A inflação medida pelo IPCA, nosso principal indicador de preços ao consumidor, registrou alta de 0,71% em março. Apesar da variação positiva no mês, o resultado levou o índice para 4,65% no acumulado em doze meses, desacelerando em relação ao observado em fevereiro– quando estava em 5,60%.

O resultado reflete a retomada do movimento de enfraquecimento da inflação, atingindo o menor patamar desde janeiro de 2021.

Conforme contamos aqui na Riconnect, os principais fatores que explicam o enfraquecimento da inflação nos últimos anos incluem a normalização da economia global pós pandemia (com cadeias de produção no mundo voltando ao normal), o fim do forte impulso no preço de commodities, o enfraquecimento do impulso econômico da retomada da pandemia, e a elevação de juros no Brasil e no mundo – cujos efeitos se tornam gradualmente mais presentes.

Inflação atinge menor patamar em mais de dois anos

O resultado veio abaixo do esperado pela maior parte dos analistas de mercado, que esperavam alta de 0,77% no mês. As surpresas vieram especialmente de itens mais voláteis, com o item “higiene pessoal” trazendo o maior desvio das projeções – ou seja, subindo menos do que o esperado. Para ilustrar, a inflação de perfumes, que tinha registrado alta de 7,5% apenas em fevereiro, teve elevação de apenas 0,34% em março.

Outros itens também ajudaram no alívio, como a categoria “veículo próprio”, que também perdeu força no mês. Automóveis novos, por exemplo, registraram deflação de 0,08% em março – uma queda quase irrisória, mas ainda assim, uma variação negativa.

Mas o enfraquecimento da alta de preços não foi sentido apenas em itens voláteis, com detalhes do resultado mensal animando analistas. O setor de serviços, onde a pressão sobre os preços vinha se mostrando mais resiliente nos últimos meses, também sinalizou para um enfraquecimento em março.

A medida chamada de “serviços subjacentes” – que exclui preços mais voláteis como hotéis, passagens aéreas e tarifas de internet – permaneceu praticamente estável entre fevereiro e março, sinalizando que a alta de preços no setor começa a perder tração.

Vale destacar que isso não significa que a inflação está fora do radar dos brasileiros – muito menos do Banco Central, que terá reunião do seu conselho de política monetária (o Copom) no dia 22 ainda nesse mês. Isso porque, apesar da melhora recente, os preços ainda sobem acima da atual meta do Banco Central (de 3,25%), especialmente no setor de serviços.

O que esperar? Riscos fiscais no radar

Para o dia a dia dos brasileiros, o processo de desinflação observado nos últimos meses ajudou a reduzir a sensação de perda do poder de compra. Porém, a persistência da alta de preços ainda forte em alguns itens atenua essa percepção. Olhando para frente, esperamos que o cenário siga relativamente estável ao longo do ano (com altas em preços administrados, principalmente), ainda com a inflação acima da meta do Banco Central (de 3,25%).

Assim, projetamos que a inflação encerre 2023 em 6,2%.

Entretanto, apesar do cenário de curto prazo positivo, as perspectivas de mais longo prazo trazem preocupação no cenário doméstico. Isso porque o aumento do risco fiscal no país impacta o controle da alta de preços pelo Banco Central, podendo colocar em xeque o cenário de alívio nos preços.

Afinal, quanto maior o gasto público, maior a demanda por bens e serviços, maior a tendência de desvalorização da moeda, maiores as expectativas de inflação no futuro, e maior a pressão sobre os preços na economia.

Te contamos tudo sobre o risco fiscal e seus investimentos aqui!

A recente apresentação da proposta de uma nova regra fiscal pelo Ministério da Fazenda trouxe certo alívio para a percepção de risco fiscal entre investidores locais e estrangeiros. Porém, a falta de detalhamento sobre como atingir as metas ambiciosas propostas para atingir o equilíbrio das contas públicas nos próximos anos mantiveram a incerteza no ar.

Por isso, seguimos cautelosos com o cenário de inflação no Brasil para os próximos anos.

Como se proteger da alta de preços?

Embora a inflação esteja perdendo força gradualmente no Brasil e no mundo, proteger os investimentos contra a alta de preços segue essencial. 

Títulos indexados à inflação, como o Tesouro IPCA + 2026, debêntures de empresas sólidas e boas classificação de risco, e fundos de inflação (fundos de investimento que investem em ativos indexados à inflação) são ótimas alternativas. Falamos mais das melhores oportunidades de renda fixa aqui.  

Outra classe de ativos que pode ajudar o investidor a se proteger da inflação são os fundos imobiliários. Por serem muitas vezes atrelados a índices de inflação, os FIIs podem ser excelentes aliados do investidor em um cenário cauteloso com a alta de preços.

Mas não só de proteção contra a inflação devem viver os investimentos nesse momento. Por isso, selecionamos abaixo algumas sugestões de diferentes ativos recomendados – sempre lembrando da importância da diversificação.

ClasseOpção de investimentoOpção de investimento2
Renda fixa pós-fixadaTesouro Selic 2029Banco Pan 2025 CDI +114%
InflaçãoTesouro IPCA+/NTN-B Maio/2025 IPCA+5,36%CRA Minerva AAA IPCA + 7,05% 07/2029
Renda Fixa PrefixadaTesouro Prefixado/LTN Jun/25 12,7%Banco Pan 2026 CDI + 1,85% 
Renda Fixa GlobalTrend High Yield Americano FIMTrend Crédito Global FIM
MultimercadoSelection Multimercado FIC FIMXP Macro FIM
Renda variável BrasilCarteira Rico11Selection Ações FIC Ações
Renda variável internacionalCarteira de ETFs RicoWellington US BDR Advisory Dólar  Nível
Renda variável internacional hedgeadaM Global BDR Advisory FIC FIA BDR Nível IWellington US BDR Advisory  BDR Nível I

Vale lembrar que as recomendações sinalizadas na tabela abaixo não são as únicas possíveis, mas sim alternativas viáveis selecionadas pelos nossos especialistas para você.

Confira o detalhe dessas recomendações de investimento de acordo com o seu perfil de investidor no “Onde Investir”.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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