Mês do “cachorro louco”? A primeira semana de agosto começou movimentada nos mercados financeiros. O destaque foi o Índice Nikkei (principal índice da bolsa do Japão), que desabou 12,4%, na maior queda desde 1987, e chegou a acionar o famoso circuit breaker.
O que é circuit breaker?
O circuit breaker na Bolsa de Valores é um mecanismo projetado para proteger os investidores quando há quedas bruscas nos preços dos ativos negociados. Seu acionamento se dá com base em critérios pré-estabelecidos, que determinam a paralisação do pregão por um tempo determinado quando a queda do dia atinge certo patamar percentual. Saiba tudo sobre ele clicando aqui.
Historicamente, a última vez que a bolsa japonesa viu uma queda comparável foi durante a crise financeira de 2008. Outro evento análogo foi em 2011, após terremoto e Tsunami no Japão, que causaram quedas fortes nos mercados financeiros do país.
Mas as quedas não se limitaram ao oriente. O movimento de pânico se refletiu nas principais bolsas do mundo.
Nos Estados Unidos, o índice Nasdaq – que reúne as 100 maiores empresas do setor de tecnologia do país – abriu em queda de mais de 5% na segunda-feira (05 de agosto). De maneira similar, o índice Stoxx 600 – composto por 600 ações de 17 países da Europa – engatou queda superior a 3%.
Já o VIX, conhecido como “índice do medo”, que mede a volatilidade dos preços de uma cesta de opções de empresas negociadas na bolsa de Chicago, subiu mais de 100% – refletindo o momento de incerteza elevada que derrubou as ações e fez o dólar disparar ao redor do mundo.
E o mercado nacional acompanhou a aversão ao risco do exterior. O “VIX brasileiro” negociado na B3, sob o código de negociação VXBR, disparou ao maior patamar desde seu lançamento, em março deste ano, e subiu mais de 15%. Por outro lado, o Ibovespa futuro abriu em queda superior a 2%, acompanhando a aversão ao risco global, e o dólar disparou.
O que é o índice VIX, conhecido índice do medo? Veja aqui.
Mas afinal, o que aconteceu?
Alguns fatores levaram a esse movimento de forte aversão ao risco. Vamos entender um pouco mais sobre eles.
1. Receio de recessão nos Estados unidos
Desde sexta-feira, após a divulgação de dados de mercado de trabalho e atividade econômica nos Estados Unidos, o receio de uma possível recessão na maior economia do mundo acendeu entre investidores, gerando mau humor nos mercados.
Vale destacar que os dados de desemprego desencadearam o que é conhecido como “Regra Sahm”, considerada por economistas como um indicador de recessão.
A Regra de Sahm é um modelo econômico que prevê o início de uma recessão com base nos dados de emprego da economia. O estudo foi desenvolvido por Claudia Sahm, que trabalhou como economista no Federal Reserve (Banco Central americano) de 2007 a 2019.
Segundo ela, há indícios de recessão quando a média de três meses da taxa de desemprego nacional aumenta em 0,5 ponto percentual ou mais em relação ao seu valor mínimo dos últimos 12 meses.
Assim, os dados econômicos fracos nos Estados Unidos elevaram os temores em relação a uma desaceleração da economia americana e acenderam uma “luz amarela” para uma possível recessão.
Se, nos últimos meses, dados mais fracos da economia americana alimentavam as esperanças de cortes de juros nos Estados Unidos e impulsionavam os ativos de risco, agora investidores começam a questionar o crescimento econômico e seus impactosnos lucros das empresas e na economia como um todo.
2. Alta dos juros no Japão
Na quarta-feira dia 30 de julho de 2024, o BoJ (Banco Central japonês) elevou a taxa de juros para cerca de 0,25%, antes essa taxa era próxima de zero. A nova taxa é a mais alta desde 2008.
Nesse ponto, vale destacar que como os juros lá seguiram baixíssimos por anos, muitos investidores realizavam o que chamamos de “carry trade”. Na prática, investidores vendiam a moeda japonesa e compravam outras moedas de países com taxas de juros mais altas (como o México e o próprio Brasil) com o objetivo de obter retornos fruto do diferencial de juros.
Além disso, alguns investidores ainda alavancavam suas posições. Ou seja, tomavam dinheiro emprestado a juros baixos e compravam outros ativos, como criptoativos e ações de outros mercados (a exemplo de ações de tecnologia nos Estados Unidos).
Assim, diante da elevação das taxas de juros no Japão, muitos desses investidores estão desfazendo algumas posições. Esse movimento contribui para derrubar os preços dos ativos por conta da pressão vendedora – pressionando também moedas de emergentes usadas no trade, como o Real.
Vale destacar que o próprio receio de recessão nos Estados Unidos e a aversão ao risco iniciada na sexta-feira colaboraram também para o movimento de queda do Nikkei na madrugada – retroalimentando a volatilidade inicial.
No fim, esses fatores combinados levaram a uma forte aversão ao risco na manhã de segunda-feira. Bolsas caindo, dólar subindo.
Mas e agora, o que o investidor deve fazer?
Entendemos que os dados apresentados pela economia americana ainda não indicam uma recessão na maior economia do mundo. Apesar de o dado referente ao mercado de trabalho nos Estados Unidos ter vindo mais fraco do que era esperado, mostrando um arrefecimento, ele não sugere uma contração ou uma deterioração. Não passa a imagem de uma recessão e, por isso, vemos que essa reação do mercado foi um pouco exagerada.
Dito isso, como os investidores reagem muito na expectativa e não necessariamente ao fato em si, esse conjunto de fatores gerou uma “fuga de ativos de risco” diante de receios de uma recessão, impactando diretamente preços de ativos ao redor do mundo.
Mas fica sempre por aqui o recado: calma investidor! O momento atual pode demandar pequenos ajustes de posição e potenciais oportunidades, mas reforça também a importância de manter um portfólio diversificado.
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Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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