- A inflação atingiu 11,9% em junho, seguindo bem longe da meta do Banco Central para o ano.
- Apesar da aceleração no mês, os dados indicam um início bem gradual do enfraquecimento da alta de preços.
- Mas para o dia a dia do brasileiro, a sensação de perda do poder de compra persiste, e proteger seus investimentos se torna ainda mais essencial.
- Confira o que esperar e como investir com a inflação alta no texto na íntegra.
A inflação medida pelo IPCA, nosso principal indicador de preços ao consumidor, registrou alta de 0,67% em junho. O resultado levou o índice para 11,89% no acumulado em doze meses, acelerando um pouco em relação ao observado em maio (11,73%).
O indicador já acumula alta de 5,5% desde janeiro, estando acima da meta do Banco Central para o acumulado no ano todo – de 3,50%.
Preços começam a perder força
Apesar da aceleração no acumulado em doze meses, o resultado de junho veio abaixo das expectativas da maior parte dos analistas de mercado, sinalizando um início (mesmo que bastante gradual) da perda de força em alguns preços – especialmente em produtos industrializados.
A flexibilização de medidas de isolamento social na China (implementadas no âmbito da política de Covid zero do país), tem contribuído para a normalização gradual da oferta de bens e insumos básicos ao redor do mundo.
Como boa parte dos produtos consumidos no mundo passam em algum momento durante sua fabricação pela China, as paralizações na produção, comércio e transporte no país significaram uma redução da oferta de diversos produtos no mundo, jogando os preços para cima.
Para se ter uma ideia, a inflação ao consumidor nos Estados Unidos acumula 8,6% em doze meses até maio, o maior nível desde a década de 1980. Na Europa, o atual patamar de 8,1% é recorde desde a implementação do euro.
Por outro lado, o resultado mensal também mostrou que os preços de serviços seguem bastante pressionados. A alta de serviços como alimentação fora de casa foi destaque, impulsionados por efeitos da reabertura e inflação corrente elevada.
Para o dia a dia do brasileiro, a sensação de perda do poder de compra persiste, mas perde força aos poucos. O enfraquecimento do índice de difusão da inflação reflete esse movimento, caindo para 67% após atingir 78% em abril. Ou seja, apesar de a inflação seguir disseminada entre bens e serviços na economia (não se restringindo a poucos itens), há sinais de que deixamos o pico para trás.
O que esperar? Inflação perdendo força, mas devagar
Por um lado, a continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia e a os efeitos da recente política de Covid-zero na China e temores de novas rodadas de lockdowns devem seguir empurrando os preços ao consumidor para cima – uma vez que restringem e desequilibram a oferta de diversos produtos e insumos básicos.
Por outro lado, o esforço de Bancos Centrais ao redor do mundo em subir os juros e reduzir os estímulos implementados para combater os efeitos a pandemia devem começar a mostrar efeitos sobre a inflação.
No Brasil, esperamos que a taxa Selic atinja 13,75% ao ano em agosto. Já nos Estados Unidos, os juros básicos se aproximam do patamar no qual passará a desestimular a economia (o que chamamos de território contracionista).
De maneira simplificada, “menos dinheiro no mundo = menor pressão sobre os preços”.
Por que os juros sobem?
A elevação da nossa taxa básica de juros, a Selic, por parte do Banco Central tem como objetivo controlar a subida dos preços, sendo a base para todas as taxas de juros na economia.
Juros altos encarecem o crédito, ajudam a valorizar a nossa moeda (com maiores juros aqui, atraímos mais de capital estrangeiro), e impactam as expectativas sobre onde estarão os preços no futuro.
Além disso, juros altos também contribuem para a atração de capital estrangeiro ao país. Com mais moeda estrangeira entrando, nossa moeda valoriza – ajudando, assim, na alta de preços internamente.
Te contamos tudo isso em mais detalhes aqui.
Ao mesmo tempo, a expectativa cada vez maior de que a economia global perca força nos próximos meses (justamente na esteira da inflação alta e dos juros subindo) já tem impactado o preço de commodities – reduzindo pressões sobre os preços. Afinal, uma economia que cresce menos, consome menos, e consequente, demanda menos insumos básicos para produção.
Finalmente, vale destacar que a redução de impostos aprovada até o fim do ano deve trazer fôlego aos preços de energia elétrica, gasolina, gás de cozinha, telecomunicações e transporte.
Assim, projetamos que a inflação encerre esse ano em 7,00% – uma queda do patamar atual, mas ainda muito acima da meta do Banco Central (de 3,50%).
Vale lembrar que, mesmo que essa queda da inflação ocorra, isso não significa que os preços vão cair. E sim, que eles passarão a subir mais lentamente (inflação caindo é diferente de deflação!).
Como se proteger da alta de preços?
Nesse cenário de inflação alta, proteger os investimentos torna-se mais essencial do que nunca. Títulos indexados à inflação, como o Tesouro IPCA + 2026, debêntures de empresas sólidas e boas classificação de risco, e fundos de inflação (fundos de investimento que investem em ativos indexados à inflação) são ótimas alternativas. Falamos mais das melhores oportunidades de renda fixa aqui.
Os ativos reais também ficam especialmente interessantes nesse momento. Esses ativos costumam ter seus preços reajustados pela inflação global, representando uma posição estratégica contra a alta de preços e diante dos desafios nas cadeias de produção globais. São exemplos de ativos reais as commodities minerais e agrícolas, e metais preciosos. Uma alternativa simples para acessar esses investimentos é por meio do eTrend Ativos reais.
Confira todas as nossas recomendações de investimento de acordo com o perfil de investidor no “Onde Investir em julho”.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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