• O principal fantasma do ano para boa parte dos investidores brasileiros são as eleições presidenciais desse ano;
  • Mas, como no mercado o que mais importa é o preço, se ele aguentar desaforo, o fantasma pode não assustar tanto assim;
  • Ouvimos esse argumento em dois episódios do Stock Pickers, e vim provar em números que realmente a bolsa brasileira está descontada!;
  • Entenda mais nas próximas linhas!

Nas últimas semanas de 2021, passei um tempo viajando o Brasil e conversando com investidores de diversos estados do nosso país. Quando eu questionava “Qual o principal risco que você enxerga para seus investimentos em 2022?”, boa parte respondia o mesmo: eleições.

Sempre que retornava para o meu quarto de hotel, minha memória refutava a carta de novembro de 2019 da gestora Dahlia Capital, que foi dedicada aos “fantasmas do mercado” e suas muitas não concretizações em realidade. Obviamente escrita num enredo de cenário completamente diferente do atual, mas com conceito ainda muito vivo e ensinamentos aplicáveis nos dias de hoje.

O fato é: as eleições gerais desse ano são um tema muito relevante para o mercado financeiro brasileiro. Aliás, dedicamos mais de um espaço aqui na Riconnect para tratar do tema. Na oportunidade mais recente, minha amiga brilhante e chefe de economia do nosso time, Rachel de Sá, escreveu sobre justamente eleições, e como elas podem impactar seus investimentos.

Além de detalhar como esse período impacta o cenário e os mercados, ela concluiu muito bem ao dizer:

Para a infelicidade daqueles que esperam uma recomendação eleitoral de investimentos, a resposta é: não faça nada diferente do que você faria em um ano não eleitoral. (…)

(…) Tentar acertar o resultado das eleições e posicionar os investimentos para ganhar com isso (caso estejamos certos) não é uma prática que defendemos. Preferimos a manutenção de uma carteira diversificada, ajustada para o perfil e objetivos de cada investidor, para que possamos atravessar momentos de (isso sim) elevada incerteza.

Vou dedicar as próximas linhas que escrevo para complementar esse raciocínio:

Vale a pena investir em bolsa brasileira em ano eleitoral?

Nos últimos dois episódios do Stock Pickers (eps 128 e 129 respectivamente) nossos convidados foram questionados sobre o período eleitoral e suas expectativas para a bolsa de valores brasileira.

O “suco de conhecimento” que conseguimos extrair foi: sim, espera-se realmente um período turbulento. Porém, como a maioria das empresas brasileiras listadas em bolsa são líderes de mercado e seguem negociadas a preços muito descontados, o investimento em ações brasileiras ainda traz oportunidades interessantes, mesmo diante dos riscos eleitorais.

Gustavo Kataguiri, gestor de ações na Vinci Partners, disse no último episódio que as empresas fizeram uma boa lição de casa para 2022. Embora o cenário macro esteja mais desafiador, elas abrem o ano com uma alavancagem (nível de endividamento das empresas) bem baixa na média e com execução de seus respectivos negócios mais redonda.

Já no primeiro episódio do ano, André Ribeiro, sócio-fundador e gestor de ações na Brasil Capital, trouxe a ideia para mesa que o patamar de preço da bolsa está bem descontado e que se manter focado em empresas de qualidade provavelmente trará bons resultados no longo prazo.

Resolvi esboçar isso em números, pois contra fatos não há argumentos:

Como podemos ver no gráfico acima, o preço das empresas sobre o lucro delas está em patamar historicamente muito baixo. Essa é uma métrica fundamentalista muito usada para entender se a bolsa está “barata” ou “cara”.

Quanto menor estiver, mais atrativo. A primeira barra à esquerda mostra que a bolsa brasileira como um todo (representada pelo MSCI Brasil) está bem descontada, tanto em relação à mediana, quanto em relação ao preço/lucro em que ela foi negociada em 90% do tempo desde 2011.

Na sequência, vemos a quebra em alguns dos principais setores. É claro que não é a mesma história para todos, mas podemos ver que há muitos setores bastante descontados.

Certo. Entendemos que, se compararmos a nossa bolsa contra seu histórico, ela parece estar barata.

Entretanto, e se analisarmos ela contra bolsas de outros países emergentes, equiparáveis economicamente ao Brasil?

Como podemos ver acima, a bolsa brasileira também está barata, se compararmos com seus pares emergentes.

O que fazer com os investimentos em bolsa em ano eleitoral?

O passado e o comparativo com nossos pares indica que a bolsa brasileira está descontada. Mas isso não significa que ela não pode cair ainda mais, levando seus investimentos junto.

Assim, não é momento para deixar a cautela de lado. Não é o momento para ter “ideias mirabolantes” como vender o apartamento ou o carro para comprar ações da bolsa brasileira. Nosso cenário segue desafiador, e as eleições de outubro devem reforçar as incertezas que o cercam.

No entanto, uma coisa que Benjamin Graham me ensinou no livro “O Investidor Inteligente” é que margem de segurança pode fazer a diferença e ser primordial em diversas situações para uma estratégia de investimento, principalmente quando falamos sobre o mercado acionário.

Com esse patamar de preço, para quem já investe uma parcela adequada de sua carteira em bolsa, não há motivos para desespero. Ou seja, se você que está com medo de investir na bolsa (respeitando seu perfil de risco), talvez a fantasma da eleição não seja tão assustador para esse nível de preço.

Assim, mantemos a recomendação de investimento em bolsa brasileira para os perfis adequados, mesmo que com um ajuste no tamanho da fatia. Em uma carteira diversificada, a bolsa segue sendo uma classe interessante e até fundamental nesse contexto.

Investindo com base nos fundamentos, sem tentar fazer “trade político”, respeitando o horizonte e perfil de investimento condizentes, não temos tanto a temer.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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