12/06/2020 12:30:00 • Atualizado em 20/05/2024 09:16:44
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Coronavírus e investimentos: impactos e principais dúvidas
Quem vem acompanhando as notícias do mercado financeiro, observa uma clara relação entre coronavírus e investimentos. Veja tudo o que você precisa saber!
Quem vem acompanhando as notícias do mercado financeiro, observa uma clara relação entre coronavírus e investimentos.
Afinal, estamos falando de uma pandemia que se espalhou rapidamente por todo o globo, obrigando a economia mundial a pisar no freio e as pessoas a se confinarem dentro de suas casas.
Um cenário que, entre outras consequências, provocou uma queda acentuada nas ações de companhias de vários setores.
Em vez de entrar na onda do pânico generalizado, o que você, investidor, deve fazer é procurar informação embasada e de qualidade.
É justamente isso que pretendemos apresentar aqui.
Se restar alguma dúvida ao final, é só deixar um comentário.
Boa leitura!
Panorama geral do impacto do coronavírus na economia mundial
De acordo com a edição de abril de 2020 dos Barômetros da Economia Global, estudos do KOF Swiss Economic Institute (KOF) e do Instituto Brasileiro de Economia (FGV IBRE), o impacto do coronavírus na economia mundial é crescente.
Quando a doença se disseminou para além da China, houve grande queda nos indicadores, sinal de aprofundamento da desaceleração do PIB Mundial e de que a crise abalou economias de todos os continentes.
“O impacto da pandemia sobre a economia mundial chama a atenção não só pela sua extensão, mas também por sua ampla disseminação regional e setorial, todos sem precedentes na série histórica dos indicadores”, comentou Paulo Picchetti, pesquisador do FGV IBRE.
Apesar dos efeitos generalizados, é possível mapear setores mais prejudicados que outros, conforme detalharemos a seguir.
Quais são os setores mais prejudicados
O setor mais prejudicado com a pandemia do Covid-19 é o do turismo, grupo que engloba uma série de serviços relacionados a viagens, hotelaria e entretenimento.
Não é difícil entender. Mesmo que você quisesse viajar agora, encontraria muitas dificuldades, com vários países com fronteiras fechadas e serviços inoperantes.
Medidas de isolamento social, determinadas pelo governo ou autoimpostas, levam hotéis, atrações e estabelecimentos de alimentação a fecharem suas portas.
Por isso e pelo senso de preservação da própria saúde, é difícil achar quem pensa em viajar em uma hora dessas, mesmo dentro do próprio país.
Já que o assunto aqui é coronavírus e investimentos, lembramos que essa crise na cadeia econômica do turismo é observada na Bolsa de Valores.
Se observarmos a lista de ações do Ibovespa (as mais negociadas na bolsa brasileira) que tiveram as maiores quedas no período de pandemia, encontraremos nomes como Azul, Gol, Embraer e CVC.
Além do turismo, os segmentos de bares e restaurantes, eventos, construção e combustíveis também sofrem bastante com a crise.
Quais são os setores menos afetados
As áreas da economia que menos perdem com o coronavírus são as dos dois principais serviços considerados essenciais: supermercados e farmácias.
Sem poder comer em restaurantes, as pessoas têm feito mais refeições em casa, o que faz a sua lista de compras aumentar.
E outros itens costumeiramente comprados em supermercados não deixaram de ser essenciais com a pandemia.
No caso das farmácias, deixar de consumir medicamentos não é uma opção para a maioria dos clientes habituais.
Entre as empresas que têm nos supermercados os intermediários para a venda de seus produtos, destacam-se os produtores de proteína animal, tanto é que os preços de ações da Marfrig, Minerva Foods e JBS subiram.
Outro setor que se beneficia com a pandemia é o do comércio eletrônico. Com shoppings e lojas físicas fechadas, o brasileiro tem recorrido à internet para consumir.
Investidores atentaram a esse fato, o que levou a uma grande valorização nas ações do grupo B2W, proprietário das lojas virtuais Submarino, Shoptime e Americanas.com.
Mesmo fenômeno foi observado nas ações da Magazine Luiza, que assumiram um gráfico ascendente em 18 de março, quando custavam R$ 28,81, chegando a R$ 55,13 em 15 de maio – uma alta de 91% em cerca de dois meses.
Como será a crise econômica no Brasil
O problema da pandemia é que ela afeta a demanda em vários setores da economia.
Sem demanda, não há venda. Sem venda, não há receita.
Como a economia brasileira é muito dependente do comércio e serviços, a tendência é que sofra mais do que países que produzem uma quantidade maior de bens com alto valor agregado.
A questão não é só a receita que se deixa de gerar em estabelecimentos físicos do varejo e de prestação de serviços.
Até porque há alternativas – você pode comprar quase tudo online.
Mas a baixa demanda afeta toda uma rede de empregos que depende desses estabelecimentos.
Com jornada e salário reduzidos ou sem emprego temporariamente, essas pessoas, naturalmente, reduzem seu consumo.
Por isso que, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), as perspectivas para a economia brasileira são piores que a média mundial, e até mesmo que a média dos demais países emergentes.
O Brasil deverá ver uma retração de 5,3% na economia em 2020, contra 3% na média global, segundo divulgado em 11 de maio.
A crise também pode afetar as notas de classificação de risco dadas pelas agências de rating, o que impacta a confiança dos investidores externos no país.
O que esperar do futuro com o avanço da pandemia?
Para trazer também uma perspectiva otimista, podemos dizer que a capacidade produtiva do país não deve ser destruída com a queda na demanda.
Claro que, mesmo depois de superada a pandemia, teremos um país endividado e pessoas tentando colocar suas finanças novamente nos eixos por algum tempo.
Mas não deixaremos de ser competitivos nas áreas em que éramos fortes antes do coronavírus – assim como nossas fragilidades serão as mesmas.
Portanto, depois de resolvido o problema principal, que é de saúde, a economia deverá gradualmente se normalizar.
Quanto tempo a economia brasileira vai levar para se recuperar dos impactos do coronavírus?
Ninguém sabe ao certo, mas a maioria dos especialistas acha pouco provável uma recuperação no curto prazo.
Para começar, não sabemos quando a pandemia será, de fato, controlada, e a vida voltará ao normal.
Há muitos fatores envolvidos nisso (políticas de controle, infraestrutura do sistema de saúde, métodos de tratamento, imunidade da população, vacina, etc.)
Depois que isso acontecer, podemos simplificar os cenários possíveis em três, representados pelas letras V, U e W.
Em entrevista à BBC News Mundo, José Tessada, diretor da Escola de Administração da Universidade Católica do Chile, apresentou essas tendências, que se aplicam também ao Brasil e resumimos a seguir:
- V: o cenário mais otimista, segundo o qual o fim da recessão será seguido por um crescimento imediato
- U: considerado o cenário mais provável, diz que, terminada a recessão, ficaremos um tempo com um crescimento baixo
- W: há uma aceleração acentuada depois da recessão, que não se sustenta, levando a outra recessão.
Quais incertezas o mercado financeiro enfrenta com o coronavírus
Apesar de toda a tecnologia de monitoramento e processamento de dados que a humanidade já desenvolveu, a pandemia do coronavírus é um fenômeno complexo demais para que se possa prever o futuro com precisão.
Teme-se, por exemplo, que países que estão iniciando um processo de abertura, afrouxando as políticas de quarentena, comecem a sofrer uma segunda onda do vírus.
Então, pode acontecer um vaivém de quarentenas e lockdowns, o que atrasaria a recuperação da economia.
No mercado financeiro, a relação entre esse cenário de incertezas do coronavírus e investimentos é que as pessoas estão cautelosas.
As bolsas da valores pararam de cair de forma acentuada, mas talvez ainda demore um pouco para enxergarmos uma boa curva ascendente – isso só deve acontecer quando acabarem os riscos à saúde da população.
Essa é a linha de pensamento de Paul Romer, agraciado com o prêmio Nobel de Economia em 2018.
Segundo ele, “a única forma de recuperar a economia é controlando o vírus”.
Como enfrentar os impactos do coronavírus nos investimentos
O primeiro passo é manter a calma, não se desesperar e procurar se informar sobre a relação entre coronavírus e investimentos – que é o que você está fazendo agora.
Uma pandemia dessa dimensão está muito além da vontade de qualquer indivíduo, então, é preciso aceitar a situação como ela é.
Tenha em mente que é um momento de exceção, no qual muita gente está passando dificuldades.
Mas não será permanente.
Então, foco no longo prazo.
Afinal, é possível investir em meio à crise?
Sim. Qualquer pessoa que tenha planos e deseja um futuro melhor precisa investir sempre, seja qual for o cenário da economia do país e mundial.
Afinal, qual seria a outra opção?
Gastar o dinheiro ou deixá-lo parado na conta bancária, à mercê da inflação?
Sempre haverá decisões a serem tomadas para alocar seus recursos nos melhores ativos de acordo com seu perfil de investidor.
Quais os melhores investimentos para apostar durante a pandemia
Se você quer investir agora, primeiro esqueça as possíveis perdas que ocorreram até aqui devido ao coronavírus.
Isso não quer dizer que você deva resgatar o dinheiro dos investimentos atuais – vender as ações agora, por exemplo, seria consolidar a perda.
O que queremos dizer é que você deve pensar no futuro.
Há ativos na bolsa com preços atrativos agora, então, pode ser um bom momento para investir em ações.
Mas com cautela, é claro.
Como o mercado ainda está muito instável e incerto, a recomendação é adquirir novas posições na renda variável aos poucos, sem pressa.
Portanto, é preciso olhar também para outras possibilidades de investimento, como fundos de recebíveis imobiliários e ativos de renda fixa, para uma maior segurança.
6 principais dúvidas dos investidores sobre a crise no mercado financeiro
A seguir, apresentamos um compilado com algumas das principais dúvidas dos investidores sobre a relação entre coronavírus e investimentos.
A Selic pode cair mais?
A sequência de cortes na taxa Selic (que em maio de 2020 está em 3%) tornou os ativos de renda fixa menos atrativos, o que fez com que até os investidores mais conservadores migrarem para as ações.
Com a crise, muitos querem saber se a queda vai continuar.
De acordo com a ata da reunião do Copom que decidiu sobre o último corte, podemos esperar uma nova diminuição da Selic em junho.
O dólar vai continuar subindo?
Com a crise do coronavírus, o dólar chegou na maior cotação nominal da história em relação ao real.
Seu aumento tem a ver com as incertezas do cenário mundial.
Em tempos assim, investidores tendem a alocar seu dinheiro em países mais estáveis e não nos emergentes, como o Brasil.
É algo que fortalece as moedas das nações mais ricas e enfraquece a nossa.
Ou seja, só podemos vislumbrar uma mudança na curva do câmbio com estabilidade na economia brasileira e mundial.
Meu investimento em títulos de inflação está negativo: o que fazer?
No caso dos títulos prefixados, é muito simples: esperar e resgatar o dinheiro somente na data de vencimento do título. Assim, você tem garantido o rendimento que contratou ao investir naquele ativo.
Devo comprar papéis prefixados agora?
Em um cenário de crise como hoje, os títulos prefixados são uma saída para obter rendimentos maiores que outros ativos de renda fixa.
A boa remuneração se dá por conta da garantia de que o prêmio completo só será pago no vencimento do ativo.
O lado negativo é a liquidez: se o investidor precisar sacar o dinheiro antes, sofrerá com a volatilidade do mercado.
Tenho título no Tesouro Direto: devo sacar agora?
Vai depender de qual a categoria do título.
Se é um prefixado, o melhor é mantê-lo.
Caso você tenha títulos pós-fixados atrelados à Selic, pode ser um bom momento para resgatá-lo e alocar em algum investimento mais vantajoso no momento.
Qual a melhor opção para reserva de emergência durante a crise?
Por definição, uma reserva de emergência é aquela à qual você vai recorrer caso precise, em uma situação na qual não haverá tempo a perder.
Então, o pré-requisito do ativo é que ele tenha uma grande liquidez, ou seja, que permita resgatar o dinheiro na hora que quiser, sem uma grande desvantagem financeira.
O Tesouro Selic, nesse sentido, é uma opção bastante líquida, segura e renda mais que a poupança.
Conclusão
A melhor maneira de proteger seu dinheiro em tempos de crise é buscando informações para compreender a relação entre coronavírus e investimentos.
Como explicamos neste artigo, o grande problema dessa pandemia é a incerteza.
Não conseguimos prever com um bom grau de de confiabilidade o que vai acontecer daqui em diante.
Por isso, a principal dica é manter a calma, não se precipitar e pensar no longo prazo.
Se possível, claro, porque muita gente tem problemas imediatos para se preocupar e, por isso, precisa fazer uma reserva financeira de emergência.
Mas caso você tenha condições, não deixe de ficar atento às oportunidades que sempre surgem em grandes crises.
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