- Fevereiro foi um mês de grande volatilidade nos mercados e não foi diferente para o Tesouro Direto.
- Isso mesmo, Tesouro Direto também oscila!
- Março já chegou chegando: novos acontecimentos trouxeram mais volatilidade e devemos ficar de olho no Copom na próxima semana.
*Por Camilla Dolle, Analista de Renda Fixa da XP Investimentos
Olá queridos(as) 13 leitores(as)! Que prazer estar aqui escrevendo para vocês! Me apresentando, sou Camilla Dolle, Analista de Renda Fixa da XP Investimentos e venho por meio deste Rico Matinal falar sobre um dos meus assuntos preferidos: Tesouro Direto.
Este que traz tantas opções diferentes de prazos e remunerações para os investidores, muitas vezes iniciantes, pode ser um porto seguro, mas também ser palco para grandes emoções.
Fevereiro, como já muito falado por aqui e por aí, foi um mês de bastante volatilidade nos mercados. Tivemos como pano de fundo a piora da pandemia no Brasil, a intensificação do risco fiscal, a intervenção do governo no comando da Petrobras e por aí vai. Todas essas movimentações trazem oscilações no mercado, dia após dia.
Pensando em uma carteira diversificada de renda fixa, não tem como deixar de lado o Tesouro Direto. E isso de forma alguma significa abrir mão de rentabilidade e, por que não, de alguma emoção.
Em fevereiro e até agora no começo de março, temos visto os preços e taxas dos títulos oscilando. Usando como exemplo o Tesouro Prefixado 2024, vemos isso claramente, mas isso aconteceu em outros títulos também.
Por que isso acontece?
Existe um mecanismo no mercado de renda fixa que faz com que, diariamente, os preços dos títulos respondam ao que está acontecendo no mercado. Chama-se “marcação a mercado” e pode trabalhar a nosso favor ou não.
Resumidamente: quando o mercado acredita que os riscos para o país estão mais inflados, ele pede mais prêmio (ou seja, taxas mais elevadas) para investir nos títulos do governo. O resultado disso é que os títulos, neste momento, se desvalorizam. Quê?
Todo título tem um “valor final”, que será devolvido ao investidor ao fim do prazo de investimento. Para simplificar a explicação, vamos pensar no Tesouro Prefixado 2024, cujo valor final é R$ 1.000,00. Na data de ontem, dia 11, compraríamos este título a R$ 788,98 com remuneração de 7,48% ao ano. Ou seja, até o dia 01/07/2024, o título renderá esta taxa em cima do valor de compra, de forma composta, para chegar ao fim do prazo valendo os R$ 1.000,00.
Pense comigo: se a taxa de mercado (no exemplo, os 7,48%) subir, para no mesmo prazo chegarmos ao mesmo valor final, algo precisa reduzir, certo? E o que reduz é o preço praticado no mercado naquele momento, e assim o título desvaloriza! É pura (e simples) matemática.
Mas você não precisa fazer esses cálculos todos; basta saber que a relação entre taxa e preço do título é inversa: quando a taxa sobe, o preço cai e vice-versa. E diariamente, é só entrar no site do Tesouro Direto para saber quanto está valendo o seu título, caso queira resgatar antes do vencimento.
Nunca se esqueça que, caso em algum dia o seu título desvalorize (como vimos durante essa volatilidade dos últimos tempos), não há motivos para pânico. Aquela taxa que você contratou quando comprou seu título será paga – desde que você o mantenha até o vencimento!
Mas vale falar que, em momentos de desvalorização, surgem oportunidades. Isso porque o título vai pagar taxas mais altas ao longo do tempo em que você permanecer com ele, sendo que o preço pago foi mais baixo. Quando falamos de títulos do Tesouro Direto, isso é interessante porque o risco do emissor é o mais baixo do mercado. Mas se quiser reduzir riscos, prefira títulos de prazos mais curtos!
Bom, isso foi o que aconteceu até agora, mas o que esperar daqui para frente? É difícil afirmar com certeza, até porque podemos falar qualquer coisa, menos que nosso país é tedioso. Sempre é possível que ocorram movimentos que não estavam no radar e que podem mudar os rumos da economia e da política – e isso afeta diretamente a renda fixa!
Dito isso, o que podemos fazer é nos basear naquilo que conhecemos: semana que vem teremos a segunda reunião do Copom do ano. A expectativa é de que o nosso Banco Central decida elevar a Selic, taxa básica de juros, de 2,0% para 2,5% ao ano. No entanto, mais do que acompanhar a decisão, temos que saber como vai ser o comunicado logo em seguida.
Se a sinalização for de que será necessário elevar as taxas de juros mais rapidamente, por exemplo, as expectativas de juros para o futuro podem se elevar. Isso significa taxas dos títulos do governo mais elevadas e, como mostramos, títulos desvalorizados. Por outro lado, conforme discussões importantes sejam concluídas, a população seja mais rapidamente vacinada e riscos forem ficando para trás, essas expectativas de juros podem se reduzir, levando os títulos a… valorizarem!
Infelizmente, não temos spoilers do que irá acontecer nessa história. Por isso, precisamos acompanhar de perto essa trama para entender o que vai acontecer daqui para a frente – e o que fazer com isso.
Caso tenha dúvidas sobre como incluir o Tesouro Direto nos seus investimentos, não deixe de conferir nossas recomendações para perfis conservadores, moderados e agressivos.
Elaborado por:
Betina Roxo, CNPI 1493
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