25/05/2020 23:30:00 • Atualizado em 20/05/2024 09:28:00
24 minuto(s) de leitura
Ebitda: O que é, como calcular e analisar esse indicador
Se você está dando seus primeiros passos na renda variável, compreender o conceito de EBITDA e sua aplicação é o início de uma longa jornada. Confira
O Ebitda é um indicador fundamentalista essencial para quem investe na Bolsa de Valores.
Se você está dando seus primeiros passos na renda variável, compreender esse conceito e sua aplicação é o início de uma longa jornada.
Além de descobrir a evolução da geração de caixa da empresa ao longo dos anos, a análise do Ebitda também permite comparações entre empresas de diferentes setores – e até países.
Mas até que ponto o Ebitda é confiável? Ele pode ser analisado isoladamente?
Neste artigo, você vai descobrir como calcular o Ebitda com exemplos práticos, vai entender a diferença entre Ebit e Ebitda e também descobrir por que essa análise é importante antes de tomar a decisão de investir em uma empresa.
Se restar alguma dúvida ao final, é só deixar um comentário.
Boa leitura!
O que é o Ebitda?
Ebitda é o acrônimo da expressão em inglês Earnings before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization.
Em português, Ebitda significa Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização.
Dessa tradução, surgiu uma sigla que pode ser considerada a versão em português do Ebitda.
Estamos falando do LAJIDA, sigla para Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização.
Mas atenção: não confunda Ebit com Ebitda, nem LAJIDA com LAJIR.
Abaixo, vamos dissecar os dois indicadores.
O cálculo do Ebitda permite que o analista, investidor ou gestor conheça quanto a empresa está gerando de caixa considerando apenas as suas atividades operacionais – a sua atividade fim.
Portanto, o Ebitda exclui do cálculo de geração de caixa os impactos financeiros e os impostos.
Ao fazer isso, o indicador entrega ao acionista o real desempenho da empresa, porque analisa aquilo que está ao alcance dos funcionários e executivos, sem olhar para questões complexas, como juros e impostos.
Mas de que maneira o Ebitda pode ser utilizado nas análises das empresas?
É o que vamos descobrir a seguir.
Qual a função do Ebitda?
O Ebitda é um indicador bastante útil para medir o potencial de geração de caixa da empresa, a fim de descobrir quão produtiva e eficiente ela se torna com o passar dos anos.
Essa análise é essencial para quem investe nas empresas com a mentalidade de sócio, priorizando companhias capazes de gerar valor de forma contínua.
Isso porque o Ebitda considera apenas o que a empresa gera de valor com a sua atividade fim, sem levar em conta as despesas com juros e empréstimos, por exemplo.
Assim, ele se torna o melhor indicador de produtividade e eficiência, permitindo que você descubra a realidade financeira da empresa e se ela está melhorando sua competitividade ao longo do tempo.
Quem olha apenas para o lucro líquido da companhia, por exemplo, pode ficar com uma compreensão errada do desempenho da empresa.
O lucro líquido depende de outros fatores e pode ser afetado diretamente por despesas com juros de financiamentos e outros fatores externos.
O Ebitda exclui essas despesas da análise, para que você consiga analisar, por exemplo, o desempenho de empresas endividadas.
Além disso, o Ebitda pode mostrar se a empresa está sendo rentável ou não.
Quando o Ebitda é negativo, significa que a empresa não consegue gerar valor suficiente para cobrir os custos por meio da sua atividade fim – mas talvez tenha outras fontes de receita que equilibrem as contas, como investimentos.
Vale lembrar, ainda, que o Ebitda também é útil para comparações internacionais entre as empresas.
Como cada país possui legislação tributária diferente, faz sentido excluir despesas com impostos da geração de caixa, analisando apenas o potencial de geração de valor da atividade fim.
Qual a diferença entre lucro líquido e Ebitda?
É bem fácil entender a diferença entre lucro líquido e Ebitda.
O lucro líquido é o resultado final da companhia em determinado período – é aquilo que efetivamente entra para o caixa da empresa, depois de reduzir da receita todo e qualquer tipo de gasto, incluindo aí despesas com amortizações e juros.
Ou seja: o lucro líquido é resultado contábil final da empresa.
Mas o lucro líquido não é suficiente para mostrar a capacidade de geração de caixa da empresa, porque ele pode ser inflado por investimentos não relacionados à atividade fim e também porque o caixa que a empresa gerou pode ser consumido por dívidas, financiamentos e juros.
Então, como calcular a eficiência e a produtividade da empresa?
É aí que surge o Ebitda.
O Ebitda é o resultado do lucro líquido acrescido das despesas com impostos, contribuições sociais, depreciação e amortização.
Ele mostra, assim, um retrato mais fiel da capacidade de geração de caixa da empresa.
Qual a diferença entre Ebitda, Ebitda ajustado e Ebit
Os indicadores Ebitda e Ebit são semelhantes, mas trazem retratos um pouco diferentes da realidade financeira da empresa.
Basicamente, enquanto o Ebitda considera os lucros da empresa antes dos juros, impostos, depreciação e amortização, o Ebit mostra os lucros apenas antes dos juros e tributos.
Ou seja, o Ebit inclui despesas com amortização e depreciação, enquanto o Ebitda ignora essas despesas.
Lajir significa Ebit em português:
- Ebit – Earnings Before Interest and Taxes
- LAJIR- Lucros Antes dos Juros e Tributos.
Enquanto Lajida significa Ebitda em português:
- Ebitda – Earnings before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization
- LAJIDA – Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização.
Agora que ficou clara a diferença entre Ebitda e Ebit, vale a pena entender o que significa o Ebitda ajustado, que aparece com frequência na demonstração de resultados das empresas.
O Ebitda ajustado nada mais é do que o Ebitda ajustado para as peculiaridades da empresa.
Dependendo do setor e da atividade fim, a empresa pode ter cálculos específicos do Ebitda, que diferem das companhias em geral.
Por isso, ela divulga o Ebitda ajustado, juntamente com a fórmula e a metodologia utilizada para chegar ao valor.
Nesse caso, cada empresa pode seguir critérios próprios para chegar ao Ebitda ajustado.
Ebitda é um indicador confiável?
O Ebitda é um indicador confiável para medir a capacidade de geração de caixa da empresa, mas ele jamais pode ser utilizado isoladamente para investigar uma empresa.
Essa é uma regra que vale para qualquer indicador: a análise individual leva a erros, porque ignora o contexto em que a empresa está inserida, seu histórico e seu momento atual.
O Ebitda, por exemplo, não é capaz de mostrar a saúde financeira da empresa.
Ele não revela se uma empresa está muito endividada, se tem despesas muito grandes com juros ou se possui um maquinário obsoleto, que exigirá um enorme custo para renovação,
Isso acontece porque a função do Ebitda não é entregar um raio-x da saúde financeira da companhia, e sim mostrar o seu potencial de geração de caixa.
Deu para entender por que o Ebitda é, sim, um indicador confiável, mas não pode ser analisado isoladamente?
No próximo tópico, essa questão vai se tornar mais clara.
Quais são as vantagens e desvantagens em usar Ebitda como indicador de saúde financeira
Como você já entendeu, a principal vantagem de utilizar o Ebitda como um indicador para tomar decisões de investimento é compreender a capacidade de geração de caixa da empresa.
Ele mostra se a empresa é produtiva e eficiente – e dá uma ideia da evolução desses parâmetros ao longo do tempo.
Mas ele não pode ser utilizado de forma isolada, porque é incapaz de mostrar a saúde financeira da empresa de forma completa.
A seguir, resumimos as principais vantagens e desvantagens desse indicador:
Vantagens do Ebitda
- Permite identificar a eficiência e a produtividade da empresa
- Analisa apenas a capacidade de geração de caixa
- Mostra a evolução da geração de caixa da empresa
- Permite comparar empresas de diferentes setores
- Permite comparar empresas de diferentes países
- É um indicador universal.
Desvantagens do Ebitda
- Não mostra a real saúde financeira da empresa
- Não revela se a empresa está alavancada ou endividada
- Não mostra o real volume monetário do caixa da empresa
- Não pode ser utilizado de forma isolada
- Precisa ser analisado com atenção, diante de possíveis manobras contábeis
- Um Ebitda positivo pode confundir investidores leigos, que esquecem do restante.
Como saber se o Ebitda é bom?
Para saber se um Ebitda é bom, o primeiro passo é descobrir se o Ebitda é positivo.
Isso já mostra que a empresa é capaz de gerar caixa para superar os gastos e despesas.
Outra alternativa para descobrir se o Ebitda da empresa é bom é analisar o indicador com empresas do mesmo setor.
Se a empresa é capaz de gerar mais caixa do que os concorrentes a partir da sua atividade fim, isso pode mostrar que ela possui vantagens competitivas.
Em terceiro lugar, analisar o histórico do Ebitda para descobrir se ele sempre foi positivo e se está crescendo ao longo do tempo é uma alternativa para entender se o Ebitda atual é bom ou ruim.
Se a empresa está reduzindo o seu Ebitda com o passar do tempo, por exemplo, vale a pena entender o contexto para descobrir o que está acontecendo de fato antes de investir.
Qual o percentual da margem Ebitda ideal
Em tese, quanto maiores forem o Ebitda e também a margem Ebitda, melhor para a empresa, porque significa que ela é mais produtiva, rentável e lucrativa.
Há empresas que indicam a margem Ebitda que consideram interessante e acompanham a evolução do Ebitda com projeções para os próximos anos.
De qualquer forma, são números com algum elevado grau de subjetividade, e cada analista, investidor e gestor tende a ter opiniões diversas sobre o que considera “ideal” para o Ebitda e a margem Ebitda.
Como calcular Ebitda e margem Ebitda?
Para calcular o Ebitda e a margem Ebitda, o método mais simples é recorrer às informações que constam na Demonstração de resultado do exercício (DRE).
Esse relatório precisa ser divulgado pelas empresas de capital aberto a cada trimestre.
A fórmula do Ebitda é simples:
- Ebitda = Lucro operacional líquido + Depreciações + Amortizações.
Já a margem Ebitda é calculada dividindo o Ebitda pela Receita Líquida.
O resultado será um número percentual que indicará a lucratividade das operações da empresa
Vejamos alguns exemplos.
Como calcular o Ebitda [Exemplo]
Conforme vimos na fórmula acima, o primeiro passo para descobrir o Ebitda é chegar ao Lucro Operacional Líquido.
Esse valor costuma ser discriminado pelas empresas na Demonstração de resultado do exercício.
Mas, se você quiser chegar ao Lucro Operacional Líquido sozinho, basta calcular:
- Lucro Operacional Líquido = Receita líquida – custo das mercadorias comercializadas – despesas operacionais – despesas financeiras líquidas.
Suponha que uma empresa hipotética possua Lucro Operacional Líquido de R$ 500 milhões em um ano.
Para chegar ao Ebitda, basta somar as Depreciações e Amortizações a esse valor.
Se considerarmos as Depreciações em R$ 40 milhões e as Amortizações em R$ 60 milhões, chegaremos ao seguinte cálculo:
- Ebitda = Lucro Operacional Líquido (R$ 500 milhões) + Depreciações (R$ 40 milhões) + Amortizações (R$ 60 milhões).
Portanto, o Ebitda será de R$ 600 milhões.
A boa notícia é que raramente você precisará calcular o Ebitda.
A maior parte das empresas já discrimina o Ebitda nos resultados, e há uma série de sites e portais dedicados à análise fundamentalista que trazem o Ebitda já calculado das empresas.
Como calcular margem Ebitda [Exemplo]
Com o Ebitda em mãos, calcular a margem Ebitda é muito simples.
- Margem Ebitda = Ebitda / Receita Líquida x 100.
Considere, por exemplo, que a nossa empresa hipotética citada no exemplo anterior tenha Receita Líquida de R$ 2,5 bilhões no período.
O cálculo, portanto, seria o seguinte:
- Margem Ebitda = R$ 600 milhões / R$ 2,5 bilhões * 100.
Fazendo os cálculos, chegamos ao valor de margem Ebitda de 24%.
Em tese, quanto maior for esse percentual, mais lucrativa e rentável é a operação da empresa.
O que significa um Ebitda negativo?
Um Ebitda negativo mostra que a empresa não está gerando receita suficiente por meio da sua atividade operacional.
Aquilo que entra no caixa devido à atividade fim da empresa não é capaz de cobrir os gastos e despesas do negócio.
Embora esse não seja um bom sinal da saúde financeira da operação, não significa que a empresa está tendo prejuízo efetivamente.
Para descobrir se o negócio está dando lucro ou prejuízo, é preciso olhar para o lucro líquido.
Se a empresa tiver rendimentos com investimentos, por exemplo, ela pode vir a ter um resultado líquido positivo, apesar do Ebitda negativo.
Por que analisar o Ebitda é importante para o investidor
Analisar o Ebitda é importante para o investidor porque esse indicador mostra a eficiência e a produtividade da empresa.
Para quem tem interesse em investir nas empresas com mentalidade de sócio, de olho no longo prazo, com base na análise fundamentalista, faz todo sentido optar por empresas produtivas e eficientes.
Afinal, isso indica que a empresa tem mais chance de sobreviver com o passar do tempo, além de mostrar que o seu modelo de negócio é eficiente.
Ao investir em uma empresa sem olhar para o Ebitda, você corre o risco de investir em uma empresa que não consegue gerar receita suficiente para cobrir suas despesas, por exemplo.
Esse é um indicativo de que o negócio precisará passar por mudanças no curto prazo. Do contrário, o negócio não será sustentável no médio e longo prazo.
Resumindo, portanto: analisar o Ebitda é importante para quem deseja investir em empresas eficientes.
Ebitda e mercado de ações: Como interpretar esse indicador
A exemplo de outros indicadores fundamentalistas, interpretar o Ebitda é mais importante do que entender como calculá-lo.
Ao aplicar a fórmula do Ebitda, você chegará a um resultado.
Mas só se souber interpretá-lo dentro do contexto da empresa você conseguirá descobrir se este resultado é bom ou ruim – promissor ou não.
Em linhas gerais, o Ebitda positivo indica que a empresa está gerando caixa suficiente para superar as despesas a partir das suas atividades fins, o que pode ser um ótimo ponto de partida para se tornar um investidor da companhia com foco no longo prazo.
Mais importante do que um Ebitda positivo atualmente, no entanto, é um Ebitda positivo e crescente ao passar dos anos.
Isso mostra que a empresa não apenas gera caixa a partir da sua atividade fim, mas também é capaz de aumentar essa geração de caixa, se tornando mais eficiente e produtiva.
Agora, um Ebitda negativo pode ser motivo o suficiente para você ficar com um pé atrás e ter mais atenção à análise.
Afinal, se a empresa é incapaz de superar gastos e despesas com a atividade fim, pode ser um sinal de que ela não é sustentável no longo prazo.
De qualquer forma, por melhor ou pior que seja o Ebitda da empresa, você nunca pode analisar apenas esse indicador ao investir
O Ebitda, como qualquer indicador fundamentalista, deve ser analisado em conjunto com outros indicadores, numa análise ampla e que considere todo o contexto da empresa, além do setor em que ela está inserido.
Conclusão
Como vimos, o Ebitda é um dos indicadores fundamentalistas mais importantes para quem deseja encontrar empresas lucrativas, rentáveis e produtivas, porque ele mostra a capacidade de geração de caixa da empresa.
Ao excluir do cálculo as despesas com juros, impostos, depreciação e amortização, o Ebitda permite comparar empresas de setores diferentes – com cuidado – e até de países diferentes.
É por isso que muitos investidores, gestores e analistas utilizam o Ebitda como um dos pontos de partida para analisar o desempenho da empresa.
Mas atenção: o Ebitda, assim como qualquer outro indicador, não pode ser analisado de forma individual e isolada.
Para tomar a decisão de investir em uma empresa, a orientação, para quem foca no longo prazo, é fazer uma análise ampla de todos os indicadores da empresa, levando em consideração o seu histórico, o setor e os concorrentes.
E quando chegar a hora de investir, conte com a Rico.
Obrigado por ler até aqui!