• A inflação seguiu em alta em fevereiro, atingindo 10,54% no acumulado em doze meses.
  • Para a surpresa de muitos, a gasolina registrou deflação (!!), mas não se engane, porque a alta puxada pela guerra na Ucrânia será sentida em março.
  • O que fazer com seus investimentos nesse cenário de preços em alta?
  • Confira aqui o que esperar e como proteger seu patrimônio!

A inflação medida pelo IPCA, nosso principal indicador de preços ao consumidor, registrou alta de 1,01% em janeiro. Esse foi o maior resultado para o mês desde 2015, e levou o índice para 10,54% no acumulado em doze meses.

Gasolina cai, mas alta virá em março

O resultado veio acima das expectativas da maior parte dos analistas de mercado, mas as surpresas ficaram mais concentradas em itens que já apresentam maior volatilidade normalmente, como itens de higiene. Assim, não significam necessariamente uma tendência de alta adiante.

Por outro lado, aqueles itens que apresentaram aceleração de preços abaixo do esperado não trazem alívio. Para ilustrar, um desses itens foi a gasolina, que registrou deflação no mês – justamente o item que já acumula alta de 33% em doze meses, e que deve subir quase 3% no dado de inflação de março, após o reajuste anunciado pela Petrobrás. O mesmo movimento foi observado em automóveis, que embora tenham registrado um aumento menor do que o esperado, devem continuar em alta no ano devido ao aumento de custos.

De maneira geral, a alta de preços segue em ritmo forte, em uma tendência que observamos ao redor do mundo – impulsionada ainda mais pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que amplia os desequilíbrios nas cadeias de produção e pressionam os preços de commodities como petróleo, trigo e alumínio. Para se ter uma ideia, a inflação ao consumidor nos Estados Unidos atingiu 7,9% em doze meses em fevereiro, o maior nível desde a década de 1980.

Para o dia a dia do brasileiro, o resultado reforça a sensação dos últimos meses. Em geral, os preços seguem subindo de maneira acelerada, corroendo o poder de compra das famílias e aumentando a incerteza na economia como um todo – de consumidores, à investidores e empresários.

O que esperar?

Do lado da economia global, o principal risco de normalização dos preços tornou-se a guerra na Ucrânia, que segue pressionando preços de alimentos e insumos industriais no mundo – como te contamos aqui em mais detalhes.

Por outro lado, Bancos Centrais ao redor do mundo já se mostraram prontos para responder ao desafio da inflação alta, subindo os juros e reduzindo estímulos implementados para combater os efeitos a pandemia. Nos Estados Unidos, os juros devem começar a subir ainda esse mês, enquanto o Banco Central Europeu já sinalizou altas de juros ainda esse ano na região.

De maneira simplificada, “menos dinheiro no mundo, menor pressão sobre os preços”.

Aqui no Brasil, a volta das chuvas deve levar a uma forte queda nos preços de energia elétrica (a boa e velha conta de luz), enquanto perspectivas positivas para algumas safras esperadas para o ano devem ajudar a desacelerar os preços.

Mas a alta de juros deve ser um dos principais atores para conter a aceleração dos preços. Diante da renovada alta de preços de commodities por conta da crise geopolítica, esperamos que a Selic atinja 12,75% ao ano em junho, e siga nesse patamar até o ano que vem.

Por que os juros sobem?

A elevação da nossa taxa básica de juros, a Selic, por parte do Banco Central tem como objetivo controlar a subida dos preços, sendo a base para todas as taxas de juros na economia.

Juros altos encarecem o crédito, ajudam a valorizar a nossa moeda (com maiores juros aqui, atraímos mais de capital estrangeiro), e impactam as expectativas sobre onde estarão os preços no futuro.

Além disso, juros altos também contribuem para a atração de capital estrangeiro ao país. Com mais moeda estrangeira entrando, nossa moeda valoriza – ajudando, assim, na alta de preços internamente.

Te contamos tudo isso em mais detalhes aqui.

Com isso, devemos ver nosso principal índice de inflação (o IPCA) cair para 6,2% (em doze meses) até o final deste ano.

Mas lembre-se! Não espere sentado a queda dos preços, porque com algumas exceções (como energia elétrica), os preços apenas passarão a subir mais lentamente, e não efetivamente cair.

Como proteger seus investimentos da alta de preços?

Nesse cenário de inflação alta, proteger os investimentos torna-se mais essencial do que nunca. Títulos indexados à inflação, como Tesouro IPCA + 2026, debêntures de empresas sólidas com vencimento médio, e fundos de inflação (fundos de investimento que investem em ativos indexados à inflação) são ótimas alternativas. Falamos mais das melhores oportunidades de renda fixa aqui.

Os ativos reais também ficam especialmente interessantes nesse momento.  Esses ativos costumam ter baixa correlação com ciclos econômicos e inflação, como commodities minerais e agrícolas, metais preciosos e criptoativos. Uma alternativa simples para acessar esses investimentos é por meio do eTrend Ativos reais.

Finalmente, também vale destacar alternativas da bolsa. Aqui, selecionamos ações de empresas vistas como de alta qualidade, com margem superior aos seus pares, endividamento baixo, crescimento de lucro e a preços atrativos.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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