A inflação medida pelo IPCA, nosso principal indicador de preços ao consumidor, registrou alta de 0,41% em novembro. Apesar da variação positiva no mês, o resultado levou o índice para 5,9% no acumulado em doze meses, desacelerando em relação ao observado em outubro – quando estava em 6,47%. Desde janeiro, o IPCA acumula alta de 5,13%.
Inflação vai perdendo força
O resultado de novembro veio abaixo do esperado pela maior parte de analistas de mercado, reforçando a tendência de desinflação iniciada nos últimos meses.
Os preços de produtos industrializados, por exemplo, subiram a um ritmo de 0,09% no mês, comparado com 0,77% em outubro. Vale destacar que descontos aplicados por conta da Black Friday foram responsáveis por parte dessa desaceleração, como em produtos de higiene pessoal (que caíram 0,98% no mês), televisões e videogames – com queda de 2% e 2,1%, respectivamente.
Dito isso, a normalização da comercialização e transporte de bens e serviços ao redor do mundo – as chamadas cadeias globais de valor – tem estado por trás de boa parte da desinflação observada nos preços globalmente.
Os preços de frete marítimo, por exemplo, que haviam subido substancialmente desde o início da pandemia, já se encontram hoje no nível médio observado historicamente. O setor de serviços também tem contribuído para a desinflação, embora mais gradualmente. No mês, a categoria registrou alta de 0,13%, caindo dos 0,67% vistos em outubro. Ou seja, os preços ainda sobem, mas mais devagar do que o esperado.
O movimento é boa notícia, dado que o setor de serviços segue bastante resiliente (diante da normalização do consumo pós pandemia), o que dá mais espaço para a alta de preços.
Traduzindo para a “vida real”, isso quer dizer que a alta de preços em serviços como cabelereiros, cinemas e até festas começam a perder força, trazendo certo fôlego para o orçamento das famílias. Para ilustrar, o preço de “casas noturnas” registrou queda de 1,26% no período. Mesmo assim, alguns destaques no resultado mensal indicam que a inflação segue um dos principais desafios do dia a dia dos brasileiros. Combustíveis, por exemplo, subiram novamente no mês de novembro, puxados pela alta do etanol (que é misturado também na gasolina vendida nos postos, afetando ambos). O movimento foi causado por uma série de fatores, como a safra de cana e até custos de produção.
O que esperar? Riscos fiscais no radar
Com o enfraquecimento da inflação, a sensação de perda do poder de compra perde força, apesar de ainda persistir.
A forte queda do índice de difusão no mês (de 68% para 59%) reflete esse movimento, indicando que a disseminação da alta de preços entre diferentes bens e serviços na economia está enfraquecendo. É o nível mais baixo registrado desde 2020.
Olhando para frente, a desaceleração do ritmo de alta de preços deve continuar, mas com menor intensidade.
No cenário global, Bancos Centrais no mundo seguem no processo de alta de juros. Com o dinheiro “ficando mais caro no mundo”, as pressões inflacionárias começam a perder força, nos ajudando no controle de preços aqui no Brasil também.
Assim, projetamos que a inflação encerre esse ano em 5,80%.
Porém, apesar do cenário de curto prazo favorável, as perspectivas mais longas trazem preocupação no cenário doméstico. Isso porque o aumento do risco fiscal no país impacta o controle da alta de preços pelo Banco Central, podendo colocar em xeque o cenário de alívio nos preços.
Afinal, quanto maior o gasto público, maior a demanda por bens e serviços, maior a tendência de desvalorização da moeda, maiores as expectativas de inflação no futuro, e maior a pressão sobre os preços na economia.
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Deste modo, seguimos cautelosos com o cenário de inflação no Brasil para os próximos anos – o que não significa que vemos um cenário de inflação espiral nos próximos anos, projetando alta de 5,4% no IPCA para 2023.
Como se proteger da alta de preços?
Embora a inflação esteja perdendo força gradualmente no Brasil e no mundo, proteger os investimentos contra a alta de preços segue essencial.
Títulos indexados à inflação, como o Tesouro IPCA + 2026, debêntures de empresas sólidas e boas classificação de risco, e fundos de inflação (fundos de investimento que investem em ativos indexados à inflação) são ótimas alternativas. Falamos mais das melhores oportunidades de renda fixa aqui.
A classe de ativos reais se tende a se beneficiar de um cenário como o atual. São ativos que tem um valor intrínseco (ou seja, não podem ser emitidos por Bancos Centrais, por exemplo), e costumam ter baixa correlação com ciclos econômicos, altas de juros e inflação.
Exemplos de ativos reais são commodities minerais, agrícolas e energéticas. Uma alternativa simples para acessar esses investimentos é o fundo Trend Commodities, disponível na Rico com aplicação mínima de R$100,00.
Mas não só de proteção contra a inflação devem viver os investimentos nesse momento. Por isso, selecionamos abaixo algumas sugestões de diferentes ativos recomendados – sempre lembrando da importância da diversificação.
Classe | Opção de investimento | Aplicação mínima |
Renda fixa pós-fixada | Trend Pós-Fixado FIC FIRF | R$100,00 |
Inflação | Tesouro IPCA 2026 | R$31,27 |
Renda Fixa Prefixada | Tesouro Prefixado 2025 | R$31,56 |
Renda Fixa Global | Trend Crédito Global FIM | R$100,00 |
Multimercado | Selection Multimercado FIC FIM | R$100,00 |
Renda variável Brasil | Carteira Rico11 | N/A |
Renda variável Internacional | Trend Bolsa Americana Dólar FIA | R$100,00 |
Renda variável internacional com hedge | Trend Bolsa Americana FIA | R$100,00 |
Alternativos | Trend Commodities FIM | R$100,00 |
Vale lembrar que as recomendações sinalizadas na tabela abaixo não são as únicas possíveis, mas sim alternativas viáveis selecionadas pelos nossos especialistas para você.
Confira o detalhe dessas recomendações de investimento de acordo com o seu perfil de investidor no “Onde Investir”.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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