O Comitê de Política Monetária do Banco Central (o Copom) manteve nossa taxa básica de juros (a taxa Selic) em 13,75% ao ano em sua reunião em 21 de junho.

Essa foi a sétima reunião consecutiva que os diretores do Banco Central mantiveram a Selic inalterada, em processo iniciado em outubro de 2022 – quando encerraram o ciclo de altas iniciado em março de 2021.

Quer entender mais sobre como os juros impactam a inflação? Te contamos aqui!

O que disse o Copom?

Após cada reunião, o Copom divulga um comunicado detalhando sua decisão e sinalizando a direção que deve tomar dali em diante em relação à política monetária – ou seja, à taxa de juros.

No documento de hoje, o comitê manteve a preocupação em relação ao ambiente global trazida na última reunião, apesar de mais ameno diante da melhora do cenário de estresse bancário de alguns meses atrás. Para os diretores, a inflação segue alta a preocupante no mundo, o que demanda uma postura dura de juros altos por parte de Bancos Centrais.

Já no palco doméstico, o Copom reconheceu que o processo de desinflação está em andamento – ou seja, os preços estão de fato subindo de maneira mais comportada. Porém, ainda há riscos, especialmente relacionados ao comportamento das expectativas da inflação no futuro.  

Diante desse cenário, o Copom optou por manter a Selic em 13,75% ao ano. A taxa segue, assim, no patamar que chamamos de “contracionista” – em que os juros altos encarem o crédito, desincentivam o consumo e desaquecem a economia como um todo, reduzindo a inflação.

“Cautela e parcimônia”

Apesar da mensagem mais leve em relação ao comunicado de maio, o Banco Central continuou destacando sua preocupação em relação à “desancoragem das expectativas”.

Isso significa que grande parte dos analistas acredita que a inflação seguirá acima do desejado pelo Banco Central nos próximos anos (foras da “âncora da meta”). Essa dinâmica tende a pressionar a inflação, demandando juros altos por mais tempo. 

Expectativas de inflação: o que são?

As expectativas de inflação são muito importantes para o controle da inflação em si.

A dinâmica é simples: basta pensar que se você acredita que os preços não irão parar de subir no futuro, e você é um prestador de serviços ou mesmo o locatário de um imóvel, existe uma grande chance de que você já subirá o seu preço, para não “ficar pra trás”, certo?

Eventualmente, esse movimento de agentes na economia acaba impulsionando os preços em cadeia, e a inflação efetivamente sobe (no futuro).

O objeto dessa preocupação do Banco Central pode ser visto nas projeções de inflação da pesquisa Focus do Banco Central – que reúne projeções das principais instituições financeiras do país. Apesar de uma melhora recente, grande parte dos analistas ainda espera que a inflação nos próximos anos seguirá acima da meta do Banco Central (de 3,25% para esse ano e 3,0% a partir de 2024). 

Nesse contexto, o Copom destacou a importância de “cautela e parcimônia” na condução da política monetária no país. Ou seja, destacou que é preciso tempo para que os efeitos dos juros altos sejam sentidos na economia e na inflação – e assim, em possíveis mudanças na taxa de juros.

Selic deve cair em agosto, mas seguir em dois dígitos

Diante desse cenário, acreditamos que o Banco Central começará a reduzir a taxa Selic em sua próxima reunião, em agosto.

Isso porque embora o cenário siga relativamente incerto tanto no ambiente global (juros ainda subindo em países desenvolvidos) quanto doméstico – com uma política fiscal expansionista e expectativas de inflação ainda acima da meta – movimentos recentes devem permitir uma taxa Selic gradualmente mais baixa.

Esses movimentos incluem a queda da inflação recente, especialmente em produtos industrializados e alimentos, além da formalização do arcabouço fiscal (que contribui para a redução da percepção de risco fiscal do país) e da valorização do real nos últimos meses.

Dito isso, também não vemos espaço para que a Selic saia do território contracionista. Ou seja, acreditamos que o processo de redução dos juros será bastante gradual, e que a Selic seguirá em patamar de dois dígitos até, no mínimo, meados de 2024 – quando vemos os juros básicos em 11,00%. 

Quais os impactos da decisão?

Para o mercado, não vemos grandes impactos da decisão. Isso porque a decisão já era amplamente esperada por grande maioria dos analistas. Apesar disso, o tom um pouco mais duro da mensagem pode trazer certo movimento no mercado de renda fixa no imediato pós decisão, com uma suave desvalorização de títulos pré-fixados e atrelados à inflação com vencimento de curto prazo.  

Para o dia a dia do brasileiro, a manutenção da Selic reforça o cenário de aperto monetário, mas também não traz grandes mudanças. Ou seja, continuaremos a sentir os efeitos de uma taxa de juros no nosso dia a dia. 

Os impactos dos juros altos são vistos, por exemplo, no encarecimento do crédito e na alta da inadimplência das famílias, especialmente nas modalidades de crédito mais caras, como cheque especial e rotativo de cartão de crédito.

Também podemos observar o impacto da Selic elevada no consumo, especialmente no recuo do comércio de bens duráveis. Afinal, juros altos pesam sobre o endividamento e – consequentemente – sobre o consumo de itens que exigem maior financiamento, como carros, móveis e eletrodomésticos.

Assim, mesmo com a redução gradual esperada para a taxa Selic nos próximos meses, o cenário de crédito mais caro e “dinheiro mais escasso” sentido no dia a dia dos brasileiros não deve se reverter tão cedo. Especialmente porque a Selic deve seguir no campo que chamamos de contracionista – aquele em que os juros têm o objetivo de desaquecer a economia para conter a alta de preços.

A Selic deve cair, e isso é positivo para a bolsa

Independente de acertarmos “em cheio” os próximos passos do Copom, entendemos que os juros devem começar a cair em breve. Esse movimento deve ser bastante gradual, mas tende a abrir a porta para investimentos que apresentem um pouco mais de risco, especialmente em ações – considerando sempre o perfil de risco de cada cliente.

Isso porque juros menores ajudam a reduzir o custo de capital para as empresas nos modelos de analistas (aumentando o preço justo de ações), elevam os seus lucros por conta da queda nas despesas financeiras, e melhoram a saúde financeira das empresas que têm dívida alta e precisam de novos financiamentos.

Em outras palavras, ciclos de queda de juros tendem a ser positivos para investimentos em bolsa.

O gráfico abaixo ajuda a ilustrar essa dinâmica. Como podemos ver, momentos de redução da taxa Selic foram, em sua média histórica, acompanhados por bons retornos do nosso principal índice acionário, o Ibovespa.

E para investir na bolsa, destacamos a RICO11, a carteira recomendada da RicoEla é composta por BDRs (ações de empresas estrangeiras no Brasil) e ações listados na bolsa brasileira, a partir da análise do cenário econômico, reunindo as principais estratégias de ações publicadas pelo time de análise da Rico — todas quantitativas, ou seja, baseadas em dados e modelos estatísticos e com processo de decisão automatizado.

Renda Fixa segue atrativa

Mas não é porque crescem as oportunidades na bolsa que a renda fixa perde sua atratividade. Pelo contrário.

Primeiro, porque uma eventual queda dos juros também é positiva para títulos atrelados à inflação e prefixados, especialmente aqueles com vencimento de prazos mais longos. Isto porque o movimento de queda nas expectativas de juros no futuro valoriza títulos já existentes (o preço sobe), e a queda dos juros no curto prazo deveria aumentar a atratividade dos títulos de longo prazo comparativamente – afinal, quanto mais tempo você empresta, mais retorno exige, certo? 

Além disso, ainda não vemos espaço para que a taxa Selic caia para além dois dígitos tão cedo. Esperamos que a Selic alcance 11,00% no primeiro trimestre de 2024, e siga nesse patamar até ao menos o fim do ano.

Nesse contexto, títulos pós fixados continuam ate apresentando boa atratividade. Isso significa que investimentos como o Tesouro Selic continuarão a oferecer retornos elevados, mesmo diante da queda esperada para a taxa básica de juros – uma vez que essa deve ser limitada. 

Recomendações completas

Confira todas as nossas recomendações, de acordo com cada perfil de investir, no Onde Investir da Rico. E abaixo, separamos algumas sugestões de investimentos recomendados nas principais classes de ativos para o cenário atual.

ClasseOpção de investimentoOpção de investimento2Mínimo da opção mais acessível
Renda fixa pós-fixadaTesouro Selic 2029CDB C6 CDI+1,90% fev/25R$ 100,00
InflaçãoTesouro IPCA+ 2029 IPCA+5,33%XP Debentures incentivadasR$ 31,27
Renda Fixa PrefixadaTesouro Prefixado 2026 10,95%CDB C6 Fev/25 14,45%R$ 31,56
Renda Fixa GlobalTrend High Yield Americano FIMTrend Crédito Global FIMR$ 100,00
MultimercadoSelection Multimercado FIC FIMXP Macro FIMR$ 100,00
Renda variável BrasilCarteira Rico11Selection Ações FIC AçõesR$100,00
Renda variável internacionalWellington Us BDR Advisory Dólar FIC Ações BDR Nível 1Wellington US BDR Advisory Dólar  NívelR$ 500,00
Renda variável internacional hedgeadaTrend Bolsas GlobaisWellington US BDR Advisory  BDR Nível IR$ 100,00
AlternativosTrend Commodities FIMRBR Reits US Em Reais FIC FIA BDRR$ 100,00

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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