A inflação medida pelo IPCA, nosso principal indicador de preços ao consumidor, registrou alta de 0,84% em fevereiro. Apesar da variação positiva no mês, o resultado levou o índice para 5,60% no acumulado em doze meses, desacelerando levemente em relação ao observado em janeiro – quando estava em 5,77%.
O resultado indica que o movimento de enfraquecimento da inflação, visto especialmente na segunda metade do ano passado, começa a perder força.
Conforme contamos aqui na Riconnect, os principais fatores que explicam o arrefecimento recente da inflação incluem a normalização da economia global pós pandemia (com cadeias de produção no mundo voltando ao normal), o fim do forte impulso no preço de commodities, o enfraquecimento do impulso econômico da retomada da pandemia, e a elevação de juros no Brasil e no mundo – cujos efeitos se tornam gradualmente mais presentes.
Processo de desinflação perde força
O resultado de fevereiro veio praticamente em linha com o esperado pela maior parte dos analistas de mercado. As poucas surpresas diante do projetado vieram em itens mais voláteis (ou seja, cujo preço tende a variar com mais frequência e intensidade), como produtos de higiene pessoal.Perfumes, por exemplo, registraram alta de 7,5% apenas em fevereiro, na mesma linha de produtos para pele, que subiram 4,50% no mês.
Por outro lado, o resultado mostrou que o fantasma da inflação ainda não está fora do radar dos brasileiros – muito menos do Banco Central, que terá reunião do seu conselho de política monetária (o Copom) no dia 22 ainda nesse mês.
Essa realidade é percebida principalmente ao olharmos para a dinâmica do setor de serviços. No mês, a inflação observada no setor registrou alta de 1,41%, acumulando elevação de 7,84% em doze meses. A categoria de serviços de saúde, por exemplo, que inclui médicos, dentistas e psicólogos, teve alta de 1,05% no mês, levando o acumulado em doze meses para 10% (uma alta do patamar de 8,6% acumulado em janeiro).
A alta do índice de difusão em fevereiro também ilustra que o processo de desinflação perde força. Após registrar algumas quedas, o indicador – que mede quão “espalhada” está a alta de preços entre bens e serviços na economia – subiu para 65,3% em fevereiro, de 63,1% no mês anterior.
O que esperar? Riscos fiscais no radar
Para o dia a dia dos brasileiros, o processo de desinflação observado nos últimos meses ajudou a reduzir a sensação de perda do poder de compra. Porém, a persistência da alta de preços ainda forte em alguns itens atenua essa percepção. Olhando para frente, esperamos que o cenário siga relativamente estável ao longo do ano, ainda com a inflação acima da meta do Banco Central (de 3,25%).
Assim, projetamos que a inflação encerre 2023 em 5,5%.
Porém, apesar do cenário de curto prazo relativamente estável, as perspectivas mais longas trazem preocupação no cenário doméstico. Isso porque o aumento do risco fiscal no país impacta o controle da alta de preços pelo Banco Central, podendo colocar em xeque o cenário de alívio nos preços.
Afinal, quanto maior o gasto público, maior a demanda por bens e serviços, maior a tendência de desvalorização da moeda, maiores as expectativas de inflação no futuro, e maior a pressão sobre os preços na economia.
Te contamos tudo sobre o risco fiscal e seus investimentos aqui!
Deste modo, seguimos cautelosos com o cenário de inflação no Brasil para os próximos anos – o que não significa que vemos um cenário de inflação espiral.
Como se proteger da alta de preços?
Embora a inflação esteja perdendo força gradualmente no Brasil e no mundo, proteger os investimentos contra a alta de preços segue essencial.
Títulos indexados à inflação, como o Tesouro IPCA + 2026, debêntures de empresas sólidas e boas classificação de risco, e fundos de inflação (fundos de investimento que investem em ativos indexados à inflação) são ótimas alternativas. Falamos mais das melhores oportunidades de renda fixa aqui.
Outra classe de ativos que pode ajudar o investidor a se proteger da inflação são os fundos imobiliários. Por serem muitas vezes atrelados a índices de inflação, os FIIs podem ser excelentes aliados do investidor em um cenário cauteloso com a alta de preços.
Mas não só de proteção contra a inflação devem viver os investimentos nesse momento. Por isso, selecionamos abaixo algumas sugestões de diferentes ativos recomendados – sempre lembrando da importância da diversificação.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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