Apesar de marcado por bastante volatilidade, abril encerrou-se como um mês de performance positiva lá fora, com o S&P 500 subindo +1,5% e o índice de ações globais MSCI ACWI fechando em alta de 1,3%.
No cenário internacional, especialmente nos Estados Unidos, parte do otimismo entre investidores foi impulsionado por dados econômicos ainda sólidos e uma temporada de resultados do 1º trimestre de 2023 melhor do que o esperado.
O bom humor também chegou ao mercado brasileiro, onde foi alimentado pela continuação da desaceleração da inflação e pela proposta formal de arcabouço fiscal ao Congresso, contribuindo para uma alta de 2,5% do Ibovespa no mês.
No que vamos ficar de olho em maio?
Mercado brasileiro x Recessão nos EUA
Desde o ano passado os Estados Unidos vêm evitando uma recessão, que ainda tem forte chances de acontecer. Segundo pesquisa da Bloomberg com economistas de mercado, a probabilidade de uma recessão nos EUA nos próximos 12 meses está em 65% — ainda alta.
Nesse texto, contamos como um cenário de recessão branda na maior economia do mundo poderia acabar beneficiando o Brasil, em termos relativos. Isso porque poderia permitir o fim do ciclo da alta de juros nos EUA e certo enfraquecimento do dólar, mas sem picos de aversão ao risco entre investidores ou fortes quedas aos preços de commodities. Ou seja, o “melhor dos mundos” para nós teria cara do bom e velho “meio termo”.
Nesse cenário, surge um questionamento: será que as ações brasileiras tem desempenho melhor do que as ações americanas durante recessões por lá?
Existem duas teorias antagônicas sobre o tema:
- Durante recessões nos EUA, os investidores vendem seus ativos americanos e movem o dinheiro para o exterior, ajudando a impulsionar os mercados emergentes, ou
- Durante recessões nos EUA, a aversão global ao risco aumenta e mercados de maior risco, como o Brasil, apresentam desempenho inferior como resultado.
Para testar essas hipóteses, analisamos períodos históricos em que o índice de manufatura americano (ISM) caiu abaixo de 50, indicando uma contração na economia. Utilizamos o ISM, e não os períodos oficiais de recessão, por duas razões básicas: primeiro, só sabemos que uma recessão ocorreu depois do fato, e, segundo, nos últimos 30 anos, houve apenas 4 recessões nos Estados Unidos.
Ao olhar para o desempenho relativo dos mercados emergentes e ativos brasileiros 1, 3 e 6 meses após o índice de sentimento de manufatura (ISM) cair abaixo do limite de 50, vemos que ambos tiveram um desempenho ligeiramente melhor que o S&P 500 durante os mesmos períodos.
Esse comportamento reforça o argumento de que mercados emergentes podem ter uma performance superior à bolsa americana em períodos de desaceleração da economia.
No entanto, essa relação não parece ser forte. Isso significa que é importante lembrar que, em caso de uma recessão mais grave (o famoso cenário de “hard landing”), ambos os mercados podem ter grandes perdas — como visto recentemente em 2020 e 2008.
Mercado brasileiro x Taxa de juros
Outra grande “pergunta que não quer calar” do mês de maio será o impacto da esperada queda da taxa Selic nos principais ativos brasileiros, incluindo as ações. Afinal, apesar de esperamos o primeiro corte na taxa básica de juros apenas em agosto, investidores vivem de antecipar movimentos.
Assim, dada a expectativa de um início de ciclo de cortes de juros em breve no Brasil, realizamos um estudo para entender quais são os setores e ações mais sensíveis à taxa básica.
Analisamos as ações na composição histórica do IBX100 em diferentes estágios de ciclos monetários passados desde 2002. Para avaliar o desempenho, calculamos retornos excedentes (ou seja, líquidos da performance da índice) ponderados pelo valor de mercado para cada setor.
Os períodos de corte ou aumento de juros foram definidos a partir das expectativas de investidores para a taxa de juros, medidas pelo Swap Pré-DI de 360 dias.
Os períodos de corte ou aumento de juros foram definidos a partir das expectativas de investidores para a taxa de juros, medidas pelo Swap Pré-DI de 360 dias.
Os setores que apresentaram a melhor performance em ciclos de cortes de juros no passado incluem o setor de Transportes, Varejo e Saúde em uma janela de 3 meses.
Como se posicionar?
Embora as taxas de juros em queda tendam a ser positivas para ativos de risco, ainda preferimos nos posicionar de forma mais defensiva quando falamos de ações brasileiras.
Nós projetamos que a taxa Selic será reduzida na reunião do Copom em agosto, encerrando 2023 em 12% ao ano e chegando a 11% no primeiro semestre de 2024 — isso significa que as taxas de juros ainda estarão em dois dígitos por algum tempo. Ou seja, empresas altamente alavancadas e setores de consumo, como Varejo, devem continuar sofrendo.
Além disso, ainda vemos muitos ruídos políticos, mais recentemente relacionados à reforma tributária (que pode impactar muitos setores) e outras notícias que andam pressionando os ativos brasileiros.
Nesse cenário, seguimos recomendando empresas com tendência positiva de lucros e de Qualidade a um Preço Razoável (“QARP”).
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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