De acordo com dados divulgados pelo IBGE (nosso principal instituto de pesquisa nacional), o PIB brasileiro cresceu 0,4% no terceiro trimestre de 2022.
Quer saber mais sobre o que é PIB e como ele impacta seus investimentos? Te contamos aqui!
Isso significa que a soma de tudo o que produzimos de bens e serviços na economia brasileira variou de maneira positiva em 0,4% no período entre julho e setembro, em comparação com o produzido entre abril e junho desse ano. Já se compararmos com o mesmo período do ano passado, o PIB cresceu 3,6%.
Lembrando que o ano de 2020 marcou o auge da pandemia da covid-19 no Brasil e no mundo, o que levou a nossa economia a encolher 3,3%. Com o resultado, o PIB atinge o patamar de 4,5% acima do nível registrado no pré-pandemia.
Ou seja, podemos afirmar que a economia já se recuperou dos impactos diretos da pandemia, apesar de ainda sentirmos uma série de efeitos indiretos e diferentes em cada setor da economia e da sociedade.
Por que o PIB subiu?
O resultado do terceiro trimestre veio em linha expectativa da maior parte dos analistas de mercado, e reflete uma performance mista entre os principais setores da nossa economia: indústria com alta de 0,8%, agropecuária com queda de 0,9% e serviços, que subiu 1,1% no período – ficando 6% acima do nível registrado no fim de 2019 e reforçando o papel do setor como principal motor da economia no pós-pandemia.
Esse protagonismo do setor de serviços é fruto de uma série de movimentos, incluindo: i) o fim das medidas de restrição de mobilidade (ainda impactantes); ii) benefícios fiscais implementados na segunda metade do ano que fortaleceram a renda das famílias (como o Auxílio Brasil em maior valor e subsídios a combustíveis); e iii) a melhora do mercado de trabalho.
Lembrando que, aproximadamente, 70% da nossa economia é composta por serviços, que vão desde transporte até manicures, restaurantes e grandes eventos – sendo o setor que mais emprega no país. Assim, quando o setor cresce, ele puxa boa parte da economia junto.
Outro destaque no período foi o setor de construção civil, que registrou alta de 1,1% no período, impulsionado pela resiliência de parte do setor imobiliário.
Enquanto isso, do lado da demanda – ou seja, aqueles que puxam o PIB demandando por todos esses bens e serviços produzidos – o consumo das famílias e os investimentos foram os principais motores de crescimento. O fim das medidas de restrição contra a covid-19 e o aumento da renda diante da melhora do mercado de trabalho e de benefícios fiscais ajudaram a alimentar o consumo, enquanto o setor imobiliário foi destaque em investimentos.
Por outro lado, o resultado do trimestre também mostrou uma desaceleração em relação ao crescimento registrado na primeira metade do ano. Essa desaceleração reflete uma série de fatores, incluindo: (I) o fraco desempenho da agropecuária; (II) os juros mais altos, que enfraquecem a demanda por bens de consumo mais ligados ao crédito; e (III) o elevado grau de endividamento das famílias.
Trazendo para o dia a dia do brasileiro, o resultado reflete relativamente mais o passado do que o presente, uma vez que traz números referentes ao trimestre anterior ao que estamos vivendo. Mesmo assim, o indicador não deixa de ser um bom termômetro para que se entenda melhor o estado da nossa economia, ajudando também no planejamento social e financeiro olhando para frente.
O que esperar daqui pra frente?
Esperamos que o PIB siga na mesma tendência positiva no próximo trimestre – aquele que, na realidade, já vivemos hoje (entre outubro e dezembro). Assim, a economia brasileira deve encerrar o ano com crescimento de 2,8% em relação a 2021.
Porém, como resultado dos juros mais altos por mais tempo, um mundo que cresce menos, e maior incerteza fiscal vinda do cenário político doméstico, a economia deve perder fôlego a partir do fim desse ano.
Lembrando que juros altos encarecem o crédito e impactam o endividamento das famílias e empresas, desestimulando o consumo e a economia como um todo.
Falamos mais sobre essa relação entre juros e inflação nesse podcast e nesse texto.
Assim, vemos o PIB crescendo 1,0% em 2023.
Como investir com o PIB crescendo?
Para o investidor pessoa física, o resultado do PIB não deve ser visto como motivo para grandes mudanças na estratégia de investimentos.
Não porque os movimentos da economia medidos pelo PIB não afetem ações de empresas listadas na bolsa ou no mercado de renda fixa e outros ativos financeiros, como o dólar e fundos imobiliários. Pelo contrário! Os rumos da economia no Brasil e no mundo são o cenário e a verdadeira base sobre a qual se sustenta o mercado financeiro e nossos investimentos.
Porém, como falamos, a divulgação do resultado do PIB é muito mais um olhar no retrovisor econômico. Ou seja, na ausência de grandes surpresas no resultado, o número costuma refletir dados que já foram analisados nos últimos meses e confirmar expectativas sobre o estado da economia – levando, no máximo, a ajustes pontuais de projeções.
Assim, as principais recomendações para esse momento seguem: manter um caixa fortalecido para eventuais emergências e oportunidades diante do cenário econômico ainda incerto no Brasil e no mundo; atentar-se aos objetivos e horizontes de investimento (quando você acredita que precisará do seu dinheiro investido?); e nunca esquecer da diversificação dos investimentos entre ativos e geografias – o bom e velho “não colocar todos os ovos na mesma cesta”.
Investimentos como títulos de renda fixa pós fixados e indexados à inflação e ações de empresas boas pagadoras de dividendos e em setores como o bancário e exportador são boas pedidas no atual cenário. Ao mesmo tempo, destacamos a importância de investimentos internacionais, que pode ser feito por meio de fundos de investimento – mas sempre respeitando seus objetivos e perfil de investidor.
Confira como você pode equilibrar sua carteira nesse cenário e nossas recomendações de investimento para cada perfil de investidor em nosso “Onde Investir”.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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