O que você precisa saber para investir em março

  • Os principais temas monitorados são: coronavírus vs vacinas; inflação (tanto no Brasil, quanto nos EUA) e superciclo de commodities, onde a China tem grande relevância;
  • No Brasil, a aceleração da Covid-19, a discussão desordenada da prorrogação dos estímulos fiscais e as questões políticas que agitaram a Petrobras em fevereiro elevaram a percepção de risco, aumentando as preocupações e fazendo com que o dólar subisse ainda mais;
  • Nos EUA, o mercado começou a precificar alta de juros antes do que o Federal Reserve (Fed) tem comunicado para o mercado, impactando negativamente as bolsas.
  • Por ora, a diversificação deve seguir como sua melhor amiga. Por outro lado, vale observar que apesar dos maiores riscos no Brasil, a correção do Ibovespa abre oportunidades de compra em empresas de alta qualidade. Afinal, no longo prazo, os fundamentos prevalecem.
Rico_ibov fev 21

Dia 26 de fevereiro, vulgo última sexta-feira, fez um ano desde que o primeiro caso de Covid foi detectado no Brasil. Por isso, antes de falar onde estamos e tentar dizer para onde vamos, de onde viemos mesmo?

  1. Íamos bem. Alguns questionavam as bolsas nas alturas, mas os juros baixos no muito todo justificavam o movimento em busca de rendimentos mais altos => renda variável. No Brasil, a reforma da previdência tinha passado, o que mostrava um primeiro passo para a austeridade fiscal.
  2. Eai, PÁ. Coronavírus. Bolsas em queda e a história que você já conhece. Lockdowns. Economia enfraquecida. Mundo todo precisando de ajuda.
  3. E que ajuda! Mais de 20% do PIB mundial em estímulos, além dos juros cada vez mais baixos (que incentiva a tomada de crédito e consumo). O que ajudou na esperança de que a economia seria impulsionada e por isso, bolsas voltaram a subir.
  4. A cereja do bolo: a tão esperada vacina. Mais um motivo que animou os mercados, junto claro dos estímulos adicionais. Nos EUA, esse mês falamos de mais US$ 1,9 trilhão na economia, aprovado pela Câmara mas com chances de ser parcialmente reduzido no Senado. E no Brasil, mais auxílios emergenciais.

Onde estamos?

Para isso, a resposta é fácil, porém não é simples. Vamos da China aos EUA, com alguns dos impactos gerados pelos altos estímulos econômicos: super-ciclo das commodities, inflação, dívida do governo (principalmente no Brasil).

1. Superciclo das commodities. O rali das commodities continua ganhando força. Enquanto isso, os chineses não ficam parados: em pleno ano do centésimo aniversário do partido comunista chinês, e com Xi Jinping nos preparativos para buscar sua reeleição em 2022, a China está num momento de investir fortemente em infraestrutura e aumentar a presença do estado na economia.

Esse é um dos fatores que impulsionam o chamado “super-ciclo das commodities“. Vale lembrar que, quando falamos em minério de ferro e produção de aço (essenciais para infraestrutura), a China é a terceira maior produtora da commodity, seguida da Austrália e Brasil, e é de longe a maior importadora do minério, responsável pela importação de mais da metade do minério produzido!

Em outro insight, o Thales Carmo, analista de mineração & siderurgia da XP Investimentos trouxe mais detalhes sobre esse mercado, assim como a visão do porquê Vale é a top pick da XP Investimentos. Inclusive, não apenas para a XP, Vale está lá em cima no ranking da nossa seleção Estrelas da Bolsa – as queridinhas do mercado tanto por gestores quanto analistas).

2. Inflação mais alta. E, para esse voo, teremos que fazer escala.

No Brasil, a aceleração da Covid-19, a discussão desordenada da prorrogação dos estímulos fiscais e as questões políticas que agitaram a Petrobras neste mês elevaram os prêmios de risco, fazendo com que o dólar subisse ainda mais.

A moeda fraca e as commodities em alta “colocam mais lenha na fogueira” e pressionam a inflação. Por isso, elevamos nossa projeção de IPCA deste ano de 3,5% para 3,9%, levemente acima da meta de 2021, de 3,75%.

Neste ambiente, o Banco Central do Brasil passou a sinalizar o início de aperto monetário já no primeiro semestre. Após a última reunião do Copom (20/jan), revisamos a projeção de início do ciclo de alta de juros de agosto para maio. Esperamos fechar o ano com a Selic em 3,5%.

3. Questão fiscal. Apesar de resultados marginalmente melhores em 2020, os riscos fiscais de curto prazo (pandemia) e médio prazo (gerir uma dívida que se aproxima dos 90% do PIB) seguem a principal fonte de preocupação com a economia brasileira.

Com isso, o grande tema é a tramitação da PEC Emergencial, cuja proposta se tornou pública na terça-feira (23). Mesmo sendo positiva, o mercado acompanha a possibilidade do fatiamento do texto e se preocupa com uma possível aprovação do auxílio sem contrapartidas fiscais. A votação deve acontecer na terça que vem, segundo o relator, Márcio Bittar.

4. Desembarcando nos EUA. O avanço da vacinação no mundo e os fortes estímulos governamentais mantiveram o “reflation trade” (busca de ativos que se beneficiam do cenário de estímulos e consequentemente, maior inflação) vivo nos mercados.

Como falamos, as commodities seguem em alta e as taxas de juros longas vem subindo mais claramente nos países centrais, mostrando que a economia global está se normalizando, voltando aos padrões pré-pandemia.

Porém, se os estímulos – passados e futuros – se mostrarem fortes demais, é possível que uma ressaca venha mais adiante.

E na verdade, a preocupação com essa ressaca tomou conta dos ânimos dos mercados na última semana de fevereiro.

Por que se preocupar com estímulos demais?

Basicamente, o mercado começou a precificar alta de juros antes do que o Federal Reserve (Fed) tem comunicado para o mercado. Isso fez com que o rendimento dos títulos do tesouro americano mais curto (juros de curto prazo), de 2 a 5 anos, que tem maior influência da política do Fed, subissem.

Voltando um pouco no tempo… o principal “call” do mercado era o da curva de juros steepening, inclinada para cima, com os juros de longo prazo subindo devido à normalização da atividade e juros de curto prazo ancorado, ou seja “estável” dado que segundo o Fed, a inflação rodaria acima de 2% por um tempo até subir juros.

Beleza, mas o que mudou?

Bom, o Fed continua falando a mesma coisa, mas o mercado resolveu precificar que o aumento de juros terá que ocorrer mais cedo.

Por isso, os juros de curto prazo subiram ainda mais que os de longo prazo (10 anos), deixando o mercado “de cabelo em pé” na última semana de fevereiro.

Com juros nominais curtos mais altos, o juro real (juros menos inflação) se tornou mais alto. E quanto mais um título rende, mais ele compete com as ações. Não à toa, as bolsas americanas foram negativamente impactadas.

Déjà vu? Em 2013, houve também aumento dos rendimentos do Tesouro dos EUA, resultante de sugestão do Fed de redução futura de sua política de flexibilização quantitativa. Ou seja, o Fed anunciou que poderia reduzir o ritmo de compras de títulos do Tesouro, para diminuir a quantidade de dinheiro que estava injetando na economia.

O aumento subsequente nos rendimentos dos títulos em reação ao anúncio foi referido como “Taper Tantrum”.

Dicionário: Throw a tantrum é tipo “ter um chilique” ou “fazer birra” em português e taper é reduzir, desacelerar. Seria como ser fosse então um “nervosismo com a desaceleração”. Mas esse pode ser um assunto para outro Rico Matinal.

Por ora, a diversificação deve seguir como sua melhor amiga. Fique de olho nas nossas carteiras recomendadas para o mês de março amanhã neste mesmo horário, neste mesmo local.

Vale observar que apesar dos maiores riscos no Brasil, a correção do Ibovespa abre oportunidades de compra em empresas de alta qualidade. No longo prazo, os fundamentos prevalecem.

Elaborado por:

Betina Roxo, CNPI 1493

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