A inflação medida pelo IPCA, nosso principal indicador de preços ao consumidor, registrou alta de 0,61% em abril. Apesar da variação positiva no mês, o resultado levou o índice para 4,18% no acumulado em doze meses, desacelerando em relação ao observado em março – quando estava em 4,65%.

A inflação em queda por aqui reflete uma série de fatores, incluindo os efeitos da taxa de juros em patamar contracionista – ou seja, que tem como objetivo desaquecer a economia e reduzir a pressão sobre os preços.

O enfraquecimento da inflação no Brasil também segue refletindo movimentos globais, especialmente a normalização de choques recentes (pandemia, guerra) e o processo em curso de elevação de juros em países desenvolvidos – que desaquece a economia global, reduzindo a pressão sobre preços como de commodities. O petróleo, por exemplo, caiu de 120 dólares o barril em junho do ano passado para 75 dólares hoje (12 de maio). 

Vale destacar, entretanto, que boa parte do enfraquecimento da inflação acumulada em doze meses vista em abril reflete o que chamamos de “efeito base”. Isso porque a redução de impostos implementada ano passado (afetando o preço de combustíveis, energia e telecomunicações) exerce uma espécie de “pressão oposta” na conta acumulada ao longo do último ano – impactando os resultados entre abril e junho desse ano, ao registrar parte dessa queda artificial.

Processo de desinflação retoma força

O resultado de abril veio levemente acima do esperado pela maior parte dos analistas de mercado, que esperavam alta de 0,55% no mês.

As principais surpresas para cima vieram de itens mais voláteis, especialmente alimentação e remédios. Para se ter uma ideia, os preços de “leite longa vida” subiram quase 5% apenas no mês de abril. Já os remédios tiveram alta de 3,55% no mês, por conta de reajustes autorizados pela Anvisa a partir de abril.

Vale destacar, porém, que preços de alimentos no atacado (ou seja, de produtores) tem registrado importante desaceleração nos últimos meses – o que sinaliza que os preços ao consumidor devem perder força nos próximos meses.

Por outro lado, combustíveis e itens de higiene pessoal registraram alta de preços menor do que o projetado. Gasolina, por exemplo, registrou deflação (queda de preços) de 0,52% no mês, enquanto os preços do óleo diesel caíram 2,25% – refletindo a queda dos preços no petróleo no mercado internacional.

Mas o enfraquecimento da alta de preços não tem seguido o mesmo ritmo no setor de serviços. Alimentados por uma demanda ainda aquecida, os preços no setor – que inclui de serviços de streaming, a manicures, restaurantes e cinemas – seguem acelerando ao ritmo de 7,5% ao ano. Ou seja, muito acima da meta do Banco Central de 3,25% para o ano, e do ritmo de aceleração que vemos em produtos industrializados, como carros e eletrodomésticos.

Em abril, a medida chamada de “serviços subjacentes” – que exclui preços mais voláteis como hotéis, passagens aéreas e tarifas de internet – acelerou de 5,0% para 6,0%, considerando a medida de média móvel trimestral.  

Esse cenário reflete que a inflação não saiu do radar dos brasileiros – muito menos do Banco Central, que optou por manter a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% em sua última reunião, em maio. Contamos mais sobre essa decisão e o que esperar para a Selic aqui.

O que esperar? Riscos fiscais no radar

Para o dia a dia dos brasileiros, o processo de desinflação observado nos últimos meses ajudou a reduzir a sensação de perda do poder de compra. Porém, a persistência da alta de preços ainda forte em alguns itens, especialmente no setor de serviços atenua essa percepção. 

Olhando para frente, esperamos que o IPCA atinja seu menor valor do ano em junho (próximo a 4,0%), antes que reacelere gradualmente novamente até dezembro, encerrando 2023 em 6,2% – ou levemente abaixo disso, diante da valorização recente do real e da queda nos preços internacionais de petróleo.

Entretanto, apesar do cenário de curto prazo positivo, as perspectivas de mais longo prazo trazem preocupação no cenário doméstico. Isso porque o aumento do risco fiscal no país impacta o controle da alta de preços pelo Banco Central, podendo colocar em xeque o cenário de alívio nos preços.

Afinal, quanto maior o gasto público, maior a demanda por bens e serviços, maior a tendência de desvalorização da moeda, maiores as expectativas de inflação no futuro, e maior a pressão sobre os preços na economia.

Te contamos tudo sobre o risco fiscal e seus investimentos aqui!

A recente apresentação da proposta de uma nova regra fiscal pelo Ministério da Fazenda trouxe certo alívio para a percepção de risco fiscal entre investidores locais e estrangeiros. Porém, a falta de detalhamento sobre como atingir as metas ambiciosas propostas para atingir o equilíbrio das contas públicas nos próximos anos mantiveram a incerteza no ar.

Por isso, seguimos cautelosos com o cenário de inflação no Brasil para os próximos anos.

Como se proteger da alta de preços?

Embora a inflação esteja perdendo força gradualmente no Brasil e no mundo, proteger os investimentos contra a alta de preços segue essencial. 

Títulos indexados à inflação, como o Tesouro IPCA + 2026, debêntures de empresas sólidas e boas classificação de risco, e fundos de inflação (fundos de investimento que investem em ativos indexados à inflação) são ótimas alternativas. Falamos mais das melhores oportunidades de renda fixa aqui.  

Outra classe de ativos que pode ajudar o investidor a se proteger da inflação são os fundos imobiliários. Por serem muitas vezes atrelados a índices de inflação, os FIIs podem ser excelentes aliados do investidor em um cenário cauteloso com a alta de preços.

Mas não só de proteção contra a inflação devem viver os investimentos nesse momento. Por isso, selecionamos abaixo algumas sugestões de diferentes ativos recomendados – sempre lembrando da importância da diversificação.

ClasseOpção de investimentoOpção de investimento2Mínimo da opção mais acessível
Renda fixa pós-fixadaTesouro Selic 2029CDB Pan 115% CDI 2025R$ 100,00
InflaçãoTesouro IPCA+/NTN-B Maio/2025 IPCA+5,36%CRA Minerva AAA IPCA + 6,95% 07/2029R$ 31,27
Renda Fixa PrefixadaTesouro Prefixado/LTN Jul/25 11,31%CBD Pan 13,8% 2026R$ 31,56
Renda Fixa GlobalTrend High Yield Americano FIMTrend Crédito Global FIMR$ 100,00
MultimercadoSelection Multimercado FIC FIMXP Macro FIMR$ 100,00
Renda variável BrasilCarteira Rico11Selection Ações FIC AçõesR$100,00
Renda variável internacionalCarteira de ETFs RicoM Global BDR Advisory Dólar FIC FIA BDR Nível IR$ 500,00
Renda variável internacional hedgeadaTrend Bolsas GlobaisTrend Bolsas EmergentesR$ 100,00
AlternativosTrend Commodities FIMRBR Reits US Em Reais FIC FIA BDRR$ 100,00

Vale lembrar que as recomendações sinalizadas na tabela abaixo não são as únicas possíveis, mas sim alternativas viáveis selecionadas pelos nossos especialistas para você.

Confira o detalhe dessas recomendações de investimento de acordo com o seu perfil de investidor no “Onde Investir”.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 6928

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14) Ação é uma fração do capital de uma empresa que é negociada no mercado. É um título de renda variável, ou seja, um investimento no qual a rentabilidade não é preestabelecida, varia conforme as cotações de mercado. O investimento em ações é um investimento de alto risco e os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros e nenhuma declaração ou garantia, de forma expressa ou implícita, é feita neste material em relação a desempenhos. As condições de mercado, o cenário macroeconômico, os eventos específicos da empresa e do setor podem afetar o desempenho do investimento, podendo resultar até mesmo em significativas perdas patrimoniais. A duração recomendada para o investimento é de médio-longo prazo. Não há quaisquer garantias sobre o patrimônio do cliente neste tipo de produto.
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