• 45 dias depois…e chegamos ao esquenta mais esperado do mês: o esquenta pro Copom!
  • No menu desse 16 de março, temos: inflação alta e disseminada no Brasil e no mundo, e uma crise geopolítica que preocupa a todos os presentes.
  • A conta acaba ficando cara, e o freguês deve sair acompanhado de juros e inflação altos por mais tempo do que o imaginado antes.
  • Mas se há algum acalanto nessa incerteza é que você pode proteger seus investimentos do cenário desafiador.
  • Vem esquentar, que te indicamos o melhor caminho.

Lembra da última vez que falamos de decisão de juros aqui no Brasil? Não? Não se preocupe! Afinal, foi no começo de fevereiro, quando estávamos todos ainda naquele clima de… “o ano já começou, real oficial? Nãooo, ainda falta o carnaval!”.

Mas agora, não tem mais desculpa. O ano começou! E com ele, sua presença no esquenta mais esperado dos últimos 45 dias: o esquenta para o Copom.

Isso porque hoje termina a reunião do nosso Comitê de Política Monetária do Banco Central (que termina amanhã).Como vocês já leram aqui há exatos 45 dias, a cada reunião dos diretores do Banco Central do Brasil, o esquenta fica por nossa conta, para que você saia muito bem informada(o) sobre o que esperar da decisão que afetará a nossa taxa básica de juros, a Selic, e os seus investimentos.

O Drink da casa: Heatmap do Copom

Tudo começa com nossa visão 360° da economia desde a última reunião do Copom. O que aconteceu de importante na economia do Brasil e do mundo – que impactou, está impactando, e esperamos que impactará a inflação?

Quem leu nossos últimos esquentas, já sabe que tudo isso está ilustrado na tabela abaixo: o famoso heatmap do Copom. Esse mapa de calor, em bom português, serve para ilustrar o que achamos que os diretores do Banco Central estarão olhando enquanto discutem o que fazer com a taxa Selic. Lembrando: sempre com o objetivo principal de controlar o comportamento dos preços.

Quanto mais vermelho (azul), mais a variável está atuando para piorar (melhorar) a perspectiva da inflação.

Já os curiosos pássaros estampados no alto do mapa indicam uma nomenclatura também curiosa sobre política monetária no mundo: os Hawks (falcões) e os Doves (pombas). Quanto mais vermelho, mais o comportamento do indicador aponta para uma decisão do Banco Central para o lado hawkish; já quanto mais azul, mais o indicador aponta uma decisão para o lado dovish.

Hawkish X Dovish: o que é?

Hawkish – Aparentemente relacionado ao comportamento de soldados na Guerra da Independência dos EUA, a figura de um falcão está associada à coragem, força, rigidez. Em política monetária, faz referência ao comportamento de banqueiros centrais mais preocupados com o controle da inflação, menos lenientes com a alta de preços e o potencial distanciamento de sua meta.

Dovish – Já as pombas são relacionadas a… acho que apenas pombas mesmo, na tranquilidade, de boa esperando seu pãozinho no parque! Em política monetária, as pombas então são associadas a autoridades monetárias mais lenientes com a inflação. Para os quais “um pouquinho de alta de preços não faz mal a ninguém”, mesmo que se distancie da meta almejada.

O vermelho da preocupação inflacionária

Para entender melhor os números da tabela acima, vale separá-los entre os azuis ou brancos (ou seja, aqueles que reduzem as pressões sobre os preços, ou são neutros) e os vermelhos – aqueles que estão dando um empurrãozinho para os preços seguirem subindo com força.

Como podemos ver, o heatmap desse mês está quase dominado pelo vermelho. Ou seja, a evolução da economia global e doméstica nos últimos 45 dias aponta, na grande maioria, para uma piora na perspectiva de inflação a frente.

O principal vilão tem sido o preço das commodities, que já vinha em alta desde o começo do ano, na esteira da volta das economias no mundo e da oferta ainda limitada de muitos insumos. A guerra entre Rússia e Ucrânia só prejudica ainda mais esse cenário de alta de preços, por envolver dois grandes produtores de commodities, como contamos nesse vídeo.

Além disso, a economia doméstica um pouquinho melhor do que o esperado nesse começo de ano também acaba pesando para o lado negativo quando se trata de inflação – já que quanto mais aquecida a demanda por bens e serviços, maior a pressão sobre os preços.

Vale destacar que alguns fatores jogam para o outro lado, como notamos pelos poucos pontos azuis no mapa – que indicam uma redução na pressão sobre os preços de bens e serviços.

Dentre esses fatores benignos podemos notar que finalmente o nível das chuvas não está mais sendo um desafio, confirmando que os preços de energia elétrica devem cair ao longo do ano.

Além disso, a nossa moeda tem valorizado por conta de uma série de fatores globais (especialmente a alta das commodities), como te contamos aqui. E isso ajuda a segurar a inflação, já que importamos muitos bens e serviços tanto para o consumo final, quanto para produzir outros bens (tipo máquinas), além do fato de que boa parte dos alimentos são negociados em dólar.

Mas isso não deve ser o suficiente para segurar a inflação no ano e mantê-la na meta de 3,5% do Banco Central. E o Banco Central sabe disso.

Selic 11,75% amanhã e porta aberta para mais altas

Com tudo isso junto e misturado, esperamos que o Banco Central anuncie amanhã uma elevação de 1,0 ponto percentual na Selic – levando a taxa para 11,75% ao ano, de 10,75% atualmente.

E daqui para frente? Com ainda muita incerteza em relação ao conflito no leste europeu e aos efeitos da alta de juros dos últimos meses na economia, esperamos que o Copom deixe as portas abertas para a próxima reunião.

Ou seja, ao invés de já sinalizar o que fará de “bate-pronto”, ele pode indicar que ficará no aguardo de dados e acontecimentos na frente geopolítica para decidir o que fazer com a Selic.

Daqui pra frente, vemos o Banco Central segurando a Selic mais alta por mais tempo – ou mesmo elevando ainda mais, a depender do desfecho geopolítico.

Em outras palavras, a Selic em dois dígitos deve nos acompanhar por algum tempo.

A inflação vai cair?

Como resultado de juros bastante altos, esperamos que a inflação vá perdendo força ao longo do ano. O crédito mais caro com a Selic mais alta ajudará a reduzir a pressão sobre os preços, e o câmbio deve continuar ajudando assim como a queda do preço da energia e algumas reduções de impostos anunciadas.

Ao mesmo tempo, estamos vendo um processo de alta de juros e fim de estímulos também em países desenvolvidos, incluindo nos Estados Unidos. Isso deve ajudar no processo de controle da inflação no mundo, que também nos impacta por aqui.

Porém, esse processo não será rápido, especialmente considerando que a alta do juro básico demora por volta de 9 meses a um ano para ser sentida na economia como um todo. Tampouco não terá riscos – com o bom e velho risco fiscal ameaçando desvalorizar nossa moeda novamente (afetando a inflação).

Dito isso, esperamos que a inflação encerre esse ano em 6,2%.

Como investir com a Selic em alta?

Independente de acertarmos em cheio o patamar da Selic ou o ritmo de altas definido pelo Copom, a taxa deve seguir alta bom tempo. Aquilo que chamamos de “política monetária contracionista”, em que a taxa Selic desestimula a economia para conter a alta de preços.

Nesse cenário de juros em elevação, a Renda Fixa segue ganhando relevância e atratividade (não que não cansemos de contar para vocês por aqui sobre a importância da diversificação em qualquer período, e de uma boa e segura reserva de emergência). Títulos de renda fixa indexados à inflação ajudarão a proteger seu patrimônio de toda essa incerteza de preços, enquanto títulos pós fixados acompanharão a elevação da taxa Selic – elevando o retorno dos investimentos. Contamos muito mais sobre oportunidades nessa classe de ativos aqui.

Mas, se era verdade que a Renda Fixa não tinha morrido no período de juros baixos, também é verdade que outros investimentos seguem trazendo oportunidades nesse período de juros em elevação e inflação pressionada.

Na bolsa, selecionamos ações de empresas vistas como de alta qualidade, com margem superior aos seus pares, endividamento baixo, crescimento de lucro e a preços atrativos. Também indicamos nossa carteira recomendada de fundos imobiliários, gratuita para assinantes Riconnect.

Enquanto isso, a classe de ativos conhecida como alternativos também ganha relevância, especialmente os ativos reais – que costumam ter baixa correlação com ciclos econômicos e inflação, como commodities minerais e agrícolas, metais preciosos e criptoativos. Uma alternativa simples para acessar esses investimentos é por meio do eTrend Ativos reais.

Finalmente, mas não menos importante, investimentos internacionais podem trazer tanto diversificação geográfica, quanto de risco. Isso porque ativos dolarizados podem servir de proteção contra uma eventual desvalorização (ainda maior) da nossa moeda, impulsionado por incertezas domésticas.

Fundos internacionais, BDRs (recibos de ações estrangeiras negociados na B3) e ETFs (fundos negociados na bolsa) são alternativas simples para você acessar investimentos fora do país.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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