Dia da Libertação. Foi assim que o governo de Donald Trump chamou um dos dias mais marcantes de 2025 até agora. No dia 2 de abril, o governo americano anunciou a aplicação de tarifas recíprocas sobre produtos importados de países que, na sua visão, impõem barreiras comerciais consideradas injustas. Essa decisão surpreendeu os mercados pela sua abrangência e impacto, gerando preocupações entre os investidores.

O anúncio movimentou os mercados globais e trouxe incertezas, especialmente pelo risco de desaceleração econômica nos Estados Unidos, que é a maior economia do mundo, e até mesmo na economia global. Isso acontece porque essas tarifas podem afetar negativamente tanto os consumidores americanos, que enfrentarão preços mais altos, quanto os produtores, que terão custos maiores e dificuldades nas cadeias de suprimentos internacionais. Além disso, a confiança geral no mercado pode ser abalada, o que intensificou os receios de uma possível recessão.

O que é recessão econômica?

Recessão econômica é um período de declínio significativo e generalizado na atividade econômica de um país, geralmente medido por uma queda no Produto Interno Bruto (PIB) por dois trimestres consecutivos ou mais. Durante uma recessão, costuma ocorrer uma redução na produção industrial, aumento do desemprego, queda no consumo e nos investimentos, além de uma desaceleração no comércio.

Esse cenário pode ser causado por diversos fatores, como crises financeiras, choques externos, políticas econômicas inadequadas ou eventos inesperados, como pandemias. A recessão impacta negativamente a confiança de consumidores e empresas, exigindo, muitas vezes, intervenções governamentais para estimular a recuperação econômica.

Independentemente de acertarmos com precisão a performance da economia americana nos próximos meses, é importante entender que qualquer desaceleração na economia dos EUA tende a impactar o mundo todo. Isso acontece porque os Estados Unidos são a maior economia do planeta e têm uma influência significativa nos mercados globais.

Se os Estados Unidos enfrentarem uma recessão mais severa, os efeitos podem ser bastante negativos para os mercados. Entre os possíveis impactos estão: o aumento da aversão ao risco entre os investidores, que podem buscar ativos mais seguros, como o dólar; o fortalecimento da moeda americana, que é vista como um porto seguro em momentos de incerteza; uma desaceleração econômica global, causada pela crise nos EUA; e uma provável queda nos preços das commodities, já que a demanda por insumos básicos tende a diminuir em um cenário de recessão.

Para os investidores, é essencial acompanhar de perto esses desdobramentos, pois eles podem influenciar diretamente os preços de ativos e as estratégias de investimento.

Diante das incertezas atuais, o petróleo tem sido uma das commodities mais impactadas

Os temores de uma recessão global, causados pelos efeitos da nova política comercial dos Estados Unidos, estão gerando preocupações sobre uma possível queda na demanda por petróleo. Esse cenário levou a uma forte desvalorização do Petróleo Brent, que é negociado na bolsa de Londres.

Antes do dia 2 de abril, o preço do petróleo Brent estava em torno de US$ 74 por barril. No entanto, após o anúncio do “tarifaço”, o preço caiu para menos de US$ 60. Embora tenha havido uma recuperação posterior, com o Brent voltando para a faixa dos US$ 65, isso ainda representa uma queda de aproximadamente 12% em apenas um mês.

No dia 15 de abril, a Agência Internacional de Energia (AIE) divulgou um relatório reduzindo significativamente sua projeção para o crescimento da demanda global por petróleo em 2025. Segundo a AIE, as tensões globais provocadas pela política tarifária dos EUA estão pesando na economia mundial e trazendo grande volatilidade para os mercados de petróleo.

Para os investidores, o atual cenário de incertezas acendeu um alerta sobre como lidar com algumas ações do setor de petróleo no Brasil, como a Petrobras. Desde o anúncio das tarifas nos Estados Unidos, a empresa já registrou uma queda de mais de 17%, acompanhando o movimento de desvalorização do petróleo.

O que fazer com Petrobras (PETR4), Prio (PRIO3) e outras petroleiras nesse cenário?

Apesar da recente queda nos preços do petróleo Brent e no mercado como um todo, as principais escolhas do nosso time de Research no setor, Petrobras (PETR4) e PRIO (PRIO3), continuam com fundamentos sólidos e atrativos. Antes dos últimos acontecimentos, o Brent estava sendo negociado a US$ 75 por barril, acima da nossa estimativa de US$ 70 por barril. Mesmo com a queda para US$ 65 por barril, o impacto não é tão dramático quanto parece à primeira vista.

Segundo nosso time de Research, os retornos esperados para a Petrobras continuam interessantes, entre 15% e 19%, considerando o Brent entre US$ 65 e US$ 70 por barril. Já para a PRIO, os rendimentos projetados são ainda mais atrativos: entre 14% e 16% em 2025, podendo subir para 33% a 37% em 2026, com a inclusão do projeto Wahoo. Mesmo em um cenário mais conservador, com o Brent a US$ 60 por barril, os retornos da Petrobras seriam de cerca de 11%, enquanto a PRIO apresentaria 12,5% em 2025. Estes números foram calculados com base no FCFE.

O FCFE (Free Cash Flow to Equity), ou Fluxo de Caixa Livre para o Acionista, é uma métrica financeira que representa o dinheiro disponível para os acionistas de uma empresa após todas as despesas operacionais, investimentos em ativos fixos e pagamento de dívidas terem sido realizados. Em outras palavras, é o fluxo de caixa que sobra para ser distribuído aos acionistas na forma de dividendos ou recompra de ações, ou ainda para ser reinvestido na empresa. Ele é amplamente utilizado para avaliar a saúde financeira de uma empresa e sua capacidade de gerar valor para os acionistas.

Além disso, nosso time acredita que os preços atuais das ações tornam ainda mais atrativas as teses de investimento para PRIO e Petrobras. Ambas as empresas continuam com recomendação de compra.

Por outro lado, em um cenário de preços decrescentes, a recomendação é de maior cautela com a Brava Energia (BRAV3), que tem maior dependência de preços mais altos do Brent (com preço de equilíbrio de fluxo de caixa próximo a US$ 60 por barril) devido à sua maior alavancagem. Já em relação à Petro Recôncavo (RECV3), a expectativa é de que a empresa seja mais conservadora com dividendos, devido às incertezas e possíveis aquisições de ativos, embora seus rendimentos em 2025 tenham potencial para serem semelhantes aos da PRIO.

Além disso, do ponto de vista da análise gráfica, a ação da Petrobras (PETR4) está atualmente em um nível importante de suporte na região de R$ 30,00. Isso significa que esse é um preço considerado atrativo para comprar o ativo, pois há uma probabilidade favorável de que a empresa consiga se manter nesse patamar.

Gráfico de preços de Petrobras (PETR4). Fontes: Nelogica, Rico.

Conclusão

Em resumo, o cenário atual apresenta desafios significativos para o setor de petróleo, impulsionados por incertezas advindas principalmente do cenário macroeconômico. No entanto, para os investidores, as ações da Petrobras e da PRIO ainda podem oferecer oportunidades, com fundamentos sólidos e expectativas de retornos positivos, mesmo diante da volatilidade do mercado.

Contudo, é crucial que os investidores permaneçam atentos às oscilações dos preços do petróleo e às condições econômicas globais, pois essas variáveis continuarão a influenciar o desempenho das ações do setor. E é claro, manter um portfólio equilibrado e adequado ao perfil de investidor de cada um é fundamental, principalmente em um ambiente ainda permeado por incertezas.

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Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 6928

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