05/06/2020 11:00:00 • Atualizado em 26/09/2024 10:55:46
20 minuto(s) de leitura


Alta do Dólar: Causas e impactos na economia!

A alta do dólar em 2020 é uma realidade. Mas será isso bom ou ruim? Neste artigo, contextualizamos a alta do dólar por múltiplas perspectivas. Confira!


Time Rico
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dólar: imagem com um bloco de notas de dólar

A alta do dólar é uma realidade. Mas será boa ou ruim para as suas finanças?

Além do momento econômico difícil que o país enfrenta em meio à pandemia do coronavírus, encaramos um cenário de acentuada subida da moeda americana.

E ela não é tão simples de explicar. 

Nesse sentido, atribuir a alta do dólar à doença ou à quarentena é se enganar.

Afinal, estamos falando do valor da nossa moeda em relação à moeda dos Estados Unidos, país onde os números do coronavírus estão piores que os nossos neste momento.

Neste artigo, procuramos contextualizar a alta do dólar por múltiplas perspectivas. 

Se restar alguma dúvida ao final, é só deixar um comentário.

Boa leitura!

Alta do dólar: entenda como funciona a cotação do dólar

Se você acompanha ao menos um pouco sobre o mercado financeiro, já deve estar familiarizado com a ideia de que a lei da oferta e demanda é a base para a variação do preço das ações.

No caso da baixa e alta do dólar, funciona de forma bastante semelhante.

Ou seja, quando aumenta a demanda por dólares no Brasil, sua cotação sobe. 

Já quando a oferta é maior que a demanda, ela cai.

A partir daí, há várias razões específicas que podem resultar em um aumento ou diminuição de dólares em circulação no país.

Por exemplo, se há uma onda de investimento estrangeiro, a tendência é que o real valorize em relação à moeda americana.

E não precisa ser necessariamente capital produtivo. 

Quando a taxa Selic estava alta, mais players estrangeiros compravam títulos da dívida pública, o que ajudava a controlar o câmbio.

Essa regra, porém, não é definitiva, mesmo que no momento faça sentido – estamos com uma taxa Selic baixa enquanto o dólar dispara.

Enfim, existem vários fatores que colaboram para a alta do dólar (conheceremos alguns mais adiante), mas eles, invariavelmente, têm relação com a oferta e demanda.

Taxa de câmbio real e nominal: entenda a diferença

Quando você lê que X reais compram Y dólares, esta é a taxa de câmbio nominal, que compara o valor das duas moedas de maneira simples e objetiva.

Já a taxa de câmbio real é o cálculo que leva em consideração a inflação interna e externa (do Brasil e dos Estados Unidos).

A diferença prática entre as duas, portanto, é que a taxa de câmbio real tem maior relação com a realidade da economia no país, pois expressa o poder de compra de cada moeda.

Qual foi a maior alta nominal do dólar?

Na primeira cotação do dólar em relação ao real, em 4 de julho de 1994, a moeda americana custava R$ 0,94.

Por muito tempo, o câmbio foi estável, até que, no começo de 1999, sofreu uma grande alta. 

Na época, fechou 1998 em R$ 1,208 e, no dia 1º de fevereiro de 1999, já custava R$ 1,963. 

Ou seja, uma alta de 62,5% em praticamente um mês.

A próxima alta significativa foi em 2001. 

Em 1º de janeiro daquele ano, um dólar custava R$ 1,94 e, em 21 de setembro, já estava em R$ 2,80 – uma alta de 44,33%.

No ano seguinte, em 2002, a cotação era de R$ 2,30 no dia 2 de janeiro, e foi subindo até chegar em R$ 3,95 em 22 de outubro – alta recorde de 71,74% no período.

Nos anos seguintes, uma sequência gradual de queda levou o dólar a custar R$ 1,58 em 21 de julho de 2008. 

Com a crise econômica mundial, porém, a cotação subiu para R$ 2,49 em 4 de dezembro. 

Foi uma alta de 57,6% em menos de meio ano.

Depois disso, uma leve queda e um novo período de estabilidade, chegando a R$ 2,22 em 5 de setembro de 2014, para depois iniciar uma escalada, chegando a R$ 4,02 em 19 de fevereiro de 2016. 

Tivemos aí novo recorde, portanto: alta de 81,08%.

Agora, vamos falar do tempo presente.

Em 3 de fevereiro de 2020, o dólar estava na casa dos R$ 4,25, e agora, no começo de maio, já está em R$ 5,70. 

Essa é uma alta de 34,12% em três meses.

Se compararmos com outros períodos, portanto, não é a maior alta da história. 

Contudo, ela assusta por ter forçado tantas vezes consecutivas os limites de maiores cotações históricas.

Qual foi o maior valor real do dólar já registrado?

Se considerarmos a taxa nominal, a recente alta do dólar levou aos maiores valores já registrados da moeda americana – e com sobras.

No cálculo da taxa real, porém, especialistas afirmam que o valor mais alto já registrado foi em 2002, quando o dólar nominal ficou próximo dos R$ 4.

O equivalente no câmbio nominal não é consenso entre economistas, mas eles costumam atribuir pelo menos R$ 7,50 como valor real daquela época, considerando a inflação em Brasil e Estados Unidos no período.

Quais são as principais causas de alta do dólar

Além dos fatores pontuais, causados por eventos externos muito particulares do momento atual, há questões estruturais que costumam ter impacto no câmbio.

Na sequência, apresentamos exemplos para você entender melhor.

Desenvolvimento e crescimento econômico

Se o ritmo de crescimento da economia brasileira é desfavorável em relação à evolução do PIB americano, isso costuma resultar na alta do dólar. 

É algo que estamos observando em 2020.

Falta de investimento estrangeiro

Quando companhias e abastados estrangeiros enxergam o Brasil como um país promissor para investir, há mais dólares em circulação no país e sua cotação cai.

Como observamos o contrário no momento, o preço da moeda americana sobe em relação ao real.

Taxa de juros

É o que falamos antes: uma taxa de juros baixa como a que o Brasil tem agora, com sucessivos cortes na Selic, torna os papéis da dívida pública do país menos atrativos para investidores financeiros, pois eles não remuneram mais tanto quanto antes.

Balança econômica

Quando a relação entre o preço que pagamos ao importar commodities e que recebemos ao exportá-las é desfavorável para o Brasil, esse é outro aspecto que costuma resultar na alta do dólar frente à moeda brasileira.

O que fez o dólar ter aumento recorde no Brasil em 2020

Como alertamos logo no início deste texto, é preciso tomar cuidado com as simplificações ao relacionar a alta do dólar com o coronavírus.

Superficialmente, muitos vinculam a crise com a desvalorização do real, e ficam nisso. 

Mas há crises e crises – e há quem se pergunte como a moeda americana se valoriza se os Estados Unidos têm o maior número de vítimas da doença até aqui.

Uma das explicações é que, em uma crise econômica de proporções globais, é natural que investidores de vários países resgatem seu dinheiro de países emergentes, mais instáveis, e invistam em títulos do Tesouro americano, que é mais seguro e confiável.

É, portanto, uma consequência da aversão ao risco, sintoma da pandemia.

Um sintoma que afeta não apenas o real, mas as moedas de outros países considerados em desenvolvimento.

Isso não explica tudo, é claro. 

Se compararmos o desempenho da nossa moeda com as moedas de nossos pares, estamos atrás.

Por isso, nossa análise não deve levar em conta somente a Covid-19, mas também os fatores que citamos no tópico anterior, especialmente os cortes na taxa básica de juros da economia brasileira.

Qual o impacto do aumento do dólar na economia brasileira?

É fato conhecido que o dólar é a principal moeda de reserva internacional, e é com ele que é feita a maioria das transações entre organizações e governos de diferentes países.

Em uma economia amplamente globalizada, portanto, não é possível que a alta de uma moeda desse porte não cause impactos severos na economia brasileira.

Por que o aumento do dólar é ruim para a economia?

Há uma ideia generalizada de que a alta do dólar é ruim para a economia brasileira.

Quando o real se desvaloriza, a primeira consequência negativa é para quem está planejando uma viagem ao exterior.

Em tempos de pandemia, porém, viajar não é uma possibilidade.

A segunda consequência é para o custo de vida do consumidor, pois muitos dos produtos e serviços que ele consome rotineiramente, mesmo que não sejam importados, têm algum processo produtivo que é impactado pela alta do dólar.

Empresas procuram transferir esse aumento nos custos para os clientes, mas podem acabar perdendo receita por isso.

Mas há também empresas que se beneficiam com a alta da moeda americana, como abordaremos depois. 

Por isso, é preciso tomar cuidado ao exagerar os efeitos negativos da alta do dólar.

O que sobe com a alta do dólar?

Geralmente, nota-se um impacto muito grande no preço dos equipamentos eletrônicos.

Claro que os itens importados são os que mais sobem de preço, mas muitos produtos fabricados no Brasil precisam de componentes que vêm de fora.

Mesmo itens que aparentemente são 100% nacionais podem acabar custando mais, pois, às vezes, são usadas máquinas importadas para produzi-los ou embalá-los.

No geral, porém, como a inflação está em um nível baixo, é provável que, com exceção dos importados, não notemos preços muito altos nas gôndolas dos supermercados.

Quem ganha com a alta do dólar?

Se o dólar alto complica a vida do consumidor que pretende comprar produtos estrangeiros, essa é uma grande oportunidade para os fabricantes nacionais.

Quem geralmente perde a concorrência para marcas estrangeiras terá no preço baixo um diferencial competitivo do qual precisa tirar proveito.

Já as indústrias que exportam mercadorias e recebem em dólares terão um aumento na receita.

Elas também poderão se beneficiar no quesito competitividade em relação a empresas que têm seu custo de produção em dólar.

Nesse caso, porém, é preciso esperar mais para notar um efeito positivo, pois a troca de fornecedores entre os players globais não é um processo simples.

Como ganhar dinheiro com a alta do dólar

A estratégia mais simples é comprar dólares esperando a valorização.

Quando isso acontecer e a moeda chegar a um patamar alto, caso o investidor entenda que está próximo do topo da curva, é uma boa hora de vender.

Pode ser eficiente, mas não significa que seja fácil.

Operar com dólares depende de muito conhecimento, estudo sobre o mercado e respeito ao seu perfil de investidor.

Contudo, no longo prazo, muitos especialistas defendem que você sempre deve ter um pouco de dólares na sua carteira de investimentos, como uma forma de se proteger das crises.

Para quem tem uma empresa ou é um profissional autônomo especializado, a alta do dólar é uma grande oportunidade para explorar as possibilidades de vender seu produto ou serviço para o exterior, aumentando suas receitas na mesma proporção que a moeda sobe.

Para quem já investe em dólar, este é o momento de vender?

Quem possui dólares agora e os comprou antes da última alta acentuada pode optar por vendê-los por reais agora e consolidar seus ganhos.

Mas poderá estar perdendo em custo de oportunidade, pois pode acontecer de a moeda americana continuar subindo.

Nesse sentido, em vez de se precipitar e vender agora, uma opção é esperar os próximos eventos do cenário nacional e internacional.

A tendência é que o câmbio acalme ou a curva mude de direção quando o Brasil estiver em uma posição econômica mais estável.

O dólar pode voltar ao patamar de R$ 2?

A possibilidade é muito remota, praticamente impossível, pelo menos no curto e médio prazo.

Para que haja uma curva decrescente e, no longo prazo, o dólar volte ao patamar de dois por um, seria necessária uma grande transformação na economia brasileira.

Precisaríamos de uma situação política e econômica estável, devolvendo a confiança ao país.

A partir daí, seja com reformas, incentivos ou ambos, precisaríamos desenvolver nosso capital intelectual e voltar a entregar ao mundo produtos e serviços de valor agregado.

Isso tudo despertaria o interesse estrangeiro no Brasil, que vem sendo dispersado, e aumentaria a quantidade de dólares circulando no país.

O dólar pode subir ainda mais?

Há especialistas que defendem que a moeda americana deve continuar subindo, chegando possivelmente à cotação nominal de R$ 6.

E até quando pode durar a alta do dólar? É difícil de saber. 

Depende de uma mudança tanto nas questões estruturais internas quanto no cenário externo.

Quando a economia global se estabilizar, a aversão ao risco diminuirá e teremos mais condições de prever o que virá pela frente.

Conclusão

Esperamos que, chegando ao final deste artigo, você tenha compreendido melhor quais são os fatores que levam à alta do dólar e por que ele tem subido tanto em 2020.

E se você deseja aproveitar o cenário para investir em dólares, temos duas recomendações.

A primeira é abrir sua conta na Rico, que oferece as melhores aplicações financeiras e todas as ferramentas para você fazer seu dinheiro render, respeitando seu perfil e objetivos.

A segunda é seguir estudando sobre investimentos, acompanhando estes artigos:

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