Antes que vocês me perguntem, caros(as) 13 leitores(as), não, eu não sou especialista em horóscopo (muito menos chinês), mas o que não fazemos para prender sua atenção no dia 29 de dezembro, não é mesmo?

Brincadeiras à parte, quando eu trabalhava no Bank of America Merrill Lynch, nessa época do ano, sempre publicávamos o famoso “Year Ahead”, com as visões dos analistas do mundo todo e todas as classes de ativos (relatório comum entre as casas de análise).

Inclusive, teremos o nosso “Year Ahead” da Rico também, mas de um jeito bem Rico, claro, que será divulgado na primeira semana de janeiro (já coloca aí na agenda seu primeiro compromisso do novo ano 😉).

Mas voltando à história do horóscopo chinês, pois bem. O time da China sempre colocava o animal correspondente ao ano em questão no título e, por isso, lembrei. E o curioso é que o zodíaco chinês é formado por 12 animais, seguindo uma lenda muito popular sobre Buda e a escolha desses animais.

Ou seja, o ano do rato de 2020 também aconteceu em 2009, ano ainda desafiador depois da crise de 2008 mas que marcou o início da recuperação dos mercados.

Coincidências, acasos ou ciclos de lado, o que importa agora é 2021: o ano do boi – seria um sinal para o bull market?

Bom, chega de mensagens subliminares e vamos ao tema que eu combinei de falar aqui. Não, não é sobre horóscopo chinês. Mas é interessante também: Ibovespa em 2021, o que esperar?

Recapitulando (apesar de ninguém querer saber de retrospectiva esse ano, cá pra nós), as ações globais acumulam alta de +13,5% no ano depois do melhor mês de todos durante novembro (+13%). Quem diria que, julgando apenas pelos preços, 2020 teria sido um ano sólido para os mercados financeiros?

Apesar de ainda existirem muitas feridas a serem cicatrizadas em 2021, como as altas taxas de desemprego e aumento das disparidades sociais, a recuperação parece encaminhada e a esperança de um ano (e um mundo) melhor fica mais forte.

Esperamos que o Brasil cresça +3,4% em 2021, se recuperando parcialmente do declínio esperado de -4,6% em 2020. Isso deve apoiar as empresas brasileiras a crescerem fortemente seus lucros em 2021, o que é muito positivo para bolsa e, principalmente, aos setores que foram mais impactadas pela pandemia – Transportes, Varejo Físico, Shoppings, Bares & Restaurantes e Turismo.

O consenso de mercado espera que o lucro por ação (LPA) do Ibovespa cresça +2,3% em 2021, depois de cair -81,1% em 2020. Em 2022, o mercado estima um crescimento do lucro por ação de +11,8%.

Além disso, os estímulos devem continuar impulsionando os mercados. Em 2020, Bancos Centrais e governos ao redor do mundo anunciaram cerca de U$20 trilhões em estímulos fiscais e monetários, valor que representa surpreendentes 23% do PIB global.

Esse nível de novas dívidas e emissão de dinheiro foi muito além do declínio do PIB global, cuja queda estimada é de -4,4% em 2020.

A nova injeção de liquidez permanecerá na economia global porque é improvável que os Bancos Centrais revertam a postura bastante expansionista de taxas de juros baixíssimas por muitos anos. Sem contar os novos programas de estímulos sendo discutidos, como nos EUA e Europa.

E, por fim, a volta aos holofotes dos mercados emergentes e setores cíclicos também é muito positiva para a bolsa brasileira.

Vale notar que a exposição de investidores de mercados emergentes e globais permanecem substancialmente baixa na região. Portanto, o forte fluxo recente para o mercado brasileiro pode continuar em 2021.

Apesar da forte recuperação recente, as ações brasileiras ainda permanecem muito atrás e o índice está entre os mercados de pior desempenho globalmente em 2020. Além disso, os índices MSCI Brasil e Ibovespa estão fortemente inclinados para os nomes cíclicos e o setor financeiro, que devem se beneficiar de uma recuperação do crescimento global e de uma continuação da “reabertura do comércio”.

Dito isso, momento hedge “não diga que eu não te avisei”, nunca negligencie os riscos:

  1. Recuperação econômica: As expectativas de que as vacinas contra a covid-19 comecem a ser implantadas e se espalhem globalmente de forma rápida são muito maiores agora. Atrasos nos processos de aprovação da vacina, na produção de bilhões de doses e também na logística e transporte, assim como aumento dos casos da doença podem criar obstáculos para a economia global.
  2. Superaquecimento dos mercados e da economia (o Voldemort da economia: inflação): À medida que os principais riscos iminentes em 2020 começam a sair do caminho (pandemia, eleições americanas) e existe muita liquidez dos estímulos fiscais e monetários, há um risco de superaquecimento nos preços dos ativos no próximo ano, potencialmente gerando algumas bolhas nos preços dos ativos. Mas não se engane: isso não é necessariamente negativo para os investidores: basta estar ciente desse potencial, se posicionar adequadamente e tomar os cuidados necessários, como diversificar a sua carteira. Ativos reais são a melhor opção para proteger seu portfólio em 2021 (ações, títulos indexados à inflação, commodities como metais preciosos e até mesmo uma pequena exposição a criptomoedas, como Bitcoin). Veja aqui mais detalhes.
  3. Risco de que a inflação surpreenda para cima, especialmente no Brasil, o que pode levar a uma maior taxa de juros e aperto monetário em 2021. Lembrando que esperamos que a taxa Selic termine 2021 em 3% (vs. 2% atualmente), mas taxas mais altas do que o esperado são um risco para a atividade, para o fluxo de ações e até mesmo para números fiscais do governo. Como o Brasil terá quase 100% do PIB como dívida bruta, cada 1% de aumento na taxa de juros custa cerca de R$70 bilhões/ano, um valor bastante alto.
  4. Riscos fiscais no Brasil: como escrevemos no “em meio a tantas dúvidas, uma certeza”, o país vai emergir dessa crise altamente endividado e ainda com um grande déficit orçamentário anual. Essa dinâmica, associada à necessidade de emitir um montante relevante de dívida em 2021-22 para financiá-la localmente, provavelmente continuará a pressionar as taxas de juros de longo prazo e os prêmios de risco no Brasil. As melhores proteções para isso são a exposição ao câmbio (USDBRL), taxas flutuantes e títulos indexados à inflação, especialmente aqueles com classificação AAA-AA.

Encontre todas as recomendações para cada perfil no nosso “De olho no mercado” de dezembro. Quer mais detalhes sobre quais ações investir? Não deixe de conhecer nossas seleções Estrelas.

Inclusive, tá aí um bom presente (atrasado) de Natal ou um bom jeito de começar o ano, só clicar aqui.

Feliz ano novo e um ano do boi bem bullish (otimista) para nós!

Elaborado por:

Betina Roxo, CNPI 1493

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