O Comitê de Política Monetária do Banco Central (o Copom) manteve nossa taxa básica de juros (a taxa Selic) em 13,75% ao ano, em sua reunião de 22 de março.

Os diretores do Banco Central vêm mantendo a Selic inalterada desde outubro de 2022 – quando encerraram o ciclo de elevação de juros iniciado em março de 2021, que se caracterizou como o aperto mais forte da história recente.

Vale lembrar que o objetivo da alta de juros é controlar a inflação.

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O que disse o Copom?

Após cada reunião, o Copom divulga um comunicado detalhando sua decisão e sinalizando a direção que deve tomar dali em diante em relação à política monetária – ou seja, à taxa de juros.

No comunicado de hoje, o comitê destacou que o ambiente global piorou, aumentando a volatilidade em mercados ao redor do mundo. Desde sua última reunião, os episódios envolvendo a quebra de bancos nos Estados Unidos e turbulência na Europa aumentaram a aversão ao risco entre investidores e a incerteza sobre o crescimento da economia global.

Esse elemento, por si só, poderia dar espaço para o Copom pensar em reduzir os juros por aqui. Afinal, um potencial contágio da crise bancária e de crédito ao Brasil seria alimentado por juros altos – que tornam o crédito mais caro e escasso.

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Além disso, o Copom também destacou o risco de uma desaceleração na concessão de crédito aqui no Brasil. Isso porque, na esteira do rombo bilionário na Americanas, o nosso mercado de crédito também tem apresentado maior aversão ao risco e redução de oferta – o que poderia pesar sobre a economia, apertando mais o crédito já elevado pelos juros altos.

Porém, os riscos destacados pelos diretores do Banco Central de a inflação não voltar para a meta também estavam presentes.

No cenário internacional, os diretores enfatizaram que – apesar das turbulências recentes – o processo de alta de juros em economias desenvolvidas segue forte, uma vez que a inflação continua persistente.

Já no palco doméstico, o destaque ficou mais uma vez para o risco fiscal e para expectativas sobre a trajetória da alta de preços adiante – que, atualmente – sinalizam uma inflação mais alta do que o objetivo do Copom.

Diante desse cenário, o Copom optou por manter a Selic em 13,75% ao ano. A taxa segue, assim, no patamar que chamamos de “contracionista” – em que os juros altos encarem o crédito, desincentivam o consumo e desaquecem a economia como um todo, reduzindo a inflação.

Expectativas importam

Em uma mensagem dura contra a inflação (o que chamamos de hawkish, em “economês em referência a imagem de um falcão), o Banco Central destacou sua preocupação em relação à “desancoragem das expectativas”.

Isso significa que agentes econômicos (como você, eu e todo mundo) esperam que a inflação siga acima da meta do Banco Central – de 3,25% esse ano e 3,0% no ano que vem – nos próximos anos. Por isso, desancoradas.

A preocupação do Banco Central em relação às expectativas de inflação no futuro é ilustrada no contínuo aumento das projeções de inflação da pesquisa Focus do Banco Central – que reúne projeções das principais instituições financeiras do país.

De maneira simplifica: cada vez mais gente não acredita que a inflação será controlada no Brasil nos próximos anos, criando uma bola de neve que acaba por exigir juros altos por mais tempo.

Expectativas de inflação: o que são?

As expectativas de inflação são muito importantes para o controle da inflação em si.

A dinâmica é simples: basta pensar que se você acredita que os preços não irão parar de subir no futuro, e você é um prestador de serviços ou mesmo o locatário de um imóvel, existe uma grande chance de que você subirá o seu preço, para não “ficar pra trás”, certo?

Eventualmente, esse movimento de agentes na economia acaba impulsionando os preços em cadeia, e a inflação efetivamente sobe (no futuro).

Já o motivo por trás desse desequilíbrio entre expectativas e meta de inflação pode ser encontrado, em grande parte, na percepção de risco fiscal.

Afinal, quanto maior o gasto público, maior a demanda por bens e serviços, maior a percepção de risco de investidores em emprestar pro Brasil; maior tendência de desvalorização da nossa moeda; maiores as expectativas de inflação no futuro, e maior a pressão sobre os preços na economia.

Nesse cenário, vemos mais uma vez o destaque do Copom sobre a direção das contas públicas do país, diante não somente de decisões de aumento de gastos, mas também de sinalizações de menor controle das despesas públicas ao longo dos próximos anos.

Por isso, a divulgação do novo arcabouço fiscal – conjunto de regras que regem a dinâmica entre receitas e despesas do governo – segue crucial para os próximos passos da nossa política monetária.

Te contamos tudo sobre o risco fiscal e seus investimentos aqui!

Para onde vai a Selic?

Acreditamos que o Banco Central manterá a Selic em 13,75% ao ano até o final desse ano. Isso porque, se por um lado juros 13,75% ao ano já tem forte poder de contração na economia, por outro o cenário está repleto de riscos e incertezas – conforme falamos acima.

Dito isso, entendemos que, caso a economia desacelere mais do que o esperado ou as turbulências globais e domésticas no setor bancário e de crédito cresçam sistematicamente, poderemos observar o início de uma redução gradual da taxa Selic a partir do segundo semestre.

Quais os impactos da decisão?

Para o mercado, especialmente no cenário de renda fixa, podemos ver pequenos ajustes. Com a porta se fechando para possíveis reduções da Selic nos próximos meses, títulos com vencimento mais curto podem desvalorizar-se (uma vez que as taxas tendem a subir pra refletir a Selic alta por mais tempo).

Para o dia a dia do brasileiro, a manutenção da Selic reforça o cenário de aperto monetário, mas não traz grandes mudanças. Isso porque a redução ou elevação de juros por parte do Banco Central demora um tempo significativo (por volta de 6 a 9 meses) para começar a ser sentida na economia – e, assim, nos preços.

Isso significa que continuaremos a sentir os efeitos das altas recentes, mesmo com a Selic agora inalterada. Por exemplo, já podemos sentir o encarecimento de diferentes modalidades de crédito, com juros médios de novos empréstimos em alta, consumindo uma proporção maior da renda da população e desestimulando o consumo. E esse movimento tende a seguir ganhando força.

Como investir com juros altos?

Independente de acertarmos “em cheio” o patamar da Selic ou os exatos próximos passos do Copom, os juros devem seguir altos por um bom tempo. No patamar que chamamos de contracionista, em que a taxa Selic desestimula a economia para conter a alta de preços.

Mas além de crédito mais caro, juros altos também significam oportunidades de investimento. Ou seja, mais uma chance para largar de vez a “boa e velha” poupança.

Os juros altos aumentam a relevância e atratividade da Renda Fixa. Títulos pós fixados, como o Tesouro Selic, continuam oferecendo retorno elevado (de 13,75% ao ano), por seguirem a rentabilidade da taxa Selic.

Já títulos de renda fixa indexados à inflação ajudarão a proteger o patrimônio da ainda presente incerteza da elevação dos preços, assim como fundos de investimento de renda fixa.

Ações e Fundos Imobiliários

Mas, se era verdade que a Renda Fixa não tinha morrido no período de juros baixos (sempre sendo importante para investimentos como reserva de emergência), também é verdade que outros investimentos seguem trazendo oportunidades nesse período de juros em elevação e inflação pressionada.

Acreditamos que a Bolsa continua oferecendo boas oportunidades apesar do cenário mais volátil em 2023. Em particular, ações pagadoras de dividendos seguem sendo atrativas olhando para seus ganhos acumulados ao longo do tempo — é o que nosso estudo indica.

Na bolsa, destacamos a RICO11, a carteira recomendada da RicoEla é composta por BDRs (ações de empresas estrangeiras no Brasil) e ações listados na bolsa brasileira, a partir da análise do cenário econômico, reunindo as principais estratégias de ações publicadas pelo time de análise da Rico — todas quantitativas, ou seja, baseadas em dados e modelos estatísticos e com processo de decisão automatizado.

Recomendações completas

Confira todas as nossas recomendações, de acordo com cada perfil de investir, no Onde Investir da Rico. E abaixo, separamos algumas sugestões de investimentos recomendados nas principais classes de ativos para o cenário atual.

Classe Opção de investimento Opção de investimento2 Mínimo da opção mais acessível
Renda fixa pós-fixada Tesouro Selic 2029 CDB C6 CDI+1,90% fev/25 R$ 100,00
Inflação Tesouro IPCA+/NTN-B Maio/2025 IPCA+5,36% XP Debentures incentivadas R$ 31,27
Renda Fixa Prefixada Tesouro Prefixado/LTN Jan/25 12,7% CDB C6 Fev/25 14,45% R$ 31,56
Renda Fixa Global Trend High Yield Americano FIM Trend Crédito Global FIM R$ 100,00
Multimercado Selection Multimercado FIC FIM XP Macro FIM R$ 100,00
Renda variável Brasil Carteira Rico11 Selection Ações FIC Ações R$100,00
Renda variável internacional Carteira de ETFs Rico Wellington US BDR Advisory Dólar  Nível R$ 500,00
Renda variável internacional hedgeada M Global BDR Advisory FIC FIA BDR Nível I Wellington US BDR Advisory  BDR Nível I R$ 100,00
Alternativos Trend Commodities FIM RBR Reits US Em Reais FIC FIA BDR R$ 100,00

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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