Muitas pessoas têm medo do mercado de ações por conta da oscilação de preços que ocorre nesses ativos. Imagina só investir em uma empresa e 10 meses depois ao conferir a sua conta, você vê que perdeu mais de 80% do valor investido? Que baita susto, né?
Mas, ao contrário, e se você abrisse sua conta na corretora e percebesse que ganhou mais de 100% em menos de 1 ano? Seria um susto também, mas com um final com certeza muito mais feliz.
A verdade é que o mercado de ações pode parecer assustador, ainda mais quando olhamos para movimentos mais extremos que ocorrem com os preços. Contudo, entendendo como ele funciona também é possível encontrar ótimas oportunidades.
Assim, a pergunta que fica é: quais foram as ações mais assustadoras de 2024 e por quê? E como ter mais sustos “bons” do que “ruins” ao longo da jornada como investidor na bolsa de valores? É sobre isso que falaremos nesse texto.
Contextualizando: como está a bolsa de valores em 2024?
Antes de partir para as ações propriamente ditas, vamos entender de forma resumida o que está acontecendo na bolsa de valores este ano.
Bom, o ano de 2024 tem sido desafiador para a bolsa de valores brasileira. Nosso principal índice, o Ibovespa, chegou a cair mais de 10% na mínima do ano, que ocorreu no mês de junho. E apesar da melhora que tivemos nos meses de julho e agosto, em que a bolsa brasileira voltou a testar sua máxima histórica em uma recuperação forte para as ações, em setembro voltamos para o campo negativo e seguimos assim em outubro.
Alguns fatores contribuíram para esse movimento de maior aversão ao risco por parte dos investidores, como a preocupação em relação ao cumprimento da meta fiscal aqui no Brasil, ou seja, receios com a situação das contas públicas federais, além de uma crescente pressão nos preços de bens e serviços que levou a um novo ciclo de alta de juros no Brasil.
Em meio a esse cenário, que impactou negativamente as ações, como explicamos no texto “Selic em alta! Como ficam as ações?” ainda tivemos uma saída expressiva de capital estrangeiro. E como os gringos representam mais de 50% da participação de investidores na bolsa, sua saída também impactou negativamente os preços das ações.
Mas afinal, em meio a este cenário de maior cautela, quais ações trouxeram maiores sustos?
As 3 ações mais assustadoras do Ibovespa em 2024
Como vimos, o momento econômico atual é desafiador para a bolsa de valores, mas algumas empresas estão enfrentando dificuldades ainda maiores. Até outubro deste ano, as ações da Azul (AZUL4) e da Cogna (COGN3) caíram mais de 60%. Além delas, Magazine Luiza (MGLU3) também não está em uma boa fase, com queda superior a 50%.
Mas o que essas empresas têm em comum? Todas estão em setores cíclicos, como turismo, varejo e educação, que costumam ser diretamente afetados pelas condições econômicas. Ou seja, suas performances estão muito ligadas ao que está acontecendo na economia do país.
Além disso, a Azul (AZUL4), por exemplo, também está enfrentando seus próprios desafios, como a renegociação de uma dívida bilionária. Nesse meio tempo, surgiram notícias sobre uma possível recuperação judicial, como explicamos de forma completa no texto “Uma análise de Azul (AZUL4): o que está acontecendo agora?”.
Outra companhia do setor de turismo/aviação que não entrou nessa lista por ter saído da composição do Ibovespa este ano, mas que merece a menção aqui, é a Gol (GOLL4). As ações da GOLL4 acumulam queda de quase 90% em 2024. Isso porque, além dos desafios impostos ao setor, a companhia ainda acumulou uma dívida bilionária e entrou com pedido de recuperação judicial.
O que é recuperação judicial?
A recuperação judicial é um processo que permite a uma empresa em dificuldades financeiras buscar reestruturar suas dívidas e continuar suas operações. O objetivo é evitar a falência, proporcionando um plano de recuperação que deve ser aprovado pelos credores. Durante esse período, a empresa tem proteção contra ações judiciais e cobranças, enquanto trabalha para se reerguer financeiramente.
Ou seja, nesse Halloween das ações, Azul (AZUL4), Cogna (COGN3) e Magazine Luiza (MGLU3) se encaixam como as quatro mais assustadoras do Ibovespa e geraram “travessuras” aos investidores que as possuem ou possuíam na carteira desde o início do ano.
Mas, no atual cenário, além dessas travessuras, será que também tivemos boas “doçuras” no Ibovespa este ano?
As 3 maiores ‘doçuras’ do Ibovespa em 2024
Apesar do momento delicado para o mercado acionário, algumas empresas trouxeram surpresas positivas este ano. Afinal, quem não gostaria de ter investido em Embraer (EMBR3) no início de 2024 e ter tido mais de 120% de ganho em sua aplicação? Já a BRF (BRFS3), segunda maior alta do Ibovespa no ano, subiu mais de 70% e Santos Brasil (STBP3), a terceira maior alta, avançou mais de 60%.
Mas essas três empresas, têm algo em comum? Em partes, sim! Embraer e Santos Brasil, por exemplo, pertencem ao setor de Bens Industriais. Um setor que tem se mostrado resiliente este ano. Mas também tivemos fatores específicos de cada companhia colaborando para o movimento de forte alta de cada uma dessas ações, como falaremos a seguir.
Embraer, por exemplo, tem voado alto com o aumento da demanda por seus produtos e sua capacidade de entrega. Como exemplo, a soma da carteira de pedidos da companhia é a maior em nove anos, e a demanda está em diversas frentes de atuação: aviação executiva, comercial, defesa e manutenção de linha de motores.
Já a Santos Brasil (STBP3) anunciou em setembro um acordo para a venda da participação de 48% empresa para o Grupo CMA CGM (líder global em soluções marítimas, terrestres, aéreas e logísticas) que impulsionou ainda mais as ações, que já vinham se destacando no ano, após a companhia entregar resultados robustos.
Enquanto isso, BRF está surfando o bom momento para o setor de proteínas. Outras companhias do segmento também são destaques positivos no ano, como JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3) e estão aproveitando o momento de tendência setorial positiva para rentabilidade, margens e custos. Além disso, iniciativas estratégicas implementadas pela nova gestão da BRF impulsionaram os ventos favoráveis do setor.
Vimos então que, ao longo de 2024 foi possível ter surpresas positivas e negativas no mercado de ações.
Mas, afinal, como evitar essas surpresas negativas que podem levar a fortes oscilações em nosso patrimônio?
‘Doçuras ou Travessuras’: como escolher as melhores ações?
Em suma, o mercado de ações em 2024 tem sido uma montanha-russa de emoções, com empresas enfrentando desafios significativos e outras surpreendendo positivamente os investidores.
As “travessuras” das ações mais assustadoras, como Azul e Cogna, nos lembram a volatilidade e os riscos presentes nesse ambiente. Por outro lado, as “doçuras” de Embraer e BRF mostram que, com a estratégia certa, é possível colher bons frutos.
Para minimizar os sustos e maximizar as oportunidades, é crucial que você, como investidor, mantenha uma estratégia bem definida, baseada em critérios técnicos e na diversificação. Estar atento às tendências do mercado, entender os setores e as empresas nas quais está investindo, e ajustar sua carteira conforme necessário, são passos essenciais para uma jornada de investimentos bem-sucedida.
Lembre-se: o conhecimento é a melhor armadura contra os sustos do mercado. Invista tempo em educação financeira e busque informações de qualidade. Assim, você estará mais preparado para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgirem. Afinal, no Halloween das ações, a escolha entre “doçuras” e “travessuras” pode fazer toda a diferença.
Para te ajudar nessas escolhas e evitar grandes travessuras, preparamos relatórios e recomendações mensalmente, selecionando as melhores ações de acordo com o momento econômico atual, confira nossa seleção mensal de ações e outras recomendações aqui na Riconnect.