- Os “FIAgro” são a novidade do mercado de Fundos Imobiliários, mas muitos investidores ainda estão tentando entender como eles funcionam.
- Não se preocupe! Aqui, contamos quais as diferenças, vantagens e riscos desse novo tipo de FII.
- E se você acha que está na hora de sair correndo da renda variável, leia o texto até o final: vamos mostrar como esses fundos listados podem se beneficiar no cenário atual de inflação pressionada e elevação da taxa de juros.
Se você é nosso leitor de longa data, já deve ter acompanhado vários textos nossos sobre Fundos Imobiliários (FIIs) por aqui (caso contrário, é só clicar ali atrás). Esse tipo de investimento surgiu em 1993 no Brasil, mas se tornou realmente popular nos últimos anos. Atualmente, mais de 1,5 milhão de investidores já tem uma parte da sua carteira de investimentos em FIIs.
Com esse crescimento, o mercado tem se desenvolvido cada vez mais. Os fundos passaram a ser mais negociados e se tornaram mais líquidos, enquanto o investidor também se tornou mais experiente. Essa dinâmica deu espaço para que novos tipos de FIIs fossem criados, oferecendo diversas opções dentro dessa classe de ativos.
A mais recente novidade (com o perdão do pleonasmo) são os FIAgro. Não sabe o que é isso, nem quais as vantagens ou desvantagens em relação aos FIIs tradicionais e à sua carteira de investimentos? Só rolar pra baixo, que estou aqui pra isso!
O que é um FIAgro?
Primeiro, é importante a gente pontuar que existem 3 tipos de FIAgro: os FIIs, os FIPs e os FIDCs. Nesse texto, vamos focar no FII, já que deve ser o mais popular entre os três.
O FII FIAgro é bem parecido com um fundo imobiliário tradicional. Entretanto, esse investimento é voltado para os ativos imobiliários ligados ao setor agropecuário, seja ele de natureza imobiliária rural ou de atividades relacionadas a produção do setor.
Ou seja, o investimento do fundo pode tanto ser feito para a aquisição de terras ou locais para armazenamento, quanto de dívidas associadas ao mercado do agronegócio (como CRAs, LCAs ou debêntures do setor, por exemplo), além de outros investimentos associados a cadeia produtiva do agronegócio.
O que difere um FIAgro de um FII “convencional”?
O FIAgro tem muitas semelhanças com os fundos imobiliários, com algumas alterações nas suas regras para que o produto se torne mais adequado com a dinâmica do setor agropecuário. De início, já posso te tranquilizar que eles também são isentos de Imposto de Renda no seu rendimento para a pessoa física, seguindo as mesmas regras dos Fundos imobiliários.
Entretanto, diferente dos FIIs convencionais, não há obrigatoriedade de distribuir ao menos 95% da renda do fundo semestralmente. No caso, essa distribuição pode ser regulada pelo próprio gestor no regulamento do seu fundo.
Isso significa que aquele famoso “pinga-pinga” na (sua) conta mensalmente não é obrigatório para os FIAgro, apesar dessa “boa prática” poder ser adotada pelo gestor do FIAgro para atrair os investidores com esse perfil.
Fora isso, o FiAgro também segue a regra de cobrança de imposto no caso da venda da cota com lucro, onde o investidor deve recolher o imposto referente a 20% do lucro via DARF no mês seguinte à venda da cota.
Por que investir em FIAgro?
De início, podemos destacar a exposição ao setor do agronegócio. Como comentei nesse texto, o setor representa quase 30% do PIB do Brasil, e tem boas perspectivas para crescimento nos próximos anos (não estando necessariamente relacionado aos ciclos econômicos que vemos na economia doméstica). Além disso, vale destacar a exposição do setor ao dólar e ao início da cadeia produtiva (commodities)- o que provém boas proteções contra a inflação e oscilações da nossa moeda.
Esses motivos já são o suficiente para considerar o investimento no setor de agronegócio de forma geral.
Quando tratamos especificamente dos FIAgro, porém, temos também outras vantagens. A diversificação é a primeira delas. Ter sua carteira de investimentos em FIIs muito ou totalmente exposta a um único setor é uma fragilidade desnecessária para os seus investimentos.
Aqui, vale destacar o que observamos com os FIIs de shoppings. Essa categoria de FIIs tornou-se a “queridinha” da classe, diante de perspectivas com o aquecimento da economia, logo antes do mundo ser arrastado pela Covid-19. Quem se expôs de forma desbalanceada a esse investimento que “não tinha como dar errado”, viu uma queda forte nos seus rendimentos – queda que talvez poderia ter sido compensada se houvesse uma maior diversificação de ativos, mesmo ainda entre categorias de FIIs.
Outra vantagem é a acessibilidade, considerando a exposição ao setor de agronegócio. Assim como os FIIs tradicionais são para imóveis convencionais, é muito mais acessível comprar uma cota de um FIAgro do que comprar uma fazenda, ou investir em uma dívida do setor imobiliário rural. Tanto por ser mais barato (podendo ser encontradas opções de investimento a partir de R$10,00), quanto por ser menos burocrático – uma vez que é negociado em bolsa.
Mas com a taxa de juros alta, vale investir em renda variável?
Com a alta da taxa de juros (conforme te contamos tudo aqui), muitos investidores têm corrido da renda variável para investir em renda fixa. Porém, essa corrida pode acabar deixando bons investimentos pelo caminho na renda variável, se não soubermos como procurar.
A maioria dos FIAgro hoje são compostos por CRAs (Certificado de Recebíveis do Agronegócio ), investimentos em renda Fixa atrelados normalmente ao CDI (taxa que acompanha a taxa básica de juros, a Selic) ou mesmo ao IPCA(nosso principal índice de inflação).
Desta forma, conhecendo bem seu investimento, o FiAgro pode ser uma posição na sua carteira que tanto se beneficia da elevação da taxa de juros, quanto te protege da alta de preços, garantindo ganhos acima da inflação.
Qual o principal risco do FIAgro?
Considerando sua semelhança com os FIIs, os FIAgro possuem a maioria dos riscos que destacamos quando pensamos no seu “primo” mais conhecido. De maneira geral, esses riscos são:
- Risco de crédito – a falta de capacidade de algum devedor não conseguir pagar suas obrigações.
- Risco de Liquidez -A dificuldade de vender o investimento por falta de demanda
- Risco de mercado – condições macroeconômicas, políticas locais ou internacionais, alterações de preço.
- Risco de governança – Risco associado a gestão e/ou má conduta de negócios.
- Risco de concentração – Fundos com apenas um ativo ou poucos locatários
Nesse texto eu comento 5 pontos para ajudar a se proteger desses riscos.
Além desses, os FIAgro tem mais um risco a ser considerado: o risco climático. Como o setor do agronegócio está intimamente ligado a eventos climáticos (como frio/calor excessivos, secas, muita chuva etc), isso pode impactar sua geração de lucro de empresas ligadas a determinados FIAgro.
É evidente que os FIIs convencionais também estão expostos ao risco de um evento climático inesperado, como uma enchente, mas esse risco é consideravelmente maior quando pensamos na produção agrícola e pecuária.
Porém, respeitando um investimento do tamanho certo para o seu perfil e com uma carteira bem diversificada, o FIAgro pode se tornar um bom novato na carteira de investimentos do brasileiro. Se quiser ouvir um pouco mais sobre o assunto e conhecer o gestor de um FIAgro, assista a live que fiz ontem sobre o tema.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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