Você compra guarda-chuva em dia de sol ou deixa para o momento de desespero? Investir bem é como se precaver de mudanças bruscas no tempo, sempre de olho na previsão antes de sair de casa ou fazer planos ao ar livre.
Nesse conteúdo, trazemos a “meteorologia” para as principais classes de investimento disponíveis no mercado e a nossa dose recomendada para todas elas de acordo com o cenário atual. Assim, evitamos que uma “frente fria” pegue o seu dinheiro desprevenido.
Para começar, a tabela abaixo traz nossa sugestão atualizada de alocação para cada classe de ativos como proporção do total de uma carteira de investimentos, de acordo com cada perfil de investidor. Ou seja, é nossa sugestão de como cada investidor deve diversificar seus investimentos – lembrando que a diversificação é a melhor amiga dos bons retornos no longo prazo.
Ao final, trazemos uma indicação de produtos sugeridos para cada uma dessas classes de ativos, para que você possa investir agora mesmo da sua conta da Rico.
Lembre-se: conhecer seu perfil de investidor, seus objetivos e seu horizonte de investimento são atitudes essenciais na hora de escolher onde e como investir.
Entenda nossas políticas de investimento aqui. E baixe o PDF da carteira: Precavida, Cautelosa, Estrategista, Energética, Destemida.
Cenário Global
Sol entre nuvens
O mês de fevereiro chegou ao fim, e os ventos soprados no período deixaram no clima a postura mais firme do Banco Central americano (Fed). Depois de encerrar o ano passado em tom visto como mais flexível em relação ao início do corte de juros, o recado do Fed em fevereiro foi claro: os juros só começarão a cair diante de sinais inequívocos de que a inflação atingiu a meta (de 2,0%).
Apesar do tom mais duro, normalmente desfavorável para os ativos de risco, essas “nuvens cinzentas” não foram capazes de dissipar o “clima de carnaval” nas bolsas americanas.
A atmosfera festiva foi impulsionada pelos sólidos resultados corporativos reportados por empresas listadas nos Estados Unidos – com 76% das companhias do S&P500 superando as expectativas dos analistas.
O mês também foi de relativo otimismo na China, com destaque para a decisão do Banco Central Chinês de cortar os juros de longo prazo de modo a impulsionar a economia, especialmente o setor imobiliário – cuja crise vem pesando contra o crescimento no gigante asiático.
Em resumo, a tônica do mês que passou seguiu aquela observada na virada de 2024: quando veremos a outra virada, aquela na política monetária ao redor do mundo?
Confira o que isso significa para cada classe de investimentos a seguir.
Renda fixa global
Ensolarado
O sol continua a brilhar na renda fixa global, com as taxas de juros ainda em níveis historicamente altos nas principais economias do mundo, incluindo nos Estados Unidos.
Por lá, fevereiro contou com o tom mais duro da ata da última reunião do FOMC (o Comitê de Política Monetária do Banco Central americano).
Contrariando o otimismo de alguns investidores – que esperavam um corte nos juros o quanto antes – o Fed sinalizou que manterá a cautela e a paciência para iniciar o processo conhecido como “afrouxamento monetário” (retirando o freio sobre a economia) e que esse deverá ser gradual.
Esse movimento, aliado a dados que mostram uma economia que segue forte (especialmente com mercado de trabalho aquecido) e inflação ainda “teimosa”, contribuiu para que investidores adiassem suas expectativas para o primeiro corte nas taxas de juros na maior economia do mundo – de março para julho.
Assim, as famosas Treasuries (títulos da dívida pública americana) voltaram ao patamar em que se encontravam ao final do ano passado. Ou seja, as expectativas sobre o patamar dos juros no futuro voltaram a indicar uma redução gradual das taxas de juros no país nos próximos meses/anos.
Dito isso, a queda de juros nos Estados Unidos já é uma realidade adiante. Em bom português: “mais dia, menos dia”, os juros começarão a cair no hemisfério norte. Mas isso não significa que a renda fixa global deixa de ser atrativa – como falamos abaixo.
E o que isso significa investimentos em renda fixa global?
Mesmo diante da provável queda de juros nos EUA e em outros países desenvolvidos nos próximos meses, seguimos vendo o “tempo aberto” para o investimento em renda fixa global.
Primeiro, porque os juros seguem altos para patamares históricos, permitindo ao investidor aplicar seu patrimônio em um investimento de retorno elevado, com risco relativamente baixo. Afinal, títulos do governo americano são considerados os investimentos de menor risco no mundo.
Além disso, vale lembrar que a maior parte dos ativos de renda fixa global são prefixados, tornando essa uma janela interessante para o investidor, com destaque para prazos mais curtos.
Por fim, o investimento em renda fixa global fornece a possibilidade de dolarização de parte do seu patrimônio em um momento mais estável de nossa moeda.
Uma das alternativas mais simples e seguras para investir em renda fixa global é por meio de fundos de investimento, que oferecem diversificação para um mercado que também possui seus riscos.
Hedgeados X Não Hedgeados
Quando investimentos em renda fixa global são realizados via fundos, podem ser feitos na modalidade com ou sem hedge (proteção) da moeda. Isso significa que, caso você escolha investir em renda fixa internacional sem hedge, estará exposto tanto às oscilações dos preços dos ativos de renda fixa internacional quanto à oscilação do dólar em relação ao real.
Renda fixa Brasil
Ensolarado
A gradual redução da taxa básica de juros no Brasil vem diminuindo a intensidade dos “raios solares” na renda fixa brasileira. Entretanto, assim como vemos na renda fixa global, isso não significa que a classe de ativos perdeu sua atratividade.
Como contamos aqui em detalhes, nosso Comitê de Política Monetária (o Copom) seguiu seu plano de vôo em sua última reunião, no fim de janeiro, reduzindo a taxa Selic para 11,25% ao ano.
Diante de um cenário de inflação relativamente estável, mas ainda com riscos no radar (tanto no cenário internacional quanto doméstico), esperamos que o Banco Central mantenha o ritmo de cortes graduais da Selic, até que ela atinja 9,0% em setembro – onde vemos ela permanecendo até, no mínimo, o início de 2025.
O que isso significa para investimentos em renda fixa?
Mesmo diante da queda da Selic, títulos pós-fixados atrelados ao CDI ou a Selic devem continuar apresentando retornos elevados, acima dos níveis de inflação.
Dito isso, para investidores que desejam maiores retornos nesse tipo de investimento, pode ser necessário assumir um pouco mais de riscos, por meio da alocação em títulos privados (dívidas de empresas ou via fundos de crédito privado).
Lembrando que para sua reserva de emergência — independente do patamar da taxa Selic — recomendamos investimentos pós-fixados de baixo risco e resgate rápido.
Além disso, títulos de renda fixa atrelados a índices de preço (IPCA) seguem uma excelente proteção para seus investimentos contra a inflação – permitindo vencimentos mais longos, acima de 2030.
Mas atenção: o cenário fica um pouco mais incerto quando falamos de títulos pré-fixados. Primeiro, porque não esperamos grandes movimentos de queda sobre as expectativas de juros no futuro para os próximos meses (dinâmica que valoriza esses títulos, vista em parte de 2023). Segundo, porque a incerteza sobre os rumos da inflação no mundo e do cenário fiscal doméstico voltaram a impactar as expectativas sobre os juros, desvalorizando títulos existentes e adicionando risco adiante.
Por isso, mantemos nossa recomendação para pré-fixados reduzida e cautelosa, priorizando vencimentos de curto prazo (até 4 anos) e oportunidades pontuais em títulos privados.
Bolsa Brasil
Nublado
Olhando para o horizonte de investimentos em bolsa brasileira, vemos que algumas nuvens se aproximam – aumentando a cautela para esse tipo de alocação.
Apesar de passar por alguns dias de forte queda em fevereiro, o Ibovespa conseguiu encerrar o mês em alta de 0,99% — mas ainda atrás das principais bolsas globais. Pesaram a saída de capital estrangeiro e a volta o discurso de “juros mais altos por mais tempo” (como contamos acima) e, com ele, a maior aversão ao risco. No ano, o principal índice de ações brasileiras acumula perdas de 3,8%.
De fato, o fluxo estrangeiro continua negativo em 2024, ainda em resposta aos juros mais altos nos países desenvolvidos. Isso quer dizer que investidores gringos estão retirando dinheiro das ações brasileiras para investir em outro lugar, o que gera uma pressão negativa sobre os preços.
Esse movimento, porém, deve ser temporário, e continuamos vendo o Brasil como bem-posicionado em relação aos outros países emergentes.
Olhando para o mês que se inicia, a dúvida quanto ao início da queda de juros nos EUA deve seguir impulsionando a saída de capital estrangeiro. Isso porque, nesse cenário, a relação risco/retorno de um título do tesouro americano (rendimentos altos com o menor risco do mundo) parece bem mais atrativa do que a de ações domésticas (que tem rendimentos mais incertos).
Enquanto isso, a temporada de resultados doméstica ganha força ao longo do mês, com nomes como Petrobras, Sabesp e Arezzo reportando seus números do quarto trimestre de 2023. Por enquanto, apenas 37% das empresas do Ibovespa que já publicaram seus balanços superaram as expectativas — uma dinâmica até agora também tem colocado a Bolsa brasileira em desvantagem em relação a outros mercados.
O que isso significa para investimentos em bolsa brasileira?
Continuamos vendo a bolsa brasileira de maneira construtiva no longo prazo. Principalmente porque:
i) A bolsa brasileira segue barata, com empresas gerando mais valor, mas sem que isso esteja refletido no preço de suas ações. Ou seja, ainda é possível encontrar empresas de qualidade e boa gestão a preços atrativos;
ii) O ciclo de cortes da Selic segue a todo vapor — o que, historicamente, tende a ser positivo para a Bolsa brasileira, especialmente para setores mais cíclicos, como Imobiliário, Varejo e Transportes.
Dito isso, entendemos que é melhor adotar um posicionamento mais defensivo, diante dos riscos globais e domésticos.
Bolsa Global
Chuvoso
Nem mesmo a perspectiva de “juros altos por mais tempo” conseguiu dissipar o “clima de carnaval” nas Bolsas americanas em fevereiro.
O mês passado foi marcado pela divulgação dos resultados das empresas listadas nas bolsas americanas. Até o momento, cerca de 95% das empresas do índice S&P500 divulgaram seus resultados, com surpresas positivas em 76% das divulgações.
O grande destaque da temporada ficou para a Nvidia, empresa do setor de tecnologia fabricante de componentes essenciais para a utilização de inteligência artificial. A companhia contagiou os mercados após apresentar melhorias no lucro por ação, margem e projeção, impulsionadas pelo aumento dos investimentos em IA em busca de maior eficiência.
Como resultado, não apenas sua cotação alcançou o maior valor de sua história, mas também impulsionou bolsas americanas e de outros países a atingirem suas máximas históricas.
É importante lembrar que vários fatores contribuem para esse otimismo nos mercados globais, incluindo a redução da probabilidade de recessão na economia americana, a iminência do ciclo de corte de juros no mundo desenvolvido e a tendência de queda da inflação.
E o que isso significa para investimentos em bolsa americana?
Apesar do otimismo atual de investidores, investir no mercado de ações americano continua apresentando riscos elevados, especialmente para quem não tem horizonte de longo prazo ou perfil para esse tipo de investimento.
Com as recentes altas e empresas negociando com indicadores de valor acima das médias históricas, entendemos que fatores como frustações com dados de inflação e o rumo das taxas de juros podem trazer volatilidade no mercado americano no curto prazo.
Assim, mantemos nossa recomendação de bastante cautela para investimentos em renda variável internacional. Sugerimos alocações leves, inclusive nos perfis mais agressivos, além de buscarmos outros mercados além dos EUA.
“Leva o casaco”: sugestões de ativos em cada classe
Agora que você já sabe nossa alocação recomendada (o peso de cada classe de ativos ideal para cada perfil investidor nesse momento) e nossa previsão do tempo, separamos algumas sugestões de investimentos recomendados em cada um desses tipos de ativos.
Vale lembrar que as recomendações sinalizadas na tabela não são as únicas possíveis, mas sim alternativas viáveis selecionadas pelos nossos especialistas para você.
Classe | Opção de investimento | Opção de investimento2 | Mínimo da opção mais acessível |
Renda fixa pós-fixada | Tesouro Selic 2029 | CRA Unidas Dez/2028 CDI+2,9%** | R$ 100,00 |
Inflação | Tesouro IPCA+ mai/2029 | CRA Atacadão jan/2029IPCA+7,5** | R$ 50,00 |
Renda Fixa Prefixada | Tesouro Prefixado 2026 | NTN-F jan/29 | R$ 100,00 |
Renda Fixa Global | Trend High Yield Americano FIM | Trend Crédito Global FIM | R$ 100,00 |
Multimercado | Selection Multimercado FIC FIM | Kinea Atlas II | R$ 100,00 |
Renda variável Brasil | Carteira Rico11 | Selection Ações FIC Ações | R$ 100,00 |
Renda variável internacional | Wellington Us BDR Advisory Dólar FIC Ações BDR Nível 1 | M Global BDR Advisory Dólar FIC FIA BDR Nível I | R$ 500,00 |
Renda variável internacional hedgeada | Trend Bolsas Globais | Trend Bolsas Emergentes | R$ 100,00 |
Alternativos | LVBI11 | PVBI11 *restrito | R$ 100,00 |
**Taxa equivalente considerando o benefício do Imposto de Renda para os ativos isentos.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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