Você compra guarda-chuva em dia de sol ou deixa para o momento de desespero? Investir bem é como se precaver de mudanças bruscas no tempo, sempre de olho na previsão antes de sair de casa ou fazer planos ao ar livre.

Nesse conteúdo, trazemos a meteorologia para as principais classes de investimento disponíveis no mercado e a nossa dose recomendada para todas elas de acordo com o cenário atual. Assim, evitamos que uma frente fria pegue a sua carteira desprevenida.

Para começar, a tabela abaixo traz nossa sugestão atualizada de alocação para cada classe de ativos como proporção do total de uma carteira de investimentos, de acordo com cada perfil de investidor. Ou seja, nossa sugestão de como cada tipo de investidor deve diversificar seus investimentos – lembrando que a diversificação é a melhor amiga dos bons retornos no longo prazo.

Ao final, trazemos uma sugestão de produtos sugeridos para cada uma das classes abaixo, para que você possa investir agora mesmo da sua conta da Rico.

Lembre-se: conhecer seu perfil de investidor, seus objetivos e seu horizonte de investimento são atitudes essenciais na hora de escolher onde e como investir.

Entenda nossas políticas de investimento aqui.

Renda Fixa Local

Ensolarado

O clima segue ensolarado para a renda fixa, com as taxas de juros ainda elevadas.

O destaque do mês foi a aprovação do novo marco fiscal pela Câmara dos Deputados, que agora segue para o Senado, trazendo alívio para o risco fiscal brasileiro.

Essa aprovação, se confirmada, reduz incertezas em relação às contas públicas, conforme explicamos detalhadamente aqui. A gestão das contas públicas e do endividamento de longo prazo é um fator essencial para a percepção de risco em relação ao país, impactando nossos ativos financeiros, como a moeda, ações e o mercado de renda fixa.

Além da melhora fiscal, os dados de inflação divulgados em maio, abaixo das expectativas, sugerem que pode haver espaço para o Banco Central iniciar um ciclo de flexibilização de sua política monetária, ou seja, esperamos uma queda nos juros.

Portanto, projetamos que o Comitê de Política Monetária (Copom) inicie uma trajetória gradual de redução da taxa Selic a partir de agosto. De qualquer forma, os juros devem se manter em níveis ainda elevados (acima de 10%) por algum tempo, o que mantem a atratividade dos retornos esperados da renda fixa.

Diante desse cenário, é essencial ter uma carteira diversificada também em diferentes indexadores, que aproveite tanto os juros elevados, porém em provável trajetória de queda, quanto proteja o patrimônio contra a incerteza da inflação.

Os títulos atrelados ao IPCA (conhecidos como IPCA+) são uma opção para proteger seu patrimônio contra a “frente fria inflacionária“, pois acompanham o aumento de preços. Por outro lado, os títulos atrelados ao CDI ou à Selic (chamados de “pós-fixados”) oferecem boa rentabilidade com baixa volatilidade.

Além disso, a perspectiva de queda nos juros nos próximos meses cria uma oportunidade para investimentos prefixados na carteira dos investidores. No entanto, é importante lembrar que mesmo em um clima “ensolarado”, é necessário tomar precauções, assim como aplicar um bom protetor solar. No caso dos investimentos, isso significa coordenar o prazo do investimento com o vencimento do título, especialmente se optar por títulos prefixados ou atrelados à inflação.

Bolsa Brasileira

Nuvens esparsas

O mês de maio apresentou um clima favorável para os investimentos na bolsa brasileira, com a redução das incertezas no cenário fiscal e a expectativa de queda dos juros à frente.

Conforme explicamos anteriormente, a nuvem dos juros poderá começar a se dissipar no segundo semestre de 2023, melhorando o ambiente para os investimentos de risco como as ações de empresas brasileiras.

Em maio, os setores da bolsa mais sensíveis às taxas de juros impulsionaram a alta no Brasil. Com a expectativa de uma mudança no cenário dos juros, as Small Caps (empresas com menor valor de mercado) tiveram um desempenho forte, impulsionado pelo aumento do interesse em ações que vinham sendo afetadas negativamente pelo aumento dos juros.

Além da relativa melhora do cenário fiscal, os investimentos em mercados emergentes, como o nosso, continuam atrativos em comparação com outras regiões do mundo, onde se espera uma desaceleração mais intensa ou até mesmo uma recessão. O motivo é simples: a reabertura da economia chinesa (mesmo com dados econômicos recentes piores que o esperado) deve impulsionar a demanda por produtos exportados por parte de seus principais parceiros comerciais, como é o caso do Brasil.

Por fim, mesmo com a valorização da bolsa no último mês, ainda enxergamos espaço para maiores altas em nosso mercado de ações. O Ibovespa continua descontado quando analisamos indicadores como o “Preço sobre Lucro” e o “Prêmio de Risco” do Ibovespa.

Dito isso, algumas nuvens ainda indicam cautela nesse investimento. Com o governo brasileiro buscando alternativas para aumentar a arrecadação e equilibrar as contas públicas, alguns setores podem enfrentar volatilidade caso sejam alvo de aumentos de tributação ou redução de subsídios. Além disso, o risco de uma recessão global mais forte do que o esperado poderia fechar o tempo ao redor do mundo, assim como no Brasil.

Diante desse panorama, é fundamental ser seletivo nas oportunidades, navegando com cautela na bolsa brasileira. Continuamos recomendando empresas que tenham receita dolarizada, como exportadoras de commodities, assim como empresas sólidas e de qualidade (a um preço razoável). Empresas que são boas pagadoras de dividendos também continuam sendo boas alternativas para o momento.

Por outro lado, evitamos empresas que possuam indicadores de valuation ou preços muito altos, assim como empresas altamente endividadas devido ao impacto dos juros altos a longo prazo no custo da dívida dessas empresas.

Renda Fixa Global

Sol entre nuvens

O investimento em renda fixa global continua atrativo no mês de junho, apesar das incertezas que pairam sobre os riscos no cenário global.

Nos Estados Unidos, a perspectiva de inflação continua persistente no curto prazo, o que levará o Fed (Banco Central americano) a manter uma postura rígida em relação à inflação, ou seja, juros altos por um período prolongado.

Nesse contexto, a renda fixa global deverá continuar oferecendo bons retornos aos investidores que possuem perfil para assumir os riscos dessa exposição, sempre respeitando o percentual recomendado no início deste texto.

Por outro lado, a maior rentabilidade proporcionada pelo aumento dos juros também traz consigo maiores riscos e volatilidade. Portanto, investimentos nessa classe de ativos exigem bastante cautela.

Isso se deve ao fato de que as expectativas em relação à direção dos juros tendem a afetar os prêmios oferecidos nas dívidas corporativas, especialmente as mais arriscadas, o que mantém o preço desses títulos bastante volátil. Sendo assim, recomendamos investimentos em títulos públicos de curto prazo e em títulos privados de menor risco, conhecidos como “high grade” no mercado global.

É importante lembrar que os ativos de renda fixa global também podem ser impactados pelas variações cambiais.

Hedgeados X Não Hedgeados

Quando investimentos em renda fixa global são realizados via fundos, podem ser feitos na modalidade com ou sem hedge (proteção) da moeda. Isso significa que, caso você escolha investir em renda fixa internacional sem hedge, estará exposto tanto às oscilações dos preços dos ativos de renda fixa internacional quanto à oscilação do dólar em relação ao real.

Te contamos mais sobre o que esperar para o dólar aqui.

Investimentos internacionais, se realizados em moeda estrangeira – como  o dólar, que é considerado um “porto seguro” global –  ajudam a proteger sua carteira em momentos de grande incerteza global.

Bolsa Internacional

Chuvoso

Mesmo com o tempo chuvoso, a bolsa americana tem registrado alta em 2023, ignorando os sinais de uma recessão no horizonte americano.

A valorização na bolsa americana tem sido impulsionada principalmente pelas gigantes de tecnologia.

Um destaque importante são as ações da Nvidia, produtora de componentes essenciais para o desenvolvimento da inteligência artificial (AI, na sigla em inglês), que reportou lucro acima das expectativas de mercado no 1º trimestre de 2023, e subiu as projeções para os próximos períodos. Com isso, o valor de mercado da empresa chegou a cruzar a fronteira do 1 trilhão de dólares no fim de maio — um grupo seleto do qual fazem parte Apple, Microsoft e Amazon —, mas fechou o mês valendo pouco mais de US$ 950 bilhões.

Apesar do bom desempenho dessas empresas ao longo do ano, os mercados globais ainda têm riscos pela frente. A principal preocupação em maio surgiu com as discussões sobre o teto da dívida nos Estados Unidos, o que traz o risco de um calote com consequências graves para a economia americana e, consequentemente, para a economia global.

As consequências de uma falta de resolução para a elevação do teto da dívida americana poderiam ser graves para a economia do país, colocando o governo em uma encruzilhada entre escolher pagar os custos recorrentes para manter o governo em funcionamento ou pagar os títulos de dívida americanos que sustentam o sistema financeiro global. Em ambos os casos, haveria uma grande desconfiança em relação à principal economia do mundo, aumentando a aversão ao risco nos mercados.

Além disso, com a perspectiva de juros altos por mais tempo e o risco de uma recessão no horizonte, investir no mercado de ações americano continua apresentando o risco de uma forte revisão dos lucros a frente, que ainda não foi totalmente precificada pelos mercados. As empresas listadas na bolsa americana ainda estão sendo negociadas a múltiplos acima de sua média histórica, ou seja, muitas ações estão com preços elevados.

Em resumo, as bolsas americanas ainda podem sofrer correções significativas ao longo do ano.

No entanto, reforçamos a importância da diversificação internacional para o investidor brasileiro, especialmente em investimentos de longo prazo. Além de ter acesso a outras temáticas e empresas líderes nos mercados globais, a diversificação internacional protege o investidor contra eventos puramente domésticos, como o risco político.

É importante destacar que o Brasil representa menos de 1% de todas as ações negociadas no mundo, e por meio de ETFs e fundos de investimento, o investidor pode ter acesso a regiões muito além das Américas.

Dessa forma, continuamos recomendando a exposição à renda variável internacional, mesmo que atualmente com baixos percentuais, para os perfis de investidores mais arrojados, com maior diversificação entre países e regiões e, geralmente, em moeda estrangeira.

Leva o casaco”: sugestões de ativos em cada classe

Agora que você já sabe nossa alocação recomendada (o peso de cada classe de ativos ideal para cada perfil investidor nesse momento) e nossa previsão do tempo, separamos algumas sugestões de investimentos recomendados em cada um desses tipos de ativos.

Vale lembrar que as recomendações sinalizadas na tabela não são as únicas possíveis, mas sim alternativas viáveis selecionadas pelos nossos especialistas para você.

Classe Opção de investimento Opção de investimento2 Mínimo da opção mais acessível
Renda fixa pós-fixada Tesouro Selic 2029 Banco BMG 2025 CDI+1,6% R$ 100,00
Inflação Tesouro IPCA+ 2029 IPCA+5,33% CRA Minerva AAA IPCA + 6,6% 07/2029 R$ 31,27
Renda Fixa Prefixada Tesouro Prefixado 2026 10,95% Banco BMG jun/2025 13% R$ 31,56
Renda Fixa Global Trend High Yield Americano FIM Trend Crédito Global FIM R$ 100,00
Multimercado Selection Multimercado FIC FIM XP Macro FIM R$ 100,00
Renda variável Brasil Carteira Rico11 Selection Ações FIC Ações R$100,00
Renda variável internacional Wellington Us BDR Advisory Dólar FIC Ações BDR Nível 1 M Global BDR Advisory Dólar FIC FIA BDR Nível I R$ 500,00
Renda variável internacional hedgeada Trend Bolsas Globais Trend Bolsas Emergentes R$ 100,00
Alternativos Trend Commodities FIM LVBI11 R$ 100,00

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Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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