Como já antecipado no título acima – e detalhado aqui nesse texto – o Banco Central deu início ao que acreditamos que será um processo gradual de redução da nossa taxa básica de juros, a Selic.
Conforme sinalizado pelos diretores da nossa autoridade monetária, a queda da Selic para 13,25% (de 13,75% – patamar que estava há um ano) foi possível por conta de um cenário de enfraquecimento da inflação no Brasil e no mundo, além da melhora das expectativas para o comportamento dos preços no futuro.
Em outras palavras: o cenário ainda requer juros freando a economia, mas já é possível reduzir a magnitude do “freio”.
Isso não significa que não há mais riscos. O Banco Central também defendeu uma postura cautelosa, sinalizando que irá manter nossa taxa de juros ainda em patamar contracionista – aquele em que os juros altos encarecem o crédito, desincentivam o consumo e desaquecem a economia como um todo, reduzindo a inflação.
Dito isso, acreditamos que o Banco Central seguirá reduzindo a taxa Selic ao longo de suas próximas reuniões – atingindo 11,75% ao final desse ano e 10,00% no início do ano que vem.
Nesse cenário, como ficam os investimentos com a queda da Selic aqui no Brasil? confira nossa “previsão do tempo” para os investimentos a seguir.
Renda Fixa Local
Ensolarado
Se a maré dos juros estava “parada” em altos patamares na renda fixa, as correntes devem começar a mudar nesse mês.
O cenário político-econômico doméstico ganhou estabilidade nos últimos meses, reduzindo a percepção de risco entre investidores. Na renda fixa, isso se traduz na redução dos prêmios observados nos títulos – ou seja, rendimentos acima da taxa básica de juros.
Além disso, o recém iniciado processo de redução da taxa Selic deve seguir impactando diretamente a renda fixa – contribuindo para o movimento de queda de prêmios. Afinal, quanto menor a taxa básica de juros, menores (proporcionalmente) todos os juros da economia.
Porém, a esperada queda da Selic não fechou o tempo para a Renda Fixa.
Primeiro porque os juros devem continuar em patamares altos, acima dos níveis de inflação no curto prazo – garantindo retornos elevados para investimentos de prazos mais curtos (até três anos) e reserva de emergência.
Esperamos que a Selic encerre esse ano em 11,75% e caia para perto de 10% no primeiro trimestre de 2024 – seguindo nesse patamar até ao menos o fim do ano.
Além disso, diante de um cenário onde a inflação segue um risco no longo prazo, títulos de renda fixa atrelados à índices de preço seguem uma excelente proteção para seus investimentos – dando espaço para vencimentos mais longos, acima de 2030.
Já para os títulos prefixados, o tempo fica um pouco mais nublado – requerendo maior cautela. Isso porque parte do movimento de queda nas expectativas de juros no futuro (que valorizam esses títulos) já se concretizou, e movimentos similares ficam dependentes de mudanças mais estruturais no cenário político econômico (menos prováveis no curto prazo).
Vale lembrar que, para evitar prejuízos em títulos prefixados ou de inflação, o vencimento deve estar alinhado com o horizonte de investimento do objetivo do investidor. Desta forma, a pessoa que carregar o título até o seu vencimento, não precisará se preocupar com as variações de preço de curto prazo, provocadas pela marcação a mercado desses títulos.
Desta forma, seguimos com uma visão positiva para a renda fixa local, mas reforçamos a importância de uma carteira diversificada em diferentes indexadores para o melhor desempenho de seus investimentos.
Como fica o “clima” para os investimentos em bolsa brasileira?
Na bolsa brasileira o sol tem brilhado entre algumas nuvens.
O cenário político-econômico dos últimos meses, marcado pelo avanço do arcabouço fiscal e da reforma tributária no Congresso, além da manutenção da meta de inflação por parte do Conselho Monetário Nacional (CMN) tem contribuído para a melhora da percepção de risco país, elevando o apetite ao risco entre investidores.
A recente elevação da nota de risco soberano do Brasil pela agência de risco “Fitch” (mesmo que ainda em nível especulativo) foi reflexo desse movimento, ao mesmo tempo em que contribuiu para o “clima de praia” da nossa bolsa por aqui.
Nesse clima, o Ibovespa (nosso principal índice acionário) registrou em julho a quarta alta mensal consecutiva, impulsionado principalmente por investidores estrangeiros.
Mas não foi sem uma “mãozinha” do Banco Central que se sustentaram os raios solares da bolsa brasileira. Como contamos aqui, diante de um cenário de inflação mais comportada, risco fiscal relativamente mais estável e palco global contribuindo, o Banco Central deu início ao ciclo de corte dos juros em sua reunião no início de agosto – mas a expectativa de que isso aconteceria já ajudou a impulsionar a bolsa brasileira nos últimos meses.
Isso porque, como contamos em detalhes aqui, ciclos de queda de juros tendem a ser positivos para investimentos em bolsa.
O gráfico abaixo ajuda a ilustrar essa dinâmica. Como podemos ver, momentos de redução da taxa Selic foram, em sua média histórica, acompanhados por bons retornos do nosso principal índice acionário, o Ibovespa.
Mas com tantos ventos positivos, pode surgir a pergunta: não é tarde demais para surfar essa onda (das ações brasileiras)? Nossa resposta é não.
Isso porque entendemos que:
- Nossa bolsa segue “barata” quando comparada ao seu histórico – embora menos descontada após a alta vista nos últimos meses;
- Continuamos bem-posicionados em relação a pares emergentes, com inflação estabilizando e menor exposição a riscos geopolíticos;
- “Ainda não chegou todo mundo” – investidores locais ainda tem bastante espaço para voltar para a bolsa, incluindo pessoas físicas, fundos de pensão e gestores de fundos.
- Ainda tem espaço para a bolsa subir: historicamente, a bolsa não precifica totalmente o ciclo de cortes de juros até que ele de fato aconteça. Olhando para os últimos 20 anos, os retornos do Ibovespa foram, em média, de +7,2% para cada -1% de corte durante ciclos de afrouxamento da política monetária. Abaixo, a taxa Selic e o Ibovespa no início e no fim de cada ciclo:
Nesse cenário, consideramos o valor justo do Ibovespa próximo dos 133.000 pontos para o final de 2023.
Dito isso, algumas nuvens ainda indicam cautela, mesmo que cada vez mais esparsas – como o desafio do governo de atingir as metas fiscais ambiciosas do novo arcabouço fiscal e uma desaceleração global mais forte.
Por isso, é fundamental ser seletivo nas oportunidades. Continuamos preferindo empresas sólidas e de alta qualidade (a um preço razoável), já que os juros ainda seguirão altos por algum tempo. Por outro lado, evitamos empresas que estejam negociando a preços muito altos, assim como empresas altamente endividadas.
Confira o vídeo abaixo para nossa visão também para os ativos globais.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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