Hoje é dia de decisão do Copom, o comitê de políticas monetárias do Banco Central brasileiro. Em algum momento após as 18h30 desta quarta, será divulgada a próxima taxa de juros nacional, representada pela Selic. Esperamos que ela fique, novamente, em 2% ao ano após essa reunião e passe a subir a partir do segundo semestre, chegando a 3% no fim deste ano e 4% no fim do ano que vem. 

Tudo em torno dessa decisão tem relação com a inflação medida pelo IPCA (o nível de aumento de preços da economia). Em resumo: a Selic é feita para manter o aumento dos preços dentro da meta, seja aumentando ou diminuindo sua intensidade.

Via de regra, o Copom mantém a Selic alta para conter aumentos muito expressivos nos preços e baixa quando quer estimular aumentos nos preços. Com o juro básico da economia baixo, existe um estímulo para que as pessoas poupem menos e comprem mais, as empresas invistam mais em crescimento, entre outras consequências.

Mas essa lógica tem parecido “torta” nos últimos meses, dado que a inflação está pressionada, mas a Selic continua baixa. Será que o BC está errando no nível de estímulo?

Em um já clássico Insight, a Betina teve o estalo de definir a inflação como o Voldemort da economia. Pego essa metáfora emprestada hoje para desenrolar o tema de hoje: sabemos que a inflação está pressionada — mas até quando? E quais são as “horcruxes” que precisam ser destruídas para que o lorde das trevas deixe de nos assombrar?

Caso você não seja da mesma época que a Be e eu, explico: na saga do Harry Potter, a partir do sexto livro, os bruxos descobrem que precisam eliminar sete “pedaços da alma” d’Aquele Que Não Deve Ser Nomeado (as horcruxes) para realmente conseguir derrota-lo.

Trazendo esse conceito para a inflação, então, as “horcruxes” aqui são só 5, e correspondem aos motivos pelos quais a equipe econômica da XP Inc. defende que essas pressões inflacionárias recentes são passageiras. Vamos a eles.

  1. A alta demanda por alimentos deve ser temporária

O preço do óleo de soja subiu 103,78% nos últimos meses. O arroz, 75,99%. Estão por trás desses números fatores climáticos, que foram mais severos em 2020, e a própria pandemia, que impulsionou muito a demanda mundial. Esses dois motivos têm características temporárias e devem arrefecer nos próximos meses.

  1. O auxílio emergencial chegou ao fim

O pagamento do auxílio emergencial somado à mudança nos itens consumidos (de restaurantes, fomos para supermercados; de salões de beleza, para farmácias) geraram um descasamento entre oferta e demanda em alguns bens, o que pressionou preços. Com o fim do auxílio e a gradual retomada da vida fora de casa, isso tende a diminuir.

  1. Os estabelecimentos vão “sossegar”

Os dados do IPCA mostram que, depois do susto de fechar as portas por completo, parte dos restaurantes, cabeleireiros, cafés e outros estabelecimentos aproveitaram para jogar os preços para cima quando reabriram com capacidade reduzida. Esse movimento tende a desacelerar com a normalização da economia.

  1. O real está valorizando gradualmente

Você provavelmente sabe que o real foi uma das piores moedas de 2020 em termos de desvalorização. Isso fez com que os itens importados ficassem muito caros na nossa moeda, e isso inclui itens usados para fabricação de outros produtos. Gradualmente, a nossa moeda está valorizando, o que também tende a diminuir a velocidade da inflação para esses itens.

  1. A conta de luz vai vir mais barata

Em dezembro, a Agência Nacional de Energia Elétrica aprovou a mudança da bandeira tarifária da conta de luz, o que foi uma antecipação de um aumento na tarifa que deveria acontecer em maio deste ano — e não vai mais. No mesmo mês, as mensalidades escolares subiram. Em novembro, a ANS, que cuida dos planos de saúde, liberou um reajuste também. Nada disso vai acontecer nos próximos meses.

Resumindo, então, caso a nossa expectativa se confirme e o Copom mantenha hoje a taxa Selic em 2% ao ano, é porque ele sabe que o bruxo das trevas (inflação) não está forte o suficiente para reunir todos os seus comensais e seguir crescendo desenfreadamente no longo prazo.

Mas ainda não é hora de dispensar o Harry Potter que existe em você: no curto prazo, as pressões inflacionárias existem. Com níveis bastante altos de estímulos e sem certeza de quando a pandemia vai ser realmente controlada, nós, consumidores, ainda podemos nos assustar com impactos de uma inflação pressionada no curto prazo. 

Nossa expectativa é que o IPCA feche o ano de 2021 em 3,5% e 2022 em 3,4%. 

Elaborado por:

Betina Roxo, CNPI 1493

Este relatório de análise foi elaborado pela Rico Investimentos, que é uma marca da XP Investimentos CCTVM S.A. (“Rico”) de acordo com todas as exigências previstas na Instrução CVM nº 598, de 3 de maio de 2018, tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar sua própria decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta ou solicitação de compra e/ou venda de qualquer produto. As informações contidas neste relatório são consideradas válidas na data de sua divulgação e foram obtidas de fontes públicas. A Rico não se responsabiliza por qualquer decisão tomada pelo cliente com base no presente relatório. Este relatório foi elaborado considerando a classificação de risco dos produtos de modo a gerar resultados de alocação para cada perfil de investidor. O(s) signatário(s) deste relatório declara(m) que as recomendações refletem única e exclusivamente suas análises e opiniões pessoais, que foram produzidas de forma independente, inclusive em relação à Rico e que estão sujeitas a modificações sem aviso prévio em decorrência de alterações nas condições de mercado, e que sua(s) remuneração(es) é(são) indiretamente influenciada por receitas provenientes dos negócios e operações financeiras realizadas pela Rico. O analista responsável pelo conteúdo deste relatório e pelo cumprimento da Instrução CVM nº 598/18 está indicado acima, sendo que, caso constem a indicação de mais um analista no relatório, o responsável será o primeiro analista credenciado a ser mencionado no relatório. Os analistas da Rico estão obrigados ao cumprimento de todas as regras previstas no Código de Conduta da APIMEC para o Analista de Valores Mobiliários e na Política de Conduta dos Analistas de Valores Mobiliários do Grupo XP. O atendimento de nossos clientes é realizado por empregados da Rico. Os produtos apresentados neste relatório podem não ser adequados para todos os tipos de cliente. Antes de qualquer decisão, os clientes deverão realizar o processo de suitability e confirmar se os produtos apresentados são indicados para o seu perfil de investidor. Este material não sugere qualquer alteração de carteira, mas somente orientação sobre produtos adequados a determinado perfil de investidor. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço ou valor pode aumentar ou diminuir num curto espaço de tempo. Os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos. As informações presentes neste material são baseadas em simulações e os resultados reais poderão ser significativamente diferentes.
Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da Rico, podendo também ser divulgado no site da Rico. Fica proibida sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da Rico. A Ouvidoria da Rico tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800 771 5454. SAC. 0800 774 0402. O custo da operação e a política de cobrança estão definidos nas tabelas de custos operacionais disponibilizadas no site da Rico: https://www.rico.com.vc/custos A Rico se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste relatório ou seu conteúdo. A Avaliação Técnica e a Avaliação de Fundamentos seguem diferentes metodologias de análise. A Análise Técnica é executada seguindo conceitos como tendência, suporte, resistência, candles, volumes, médias móveis entre outros. Já a Análise Fundamentalista utiliza como informação os resultados divulgados pelas companhias emissoras e suas projeções. Desta forma, as opiniões dos Analistas Fundamentalistas, que buscam os melhores retornos dadas as condições de mercado, o cenário macroeconômico e os eventos específicos da empresa e do setor, podem divergir das opiniões dos Analistas Técnicos, que visam identificar os movimentos mais prováveis dos preços dos ativos, com utilização de “stops” para limitar as possíveis perdas. O investimento em ações é indicado para investidores de perfil moderado e agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela Rico. Ação é uma fração do capital de uma empresa que é negociada no mercado. É um título de renda variável, ou seja, um investimento no qual a rentabilidade não é preestabelecida, varia conforme as cotações de mercado. O investimento em ações é um investimento de alto risco e os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros e nenhuma declaração ou garantia, de forma expressa ou implícita, é feita neste material em relação a desempenhos. As condições de mercado, o cenário macroeconômico, os eventos específicos da empresa e do setor podem afetar o desempenho do investimento, podendo resultar até mesmo em significativas perdas patrimoniais. A duração recomendada para o investimento é de médio-longo prazo. Não há quaisquer garantias sobre o patrimônio do cliente neste tipo de produto O investimento em opções é preferencialmente indicado para investidores de perfil agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela Rico. No mercado de opções, são negociados direitos de compra ou venda de um bem por preço fixado em data futura, devendo o adquirente do direito negociado pagar um prêmio ao vendedor tal como num acordo seguro. As operações com esses derivativos são consideradas de risco muito alto por apresentarem altas relações de risco e retorno e algumas posições apresentarem a possibilidade de perdas superiores ao capital investido. A duração recomendada para o investimento é de curto prazo e o patrimônio do cliente não está garantido neste tipo de produto. O investimento em termos é indicado para investidores de perfil agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela Rico. São contratos para compra ou a venda de uma determinada quantidade de ações, a um preço fixado, para liquidação em prazo determinado. O prazo do contrato a Termo é livremente escolhido pelos investidores, obedecendo o prazo mínimo de 16 dias e máximo de 999 dias corridos. O preço será o valor da ação adicionado de uma parcela correspondente aos juros – que são fixados livremente em mercado, em função do prazo do contrato. Toda transação a termo requer um depósito de garantia. Essas garantias são prestadas em duas formas: cobertura ou margem. O investimento em Mercados Futuros embute riscos de perdas patrimoniais significativos, e por isso é indicado para investidores de perfil agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela Rico. Commodity é um objeto ou determinante de preço de um contrato futuro ou outro instrumento derivativo, podendo consubstanciar um índice, uma taxa, um valor mobiliário ou produto físico. É um investimento de risco muito alto, que contempla a possibilidade de oscilação de preço devido à utilização de alavancagem financeira. A duração recomendada para o investimento é de curto prazo e o patrimônio do cliente não está garantido neste tipo de produto. As condições de mercado, mudanças climáticas e o cenário macroeconômico podem afetar o desempenho do investimento