O Comitê de Política Monetária do Banco Central (o Copom) elevou mais uma vez a nossa taxa básica de juros (a taxa Selic) para 9,25% ao ano. Esta foi a última decisão do ano para os juros. Na última reunião, em outubro, a taxa havia sido elevada para 7,75% ao ano.

A taxa está em processo de elevação desde março deste ano, quando subiu de 2,00% para 2,75% ao ano, após o auge da pandemia da Covid-19 – período no qual o Banco Central julgou necessária a queda dos juros para estimular a economia, minimizando os impactos da pandemia sobre a atividade econômica do país.

O que esperar daqui pra frente?

Após cada reunião, o Copom divulga um comunicado detalhando sua decisão, e sinalizando ao mercado os próximos passos que devem ser tomados pelo Banco Central em relação à taxa Selic.

Com base no comunicado de hoje, esperamos que o Banco Central siga elevando a taxa básica de juros nas próximas reuniões do início do ano que vem, especialmente por conta do tom majoritariamente mais duro contra a inflação usado na comunicação.

Exemplo disso é o destaque dado pelo Comitê no documento da preocupação não somente com o nível dos preços atual (bastante pressionados, por conta de questões como os desequilíbrios das cadeias de produção, o preço de commodities e o clima), mas também com o nível de expectativas de inflação para os próximos anos.

Expectativas de inflação

As expectativas dos agentes sobre os preços futuros são um dos principais fatores por trás da disseminação da alta de preços de um bem ou de um serviço pontual, para todos os outros na economia.

De maneira simplificada, isso ocorre quando aqueles que determinam os preços finais para o consumidor (seja um pequeno prestador de serviços de casa ou o dono de uma rede de restaurantes ou fábricas) acreditam que os preços seguirão em elevação rápida, eles não “esperam para ver”, e já reajustam seus preços.

Caso contrário, se acreditarem que a política do Banco Central será suficiente para reverter a pressão sobre os preços, eles não elevarão seus preços em antecipação, por receio de perderem demanda.

Assim, essa verdadeira profecia autorrealizável é um dos principais fatores determinantes da inflação e da política monetária, especialmente no Brasil – um país com histórico inflacionário.

Na mesma linha, o Comitê também enfatizou a importância de seguir com uma política monetária “significativamente” contracionista. Ou seja, um nível de juros que seja suficientemente alto para desaquecer a economia a ponto de reduzir a pressão sobre os preços.

Diante de tudo isso, esperamos que o Copom siga elevando a Selic até que ela chegue em 11,50% ao ano em março – onde deve ficar até o final do ano que vem, quando deve haver espaço para que ela possa ser reduzida gradualmente (com a inflação cedendo).

O que isso significa?

Para o dia a dia do brasileiro, a elevação de juros só é sentida gradualmente. Assim, devemos esperar que a elevação dos preços comece a perder força ao longo do ano que vem – de fato, esperamos que a inflação termine 2022 em 5,2% (uma queda significativa dos mais de 10% desse ano). Da mesma maneira, devemos esperar maiores custos de crédito (em diferentes modalidades) ao longo dos próximos meses.

Já para o mercado, a decisão de hoje não deve ter grandes impactos imediatos. Isso porque a decisão veio em linha com o esperado pela grande maioria dos analistas, inclusive nós. Desse modo, não esperamos movimentos significativos no mercado de renda fixa e na taxa de câmbio como reação ao anúncio do Copom.

E meus investimentos?

Aqui, vale destacar o importante marco da elevação de hoje para o investidor. Isso porque, com a Selic acima de 8,5%, a poupança se torna ainda menos vantajosa para investidores – uma vez que passa a render aproximadamente 6% ao ano, independente de maiores altas na taxa Selic. Te contamos mais sobre isso aqui.

Assim, juros mais altos também significam oportunidades de investimento, muito além da “boa e velha” poupança. Um cenário de juros em elevação eleva a relevância e atratividade da Renda Fixa. Títulos de renda fixa indexados à inflação ajudarão a proteger o patrimônio da ainda presente incerteza de preços, assim como fundos de investimento de renda fixa. Contamos muito mais sobre oportunidades nessa classe de ativos aqui.

Mas, se era verdade que a Renda Fixa não tinha morrido no período de juros baixos (sempre sendo importante para investimentos como reserva de emergência), também é verdade que outros investimentos seguem trazendo oportunidades nesse período de juros em elevação e inflação pressionada.

Por aqui, fazemos uma seleção de empresas que se destacaram historicamente em momentos de inflação alta. Já aqui, selecionamos nomes de empresas de destaque em diferentes setores, com histórias de crescimento independentes de movimentos do ciclo macroeconômico.

Finalmente, mas não menos importante, investimentos internacionais podem trazer tanto diversificação geográfica, quanto de risco. Isso porque ativos dolarizados podem servir de proteção contra uma eventual desvalorização (ainda maior) da nossa moeda.

Fundos internacionais, BDRs (recibos de ações estrangeiras negociados na B3) e ETFs (fundos negociados na bolsa) são alternativas simples para você acessar investimentos fora do país.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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