O Comitê de Política Monetária do Banco Central (o Copom) manteve nossa taxa básica de juros (a taxa Selic) em 13,75% ao ano, em sua primeira reunião de 2023.
Os diretores do Banco Central vêm mantendo a Selic inalterada desde outubro de 2022 – quando encerraram o ciclo de altas iniciado em março de 2021.
Quer entender mais sobre como os juros impactam a inflação? Te contamos aqui!
O que disse o Copom?
Após cada reunião, o Copom divulga um comunicado detalhando sua decisão e sinalizando a direção que deve tomar dali em diante em relação à política monetária – ou seja, à taxa de juros.
No comunicado de hoje, o comitê destacou que a inflação já começa a perder força no mundo, enquanto a economia global perde fôlego gradualmente. Isso contribui para o esforço de controle de preços por aqui.
Na mesma linha, os diretores reconhecem que a inflação no Brasil também vem arrefecendo, junto com o enfraquecimento da economia. Mas, ao mesmo tempo, sinalizam que preços menos sensíveis às normalizações pós pandemia – como serviços – ainda seguem pressionados, demandando cautela na atuação da autoridade monetária.
Em bom português: o mundo volta ao normal, os juros vão fazendo efeito, e a alta de preços começa a normalizar. Mas o jogo ainda não está ganho.
Diante nesse cenário, o Copom optou por manter a Selic em 13,75% ao ano. A taxa segue, assim, no patamar que chamamos de “contracionista” – em que os juros altos encarem o crédito, desincentivam o consumo e desaquecem a economia como um todo, reduzindo a inflação.
Piora fiscal segue como principal risco à inflação adiante
O grande destaque do comunicado ficou mais uma vez para a referência ao cenário fiscal como o principal risco e razão por trás da cautela com o rumo dos juros.
Ou seja, os diretores do Banco Central seguem preocupados com a direção das contas públicas do país, diante não somente de decisões de aumento de gastos (como a aprovação da PEC de Transição ao final do ano passado), mas também sinalizações de menor controle das despesas públicas ao longo dos próximos anos.
Afinal, quanto maior o gasto público, maior a demanda por bens e serviços, maior a percepção de risco de investidores em emprestar pro Brasil, maior tendência de desvalorização da nossa moeda, maiores as expectativas de inflação no futuro, e maior a pressão sobre os preços na economia.
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Expectativas de inflação: o que são?
As expectativas de inflação são muito importantes para o controle da inflação em si.
A dinâmica é simples: basta pensar que se você acredita que os preços não irão parar de subir no futuro, e você é um prestador de serviços ou mesmo o locatário de um imóvel, existe uma grande chance de que você já subirá o seu preço, para não “ficar pra trás”, certo?
Eventualmente, esse movimento de agentes na economia acaba impulsionando os preços em cadeia, e a inflação efetivamente sobe (no futuro).
A preocupação do Banco Central em relação às expectativas de inflação no futuro é ilustrada no contínuo aumento das projeções de inflação da pesquisa Focus do Banco Central – que reúne projeções das principais instituições financeiras do país.
De maneira simplifica: cada vez mais gente não acredita que a inflação será controlada no Brasil nos próximos anos, criando uma bola de neve que acaba por exigir juros altos por mais tempo.
Pra onde vai a Selic?
Acreditamos que o Banco Central manterá a Selic em 13,75% ao ano até o final desse ano. Isso porque, se por um lado juros 13,75% ao ano já tem forte poder de contração na economia, por outro o cenário está repleto de riscos e incertezas.
Lá fora, as economias de países desenvolvidos perdem força e a inflação parece ter atingido um pico. Ao mesmo tempo, os juros seguem em alta, especialmente nos Estados Unidos, o que pode impactar a nossa moeda por aqui, pressionando a inflação. Afinal, juros mais altos tendem a atrair investimentos, fortalecendo o dólar contra outras moedas.
Já por aqui, como vimos, o risco fiscal é o protagonista. Com maiores incertezas sobre o controle da inflação no médio prazo, o Banco Central deve manter os juros altos até que sinta ser o suficiente para trazer a inflação de volta à meta – sempre de olho nas expectativas.
Quais os impactos da decisão?
Para o mercado, especialmente no cenário de renda fixa, podemos ver pequenos ajustes. Com a porta se fechando para possíveis reduções da Selic ainda esse ano, títulos com vencimento mais curto podem desvalorizar-se marginalmente (uma vez que as taxas tendem a subir pra refletir a Selic alta por mais tempo).
Para o dia a dia do brasileiro, a manutenção da Selic reforça o cenário de aperto monetário, mas não traz mudanças. Isso porque a redução ou elevação de juros por parte do Banco Central demora um tempo significativo (por volta de 6 a 9 meses) para começar a ser sentida na economia – e, assim, nos preços.
Isso significa que continuaremos a sentir os efeitos das altas recentes, mesmo com a Selic agora inalterada. Por exemplo, já podemos sentir o encarecimento de diferentes modalidades de crédito, com juros médios de novos empréstimos em alta, consumindo uma proporção maior da renda da população e desestimulando o consumo. E esse movimento tende a seguir ganhando força.
Como investir com juros altos?
Independente de acertarmos “em cheio” o patamar da Selic ou os exatos próximos passos do Copom, os juros devem seguir altos por um bom tempo. No patamar que chamamos de contracionista, em que a taxa Selic desestimula a economia para conter a alta de preços.
Mas além de crédito mais caro, juros altos também significam oportunidades de investimento. Ou seja, mais uma chance para largar de vez a “boa e velha” poupança.
Os juros altos aumentam a relevância e atratividade da Renda Fixa. Títulos pós fixados, como o Tesouro Selic, continuam oferecendo retorno elevado (de 13,75% ao ano), por seguirem a rentabilidade da taxa Selic.
Já títulos de renda fixa indexados à inflação ajudarão a proteger o patrimônio da ainda presente incerteza da elevação dos preços, assim como fundos de investimento de renda fixa.
Bolsa e Fundos Imobiliários
Mas, se era verdade que a Renda Fixa não tinha morrido no período de juros baixos (sempre sendo importante para investimentos como reserva de emergência), também é verdade que outros investimentos seguem trazendo oportunidades nesse período de juros em elevação e inflação pressionada.
Na bolsa, destacamos a RICO11, a carteira recomendada da Rico. Ela é composta por BDRs (ações de empresas estrangeiras no Brasil) e ações listados na bolsa brasileira, a partir da análise do cenário econômico, reunindo as principais estratégias de ações publicadas pelo time de análise da Rico — todas quantitativas, ou seja, baseadas em dados e modelos estatísticos e com processo de decisão automatizado.
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Recomendações completas
Confira todas as nossas recomendações, de acordo com cada perfil de investir, no Onde Investir da Rico. E abaixo, separamos algumas sugestões de investimentos recomendados nas principais classes de ativos para o cenário atual.
Classe | Opção de investimento | Opção de investimento2 | Mínimo da opção mais acessível |
Renda fixa pós-fixada | Tesouro Selic 2029 | CRI Mitre Set/2027 CDI + 1 | R$ 100,00 |
Inflação | Tesouro IPCA+/NTN-B Maio/2025 IPCA+5,65% | Xp Debentures incentivadas | R$ 31,27 |
Renda Fixa Prefixada | Tesouro Prefixado/LTN Jan/25 12,7% | Trend Pré-fixado FIRF LP | R$ 31,56 |
Renda Fixa Global | Trend High Yield Americano FIM | Trend Crédito Global FIM | R$ 100,00 |
Multimercado | Selection Multimercado FIC FIM | XP Macro FIM | R$ 100,00 |
Renda variável Brasil | Carteira Rico11 | Selection Ações FIC Ações | R$100,00 |
Renda variável internacional | Morgan Stanley Global Opportunities Advisory | Wellington US BDR Advisory Dólar Nível | R$ 500,00 |
Renda variável internacional hedgeada | Trend Bolsas Emergentes FIM | Wellington US BDR Advisory BDR Nível I | R$ 100,00 |
Alternativos | Trend Commodities FIM | RBR Reits US Em Reais FIC FIA BDR | R$ 100,00 |
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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