- Voltamos à vibe do ensino médio (ou até superior) para fazer uma revisão… Mas não da matéria que cai na prova
- Revisamos nossas perspectivas para o PIB, as contas públicas, o dólar, a inflação e até a Selic
- Basicamente: a economia deve subir mais, assim como a inflação e a Selic, mas o dólar deve baratear além do esperado
- Sim, falamos em inflação ainda mais alta, mas também trazemos um resumão de como investir para se proteger disso. Se fôssemos professoras, cobraríamos isso na prova
“Prof, hoje é a última aula antes da prova! Faz aquela revisão maravilhosa, vai…!”
“Ok, ok. Vamos usar os últimos 20 minutos, mas primeiro terá matéria nova!”.
“Cai na prova?”
“Não. Mas é importante”.
“Ok” – respondia eu, enquanto voltava a ler em baixo da mesa o capítulo que cairia na prova.
Pense em seus anos de escola. Não importa há quanto tempo isso tenha sido, tenho certeza que você vai lembrar de um diálogo como esse. De um lado, um(a) professor(a), que lutava para que seus alunos(as) tivessem estudado um pouquinho por dia ao longo dos últimos meses. Do outro, os alunos, que, sem ter feito nada disso, ansiavam por aquela salvadora revisão da matéria “que caía na prova”.
Pois bem. Agora que você lembrou dessa revisão, no sentido de resumo, de lembrança, pense em um outro significado dessa mesma palavra – para me ajudar na conexão de ideias, vamos lá! Segundo o dicionário Michaelis, temos algumas:
- Ato ou efeito de rever ou de revisar;
- Releitura minuciosa de um texto; nova leitura;
- Ato de recordar uma matéria anteriormente estudada, porém de maneira breve; recapitulação, recordação.
Bingo! Vamos de “releitura minuciosa, nova leitura”. Agora incorpore à tarefa de desenhar cenários macroeconômicos, e voilá chegamos ao tema desse Rico Matinal: a revisão do cenário econômico doméstico para o ano. Uma releitura do que até então achávamos que ia acontecer com a economia brasileira.
Economia mais resiliente: o PIB
Como vocês já sabem, a atividade econômica foi o grande destaque dos últimos meses. Com a divulgação do resultado do PIB do primeiro trimestre (ou seja, quanto a economia brasileira cresceu entre janeiro e março deste ano), ficou ainda mais claro que a economia foi de fato mais resiliente do que muitos esperavam – tipo aquele aluno que perigava repetir, mas seguia firme e forte pro próximo ano! Mesmo com a piora da pandemia e o fim dos estímulos fiscais (como o auxílio emergencial e o programa de manutenção de emprego e renda), a atividade cresceu 1,2% no período quando comparado ao último trimestre de 2020.
Um verdadeiro mix de fatores fizeram com que chegássemos novamente ao nível pré pandemia. Famílias e empresas se adaptando à realidade pandêmica (quando possível); commodities que produzimos e exportamos bombando, e levando junto “muito além da porteira” (com indústria e serviços atrelados ao agronegócio); a poupança acumulada por famílias ao longo do ano passado, parte por receio do que vinha à frente, parte por não gastar tanto com o usual, como serviços; e finalmente, um aumento dos investimentos privados, especialmente ligados à produção, como máquinas, equipamentos, e insumos da construção civil.
Se você está pensando que “tudo isso é dado passado”, e não justifica sozinho uma revisão para o que virá no futuro, você está certo! De fato, estamos falando de janeiro a março. Porém, os dados iniciais do segundo trimestre indicam que essa resiliência seguiu, mesmo que mais fraca. Voltando ao nosso aluno, ele ouviu a revisão, passou de ano raspando, e está lá “na trave” na série seguinte.
Olhando para frente, com perspectivas mais concretas de vacinação, a confiança ganha força novamente – dos consumidores, investidores, empresários – e a normalização da atividade passa a contar também com a volta do setor de serviços, como restaurantes, cinemas e shows. Ah, os shows… #saudades #naovejoahora!
Considerando tudo isso, passamos a esperar um crescimento do PIB em 5,2% esse ano. Ou seja, a economia brasileira deve crescer pouco mais de 5% em 2021, quando comparado à 2020. Já para 2022, mantemos nossa visão de que a economia deve crescer 2%.
Situação fiscal: as contas públicas
E já que estamos na seara das notícias boas, vamos para outra inusitada revisão positiva do que esperar para o ano. As contas públicas. O famoso fiscal! Levado por uma arrecadação de impostos bastante forte de um lado (atividade econômica forte = arrecadação forte), e gastos reduzidos diante da lentidão da aprovação do orçamento de outro, a dívida pública caiu nos últimos meses. Sim, você não leu errado! Caiu de 90% do PIB em fevereiro, para 86,7% em abril.
É claro que, com a normalização do orçamento (finalmente solucionamos esse imbróglio!), os gastos vão começar a subir novamente, incluindo também as despesas com programas para conter a covid-19 também esse ano. Porém, a ajudinha dada pela alta dos preços deve continuar.
O que ocorre é que o aumento dos preços é um bom aliado de curto prazo para as contas públicas, pois eleva o PIB Nominal (aquela parte de baixo da equação dívida/PIB), além de também dar uma bombada nos impostos pagos, especialmente aqueles ligados ao produtor.
Para se ter uma ideia, o índice que é composto majoritariamente por preços no atacado (IGP-M) acumula alta de 37% nos últimos doze meses! Pagando insumos com alta de 37% ao ano, o bonde da inflação leva parte para os cofres públicos via impostos.
Com isso, melhoramos nossa projeção de dívida/PIB para o ano para 82,2% do PIB – uma melhora de 6,6p.p. do patamar que encerrou o ano passado (88,8% do PIB)! “Thank you very much, inflação”. Para 2022, a dívida deve retomar seu patamar ascendente, encerrando o ano em 84% do PIB. Mas ainda (bastante) longe do tão temido 100%!
How much in dollars?
Na mesma toada, mudamos também nossa projeção para a taxa de câmbio no final de 2021. Com a melhora na percepção de risco fiscal de curto prazo e as surpresas positivas na atividade, entendemos que o real tem espaço para caminhar em direção às questões estruturais – especialmente a alta das commodities. Com isso, vemos o câmbio apreciando de 5,30 para 5,10 reais por dólar em 2021 e 2022. Por que não mais? Pois eleições de 2022, meu caro leitor.
Parece até muito bom para ser verdade, não é mesmo? Mas como nem tudo são rosas, o outro lado da moeda dessa alta de preços que ajuda as contas públicas no curto prazo é a própria inflação. Aquela que corrói o poder de compra das famílias, aquela que se fora do controle tem poderes terríveis contra a economia, aquela cujo nome não podemos mencionar!
Vai ficar mais caro
Felizmente, ainda não estamos perto do patamar onde o Voldemort da economia paira sobre nossas cabeças aspirando e expirando sinais de descontrole, mas alteramos nossa projeção para o IPCA ao final deste ano para 6,4%. Porque a falta de chuvas que marca a queda dos reservatórios no país deve elevar os preços de energia no ano, pressionando ainda mais os preços (saiba mais aqui).
Onde isso vai parar? Pensaria o aluno diante de uma revisão que “só pode estar de brincadeira, porque tem mais matéria do que foi passado no mês todo!”. Calma, por aqui acaba na política monetária mesmo – nossa última revisão no cenário.
Selic para cima
Diante de preços pressionados (por commodities e pela vingança de São Pedro pelo segundo ano sem festa junina) e atividade mais forte do que o esperado, acreditamos que o Banco Central não precisa mais seguir de mansinho. Pode chegar chegando, e levar a taxa Selic para seu patamar neutro logo ao final desse ano – atingindo 6,5% (ao invés de dar uma paradinha para sentir a “vibe do mercado” no final do ano, aos 5,5%). A elevação deverá ser o suficiente para arrefecer pressões de expectativas, e o IPCA deve terminar 2022 em 3,8%.
Ufa! Acabou?
Quase! Como uma boa revisão, é importante que tudo seja coberto! Então vamos aos riscos. Como para todo cenário, os riscos de não materialização de nossa revisão positiva existem, e devem ser monitorados de perto.
No caso, vale destacar o progresso da vacinação em massa, que pode sofrer atrasos e mudanças, além do próprio impacto da inflação alta sobre o consumo das famílias, e o risco de que a situação hídrica evolua para uma crise de racionamento agudo – o famoso “apagão”. Por ora, acreditamos que esses riscos são baixos, mas assim como aquela questão que sempre achávamos que não ia cair na prova – vale ficar de olho!
“Não apaga a lousa…. Droga! Alguém pegou o final?”
Inflação mais alta? Calma, não “priemos cânico”
*Por Paula Zogbi
Sabemos que o aumento dos preços machuca o seu bolso, mas é importante lembrar que existem investimentos capazes de proteger as suas finanças desse efeito. Vamos a eles?
1. Ações. Você talvez já tenha visto nossa lista de ações e BDRs que têm uma correlação positiva com a alta da inflação, certo? Se não viu, clique aqui para conhecer os papéis que tendem a subir ainda mais em períodos de preços subindo forte.
Fora isso, vale lembrar que empresas de qualidade são, em geral, capazes de repassar as altas dos preços aos seus produtos e serviços. Com isso, a receita dessas empresas cresce, assim como os seus dividendos e o preço justo das suas ações. A Bolsa, que é composta aqui no Brasil pelas empresas que são líderes em seus setores, tem uma performance histórica de IGP-DI +6,3% ao ano desde 1968!
2. Renda fixa. Existem investimentos em renda fixa que pagam juros indexados à inflação. No Tesouro Direto, eles são chamados de Tesouro IPCA + ou NTN-B. Já na renda fixa de emissão privada, você encontra esse tipo de remuneração em títulos bancários e Debêntures, por exemplo. Com esses papéis, você garante o recebimento de um juro que corresponde a todo o aumento dos preços no período (geralmente medido pelo IPCA) mais uma taxa, acima desse aumento, já conhecida no momento da compra.
E os outros títulos de renda fixa? Bom, os pré-fixados costumam se desvalorizar em momentos de alta da inflação acima do esperado, conforme explicamos nesse vídeo. Já os pós-fixados são mais seguros, mas não necessariamente protegem da inflação.
3. Fundos Imobiliários. Nos FIIs “de tijolo”, ou seja, aqueles que são proprietários de imóveis físicos, muitos contratos de aluguel são indexados à inflação (ou seja, os aluguéis pagos pelos inquilinos sobem junto com o IPCA ou o IGP-M) — isso leva a proventos mais altos. A inflação também pode fazer com que os preços dos imóveis suba e as cotas negociáveis dos fundos valorizem. Já nos fundos de papel, que investem em dívida imobiliária, os juros pagos por esses investimentos também crescem, em muitos casos, junto com a inflação. Saiba mais nesse texto.
4. Ativos reais. Momentos de inflação em alta tendem a ser, também, momentos de altas dos preços das commodities. Com muito dinheiro em circulação na economia, a reabertura e um momento desafiador para a oferta, itens como petróleo, minério de ferro, cobre, ouro, soja e outras commodities podem ser uma outra forma de se proteger. É possível investir via empresas de commodities, mercado de futuros ou via fundos, como o Trend Commodities.
Elaborado por:
Betina Roxo, CNPI 1493
Paula Zogbi, CNPI 2545
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