Você compra guarda-chuva em dia de sol ou deixa para o momento de desespero? Investir bem é como se precaver de mudanças bruscas no tempo, sempre de olho na previsão antes de sair de casa ou fazer planos ao ar livre.
Nesse conteúdo, trazemos a “meteorologia” para as principais classes de investimento disponíveis no mercado e a nossa dose recomendada para todas elas de acordo com o cenário atual. Assim, evitamos que uma “frente fria” pegue o seu dinheiro desprevenido.
Para começar, a tabela abaixo traz nossa sugestão atualizada de alocação para cada classe de ativos como proporção do total de uma carteira de investimentos, de acordo com cada perfil de investidor. Ou seja, é nossa sugestão de como cada perfil de investidor deve diversificar seus investimentos – lembrando que a diversificação é a melhor amiga dos bons retornos no longo prazo.
Ao final, trazemos uma sugestão de produtos sugeridos para cada uma das classes abaixo, para que você possa investir agora mesmo da sua conta da Rico.
Lembre-se: conhecer seu perfil de investidor, seus objetivos e seu horizonte de investimento são atitudes essenciais na hora de escolher onde e como investir.
Entenda nossas políticas de investimento aqui. E baixe o PDF da carteira: Precavida, Cautelosa, Estrategista, Energética, Destemida.
Cenário
Nuvens esparsas
O longo mês de agosto foi marcado pela virada no tempo nos mercados ao redor do mundo.
Lá fora, as principais bolsas perderam fôlego com preocupações de que os juros altos se tornem uma realidade permanente nos Estados Unidos, pressionados por uma economia ainda resiliente e inflação persistente no curto prazo, e por maiores gastos fiscais na maior economia do mundo. Nesse cenário, as taxas dos títulos de 10 anos nos Estados Unidos (as famosas Treasuries) atingiram seu maior patamar em 16 anos – impactando o mercado no mundo todo, como falaremos abaixo.
Já no Brasil, apesar do tão esperado primeiro corte da taxa Selic, o investidor assistiu a uma histórica sequência de 14 dias de queda do Ibovespa. O movimento foi levado principalmente por preocupações globais – que incluíram, também, crescentes indícios de que a economia chinesa deve se recuperar muito mais lentamente do que o esperado.
No cenário doméstico, foram também destaque a aprovação final do novo arcabouço fiscal e discussões sobre o orçamento público para 2024 – movimentos que voltaram a pressionar a percepção de risco fiscal por aqui, porém de maneira mais amena do que o observado no início do ano.
Sabemos que momentos de “virada no tempo financeiro” como esses tornam ainda mais importante proteger sua carteira de um possível resfriado. Por isso, trazemos a seguir nossa “previsão do tempo” para cada classe de ativo.
Bolsa Brasileira
Sol entre nuvens
Na bolsa brasileira, o Sol continua entre nuvens. Diante de preocupações globais latentes, como falamos acima, o Brasil não foi exceção. Pelo contrário, uma vez que ativos considerados mais arriscados, como de países emergentes, tendem a sofrer mais em momentos de maior aversão ao risco entre investidores.
Nesse contexto, o Ibovespa fechou o mês em queda de cerca de 5%.
Mas não foram só fatores internacionais que impediram nosso céu de brigadeiro: a fraca temporada de resultados do 2º trimestre das empresas brasileiras também colaborou, trazendo poucas surpresas positivas para expectativas já baixas. O Lucro por Ação (métrica bastante seguida por analistas) do Ibovespa caiu 30% em relação ao ano passado, refletindo um cenário macroeconômico doméstico ainda desafiador.
Dito isso, ainda vemos o Sol por trás das nuvens e mantemos nossa visão positiva pra ações brasileiras, especialmente pelos motivos indicados abaixo:
1) Início do ciclo de cortes na taxa Selic: apesar do corte na taxa de juros no Brasil no começo do mês ter sido ofuscado pela alta das taxas globalmente, ainda vemos o ciclo de afrouxamento da política monetária por aqui como positivo para as ações;
2) Já tem gente entrando na festa, mas a fila ainda está longa: Em agosto, o fluxo doméstico para a bolsa ficou positivo pela primeira vez no ano — mas ainda há espaço para pessoas físicas, fundos de pensão, gestoras de fundos e outros investidores locais voltarem ao mercado;
3) Nossa bolsa segue “barata”: o indicador de preço em relação ao lucro por ação (o famoso P/L) do Ibovespa segue ao redor de 8X, comparado a uma média histórica de 11X.
Porém, diante do cenário ainda incerto no Brasil e no mundo, é importante ser seletivo nas oportunidades, evitando evitamos empresas que estejam negociando a preços muito altos, assim como empresas altamente endividadas.
Veja nossas recomendações para o mês em três estratégias diferentes aqui.
Renda Fixa Brasileira
Ensolarado
Como amplamente esperado, a maré dos juros começou a mudar de direção no Brasil em agosto.
No mês passado, o Banco Central iniciou o processo de redução da taxa Selic, frente aos dados de inflação mais controlados e a melhora da percepção do risco fiscal nos últimos meses, levando a taxa Selic ao patamar de 13,25% ao ano, e dando início ao ciclo de queda da taxa Selic.
Esperamos que a Selic encerre esse ano em 11,75% e caia para 10% no primeiro trimestre de 2024 – seguindo nesse patamar até ao menos o fim do ano.
Porém, a queda da Selic não fechou o tempo para a Renda Fixa.
Primeiro porque os juros devem continuar em patamares altos, acima dos níveis de inflação no curto prazo – garantindo retornos elevados para investimentos de prazos mais curtos (até três anos) e reserva de emergência.
Além disso, diante de um cenário onde a inflação segue um risco diante de incertezas fiscais domésticas e cenário global ainda desafiador, títulos de renda fixa atrelados à índices de preço seguem uma excelente proteção para seus investimentos – dando espaço para vencimentos mais longos, acima de 2030.
Já para os títulos prefixados, o tempo fica um pouco mais nublado – requerendo maior cautela. Isso porque parte do movimento de queda nas expectativas de juros no futuro (que valorizam esses títulos) já se concretizou, e movimentos similares ficam dependentes de mudanças mais estruturais no cenário político econômico (menos prováveis no curto prazo).
Vale lembrar que, para evitar prejuízos em títulos prefixados ou de inflação, o vencimento deve estar alinhado com o horizonte de investimento do objetivo do investidor. Desta forma, a pessoa que carregar o título até o seu vencimento, não precisará se preocupar com as variações de preço de curto prazo, provocadas pela marcação a mercado desses títulos.
Desta forma, seguimos com uma visão positiva para a renda fixa local, mas reforçamos a importância de uma carteira diversificada em diferentes indexadores para o melhor desempenho de seus investimentos.
Renda Fixa Global
Sol entre nuvens
Na renda fixa global, o tempo segue abrindo, com expectativas de que o ciclo de alta de juros esteja chegando ao fim nas principais economias do mundo.
Como falamos, preocupações com a economia ainda resiliente, inflação persistente (mesmo que em queda) e questões estruturais como maiores gastos públicos adicionaram mais pressão sobre os juros de longo prazo na maior economia do mundo – impactando diretamente nessa classe de ativos.
Na renda fixa global (em sua maior parte, com taxas prefixadas), esse movimento se traduz em rentabilidades atrativas a quem investir nessa janela de prêmios mais altos.
Assim, vemos essa classe como uma excelente alternativa para a exposição internacional de investidores de todos os perfis, oferecendo uma dinâmica de risco-retorno relativamente alta.
Além disso, vale lembrar que investimentos internacionais, se realizados em moeda estrangeira – como o dólar, que é considerado um “porto seguro” global – ajudam a proteger sua carteira em momentos de incerteza global e a dar exposição a temáticas e empresas inexistentes no mercado local.
Hedgeados X Não Hedgeados
Quando investimentos em renda fixa global são realizados via fundos, podem ser feitos na modalidade com ou sem hedge (proteção) da moeda. Isso significa que, caso você escolha investir em renda fixa internacional sem hedge, estará exposto tanto às oscilações dos preços dos ativos de renda fixa internacional quanto à oscilação do dólar em relação ao real.
Vale destacar que uma das alternativas mais simples e seguras para investir em renda fixa global é por meio de fundos de investimento, que oferecem diversificação para um mercado que também possui seus riscos.
Renda Variável Global
Chuvoso
Na renda variável global, o tempo segue chuvoso.
Apesar das bandeiras que sinalizam perigo de correnteza e leve piora recente, investidores seguem surfando a bolsa americana. O principal índice acionário americano acumula alta de cerca de 17% no ano, apesar da leve queda recente.
Como falamos, agosto trouxe a preocupação adicional da pressão sobre os juros de longo prazo – no caso, as taxas das chamadas Treasuries. Costumamos chamar as Treasuries de “mãe de todas as taxas”, dada sua importância para a valoração de muitos ativos de risco do mundo. Quando essas aumentam, elas impactam a todos: do mercado imobiliário, ao câmbio e ao mercado de ações.
Historicamente as taxas de juros para os títulos de longo prazo nos EUA costumam acompanhar inversamente o múltiplo de Preço sobre Lucro(P/L) dos ativos de risco americanos. Entretanto, quando olhamos para os últimos meses, notamos uma dissonância entre esses indicadores, que ajuda a evidenciar nossa preocupação com os atuais preços da bolsa americana.
Em outras palavras, investir no mercado de ações americano continua apresentando riscos elevados, principalmente por haver a previsão de uma forte revisão para baixo dos lucros das empresas a frente. Ou seja, muitas ações ainda estão caras.
Desta forma, mantemos nossa posição em renda variável internacional, com percentuais leves nos perfis mais agressivos de nossas alocações, buscando mercados além dos EUA.
Nossa preferência para o cenário atual é a alocação internacional nos ativos de renda fixa para a diversificação geográfica e cambial.
“Leva o casaco”: sugestões de ativos em cada classe
Agora que você já sabe nossa alocação recomendada (o peso de cada classe de ativos ideal para cada perfil investidor nesse momento) e nossa previsão do tempo, separamos algumas sugestões de investimentos recomendados em cada um desses tipos de ativos.
Vale lembrar que as recomendações sinalizadas na tabela não são as únicas possíveis, mas sim alternativas viáveis selecionadas pelos nossos especialistas para você.
Classe | Opção de investimento | Opção de investimento2 | Mínimo da opção mais acessível |
---|---|---|---|
Renda fixa pós-fixada | Tesouro Selic 2029 | CDB Banco C6; set/25; 118% do CDI | R$ 140,00 |
Inflação | Tesouro IPCA+ 2032 com juros semestrais | XP Debentures Incentivadas FIM | R$ 43,86 |
Renda Fixa Prefixada | Tesouro Prefixado (LTN) Jan/2026 10,13% | CBD Banco C6; 3 anos; 12,0% | R$ 31,56 |
Renda Fixa Global | Trend High Yield Americano FIM | Trend Crédito Global FIM | R$ 100,00 |
Multimercado | Selection Multimercado FIC FIM | XP Macro FIM | R$ 100,00 |
Renda variável Brasil | Carteira Rico11 | Selection Ações FIC Ações | R$ 100,00 |
Renda variável internacional | Wellington Us BDR Advisory Dólar FIC Ações BDR Nível 1 | M Global BDR Advisory Dólar FIC FIA BDR Nível I | R$ 500,00 |
Renda variável internacional hedgeada | Trend Bolsas Globais | Trend Bolsas Emergentes | R$ 100,00 |
Alternativos | Trend Ouro Dólar FIM | PVBI11 | R$ 100,00 |
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Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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