O Comitê de Política Monetária do Banco Central (o Copom) reduziu a nossa taxa básica de juros – a taxa Selic – em 0,50pp. para 11,75% ao ano.
A decisão anunciada 13 de dezembro dá continuidade ao processo de queda de juros iniciado em agosto de 2023, após um ano de taxa Selic no patamar de 13,75%. Acreditamos que o Banco Central deve continuar reduzindo a taxa básica de juros até aproximadamente a metade de 2024, quando a Selic deve atingir 10,0% ao ano.
Quer entender mais sobre como os juros impactam a inflação? Te contamos aqui!
O que disse o Copom?
Após cada reunião, o Copom divulga um comunicado detalhando sua decisão e sinalizando a direção que deve tomar dali em diante em relação à política monetária – ou seja, à taxa de juros.
No documento de hoje, o destaque para o cenário internacional ficou para a melhora observada desde a última reunião. Segundo os diretores do Banco Central, o recente alívio nas taxas de juros de longo prazo torna o ambiente externo “menos adverso” para economias emergentes, como o Brasil.
Isso porque com retornos mais altos no investimento considerado de menor risco do mundo, investidores tendem a “exigir” maiores retornos em países considerados de maior risco – no caso, maiores juros. Ou seja, juros elevados nos Estados Unidos (e outros países desenvolvidos) pressionam os juros por aqui.
Assim, o alívio nos juros favorece a reversão dessa dinâmica mais negativa para países emergentes. A melhora no cenário de inflação nos EUA também foi destacada pelo Copom como positiva no contexto doméstico.
Já no palco doméstico, o Copom avaliou que a inflação continua desacelerando nos últimos meses – o que é, claro, positivo. Também destacou o enfraquecimento recente da economia, conforme esperado diante do aperto trazido pelos juros altos, que encarecem o crédito e desestimulam o consumo e o investimento produtivo.
Dito isso, o Banco Central também chamou atenção para fatores que seguem como riscos adiante. Do lado internacional, a incerteza sobre os rumos da inflação e dos juros persiste, apesar da melhora recente. Entre os riscos domésticos, a inflação no setor de serviços segue mais resistente do que os preços de bens, e as expectativas sobre a inflação no futuro continuam acima da meta do Banco Central para os próximos anos.
Sobre as expectativas, vale destacar a importância da percepção de risco fiscal – que o Copom manteve como relevante no comunicado. Afinal, se o governo gastar muito além do que arrecada e sinalizar que seguirá impulsionando a economia, muitos entenderão que os preços seguirão pressionados adiante – influenciando efetivamente o nível da inflação no futuro.
Nesse contexto, o Copom optou por reduzir a Selic em 11,75% ao ano. Nesse caso, reduzindo os juros, mas mantendo a taxa básica no patamar que chamamos de “contracionista” – em que os juros altos encarecem o crédito, desincentivam o consumo e desaquecem a economia como um todo, reduzindo a inflação.
Juros devem continuar caindo em 2024
Diante do cenário descrito acima, acreditamos que o Banco Central seguirá reduzindo a taxa Selic em 2024. Mas isso não significa que o ritmo será acelerado ao longo de 2024. Na nossa visão, o processo de redução dos juros deve seguir gradual (ao ritmo de cortes de 0,5 pontos percentuais).
A continuidade da redução da Selic também não significa que os juros atingirão patamar “expansionista”; ou seja, aquele que estimula a economia diante do ritmo de preços mais baixos do que o esperado.
Isso porque, como falamos, apesar da inflação mais bem comportada nos últimos meses – como contamos aqui em detalhes – ainda existem riscos tanto no ambiente global quanto doméstico.
Em suma: o cenário permite que o Banco Central reduza a magnitude do “freio” na economia, mas sem eliminá-lo por completo (a menos por ora).
Assim, projetamos que a Selic encerre 2024 em 10,00% ao ano.
Quando vou sentir a queda de juros?
Para o mercado, a decisão não deve ter grandes impactos, por ter vindo bem em linha com o esperado pela maioria dos analistas.
Dito isso, o mercado de renda fixa deve passar por pequenos ajustes no imediato pós decisão, com uma leve valorização de títulos pré-fixados e atrelados à inflação com vencimento de curto prazo. Isso porque parte dos analistas esperava que o comunicado do Copom indicasse espaço para aumentar o ritmo de queda da Selic em suas próximas reuniões – o que não aconteceu.
Para o dia a dia do brasileiro, pouca coisa muda, especialmente no curto prazo. Isso porque mudanças na taxa básica de juros demoram a ser sentidas na economia – chamamos esse efeito de “defasagem da política monetária”. No Brasil, o intervalo para que alterações na Selic sejam refletidas nas taxas para empresas e pessoas física varia de 3 a 12 meses.
Além disso, o impacto também varia de acordo com a modalidade do crédito. Por exemplo, a variação de 1p.p. na taxa Selic leva a uma variação quatro vezes maior nos juros médios do cheque especial ao longo de doze meses (conforme estudo recente do Banco Central). Já outros tipos de crédito, como crédito imobiliário e para veículos, são impactados em um período de 6 e 3 meses em média, respectivamente.
Isso significa que continuaremos a sentir os efeitos de juros altos – como o alto nível de inadimplência e comprometimento de renda das famílias com o pagamento de dívidas – até que esse movimento comece a perder força aos poucos ao longo do ano que vem.
Assim, mesmo com a redução esperada para a taxa Selic nos próximos meses, o cenário de crédito mais caro e “dinheiro mais escasso” sentido no dia a dia dos brasileiros não deve se reverter tão cedo.
A Selic deve seguir caindo, e isso é positivo para a bolsa
Independente de acertarmos “em cheio” os próximos passos do Copom, entendemos que estamos em um processo de redução dos juros. Esse movimento tende a abrir a porta para investimentos que apresentem maior nível de risco, especialmente em ações – considerando sempre o perfil de risco de cada cliente.
Isso porque juros menores ajudam a reduzir o custo de capital para as empresas nos modelos de analistas (aumentando o preço justo de ações), elevam os seus lucros por conta da queda nas despesas financeiras, e melhoram a saúde financeira das empresas que têm dívida alta e precisam de novos financiamentos.
Em outras palavras, ciclos de queda de juros tendem a ser positivos para investimentos em bolsa.
O gráfico abaixo ajuda a ilustrar essa dinâmica. Como podemos ver, momentos de redução da taxa Selic foram, em sua média histórica, acompanhados por bons retornos do nosso principal índice acionário, o Ibovespa.
Para investir na bolsa, destacamos a RICO11, a carteira recomendada da Rico. Ela é composta por BDRs (ações de empresas estrangeiras no Brasil) e ações listados na bolsa brasileira, a partir da análise do cenário econômico, reunindo as principais estratégias de ações publicadas pelo time de análise da Rico — todas quantitativas, ou seja, baseadas em dados e modelos estatísticos e com processo de decisão automatizado.
Renda Fixa segue atrativa
Mas não é porque crescem as oportunidades na bolsa que a renda fixa perde sua atratividade. Pelo contrário.
Primeiro porque os juros devem continuar em patamares altos, acima dos níveis de inflação no curto prazo – garantindo retornos elevados para investimentos de prazos mais curtos (até três anos) e reserva de emergência.
Além disso, diante de um cenário onde a inflação segue um risco no longo prazo, títulos de renda fixa atrelados à índices de preço seguem uma excelente proteção para seus investimentos – dando espaço para vencimentos mais longos, acima de 2030.
Mas atenção: o cenário fica um pouco mais incerto quando falamos de títulos pré-fixados. Primeiro, porque não esperamos grandes movimentos de queda sobre as expectativas de juros no futuro no futuro próximo (dinâmica que valoriza esses títulos, vista em parte de 2023). Segundo, porque a incerteza sobre os rumos da inflação no mundo e do cenário fiscal doméstico voltaram a impactar as expectativas sobre os juros de longo prazo, desvalorizando títulos existentes e adicionando risco adiante.
Por isso, mantemos nossa recomendação para pré-fixados reduzida e cautelosa, priorizando vencimentos de curto prazo e oportunidades pontuais em títulos privados.
Recomendações completas
Confira todas as nossas recomendações, de acordo com cada perfil de investir, no Onde Investir da Rico. E abaixo, separamos algumas sugestões de investimentos recomendados nas principais classes de ativos para o cenário atual.
Classe | Opção de investimento | Opção de investimento2 | Mínimo da opção mais acessível |
Renda fixa pós-fixada | Tesouro Selic 2029 | XP TOP FI Renda Fixa Crédito Privado LP | R$ 100,00 |
Inflação | Tesouro IPCA+ 2032 com juros semestrais | Debenture Engie jul/2026 IPCA+5,5% | R$ 50,00 |
Renda Fixa Prefixada | Tesouro Prefixado 2026 | CRA Minerva set/2030 11,65% | R$ 100,00 |
Renda Fixa Global | Trend High Yield Americano FIM | Trend Crédito Global FIM | R$ 100,00 |
Multimercado | Selection Multimercado FIC FIM | XP Macro FIM | R$ 100,00 |
Renda variável Brasil | Carteira Rico11 | Selection Ações FIC Ações | R$ 100,00 |
Renda variável internacional | Wellington Us BDR Advisory Dólar FIC Ações BDR Nível 1 | M Global BDR Advisory Dólar FIC FIA BDR Nível I | R$ 500,00 |
Renda variável internacional hedgeada | Trend Bolsas Globais | Trend Bolsas Emergentes | R$ 100,00 |
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
1) Este relatório de análise foi elaborado pela Rico Investimentos, que é uma marca da XP Investimentos CCTVM S.A. (“Rico”) de acordo com todas as exigências previstas na Resolução CVM nº 20/2021, tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar sua própria decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta ou solicitação de compra e/ou venda de qualquer produto. As informações contidas neste relatório são consideradas válidas na data de sua divulgação e foram obtidas de fontes públicas. A Rico não se responsabiliza por qualquer decisão tomada pelo cliente com base no presente relatório.
2) Este relatório foi elaborado considerando a classificação de risco dos produtos de modo a gerar resultados de alocação para cada perfil de investidor.
3) O(s) signatário(s) deste relatório declara(m) que as recomendações refletem única e exclusivamente suas análises e opiniões pessoais, que foram produzidas de forma independente, inclusive em relação à Rico e que estão sujeitas a modificações sem aviso prévio em decorrência de alterações nas condições de mercado, e que sua(s) remuneração(es) é(são) indiretamente influenciada por receitas provenientes dos negócios e operações financeiras realizadas pela Rico.
4) O analista responsável pelo conteúdo deste relatório e pelo cumprimento da Resolução CVM nº 20/2021 está indicado acima, sendo que, caso constem a indicação de mais um analista no relatório, o responsável será o primeiro analista credenciado a ser mencionado no relatório.
5) Os analistas da Rico estão obrigados ao cumprimento de todas as regras previstas no Código de Conduta da APIMEC para o Analista de Valores Mobiliários e na Política de Conduta dos Analistas de Valores Mobiliários do Grupo XP.
6) Os produtos apresentados neste relatório podem não ser adequados para todos os tipos de cliente. Antes de qualquer decisão, os clientes deverão realizar o processo de suitability e confirmar se os produtos apresentados são indicados para o seu perfil de investidor. Este material não sugere qualquer alteração de carteira, mas somente orientação sobre produtos adequados a determinado perfil de investidor.
7) A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço ou valor pode aumentar ou diminuir num curto espaço de tempo. Os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos. As informações presentes neste material são baseadas em simulações e os resultados reais poderão ser significativamente diferentes.
8) Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da Rico. Fica proibida sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da Rico.
9) SAC. 0800 774 0402. A Ouvidoria da Rico tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800-722-3730.
10) O custo da operação e a política de cobrança estão definidos nas tabelas de custos operacionais disponibilizadas no site da Rico: https://www.rico.com.vc/custos. 11) A Rico se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste relatório ou seu conteúdo.
12) A Avaliação Técnica e a Avaliação de Fundamentos seguem diferentes metodologias de análise. A Análise Técnica é executada seguindo conceitos como tendência, suporte, resistência, candles, volumes, médias móveis entre outros. Já a Análise Fundamentalista utiliza como informação os resultados divulgados pelas companhias emissoras e suas projeções. Desta forma, as opiniões dos Analistas Fundamentalistas, que buscam os melhores retornos dadas as condições de mercado, o cenário macroeconômico e os eventos específicos da empresa e do setor, podem divergir das opiniões dos Analistas Técnicos, que visam identificar os movimentos mais prováveis dos preços dos ativos, com utilização de “stops” para limitar as possíveis perdas.
13) Antes de qualquer decisão, os clientes deverão realizar o processo de suitability e confirmar se os produtos apresentados são indicados para o seu perfil de investidor.