A alta do dólar tem chamado atenção entre os assuntos mais falados nos noticiários de economia.

Após um começo de ano de relativa estabilidade, o segundo trimestre de 2024 começou marcado pela volatilidade da nossa taxa de câmbio – que atingiu o patamar de R$/US$ 5,20 em meados de abril, após fechar 2023 abaixo de R$/US$ 4,90.

Gráfico de cotações diárias do dólar abril 2024

Por que o dólar está subindo?

Esse movimento foi causado tanto por fatores domésticos quanto por movimentos no cenário internacional. Dentre eles, destacamos:

  • Juros altos por mais tempo nos Estados Unidos: como detalhamos acima, o Banco Central americano (o Fed) não deve começar a reduzir os juros tão cedo por lá, e o movimento será bem gradual. Os juros altos, por sua vez, seguem atraindo investidores em busca de retorno, mantendo o dólar forte frente a outras moedas.
  • Maior aversão ao risco causada por piora no cenário geopolítico global: o último mês contou com a piora do cenário geopolítico global, com destaque para o conflito no Oriente Médio. Além de pressionar o preço do petróleo (e potencialmente outros custos, como fretes), essa piora também aumenta a aversão ao risco entre investidores, que tendem a “fugir” para ativos considerados mais seguros, como o dólar e títulos do tesouro americano – fortalecendo a moeda.
  • Incertezas políticas no Brasil: a crescente incerteza sobre os rumos das contas públicas, incluindo discussões orçamentárias e arrecadação abaixo do esperado, além de episódios envolvendo o governo e empresas estatais aumentaram a percepção de risco em relação ao Brasil – com investidores “precificando” esse risco na nossa moeda, contribuindo para a alta do dólar por aqui.
  • Piora dos nossos termos de troca: apesar do aumento recente nos preços de minério de ferro, grande parte daquilo que vendemos ao mundo viu uma queda no preço em mercados globais, principalmente commodities agrícolas, como grãos. Esse movimento tende a enfraquecer nossa moeda, uma vez que passamos a “atrair menos dólares” pela via comercial.

Projeções para o futuro

Acreditamos que o real ainda vai se valorizar até o final de 2024. Isso porque vemos a nossa moeda (no patamar de aproximadamente R$ 5,20) desvalorizado tanto em relação ao seu histórico, quanto aos fundamentos econômicos.

Esses fundamentos incluem: i) o nível de preços de commodities que vendemos e quantidade que vendemos ao mundo (mesmo após a queda de preços recente); ii) o nível dos nossos juros em relação aos juros nos EUA; iii) a nossa medida de risco país; e iv) o valor do dólar em relação a outras moedas.

Gráfico: participação crescente da agropecuária e extrativa mineral sustentam superávit da balança comercial

Nesse cenário, estimamos a taxa de câmbio em R$/US$ 5,0 para o final desse ano e de R$/US$ 5,15 para o final de 2025.

Vale destacar, no entanto, que essa projeção não significa que esse será o valor da taxa de câmbio ao longo de todo o ano. Pelo contrário, esperamos que o “sobe e desce do dólar” siga presente, especialmente diante do alto nível de incerteza nos cenários global e doméstico.

Planilha Financeira: Simulação de Patrimônio Futuro

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