O clima no Brasil e no mundo

Setembro foi um mês ensolarado para os ativos de risco em boa parte do mundo.
O principal evento econômico do período foi a decisão de política monetária nos Estados Unidos. Confirmando uma decisão amplamente esperada, o Banco Central americano (Fed) optou por reduzir os juros em 0,25 ponto percentual, levando a taxa básica de juros na maior economia do mundo para a faixa entre 4,00% e 4,25% ao ano.

Essa decisão se deu principalmente em meio a um cenário de desaceleração do mercado de trabalho. Para ilustrar, pedidos de seguro-desemprego atingiram o maior nível em cerca de quatro anos, enquanto o número de desempregados superou o de vagas abertas pela primeira vez desde a pandemia da COVID-19.

Esses dados consolidaram a leitura de que as empresas americanas têm preferido moderar o ritmo de contratações, em vez de recorrer a demissões, como resposta ao aumento das incertezas — especialmente aquelas provocadas pela nova política tarifária e migratória do governo.

No radar do Fed, que navega entre os objetivos de controlar a inflação e manter o pleno emprego, a maior preocupação ficou os riscos no mercado de trabalho, considerando os prováveis efeitos das tarifas nos preços como temporários.

Assim, a expectativa de continuidade dos cortes de juros nos Estados Unidos alimentou o apetite ao risco nos mercados ao mesmo tempo em que contribuiu para a manutenção do dólar fraco, reforçando a migração de investimentos para além dos Estados Unidos — com destaque para os mercados emergentes, dos quais o Brasil faz parte. O (agora) famoso movimento de “rotação”.

No Brasil, os ventos de setembro trouxeram alguma descompressão de riscos em diferentes frentes. Como vimos, a decisão do Fed sustentou o dólar mais fraco, contribuindo para a valorização de mais de 2% do real no mês, dado o maior diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos. Afinal, enquanto os juros por lá voltaram a cair, por aqui eles se mantiveram elevados.  

Diferente de seu “par americano”, o Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (Copom) manteve a taxa Selic em 15,0% ao ano. O comitê avaliou que o nível atual parece suficientemente restritivo para trazer a inflação para perto da meta, mas deixou claro que pretende manter os juros elevados por um “período bastante prolongado”.

Como detalhamos neste texto, apesar de a inflação ter cedido nos últimos meses (fruto principalmente da queda do dólar e de questões climáticas), o mercado de trabalho aquecido, as expectativas dos preços a frente ainda acima da meta de 3,0% e as incertezas globais continuam pesando na balança de riscos do controle da inflação adiante.

Nesse cenário, acreditamos que o Banco Central deverá iniciar o ciclo de cortes da Selic apenas no início de 2026, com seis reduções consecutivas de 0,5 ponto percentual por reunião, levando a Selic para 12% ao ano no segundo semestre.

Em um cenário ainda marcado pela elevada volatilidade no Brasil e no mundo, a construção de carteiras de investimento deve seguir priorizando a diversificação, a qualidade dos ativos e a calibragem do risco – seguindo sempre o perfil e objetivos de cada investidor.

Confira a seguir o que esperamos para a renda fixa em outubro de 2025.

Renda fixa Brasil

A renda fixa brasileira continua brilhando, apesar de algumas incertezas no horizonte. O momento pede seletividade e critério na escolha dos ativos para sua carteira.  

Pós fixados

Em pós-fixados, títulos públicos e privados atrelados ao CDI ou à Selic devem continuar apresentando retornos elevados, acima da inflação – diante da nossa expectativa de que a Selic se mantenha em patamar elevado até, no mínimo, o fim desse ano. Dito isso, o horizonte começa a se enuviar (bem) gradualmente, com perspectivas de queda da Selic adiante.

Lembrando que para sua reserva de emergência — independente do patamar da taxa Selic — recomendamos investimentos pós-fixados de baixo risco e resgate rápido.  

Inflação

Os títulos de renda fixa com parcela pré-fixada e parcela atrelada à inflação (os famosos IPCA+) seguem importante proteção para seus investimentos contra a perda do poder de compra ao longo do tempo. Além disso, apesar da relativa redução observada nos últimos meses, as taxas desses títulos seguem historicamente elevadas.

Já em relação a duration (medida referente ao prazo de vencimento e fluxo de pagamentos de um título), reforçamos nossa preferência por títulos de médio prazo (6 anos), dado o atual prêmio reduzido para alongar o vencimento. Ou seja, entendemos que o retorno adicional oferecido por títulos com vencimento mais longo nesse momento tende a não compensar o risco atrelado à maior volatilidade esperada adiante.   

Por fim, destacamos os títulos isentos da cobrança de imposto de renda ao investidor – que compõe a classe. Afinal, para investimentos atrelados ao IPCA, quanto maior for a inflação, maior será sua rentabilidade bruta – e, por sua vez, maior será o impacto do imposto em sua rentabilidade final.  

Vale destacar que, mesmo que a Medida Provisória que eleva a alíquota de imposto dos títulos isentos (LCI, LCA, CRI, CRA e debêntures incentivadas) seja aprovada conforme versão original – o que atualmente julgamos menos provável -, títulos emitidos antes de 2026 continuarão isentos até o vencimento. Não obstante, dado a provável manutenção do incentivo com uma alíquota de imposto menor do que outros veículos, continuamos priorizando esses veículos para compor a carteira de renda fixa. 

Prefixados

Com o ciclo de queda da Selic adiante, alguns raios de Sol surgem entre as nuvens para o investimento em títulos prefixados.

Conforme podemos ver no gráfico abaixo, a história indica que investir nesse tipo de título em momentos que antecipam a queda dos juros tende a significar retornos acima do CDI no período subsequente. Vale destacar que essa performance considera que o investidor mantenha os títulos até o vencimento.

Por outro lado, esse resultado tende a ser acompanhado de elevada volatilidade e períodos de retorno negativo, principalmente se considerarmos janelas mais curtas de investimento (inferiores a 12 meses) – ou seja, se o investidor “sair do título” antes do vencimento.

Assim, mantemos nossa recomendação para prefixados cautelosa, com destaque para duration deaté 3 anos e oportunidades pontuais em emissões privadas, como títulos bancários.

Lembrando que é importante que você alinhe o prazo de investimento ao seu objetivo, para evitar o risco de perdas com a marcação a mercado em resgates antes do vencimento.

E o crédito privado? 

As nuvens começam a escurecer sobre o crédito privado. Em um ambiente de juros elevados, é comum observar uma compressão nos prêmios de crédito — ou seja, o retorno adicional oferecido por títulos privados em relação aos públicos, conhecidos como spreads.

Nesse ano, esse movimento foi intensificado por fatores regulatórios, especialmente pela corrida por ativos isentos de imposto de renda emitidos até o fim deste ano, que não serão impactados pela Medida Provisória que mencionamos acima.

Com a demanda elevada por esses papéis e uma oferta mais restrita de ativos isentos, os spreads foram ainda mais pressionados — movimento que se intensificou ao longo dos últimos meses.

Aproximando a imagem:

Dito isso, o retorno total dos ativos de crédito privado segue historicamente elevado, mantendo o investimento atrativo, quando selecionado com critério — especialmente em papéis (ainda) isentos, como debêntures incentivadas, CRIs, CRAs, LCAs e LCIs.

Títulos bancários e fundos de investimento

Além dos ativos isentos, há boas oportunidades em títulos mais tradicionais, como as emissões bancárias. Esses papéis contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), não estão sujeitos à mesma corrida regulatória e têm oferecido taxas competitivas — com menor risco e maior previsibilidade.

Dito isso, as mudanças recentes nas regras de contribuição ao FGC podem alterar esse cenário. A partir de junho de 2026, bancos médios terão maior participação no fundo, o que pode reduzir o volume de emissões e, consequentemente, pressionar as taxas para baixo.

Nesse cenário, destacamos também o papel dos fundos com prazos de resgate mais longos. Ao limitar a liquidez imediata, esses veículos tendem a ser menos impactados por movimentos de manada, permitindo uma gestão mais eficiente e menos pressionada em momentos de estresse (como explicamos nesse outro texto).

Em resumo, para aproveitar melhor as taxas elevadas da renda fixa, o momento pede seletividade e diversificação.

Priorizamos títulos públicos e emissões privadas de menor risco e prazo de vencimento médio mais curto, como bancários e os títulos high grade (alta qualidade), além de fundos com prazos mais longos para resgate – quando não para reservas de emergência, e em linha com o objetivo do investidor.  

Confira nossa alocação sugerida no relatório completo e exclusivo “Onde Investir”.

Elaborado por:

Maria Giulia Soares, CNPI 10023

1) Este relatório de análise foi elaborado pela XP Investimentos CCTVM S.A. (“XP Investimentos ou XP”) de acordo com todas as exigências previstas na Resolução CVM 20/2021, tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar sua própria decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta ou solicitação de compra e/ou venda de qualquer produto. As informações contidas neste relatório são consideradas válidas na data de sua divulgação e foram obtidas de fontes públicas. A XP Investimentos não se responsabiliza por qualquer decisão tomada pelo cliente com base no presente relatório.
2) Este relatório foi elaborado considerando a classificação de risco dos produtos de modo a gerar resultados de alocação para cada perfil de investidor.
3) O(s) signatário(s) deste relatório declara(m) que as recomendações refletem única e exclusivamente suas análises e opiniões pessoais, que foram produzidas de forma independente, inclusive em relação à XP Investimentos e que estão sujeitas a modificações sem aviso prévio em decorrência de alterações nas condições de mercado, e que sua(s) remuneração(es) é(são) indiretamente influenciada por receitas provenientes dos negócios e operações financeiras realizadas pela XP Investimentos.
4) O analista responsável pelo conteúdo deste relatório e pelo cumprimento da Resolução CVM nº 20/2021 está indicado acima, sendo que, caso constem a indicação de mais um analista no relatório, o responsável será o primeiro analista credenciado a ser mencionado no relatório.
5) Os analistas da XP Investimentos estão obrigados ao cumprimento de todas as regras previstas no Código de Conduta da APIMEC Brasil para o Analista de Valores Mobiliários e na Política de Conduta dos Analistas de Valores Mobiliários da XP Investimentos.
6) O atendimento de nossos clientes é realizado por empregados da XP Investimentos ou por assessores de investimento que desempenham suas atividades por meio da XP, em conformidade com a Resolução CVM nº 178/2023, os quais encontram-se registrados na Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários – ANCORD. O assessor de investimento não pode realizar consultoria, administração ou gestão de patrimônio de clientes, devendo atuar como intermediário e solicitar autorização prévia do cliente para a realização de qualquer operação no mercado de capitais.
7) Para fins de verificação da adequação do perfil do investidor aos serviços e produtos de investimento oferecidos pela XP Investimentos, utilizamos a metodologia de adequação dos produtos por portfólio, nos termos das Regras e Procedimentos ANBIMA de Suitability nº 01 e do Código ANBIMA de Distribuição de Produtos de Investimento. Essa metodologia consiste em atribuir uma pontuação máxima de risco para cada perfil de investidor (conservador, moderado e agressivo), bem como uma pontuação de risco para cada um dos produtos oferecidos pela XP Investimentos, de modo que todos os clientes possam ter acesso a todos os produtos, desde que dentro das quantidades e limites da pontuação de risco definidas para o seu perfil. Antes de aplicar nos produtos e/ou contratar os serviços objeto deste material, é importante que você verifique se a sua pontuação de risco atual comporta a aplicação nos produtos e/ou a contratação dos serviços em questão, bem como se há limitações de volume, concentração e/ou quantidade para a aplicação desejada. Você pode consultar essas informações diretamente no momento da transmissão da sua ordem ou, ainda, consultando o risco geral da sua carteira na tela de carteira (Visão Risco). Caso a sua pontuação de risco atual não comporte a aplicação/contratação pretendida, ou caso existam limitações em relação à quantidade e/ou volume financeiro para a referida aplicação/contratação, isto significa que, com base na composição atual da sua carteira, esta aplicação/contratação não está adequada ao seu perfil. Em caso de dúvidas sobre o processo de adequação dos produtos oferecidos pela XP Investimentos ao seu perfil de investidor, consulte o FAQ. As condições de mercado, mudanças climáticas e o cenário macroeconômico podem afetar o desempenho do investimento.
8) A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço ou valor pode aumentar ou diminuir num curto espaço de tempo. Os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos. As informações presentes neste material são baseadas em simulações e os resultados reais poderão ser significativamente diferentes.
9) Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da XP Investimentos, incluindo assessores de investimentos da XP e clientes da XP, podendo também ser divulgado no site da XP. Fica proibida sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da XP Investimentos.
10) SAC. 0800 77 20202. A Ouvidoria da XP Investimentos tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800 722 3710.
11) O custo da operação e a política de cobrança estão definidos nas tabelas de custos operacionais disponibilizadas no site da XP Investimentos: www.xpi.com.br.
12) A XP Investimentos se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste relatório ou seu conteúdo.
13) A Avaliação Técnica e a Avaliação de Fundamentos seguem diferentes metodologias de análise. A Análise Técnica é executada seguindo conceitos como tendência, suporte, resistência, candles, volumes, médias móveis entre outros. Já a Análise Fundamentalista utiliza como informação os resultados divulgados pelas companhias emissoras e suas projeções. Desta forma, as opiniões dos Analistas Fundamentalistas, que buscam os melhores retornos dadas as condições de mercado, o cenário macroeconômico e os eventos específicos da empresa e do setor, podem divergir das opiniões dos Analistas Técnicos, que visam identificar os movimentos mais prováveis dos preços dos ativos, com utilização de “stops” para limitar as possíveis perdas.
14) Ação é uma fração do capital de uma empresa que é negociada no mercado. É um título de renda variável, ou seja, um investimento no qual a rentabilidade não é preestabelecida, varia conforme as cotações de mercado. O investimento em ações é um investimento de alto risco e os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros e nenhuma declaração ou garantia, de forma expressa ou implícita, é feita neste material em relação a desempenhos. As condições de mercado, o cenário macroeconômico, os eventos específicos da empresa e do setor podem afetar o desempenho do investimento, podendo resultar até mesmo em significativas perdas patrimoniais. A duração recomendada para o investimento é de médio-longo prazo. Não há quaisquer garantias sobre o patrimônio do cliente neste tipo de produto.
15) O investimento em opções é preferencialmente indicado para investidores de perfil agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela XP Investimentos. No mercado de opções, são negociados direitos de compra ou venda de um bem por preço fixado em data futura, devendo o adquirente do direito negociado pagar um prêmio ao vendedor tal como num acordo seguro. As operações com esses derivativos são consideradas de risco muito alto por apresentarem altas relações de risco e retorno e algumas posições apresentarem a possibilidade de perdas superiores ao capital investido. A duração recomendada para o investimento é de curto prazo e o patrimônio do cliente não está garantido neste tipo de produto.
16) O investimento em termos são contratos para compra ou a venda de uma determinada quantidade de ações, a um preço fixado, para liquidação em prazo determinado. O prazo do contrato a Termo é livremente escolhido pelos investidores, obedecendo o prazo mínimo de 16 dias e máximo de 999 dias corridos. O preço será o valor da ação adicionado de uma parcela correspondente aos juros – que são fixados livremente em mercado, em função do prazo do contrato. Toda transação a termo requer um depósito de garantia. Essas garantias são prestadas em duas formas: cobertura ou margem.
17) O investimento em Mercados Futuros embute riscos de perdas patrimoniais significativos. Commodity é um objeto ou determinante de preço de um contrato futuro ou outro instrumento derivativo, podendo consubstanciar um índice, uma taxa, um valor mobiliário ou produto físico. É um investimento de risco muito alto, que contempla a possibilidade de oscilação de preço devido à utilização de alavancagem financeira. A duração recomendada para o investimento é de curto prazo e o patrimônio do cliente não está garantido neste tipo de produto. As condições de mercado, mudanças climáticas e o cenário macroeconômico podem afetar o desempenho do investimento.
18) ESTA INSTITUIÇÃO É ADERENTE AO CÓDIGO ANBIMA DE DISTRIBUIÇÃO DE PRODUTOS DE INVESTIMENTO.