Em vez de “ano de 2020”, poderíamos rebatizar para “turbulência”. Encerramos mais um mês deste ano que mais parece uma década dada a quantidade de acontecimentos. Aliás, recomendo que leia esse insight acompanhado da música que ouvi para escrevê-lo.

O Ibovespa encerrou outubro com queda de 0,69%, o que ao primeiro olhar, pode parecer uma variação singela, mas não podemos esquecer que, ao longo do mês, o índice chegou atingir os 102.217 pontos, e encerrou próximo da mínima do mês (93.386 pontos).

O Brasil segue com uma das piores performances de bolsa do mundo, são 18,47% de queda até aqui. Apenas para paralelo, nos EUA, o S&P 500 já sobe 2,52%, e o índice da bolsa de tecnologia (Nasdaq) anota uma alta de incríveis 26,90%.

Mas como o “ano turbulência” não poderia deixar de ser característico, o pódio dos índices de bolsa fica para o S&P 500 VIX, que mede a volatilidade das opções negociadas na bolsa de Chicago – apelidado carinhosamente de “índice do medo”, já que valoriza quando os investidores estão receosos e buscando por proteções para a carteira. O índice valorizou 125,17% em 2020.

Enfim, essa é a “foto” do ano até aqui, e como nos demais meses do ano, outubro contribui sendo palanque novamente para ele: o novo coronavírus. A tão temida “segunda onda” da covid-19 deu as caras neste mês:

Aumento no número de casos

O aumento no número de casos fez com que alguns governos anunciassem novas medidas de isolamento. Países como Alemanha, França e Reino Unido anunciaram medidas mais severas para conter essa expansão.

Os famigerados “lockdowns”, realizados por questões de saúde, geram consequências econômicas. Negócios fechados, fluxo de consumidores mais baixo, e o medo que se instaura e traz a poupança precaucional consigo, tudo isso traz novos impactos econômicos – aliás, impactos esses que não eram esperados pelos investidores.

Economias e empresas que já estavam fragilizadas sendo “nocauteadas” mais uma vez pelo corona. Enquanto isso, norte-americanos vão as urnas (ou não) para definirem seu novo presidente e mais um capítulo importante deste ano.

Biden vem com vantagem nas pesquisas de estados fundamentais para o quórum eleitoral, mas varemos agora se esses números vão se converter para votos reais. São “apenas” mais dois meses até o fim de 2020, mas em um ano que mais parecem 10, podemos dizer que tem muita água para rolar nessa cachoeira ainda.

Enfim, esses momentos de turbulência e incerteza realmente dão uma dor no estômago. Porém, caros 13 leitores, vou compartilhar uma técnica infalível para passar bem por estes momentos:

Nas inúmeras visitas a gestoras que já fiz vi, ouvi e aprendi muito. Mas, em uma visita especifica à gestora Dahlia Capital, algo me chamou atenção: José Rocha, um dos principais gestores da casa, tem um mural no espelho do escritório onde cola suas principais ideias de investimento em recortes de gráficos ou textos.

Quando perguntei o porquê ele fazia isso, sorrindo me respondeu: “abafa os ruídos do dia-a-dia e ajuda a lembrar do que realmente importa”.

Bom, vocês já imaginam que não demorei para replicar a ideia (dentro das minhas limitações de espaço no home office).

O cenário de curto prazo é extremamente incerto: coronavírus que ainda não teve seu fim, eleições americanas definindo a liderança da maior economia do mundo, além dos países estarem muito mais endividados por conta da pandemia e a necessidade de ações fiscais para combater suas consequências.

Mas não podemos deixar de lembrar que, justamente para combater os efeitos econômicos colaterais da covid, os bancos centrais ao redor do mundo reduziram suas taxas básicas de juros. No mundo desenvolvido, as taxas chegam próximas de zero ou até mesmo no campo negativo, e no mundo emergente (em que o Brasil se inclui), temos um patamar muito mais baixo do que visto antes.

As discussões sobre o mundo pós-pandêmico se dividem em todos os aspectos, até pelo nível de incerteza já comentado aqui, mas acredito que nós estamos convencidos (e os bancos centrais também) que as taxas de juros ficarão mais baixas por mais tempo.

Claro, não necessariamente nos patamares atuais, mas para um mundo que vai precisar tapar um buraco enorme causado pela pandemia, com certeza bem mais baixas que a média histórica.

Mas Collazo, essa informação importa por que exatamente?

Para nos lembrarmos que:

i) em um mundo de juros mais baixos, as rentabilidades também ficam mais baixas, e se você quer buscar maiores retornos na sua carteira, vai precisar se expor a maiores riscos;

ii) já que o juro está mais magro, a renda fixa também emagrece. Isso beneficia os chamados ativos reais – ações, imóveis, commodities;

iii) necessidade de aumentar os riscos + maior parcela da carteira investida em ativos reais = necessidade de alongar os prazos de investimento.

Obviamente que, como sempre falamos, tudo isso só importa depois do seu perfil de investidor. É fundamental você estar com sua carteira alinhada com seu perfil, caso contrário, qualquer dor de estomago pode te fazer apertar o botão de resgate e nem sempre essa é a decisão mais inteligente.

Ah, e por mais que a renda fixa esteja mais magra, aqui no Brasil temos uma jabuticaba doce nas taxas dos ativos dessa classe. Diferente do resto da maior parte do mundo, temos boas taxas de retorno em ativos de renda fixa para prazos maiores, principalmente nos indexados à inflação (IPCA+), que nos pagam taxas reais (já descontadas da inflação) bem interessantes.

Aí fica fácil: olho minha tela indicando diversas notícias “negativas”, estico meu corpo e olho para essa minha “parede-mural”, e me lembro que preciso acompanhar o mercado sempre, mas não é sempre que eu preciso tomar decisões de investimento ou desinvestimento.

Recomendo que vocês façam o mesmo.

Resumo do dia: Democracy Party

(por Paula Zogbi)

Chegou o grande dia das eleições dos Estados Unidos. Hoje, eleitores de todo o país vão às urnas para decidir entre Joe Biden e Donald Trump – uma escolha que definirá os rumos da maior economia do mundo a partir de agora e, consequentemente, afetará todo o planeta.

Nesse clima de “festa da democracia”, apesar da rivalidade forte vista nessa eleição em especial, as bolsas mundiais abrem em alta. Nos EUA, os futuros dos três principais índices sobem até 1,6%; o Euro Stoxx tem alta de 2% nesta manhã.

Segundo pesquisas publicadas no domingo feita pela NBC News e pelo Wall Street Journal, o candidato democrata tem 52% das intenções de voto, frente 42% para Trump. Mas a decisão está longe ainda: a contagem de votos não termina hoje – pode demorar alguns dias por conta da votação maciça pelos correios – e o atual presidente deu a entender que pretende entrar na justiça contra votos que não sejam contabilizados até amanhã.

Ontem foi feriado no Brasil, mas o pregão internacional indica que nossa bolsa também deve abrir em alta nesta terça. O principal índice brasileiro de ADRs (que representam ações de empresas estrangeiras negociadas na bolsa dos EUA), o Dow Jones Brazil Titans 20 ADR, fechou com alta de 0,95%, a 13.240 pontos. O ETF EWZ iShares MSCI Brazil Capped, que replica o Ibovespa em dólar, registrou alta de 1,19%, a 27,18 pontos.

Na frente política, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, descartou possibilidade de colocar em votação na casa propostas para prorrogar o estado de calamidade, o auxílio emergencial ou o orçamento de Guerra.

Agenda da Semana
Terça-feira, 03
08h00: Brasil – ata do Copom
08h25: Brasil – boletim Focus
10h00: Brasil – PMI manufatura out (ant: 64,9)
12h00: EUA – Pedidos de fábrica set. (exp: 0,5%; ant: 0,7%)
15h00: Brasil – Balança comercial mensal out
22h45: China PMI Composto e de Serviços out.
Quarta-feira, 04
05h00: Brasil – IPC FIPE mensal out (ant: 1,1%)
05h15: Espanha – PMI Serviços out (ant: 42,4)
05h45: Itália – PMI Serviços out (ant: 48,8)
05h50: França – PMI Serviços out (ant: 46,5)
05h55: Alemanha – PMI Serviços out (exp: 49; ant: 48,9)
06h00: Zona do Euro – PMI Serviços out (exp: 46,2; ant: 46,2)
07h00: Zona do Euro – PPI set (ant: 0,1%)
09h00: Brasil – Produção industrial mensal set (exp BBG: 2,4%; exp XP: 2,2%; ant:3,2%)11h45: EUA – PMI Serviços out (ant: 56)
Quinta-feira, 05
07h00: Zona do Euro – vendas a varejo set (exp: -0,5%; ant: 4,4%)
09h00: Reino Unido – decisão da taxa de juros (exp: 0,1%; ant: 0,1%)
10h00: Brasil – PMI Serviços out (ant:50,4)
10h30: EUA – Novos pedidos seguro-desemprego
16h00: EUA – Decisão Taxa FOMC (exp: 0,0 a 0,3%; ant: 0,0 a 0,3%)
16h30: Powell fala em coletiva de imprensa pós-FOMC
Sexta-feira, 06
04h00: Alemanha – Produção industrial saz set. (exp: 3,9%; ant: -0,2%)
09h00: Brasil – IPCA inflação IBGE a.m. out (exp XP: 0,88%; ant: 0,6%)
09h00: Brasil – IPCA inflação IBGE a.a. out (exp XP: 3,94%; ant: 3,1%)
10h30: EUA – taxa de desemprego out (exp: 7,7%; ant: 7,9%)