05/06/2020 11:00:00 • Atualizado em 27/11/2025 13:10:19
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Alta do dólar: entenda os impactos na economia e nos investimentos!

A alta do dólar é um movimento que pode ter várias causas e consequências, mas você sabe se ela pode trazer oportunidades e riscos? Neste artigo, abordamos diferentes perspectivas para entender os impactos da valorização da moeda frente ao real. Confira!


Time Rico
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imagem com notas de cem dólares empilhadas

Em 2024, a alta do dólar foi uma pauta de preocupações para os economistas, investidores e consumidores brasileiros.

Com o valor da moeda americana atingindo níveis históricos e movimentando os mercados financeiros, é fundamental compreender suas causas e consequências na economia brasileira.

Esse movimento não é tão simples de se explicar. Por isso, neste artigo, procuramos contextualizar a alta do dólar por múltiplas perspectivas, buscando mostrar os principais fatores que impulsionam sua valorização, seus efeitos sobre a inflação, custo de vida, empresas e investimentos.

Continue lendo e descubra o que acontece quando o dólar aumenta e seus principais fatores!

Alta do dólar: entenda como funciona a cotação do dólar

Se você acompanha o mercado financeiro, já deve estar familiarizado com a ideia de que a lei da oferta e demanda é a base para a variação do preço das ações.

A variação do dólar funciona de forma bastante semelhante, ou seja, quando a demanda por dólar no Brasil aumenta, sua cotação pode ter uma tendência de valorização. Em contrapartida, quando a oferta é maior que a demanda, a cotação tende a cair.

Diversos fatores podem impulsionar essas oscilações, como investimentos estrangeiros — que podem contribuir com a valorização do real frente ao dólar — e a movimentação na taxa Selic, que pode influenciar o fluxo de entrada de capital exterior para dentro do país.

Além disso, o Banco Central também desempenha um papel importante na estabilidade cambial. Por meio de atuações no mercado de câmbio, por exemplo, realizando a compra ou venda de dólares, ele busca controlar excessos de volatilidade e dispersão da cotação e garantir condições favoráveis para a economia.

Qual a diferença entre taxa de câmbio real e nominal?

Ao analisar a cotação do dólar, é importante ressaltar a distinção entre a taxa de câmbio nominal e a real. A taxa de câmbio nominal reflete a cotação da moeda em um determinado momento do tempo, como exemplo: entre o valor do real e do dólar, como “X reais compram Y dólares”.

Já a taxa de câmbio real é o indicador que leva em consideração a inflação de cada um dos países – ou seja, do Brasil e dos Estados Unidos, no exemplo acima.

Isso ajuda a compreender melhor o valor relativo entre duas moedas ao longo do tempo. A diferença prática entre as duas, portanto, é que a taxa de câmbio real tem maior relação com a realidade da economia, pois auxilia na compreensão sobre o poder de compra entre duas moedas.

Qual foi a maior alta do dólar no Brasil?

Desde a implementação do Real, o dólar tem apresentado variações marcantes. Confira os principais momentos de alta e volatilidade da moeda americana frente ao real ao longo dos anos:

  • 1994: Em sua primeira cotação, dia 1° de julho, ela iniciou com exata equivalência ao dólar, ou seja, R$1 = U$ 1. No dia 4 de julho, o real estava R$ 0,94 por US$ 1; já em outubro de 1994, o dólar chegou na sua menor cotação da história, com U$ 1 valendo R$ 0,82, sob o controle do câmbio pelo governo brasileiro.
  • 1998/1999: o mercado ficou estabilizado até início de 1999, quando o governo parou de controlar o câmbio, adotando o regime de câmbio flutuante. A partir daí, o real começou a se desvalorizar; em poucos meses o real desvalorizou 80% frente ao dólar.
  • 2002: em meio às incertezas do período de eleições presidenciais, o dólar chegou a ser cotado por R$ 3,99, ocorrendo uma forte desvalorização do real.
  • 2003: A cotação do dólar atingiu R$ 5,50 por determinado momento, em 2003, registrando níveis inéditos e se tornando a maior alta da história do país.
  • 2008: após certo período de estabilidade, a crise financeira global instaurada fez com que o dólar saltasse para R$ 2,50.
  • 2015: refletindo a instabilidade política e econômica do período, o dólar atingiu R$ 4,18.
  • 2020: ano do início da pandemia do Covid-19, a busca por dólar e forte aversão global ao risco fez o dólar chegar ao pico de R$ 5,90, novo recorde histórico até aqui.
  • 2024: o dólar atingiu um novo recorde de R$ 6,26, sendo o maior valor alcançado pelo dólar frente ao real, em meio aos receios fiscais em relação ao pacote de cortes fiscais do governo federal.

Quais são as possíveis causas da alta do dólar?

Não existe apenas um único motivo da alta do dólar, mas sim, um conjunto de fatores que influenciam o mercado cambial. Entre eles, destacam-se:

Desenvolvimento e crescimento econômico

Quando a economia brasileira cresce em um ritmo inferior ao observado nos Estados Unidos ou em outros países emergentes, o país se torna menos atrativo para investidores internacionais.

Essa menor atratividade reduz o fluxo de capital estrangeiro, diminuindo a entrada de dólares no mercado doméstico.

Com menos dólares disponíveis, a demanda pela moeda americana tende a superar a oferta, pressionando sua cotação para cima. Como consequência, o real se desvaloriza frente ao dólar.

Falta de investimento estrangeiro

Para que os investidores estrangeiros apliquem recursos no Brasil, eles precisam avaliar como positivo o potencial de retorno em relação ao risco. Além disso, precisam avaliar se ainda é mais vantajoso do que investimentos nos EUA ou em outros países emergentes.

Quando percebem o país como pouco atrativo — seja por instabilidade política, crise fiscal ou baixa perspectiva de crescimento — tendem a retirar seus investimentos ou optarem por investir em outros países, o que diminui a oferta de dólares, elevando seu valor frente ao real.

Taxa de juros

A decisão do Banco Central em relação à taxa básica de juros (Selic) influencia diretamente o câmbio.

Juros baixos tornam os ativos brasileiros de menor risco menos atrativos, já que oferecem menor remuneração, enquanto juros altos atraem investidores internacionais, aumentando a busca por reais e a entrada de dólar, o que pode levar a uma valorização do real frente ao dólar.

Balança econômica

Quando o Brasil apresenta déficit na balança comercial — ou seja, importa mais do que exporta — a demanda por dólares aumenta, pois é necessário pagar pelas importações.

Esse movimento tende a pressionar a cotação da moeda americana para cima. Além disso, déficits em contas correntes ampliam a dependência de financiamento externo, reforçando essa pressão sobre o câmbio.

Essa dinâmica está diretamente ligada ao Balanço de Pagamentos, que registra todas as transações do país com o resto do mundo.

Parte relevante do fluxo de capital estrangeiro decorre das exportações: quanto maior o volume ou o preço dos produtos vendidos ao exterior, maior tende a ser a entrada de dólares, favorecendo a valorização do real.

Fatores que influenciaram a alta do dólar recentemente

A variação cambial da moeda norte-americana está atrelada a diversos fatores relacionados globalmente.

Com um baixo índice de desemprego e crescimento consolidado da economia, os Estados Unidos viveu períodos de pressão inflacionária nos últimos anos. O Fed, o banco central norte-americano, atuou por meio da política monetária, mantendo os juros em patamares historicamente elevados para conter a inflação do país.

Diante disso, foi mantida uma política de juros elevados, com a taxa básica na faixa entre 4,25% e 4,5% desde dezembro de 2024, a fim de conter a inflação persistente.

Com esse cenário de juros altos nos EUA, a maior economia do mundo até então, há a tendência pela preferência dos investidores em migrar o seu capital de países emergentes, como o Brasil, para títulos americanos, movimento que influencia o fortalecimento do dólar frente às outras moedas do mundo.

Outro motivo que pode influenciar na alta do dólar hoje são os fatores internos que impactam a volatilidade do mercado cambial.

Instabilidade econômica e mudanças na política fiscal podem elevar a percepção de risco, contribuindo para os investidores a buscarem maior segurança em outros mercados.

O que acontece quando o dólar se valoriza frente ao real?

O dólar é considerado a principal moeda de referência global, sendo utilizado como padrão para transações internacionais e como reserva por diversos países. Quando a moeda norte-americana se valoriza em relação ao real, os impactos são amplos e perceptíveis na economia brasileira.

Um dos efeitos mais relevantes é sobre a inflação. Com o dólar mais caro, produtos importados, como eletrônicos, veículos, roupas e alimentos processados, ficam mais caros para o consumidor.

Além disso, muitos insumos e matérias-primas utilizados pela indústria nacional têm preços atrelados ao dólar, mesmo quando parte da produção ocorre no Brasil.

Isso eleva os custos de produção e, consequentemente, os preços finais. Outro reflexo é que produtores nacionais tendem a direcionar mais da sua produção para exportação, aproveitando a maior rentabilidade externa, o que pode reduzir a oferta interna e pressionar ainda mais os preços.

Afinal, dólar alto é bom ou ruim?

Há uma ideia generalizada de que a alta do dólar é ruim para a economia brasileira. Quando o real se desvaloriza, o pensamento mais comum é aquele sob a ótica do turista: fica mais caro para quem está planejando uma viagem ao exterior.

Outro efeito visível para o brasileiro é a mudança no custo de vida do consumidor, pois muitos produtos e serviços consumidos rotineiramente, mesmo que não sejam importados, pode ter algum processo produtivo impactado pela alta do dólar.

Dessa forma, as empresas que tiveram aumento no preço de custos, por exemplo, tendem a repassar essa diferença para os clientes, contribuindo para a inflação dos preços.

Analisando sob outra ótica, a dos investimentos, independentemente das oscilações do mercado, sempre há boas oportunidades para oportunidades de aplicação.

Para quem deseja aproveitar a alta do dólar, é essencial se informar sobre as melhores alternativas para esta estratégia. Dentre uma variedade de opções, existem os fundos cambiais, as empresas que são negociadas no mercado americano e os títulos soberanos.

Quem ganha com a alta do dólar?

Embora a valorização do dólar encareça produtos importados e pressione o consumidor, ela pode representar uma oportunidade para alguns setores da economia brasileira.

Indústrias nacionais que competem com marcas estrangeiras passam a ter um diferencial de preço, tornando seus produtos mais competitivos no mercado interno. Esse cenário pode favorecer empresas que antes perdiam espaço para importados.

Além disso, exportadores são os principais beneficiados. Como suas receitas são em dólar, a alta da moeda americana aumenta o faturamento em reais, melhorando margens e competitividade.

Empresas com custos majoritariamente em moeda local conseguem aproveitar esse ganho para expandir operações ou conquistar novos mercados externos.

Porém, vale reforçar que os efeitos positivos não são imediatos. A substituição de fornecedores e a adaptação das cadeias globais de suprimentos levam tempo, exigindo planejamento e paciência por parte das empresas.

Onde investir com a alta do dólar?

Em cenários de valorização do dólar, algumas estratégias podem se destacar para quem busca proteger ou potencializar seus investimentos. Confira as principais opções:

1. Ações de empresas exportadoras ou com receita em dólar

Empresas que atuam no mercado externo ou possuem parte relevante da receita atrelada ao dólar tendem a se beneficiar da alta da moeda americana. Isso porque seus ganhos em dólar, quando convertidos para reais, aumentam, melhorando margens e resultados.

Exemplos incluem Suzano (SUZB3), forte no setor de papel e celulose, e WEG (WEGE3), com presença global no segmento industrial.

2. Mercado Futuro

Para quem busca aproveitar oscilações cambiais de forma direta, os contratos futuros de dólar negociados na B3 são uma alternativa.

Esses contratos permitem especular ou proteger-se contra variações da moeda, garantindo um preço pré-definido para compra ou venda no vencimento.

Além de potencial de lucro, essa estratégia é usada como hedge, ou seja, serve para proteger o capital contra volatilidade cambial.

3. Fundos multimercados

Fundos multimercados oferecem diversificação, combinando ativos como renda fixa, ações, derivativos e moedas.

Essa flexibilidade permite ao gestor ajustar estratégias conforme o cenário econômico, tornando-os atrativos em períodos de alta volatilidade.

Existem opções mais conservadoras e outras mais agressivas, por isso é essencial avaliar seu perfil de risco e verificar detalhes como liquidez e prazo de resgate antes de investir.

Dólar alto: é bom ou ruim investir nessa moeda?

Se a intenção é comprar dólar para turismo, períodos de alta não são favoráveis, pois o custo da moeda será elevado.

No entanto, quando o objetivo é investimento de longo prazo, existem alternativas mais interessantes do que simplesmente adquirir a moeda física.

Opções como fundos cambiais ou ativos de renda fixa atrelados ao dólar podem oferecer maior segurança e potencial de retorno, além de funcionarem como proteção contra oscilações cambiais.

Para quem já investe em dólar, este é o momento de vender?

Se você comprou dólares antes da última alta expressiva, pode considerar vender para realizar os ganhos obtidos, caso esse seja um objetivo seu.

No entanto, é importante avaliar o cenário com cautela: existe a possibilidade de a moeda continuar se valorizando, já que o câmbio é influenciado por diferentes fatores, tanto internos quanto externos.

Por isso, é uma estratégia válida aguardar pelos próximos desdobramentos econômicos e políticos, tanto no Brasil quanto no exterior.

Quer saber mais sobre quando é uma boa hora para comprar dólar? Assista o nosso vídeo abaixo e entenda todos os detalhes:

Qual a previsão do dólar para os próximos meses?

Ter a previsibilidade do câmbio é sempre uma tarefa difícil, até mesmo para os economistas, dado o grande número de fatores que influenciam a cotação da moeda.

A nossa projeção para a taxa de câmbio é de 5,30 para o final de 2025 e 5,50 para o final de 2026.

Essas projeções, no entanto, dependem de variáveis importantes, como a estabilização da economia global e a implementação de reformas internas que aumentem a confiança dos investidores no Brasil.

Conclusão

Compreender as razões por trás da valorização do dólar e seus efeitos na economia brasileira é essencial para tomar decisões financeiras mais conscientes.

Seja para proteger patrimônio, planejar investimentos ou simplesmente acompanhar o cenário econômico, informação é a melhor estratégia para navegar em momentos de volatilidade.

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