Fluxo de caixa
A relação entre rating de crédito e fluxo de caixa há muito é discutida na literatura especializada.
Ou seja, a análise aqui se volta à entrada e saída de dinheiro, entendendo o comportamento de receitas e despesas da instituição avaliada e suas perspectivas.
Um estudo de Jay & Shank de 1997, que comparava a relação entre esses dois valores, serviu de inspiração para uma pesquisa brasileira de 2006, que buscava entender a relação entre rating e fluxo de caixa nas empresas brasileiras.
Segundo Ricardo Carvalho, diretor-executivo da Fitch no Brasil, existe uma relação definitiva entre o fluxo de caixa e rating já que, quanto maior o caixa, menor tende a ser endividamento daquela instituição.
Nível de alavancagem
Assim como o fluxo de caixa, a análise do nível de alavancagem de uma empresa faz parte das métricas quantitativas consideradas durante o rating.
Dentro das finanças, definimos como alavancagem as manobras utilizadas para multiplicar a rentabilidade por meio do aumento do endividamento, muitas vezes tomando mais crédito no mercado.
Como essa estratégia é arriscada, quanto maior o nível de alavancagem, mais riscos são atribuídos à instituição.
Contexto político do país
Não basta analisar o risco de uma companhia partindo apenas dos fatores internos de sua administração, sem considerar o contexto político.
Toda empresa está subordinada ao país onde ela opera e, por isso, é importante entender como o cenário local pode afetar os resultados.
Quando falamos do rating de um país, o chamado rating soberano, então, avaliar esse aspecto se torna ainda mais importante.
Solidez do balanço patrimonial
Outro fator bastante considerado dentro da classificação de risco é a solidez do balanço patrimonial ou demonstrativo financeiro de uma empresa.
Essa é uma demonstração contábil que tem por objetivo representar a situação financeira e fiscal de uma empresa dentro de um período determinado.
Por isso, o balanço patrimonial acaba sendo uma valiosa fonte de informação para as agências se debruçarem em suas avaliações.
Projeções de resultados futuros
Assim como é importante entender quão sólido está o balanço patrimonial hoje, também é preciso projetar seu futuro.
O desafio aqui é entender quais são as metas e objetivos daquela instituição para os próximos meses e anos.
Isso não significa que os agentes financeiros devem optar por um otimismo falso, mas oferecer dados concretos baseados na situação real daquela instituição.
Como o rating é determinado na prática?
A atribuição de rating de crédito não se dá por uma análise superficial da empresa que avalia apenas números em um papel.
O processo começa com o envio de um analista de risco que vai observar de perto os aspectos da empresa ou do país em questão.
Depois de fazer inúmeras consultas com membros da administração, esse emissário retorna então à agência e apresenta os dados coletados para um comitê de pontuação, que deve atribuir a nota de risco.
Escala de rating
Como você deve ter percebido, a escala de rating varia de acordo com a agência que está fazendo a classificação.
Conheça abaixo as escalas das avaliadoras do big three:
Standard & Poor’s (S&P):
Nota |
Nível de risco |
AAA |
Mais alta qualidade |
AA |
Qualidade muito alta |
A |
Qualidade alta |
BBB |
Boa qualidade |
BB |
Especulativo |
B |
Altamente especulativo |
CCC |
Risco substancial |
CC |
Risco muito alto |
C |
Risco excepcionalmente alto |
D |
Inadimplente |
Moody’s:
Nota |
Nível de risco |
Aaa |
Mais alta qualidade |
Aa1, Aa2, Aa3 |
Qualidade muito alta |
A1, A2, A3 |
Qualidade alta |
Baa1, Baa2, Baa3 |
Boa qualidade |
Ba1, Ba2 |
Especulativo |
B1, B2, B3 |
Altamente especulativo |
Caa1, Caa2, Caa3 |
Risco substancial |
Ca |
Risco muito alto |
C |
Risco excepcionalmente alto |
Fitch Ratings:
Nota |
Nível de risco |
AAA |
Mais alta qualidade |
AA |
Qualidade muito alta |
A |
Qualidade alta |
BBB |
Boa qualidade |
BB |
Especulativo |
B |
Altamente especulativo |
CCC |
Risco substancial |
CC |
Risco muito alto |
C |
Risco excepcionalmente alto |
Entendendo a importância do rating de crédito para empresas e investidores
Por todos os fatores citados acima, fica clara a importância que o rating de crédito tem para investidores e empresas.
Para as companhias, essa classificação serve como um termômetro da eficiência de sua gestão financeira.
A nota atribuída ajuda as empresas a se situarem no mercado e a entenderem melhor seu posicionamento dentro dele e entre concorrentes.
Para investimentos, a classificação de risco de crédito pode ajudar na avaliação de empresas ou emissores de títulos, uma vez que ela também é um indicador da gestão financeira e da expectativa do mercado quanto a sua capacidade de honrar os compromissos assumidos. Com a ajuda das notas divulgadas pelas agências de classificação, o investidor ou gestor financeiro tem mais informações para tomar as melhores decisões, se baseando em análises mais abrangentes do cenário econômico.
Perguntas frequentes sobre rating de crédito
Com todas as informações que já acompanhou neste texto sobre o rating, você está bem preparado para interpretar a classificação de risco de crédito e fazer escolhas conscientes enquanto investidor.
Ainda assim, sabemos que algumas dúvidas podem ter ficado pelo caminho e, por isso, respondemos abaixo as principais perguntas sobre o tema.
Qual é o rating do Brasil?
Em abril deste ano, a S&P atualizou a classificação do Brasil para BB em decorrência da crise global causada pela pandemia do coronavírus.
Em maio, foi a vez da Fitch reafirmar o grau especulativo da economia brasileira com a classificação BB.
No mesmo mês a Moody’s anunciou que manteria o país com a nota Ba2 em seu rating.
O que significa rating AA?
O significado do rating varia de acordo com a agência que o atribuiu. Dentro das escalas da S&P e da Fitch, a nota AA significa que a instituição foi avaliada com “qualidade muito alta”.
Qual o rating para bancos brasileiros em 2020?
É difícil responder qual é o rating dos bancos brasileiros, pois são várias as instituições financeiras e também as agências de classificação.
O Itaú Unibanco, maior banco privado do país, disponibiliza em seu site a relação completa dos ratings por categoria.
Dentre os estatais, o Banco do Brasil é o maior e também disponibiliza o rating em seu site.
Conclusão – O rating deve ser um critério de análise para investidores?
O rating é um método tradicional de avaliação do risco de crédito que não só pode como deve ser um critério de análise para os investidores.
Isso vale para aqueles que escolhem aplicações de renda variável, em especial operando com a compra e venda de ações na bolsa de valores, ou títulos emitidos por países ou empresas
Sempre lembrando que as ações representam pequenas partes de uma companhia. Ao adquiri-las, você se torna um pouco dono dela também – e é por isso que você deve conhecer bem a companhia antes de se tornar sócio dela, o que inclui compreender sua avaliação de risco de crédito no mercado, embora ter bom rating não significa necessariamente que a empresa é sólida: ou seja, é preciso avaliar outros fatores também.
Ao observar uma série de fatores, como taxa de juros, demonstrativo financeiro e fluxo de caixa, as agências conseguem entender melhor os riscos envolvidos em fazer negócios com aquela empresa ou país.
Agora que você já entende o que é o rating de crédito, pode utilizá-lo para ter ainda mais segurança na hora de escolher seus investimentos.
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Abra sua conta e invista certo.
Obrigado por ler até aqui!